MIKE, WARD AND VICKY

– Você é estúpido ou o que, Ward ? – o negro falava de modo exasperado, enquanto Victoria tentava estancar um sangramento na perna de Ward, ele fora baleado ao tentar seguir Skye, na realidade, ele não chegou sequer perto da garota e fora baleado por um dos dez soldados que saíram atrás dele.

Como aquele parecia o dia de sorte de Ward, quando os soldados questionaram para John se era para matá-lo, o homem negou, mandando colocá-lo junto com os outros dois reféns. Perfeito! O plano de chamar Coulson foi para o saco.

– Estúpido ?! Eu vi que você quase tomou um tiro quando ele a levou – o outro rebateu, recebendo um olhar meio assassino como resposta.

– Não atingiu nenhuma artéria - a ruiva comentou e era a única a não estar algemada – O que aquela garota tem de tão especial ? – indagou verdadeiramente curiosa, pelas contas de Victoria, umas seis pessoas estavam dispostas a morrer por ela, uma espécie de recorde.

Mike e Ward se entreolharam, sorrindo fracamente – Ela é especial – Mike foi a pessoa a lançar a resposta, sem se ater aos detalhes, mas foi difícil não levar os pensamentos para o dia no qual a conheceu. Estava numa péssima situação e ela lhe ofereceu um ombro amigo, pôs comida na sua mesa, levou um dos super-heróis de Miles para Ace ... Ela foi a primeira pessoa a lhe demonstrar genuína bondade, e nunca pedira nada em troca. Ela salvara sua vida, sentia-se no dever de retribuir o favor.

– E o que foi aquilo, por que ele deixou vocês vivos ? – Ward indagou, mudando de assunto, pois falar de Skye lembrava-o de Katherine e mesmo que não quisesse admitir, estava com saudades da misteriosa e letal mulher. O trio era assistido, bem de perto, por um dos cinco soldados que permaneceram no local.

– Você estava certo sobre ela não ser uma completa traidora – Mike o respondeu, relaxando um pouco ao notar que Ward possivelmente fosse sobreviver.

Victoria o encarou, com uma cara de poucos amigos e Mike apenas deu de ombros, já que não havia como fugir, poderiam pelo menos conversar amenidades.

– Eu sabia que havia uma pessoa honesta por debaixo dessa atitude de vadia sem coração – Ward comentou e sorriu, o único benefício de estar naquela situação era que pelo menos podia ser honesto. – Toda a vez que tínhamos que lhe passar um relatório, eu tinha vontade de me matar – admitiu sinceramente.

– Já que estamos espalhando sinceridade, deixe-me interagir também – a ruiva iniciou, sarcasticamente – Você foi mandado para a equipe do Coulson porque absolutamente ninguém queria trabalhar com você, de acordo com eles você era, abre aspas, cretino, mandão, dono da verdade, assustador e, negritaram essa palavra em especial, antissocial – sorriu de forma cínica – Coulson foi o único que te aceitou, como todas essas qualidades – finalizou ironicamente, encostando-se na parede ao lado da dupla.

– Eles pegaram pesado, ele não é assustador – Mike brincou, recebendo uma cotovelada leve de Ward.

Calaram-se em seguida, avaliando que suas chances de saírem vivos dali eram quase nulas. Se John não ordenasse que os matassem, quando Coulson chegasse ali, o soldado com o fuzil apontada para a cara do trio, seria o primeiro a fazer isso. Precisavam de um milagre.

HUNTER

Já haviam detonado com a central, matando uns cinco técnicos e derrubavam a terceira antena que encontravam, mas não faziam ideia se Gordon já conseguia se teletransportar, então continuaram em busca de mais dispositivos que porventura fossem capazes de causar aquele tipo de interferência, era um trabalho meio entediante, tinha que admitir, não havia sequer um soldadozinho para lutar e as únicas outras pessoas que cruzaram, fora os analistas, foram as do time de Gonzalez. Miles estava estranhamente calado, não o conhecera muito bem, mas o temperamento dele cruzou oceanos, então sabia que havia algo errado.

