Amélia estava em seu quarto, olhando para as estrelas em sua janela, pensando. 

Havia começado na terra de Portugal muitas coisas estranhas.

Boatos falavam de vampiros. Amélia deixou brotar um pequeno sorriso em sua face ao pensar isso. Vampiros. Bá.

Onde já se vira! Vampiros em Portugal. Só poderia ser brincadeira.

Jamais acreditara que tais criaturas da noite pudesse existir.

Ela virou-se e olhou para um pequeno vilarejo ao noroeste de seu castelo.

Era de lá que vinham os boatos. Seu pai, Dom Luís, depois de ouvir os casos, não a deixava sair mais. 

Sentia falta dos amigos pescadores que fizera.  Miguel era um deles, e ele havia, salvado certa vez, enquanto caminhava pela beira do Rio D'Ouro e quase caíra, desde então viraram amigos.

Fazia muito tempo que não o via.

Nem  ele e nem  irmão de Miguel, o tal Sétimo, de quem gostara. 

Três batidas na porta. Amélia sentou-se na cama rapidamente. Suspirou.

- Entre.

Dom Luís adentrou ao quarto e  deixou a porta aberta.

- Como estás, Amélia?

- Estou bem, não vês? Estou pronta para deitar-me.

- Amélia, estou a perceber teu estranho comportamento, menina. O que está  acontecer-te?

- Não está acontecer-me nada. Quero descansar; Poderias deixar-me?

- Esta bem. Vou deixar-te descansar. Tu verás Dom Afonso pela manhã.

Amélia não respondeu. Ao ouvir seu pai fechar a porta, ela levantou foi a janela mais uma vez. Olhou para o vilarejo.

Não queria ver Dom Afonso no dia seguinte. 

Sabia que teu pai a queria casada com o tal. Mas ela não gostava dele.

Amélia gostava de Dom Manuel. Mas a tempos também não o via.

Gostaria de vê-lo novamente. Mas sabia que enquanto não cessasse as histórias, seu pai jamais a deixaria sair dali.

Sentiu um frio repentino acariciar-lhe a face. Esfregou os braços um no outro para se esquentar.

Fechou a janela e voltou para a cama.

Não conseguiu dormir de imediato, pois tentava ligar os fatos  e saber se acreditaria nos boatos de vampiros, ou fugiria para o vilarejo ao anoitecer do dia seguinte para procurar por seus novos amigos.