POV. Katniss

Acordei me sentindo como á algum tempo eu não me sentia. Olhei para o lado e vi ele ali. Ele estava acordado e me olhava. Ele sorriu e beijou minha testa. Sua mão fazia um leve carinho na minha cintura e a outra ele usava para se apoiar no colchão.

Fechei os olhos por um momento e me aconcheguei ao seu corpo. Então a lembrança da semana passada e dele me ignorando me atingiu. Dei um salto da cama e olhei-o.

Em seu rosto expressava- se em uma feição tranquila como se já esperasse essa minha reação. Porém seus olhos se demonstravam abalados como se não quisesse que eu saísse dali. Nem eu queria sair. Mas naquele momento não me parecia certo ficar ali ao lado dele.

– Desculpe. Eu não deveria ter vindo... – digo indo já para a porta.

Ele levantou-se da cama e na hora em que eu estava para girar a maçaneta da porta ele colocou sua mão sobre a minha me impedindo de sair dali.

– Katniss... – uma de suas mãos passeiam sobre o meu braço até chegar em meu rosto. Ele faz um leve carinho em minha bochecha e me olha. Apoio minha cabeça na sua mão. – Eu... me desculpe por essa ultima semana... Eu... eu não sei o que me deu para me afastar de você... Foi... torturante te ouvir gritar me chamando quase todas as noites.

– Por que você não foi lá? Você Sabia que eu precisava de você... por quê? – pergunto sentindo meus olhos lacrimejarem. Em seus olhos eu vi o desespero surgir. Ele não gostava de me ver chorando. – Por que Peeta? – insisti

– Eu não sei... Não ao certo

– Houveram... Houveram noites que eu acordei sozinha! Que eu sentei em minha cama e chorei, chamando o seu nome baixinho esperando que você a qualquer momento entrasse por essa porta - Elevei o meu tom de voz deixando que ele soubesse o quanto que eu estava magoada. – me abraçasse e dissesse que estava tudo bem que fora apenas um pesadelo.

Nem eu mesma sabia que eu estava tão magoada assim, mas depois que eu soltei a bomba eu me senti mais leve. Ele me olhava aterrorizado enquanto eu chorava. Um soluço escapou dos meus lábios e isso fez ele acordar de seu estado de torpor. Suas mãos agarram o meu rosto e ele tenta secar minhas lagrimas com os polegares. Soluço novamente e fecho os olhos evitando olha-lo.

Sinto uma de suas mãos me envolver pela cintura enquanto a outra vai até os meus cabelos. Ele mexe neles enquanto deito minha cabeça em seu ombro. Soluço mais uma vez.

– Você prometeu Pee. Você prometeu! – repito mais alto sentindo minha garganta arder pelo choro. – você não estava lá quando eu precisei!

– Me desculpe! – ele pede. Sua voz sai desesperada. O aperto ao redor do meu corpo é intensificado. – Eu sei o que eu prometi! Por isso que eu estou te pedindo perdão. – soluço contra o seu ombro e ele estremece. – Me desculpa Niss, por favor!

Levanto o meu rosto de onde ele estava apoiado. Olho-o. Ele estava com o rosto e os olhos vermelhos. Sei que devo estar parecida.

– Eu... Eu não sei... Estou com medo de que isso volte a acontecer. – digo olhando. Vejo seus olhos marejarem e o desespero neles.

– Eu prometo Niss! Eu prometo que isso não vai voltar a acontecer. Eu não conseguiria viver sem você aqui. – permaneço em silencio durante algum tempo.

Seus olhos não desprendiam dos meus. Vejo seu lábio tremer e ele serra os dentes impedindo de chorar. Uma de suas mãos esta dentro do bolso de sua calça de moletom, enquanto a outra bagunça seus cabelos de quinze em quinze segundos.

– Niniss – ele sussurra depois de uns cinco minutos que estamos em silêncio. Seus olhos marejados e vermelhos me encaram tentando ler o que eu penso. Ele começa a estralar os dedos.

Então ele abaixa o olhar e dá um passo para trás deixando a passagem livre.

POV PEETA

Desolado e totalmente sem saber o que fazer dou um passo para trás e deixo a passagem livre. Sei que ela está me olhando, mas não consigo mais aguentar olha-la. Varias lembranças nossas começam a passar pela minha cabeça e a ultima que me vem é do nosso beijo antes de dormirmos a uma semana atrás. As palavras que ela disse ontem á mim veem a minha cabeça.

Ergo o olhar e a olho. Seu semblante continua igual. Duvidoso e pensativo. Num impulso estranho puxo sua cintura para perto de mim, enquanto seguro e acaricio o seu rosto.

– Eu preciso disso uma ultima vez. – declaro.

Beijo-a.

O gosto salgado de suas lagrimas me atingem. E não consigo mais evitar. Deixo que algumas lagrimas caiam enquanto nossas línguas dançam a nossa dança sensual e provocante. Sinto o encaixe perfeito dos nossos corpos.