– Eles irão achá-la – tentou animar um “companheiro de coração partido”, pois sabia o que mulheres eram capazes de fazer com o coração de um homem apaixonado.

– Estou cansado de ouvir isso – Miles respondeu com amargura, lançando um dos anões pelo corredor, o objeto fazia uma varredura de tudo, buscando qualquer coisa incomum.

Hunter ficou calado, encarando a faca que trazia nas mãos – O reencontro torna todo o resto insignificante – o inglês respondeu, num ar que até Barbara duvidou que ele fosse capaz de demonstrar, estava sério. A nova loura do pedaço o lançou um sorriso tímido, ao qual ele rapidamente correspondeu.

Toda aquela confusão o mostrou uma única coisa; a vida pode acabar a qualquer momento. Ele não era uma lenda, não seria imortal ... Queria fazer certo daquela vez, não apenas com Barbara, mas com todo o resto. Iria largar a vida de mercenário, talvez Coulson o oferecesse um trabalho permanente na SHIELD, considerando que ela ainda fosse existir.

– Tem alguma coisa errada – Miles falou, checando se não estava enganado com o que via no tablet.

– O que ? – Hunter questionou, já sacando sua arma, assim como fizera Barbara e Tripp.

– Um túnel, bem abaixo de nós – o rapaz respondeu, com o cenho franzido e todos olharam para o chão.

– Vamos segui-lo! – Barbara falou sem ao menos pensar em outra possibilidade. Acabaram seguindo-a, por falta de opções. Chegaram até o depósito do lugar, da onde não poderiam mais seguir sobre a superfície. A mulher tateou o chão, até achar a escada que os levaria ao subsolo.

– Tem certeza que faremos isso ? – o britânico questionou, suspirando ao ver que era o único a não querer descer, até Maya, Trevor e Oliver, os inumanos mandados por Jiaying, já haviam seguido a loura.

Suspirou, rolando os olhos – Isso é uma má ideia – afirmou, seguindo o grupo até o túnel meia-boca. Tinha que andar um pouco inclinado, porque aquele negócio não fora feito para um homem da sua estatura. Poeira caia a cada passo que davam, e as vigas de madeira que sustentavam o lugar eram qualquer coisa, menos seguras.

– Essa merda vai desabar em cima da gente – reclamou baixo, batendo a lanterna na mão, já que essa ameaçava falhar. Tudo que lhe faltava para aquela situação ficar ainda pior.

– Falta muito, Miles ? – Tripp questionou e começava a se preocupar, talvez Hunter estivesse certo no final das contas. Aquilo poderia não ser nada, um túnel que ainda estivesse em construção e não os levasse a lugar nenhum.

– Talvez – respondeu de forma incerta, já que não fazia ideia do quão adiantando o drone estava.

Ótimo. Tripp e Hunter refletiram com desgosto.

PHIL

Estava sem seu time, cercado por um bando de estranhos, de poderes bizarros e sotaques diversos, definitivamente, não estava no seu melhor momento, tinha que admitir, precisava de Ward e Mike, que estavam estranhamento quietos, May seria a responsável por procurá-los, mas considerando a atual situação da mulher, decidira ficar com aquela tarefa. Rezava internamente para eles ainda estarem com Skye, mas temia esse não ser o caso.

– Mark! – Coulson chamou o gordinho, que já havia voltado para o avião, juntamente com seu irmão.

– Sim, Sr. – ele rapidamente respondeu, estava meio ofegante, possivelmente tenha corrido para chegar a tempo.

– Me mostre o caminho até os laboratórios – ordenou, sabia que fora dali que Skye acessara os portões, começaria a procurá-los por lá.

Dividiu aquele grupo, ficando com alguns que conhecia pelo menos a cara, Erin, Eric integravam o grupo, que também contou com mais sete Inumanos. Os demais tinham uma simples missão, ficar de guarda.

Seguiram até os laboratórios, encontrando tudo no mais profundo caos, ratos que possuíam a cura do câncer em seus genomas corriam de um lado para o outro, alguns focos de incêndio no outro extremo, computadores destruídos, assim como máquinas caríssimas, mas o pior ainda estava por vim, ao abrirem a porta de uma das salas se depararam com cerca de quinze cientistas mortos à tiros, todas as pesquisas foram levadas mas John realmente se certificou de que a SHIELD nunca replicaria nenhum daqueles resultados, matar quem os produziu é um método bem eficaz de atingir esse objetivo.

