“Não...”? Desta vez, consegui escutar perfeitamente a voz dela, mas... porque ela disse isso...?

Derrotara Seis dos Dezesseis Colossos, ainda restavam 10. Assim como nas vezes anteriores, acordei dentro do santuário. A terceira estátua à minha direita havia se quebrado, e então, esperei pacientemente pelas palavras de Dormin.

– Teu próximo adversário é... Uma ruína escondida em um lago. Ondas de Trovões se escondem debaixo d’água.

Eu me sentia estranho. Desde o Quarto Colosso, eu estava incomodado com algo, mas não sabia dizer o quê. Toda vez que era possuído pelas essências de cada uma daquelas criaturas, sentia algo de diferente em meu corpo.

Ah, esquece... eu não entendo nada desse lugar... – pensei, enquanto caminhei até o solo, para encontrar o caminho do Sétimo Colosso. Ao erguer a espada, todos os feixes de luz se alinharam ao Norte, ou seja, do outro lado do castelo. Assoviei para Agro, que apareceu ao meu lado.

– Agro... me lembro perfeitamente de que você não entrou no Templo Subterrâneo comigo. Como você volta? Eu... quero respostas...!

Cavalguei com Agro, e dei a volta pelo Castelo. Em direção ao norte, o mesmo falcão diminuiu a altura do chão, e voou ao meu lado. Parecia até que ele estava querendo dizer algo em meus ouvidos. Mas ao chegar perto da entrada da ponte terrestre, ele mudou sua direção.

Eu apenas me mantinha calado. Ultrapassei a ponte, e levantei novamente a minha espada. O Colosso estava ao Extremo Norte, um tanto para a esquerda. O chão havia se tornado arenoso, e haviam cadeias de montanhas para os dois lados. Ao cavalgar uma distância considerável, passei por um daqueles templos de Lagartos de rabo branco.

Mesmo em cima de Agro, peguei meu Arco e fiz apenas um disparo, e acertei em cheio. O lagarto estava em uma parte superior do Templo, então, vi que ele poderia ser escalado. Após chegar ao seu topo, comi a cauda brilhante, e desci novamente.

Me sinto mais poderoso do que na última vez... – pensei. Cavalguei com Agro mais alguns metros, e me deparei com um enorme buraco, no meio das areias, um tipo de pequeno cânion. Havia um templo no fundo, mas me toquei de que não era aquele caminho que deveria seguir. Não era aquele Colosso a ser derrotado agora.

Continuei a ir pelo Norte, até que consegui ver o Limite das Terras Proibidas. Uma grande barreira de montanhas. À cima, estava a Fenda por onde passei com Agro, quando cheguei. À minha direita, havia uma grande fortaleza, possivelmente o Lar de outro Colosso. Mas meu caminho, era à esquerda.

O chão começara a ficar petrificado, e havia um outro Templo mais à frente. Decidi não parar, pois já havia comido um antes, e já estava chegando perto do Colosso. Haviam alguns pilares espalhados, e uma passagem entre um pequeno muro.

Ao passar por ela, me toquei de que estava em cima de uma ponte, sob um enorme lago. Após alguns metros, tive que deixar Agro, pois a ponte agora estava quebrada. Ao descer alguns escombros, pulei até um gigante pilar, com uma passarela em espiral, que subia até o topo, e descia até tocar a água.

Subi até o topo do pilar, e me deparei com pequenas plantas. Esse lago, é enorme... – pensava, enquanto via toda a extensão das águas. Mas no meio da minha observação, pude ver três objetos brilhando no fundo do lago. Ao forçar minha vista, vi que eram três picos elétricos. Não me restavam dúvidas. Era o Sétimo Colosso.

Pulei de cima do Pilar, me colocando em posição de mergulho. Ao me chocar com a água, pude ver que os três brilhos começaram se mover. O Colosso era uma Grande Enguia Elétrica. Seu comprimento era enorme, passando dos 80 metros. Não havia como me agarrar nele, pois estava a uma profundidade impossível de eu chegar.