Só a solto quando o ar nos falta. Dou as costas para ela e enxugo as minhas lágrimas. Sinto os meus lábios formigarem e fecho os olhos deleitando dessa sensação. Suspiro e olho-a ela está com um sorriso bobo nos lábios e esta com a ponta dos seus dedos sobre os seu lábio inferior. Ela me olha e depois se aproxima me dá um selinho. Olho-a sem entender. Ela sorri. E me abraça passando os seus braços pelo meu pescoço.

– Não se afaste mais de mim Pee. – ela sussurra em minha orelha enquanto me abraça apertado. Passo um dos meus braços pela sua cintura e ergo-a.

– Eu prometo Niniss. Eu prometo – sussurro.

Pego-a no colo e me sento na cama com ela no meu colo. Beijo cada lagrima que ainda caia de seus olhos. Dou um beijo de esquimó nela. E enterro o meu rosto em seus cabelos. Sentindo o cheiro que emana daí. Eu não queria estar em nenhum outro lugar.

Então meus despertador do celular toca. Indicando que faltam duas horas para o meu voo. Suspiro e ela sai do meu colo. Dizendo que daqui a pouco volta.

Faço algumas ligações e consigo que haja um adiamento do voo para amanhã. Hoje eu queria ficar com ela. Eu sabia que ela estava precisando disso e eu também queria e precisava estar junto dela hoje. Eu já havia ficado tempo demais afastado dela.

Volto a me deitar na cama e fecho os olhos. Escuto ela bater na porta de ligação. E logo ela entra no quarto e me encontra deitado.

– Adiei a viajem para amanhã. Hoje eu pretendo ficar com você... Se eu não te incomodar com isso.

– Não me incomoda. – ela diz sorrindo e se deitando do meu lado. Abraço-a e fecho os olhos me sentindo enfim feliz mais uma vez.

Eu sei que a culpa disso tudo é minha, mas eu também sofri com as consequências das minhas decisões. Escuto-a cantarolando alguma musica. Sorrio. Ela encaixa sua cabeça sobre o meu ombro enquanto eu faço carinho em seus longos cabelos escuros. Ela continua cantarolando varias musicas enquanto eu permaneço ali.

Passamos o dia assim. As vezes víamos algum filme, ás vezes Greasy aparecia para ver se estávamos bem, ás vezes ela vinha nos trazer comida...

Mais tarde enquanto ainda estávamos deitados resolvemos assistir alguns vídeos. Entre eles, apareceu a musica “ Thinking out Loud” do Ed. Sheeran. Ela me puxou da cama e me fez dançar a musica inteira. No final, eu não me segurei e a beijei. Nossas línguas eram quem dançavam agora. A nossa dança sensual e única. Voltamos a dançar enquanto alguns outros vídeos passavam.

Depois de muitas musicas e de vários beijos roubados voltamos a nos deitar. Ficamos nos olhando durante algum tempo.

– Por que você esta me olhando?

– Por que não te olhar?

– Por que me olhar?

– Por que você é linda!

Vejo-a corar e esconder o seu rosto em meu pescoço. Seguro-o em minhas mãos com cuidado e beijo os seus lábios suavemente.

Eu a queria mais do que eu já quis qualquer outra mulher. Eu a queria como nenhum outro já a quis. Eu a queria como nenhum homem jamais quis uma mulher. Eu a queria como minha namorada, minha amante, minha ficante, minha esposa, minha princesa, minha rainha. Eu a quero minha.

Se o que ela disse ontem for verdade ela me quer do mesmo jeito. Eu te amo. A lembrança de sua voz sussurrante me atinge. Então uma ideia me vem a cabeça. Sorrio. E olho-a. Ela esta mexendo no Ipad enquanto eu a admiro.

Depois de um tempo ela deixa o ipad de lado e boceja. Sinto meus olhos pesarem e eu também bocejo.

Viro de lado e abraço sua cintura. Ela usa o meu braço como travesseiro. Passo minha perna por cima das dela, ciente de que essa é a posição que ela mais gosta de ficar. Puxo o cobertor sobre nós e apago a luz do quarto.

Sinto ela se mexer ajeitando a sua posição na cama, ficando assim ainda mais próxima á mim. Cantarolo uma musica bem baixinho para ela. Só paro de cantar quando tenho certeza de que ela já está dormindo.

Mexo minha perna arrumando a posição dela. Faço carinho em sua cintura, enquanto vejo-a dormir.

– Eu. Te. Amo. – digo sussurrando bem pausadamente.

Fecho os olhos me permitindo dormir.

POV KATNISS

Quando estou quase dormindo ele mexe a perna. Permaneço de olhos fechados na esperança de que eu consiga voltar a dormir. Sinto sua mão que repousava em minha cintura se mover fazendo carinho.

– Eu. Te. Amo. – ele sussurra para mim.

Meu coração se acelera. E sorrio para o nada.

ELE ME AMA!

Sinto vontade de sair por ai gritando. Quando sua respiração regulariza, tomo a liberdade de repetir o que ele me disse:

– Eu te amo.

Naquela noite, ao lado dele, sem mais nada nos impedindo de sermos nós mesmos um com o outro, eu dormi e não tive nenhum pesadelo.