– Eles estão aqui ? – um dos Inumanos questionou, encarava a pilha de mortos com certo receio da resposta.

Coulson apenas balançou a cabeça negativamente. Haviam perdido controle sobre as câmeras, Hunter possivelmente tenha destruído tudo que tivesse algum fio plugado, começava a se arrepender de tê-lo posto naquela missão e não se surpreenderia se ele desligasse até os geradores.

– Eu estou ouvindo algo – Leah comentou timidamente, tinha uma super audição e podia ampliar ou diminuir até o bater das asas de uma mosca, dependendo da distância na qual estivesse. Como a enfermaria não era tão longe dos laboratórios, ela podia ouvir os sussurros.

Coulson aproximou-se dela e seu olhar traduzia toda sua ansiedade.

– Uma mulher e dois homens conversam, mas há oito pessoas – ela falou, sem erguer os olhos para Coulson. Ninguém nunca tinha dado muita importância aos seus poderes ... Isso estava preste a mudar.

O homem já estava quase chorando de emoção, acreditando piamente que as três pessoas se tratavam de Mike, Ward e Skye.

– Nos leve até lá, por favor – pediu quase suplicando e a loura logo concordou, os levando até lá.

Pararam antes de dobrar no corredor que levava até a enfermaria.

– Há dois soldados na porta – ela os alertou, ouvindo o forte bater do coração da dupla.

Se entreolharam, se os dois grandões caíssem desacordados soaria no mínimo estranho para os três restantes dentro da enfermaria, não podia arriscar. Todos pareceram ter a mesma ideia e olharam para Eric, que suspirou.

– É, já entendi, já entendi – o ruivo respondeu e se tornou invisível, embora tenha deixado suas roupas para trás afim de concluir esse feito.

– Quando estiver pronto, estale os dedos, quando Leah ouvir o sinal, entraremos – Coulson “formalizou” o plano.

Ele usou o ínfimo espaço às costas do soldado para abrir a porta, rapidamente se esgueirando para dentro da ala, os três soldados estranharam a porta ter sido aberta e foram pedir explicações à dupla, que negou terminantemente terem sequer tocado nela. Victoria, Ward e Mike se entreolharam, mas permaneceram calados e Eric aproveitou a distração dos soldados para roubar-lhes suas armas, rapidamente levando-as até o trio, que estranhou verem armas flutuando, mas continuaram calados. Mike poderia quebrar aquelas algemas a qualquer momento, só precisava de um bom motivo que veio quando Eric sussurrou ao ouvido deles “Se preparem” e os entregou as armas, em seguida estalou os dedos, os cinco soldados se viraram e quando já iam disparar contra o trio, Eric empurrou a arma do primeiro para o lado, fazendo-o atingir a parede.

Ward e Victoria já estavam escondidos atrás de uma mesa metálica e atiravam contra os soldados, enquanto Mike contornava as macas, dando tiros certeiros nos supersoldados. Coulson não demorou a chegar, animando ainda mais a festa e ao final, haviam cinco supersoldados mortos, Eric levara um tiro de raspão na barriga e Ward caminhava com dificuldade.

Phil olhava para os lados, quase como se procurasse Skye e temia fazer a próxima pergunta, por isso apenas encarou Mike e Ward.

– Ele a levou, Sr. – Mike admitiu – Sinto muito – desculpou-se pois realmente sentia-se responsável.

Coulson levou os olhos até Victoria Hand, que novamente tornou a encarar as pessoas com certa prepotência e a avaliou por alguns instantes.

– Cuide de Eric e Ward – ele a pediu e a ruiva apenas concordou, com um breve manear de cabeça.

– Também irei ficar – Erin dissera, não abandonaria o irmão, e Coulson apenas concordou, distanciando-se dali na companhia dos demais.

Prometera a Katherine que encontraria Skye, não tinha nenhuma intenção de quebrar outra promessa.