Notei meu reflexo na água. Eu estava com o cabelo mais escuro do que o normal, e minha pele, mais pálida. É isso o porquê de eu estar me sentindo estranho...? O que está acontecendo comigo?

Após alguns segundos, nadando de um lugar para o outro, o Colosso começou a subir lentamente. Vi que era a minha chance, e me aproximei de onde a criatura estava. Ela não retirou sua cabeça da água, apenas a mergulhou novamente, mas seu corpo ainda começava a emergir.

Me aproximei mais ainda, para poder ter alguma chance de me agarrar. Porém, o Colosso liberou um tipo de Onda Elétrica, que me acertou em cheio. Mas por alguma razão, não me feri gravemente, apenas me queimei um pouco. Depois que a Onda se encerrou, a cauda do Colosso insurgiu das águas, dando-me chances para me agarrar.

E foi o que fiz. Após me segurar nos pelos da criatura, ela mergulhou. Tive que segurar meu fôlego por alguns segundos, até que ela saiu novamente. O Colosso entrava e saia da água, o que me fazia conseguir andar poucos metros à cada vez. Me aproximei de um dos picos, e o Colosso estava prestes a se afundar.

Quando submergir, ele irá disparar uma outra Onde de Trovão... – pensei. Então, dei alguns passos para trás, e quando a criatura mergulhou, uma esfera de eletricidade foi disparada – Isso...! – Ergui minha espada, e cravei com força na base do Pico, que antes brilhava em Laranja, agora ficou negro – Consegui desativa-lo!

Logo, corri em direção ao outro. Esperei pelo Choque elétrico, e em seguida, o desativei. O Colosso mergulhou, como fez da última vez, porém, ele não estava subindo à superfície.

Merda...! – começara a perder o fôlego, e se continuasse agarrado nele, iria morrer afogado. Fiz então, o que foi necessário. Soltei a criatura, e nadei o mais rápido para a superfície. Meus pulmões doíam, e eu acabei engolindo um pouco de água, mas cheguei há tempo. Nadei até um tipo de plataforma, e comecei a tossir muito forte, engasgando. Até que deitei, e comecei a respirar ofegantemente.

– Essa... foi por muito... pouco... – estava quase sem ar.

Após alguns segundos, retomando minhas forças, escutei um som agudo. Era o Colosso. Quando me levantei, me deparei com a cauda do Colosso bem a minha frente. Ele passou por baixo da plataforma, e possivelmente, tentou criar uma onda forte de água, batendo a cauda na superfície.

Porém, eu fui mais rápido, e pulei, me agarrando novamente em seu pelo. Agora entendi porque ela fica subindo e descendo na água... ela faz isso para carregar a Energia Elétrica em seus Picos. Mas agora, só lhe resta um! – o Colosso era muito comprido, então demorou cerca de alguns minutos para poder chegar até sua cabeça.

Lá, havia um Pico Elétrico, prestes a disparar a Onda de Trovão. Porém, usei o impulso do Colosso a mergulhar a meu favor, e com força, cravei a espada no último gerador de energia. Agora, o Colosso não poderia me causar dano algum. É agora, seu maldito...!

Havia um Selo em sua cabeça. Me agarrei nele, e dei o primeiro golpe. Pela quantidade de sangue que jorrou, percebi que ele já estava perto da morte. Com o segundo golpe feito, a criatura agora, abaixava com toda a força para dentro da água, tentando fazer-me sair.

– Está com raiva de mim?! – gritei, enquanto efetuei o terceiro golpe, jorrando mais sangue ainda. Apenas três golpes foram o suficiente para matar o Colosso. Ele lentamente começou a cair, e eu, cambaleei para o lado, ficando de cara para seu olho.

Ele estava azul. A criatura cravou seus olhos nos meus, de uma maneira serena, e então, o azul desapareceu. Aquilo me comoveu, de certa forma.

Ele não estava querendo me matar. Ele só estava querendo se proteger... sou eu quem quero mata-los...

Meus pensamentos foram interrompidos pelas essências da criatura, que saíram do Colosso e me possuíram. Após alguns segundos, escutando sussurros e coisas impossíveis de decifrar, a luz se apagou, e mais uma vez, emergi na escuridão.