POV Peeta

Acordo com gritos vindos de algum lugar. Eles pedem por socorro e me chamavam. Sei de onde vem e corro até lá.

Abro a porta e vejo Katniss se debatendo na cama. Ela grita mandando Blight ficar longe dela enquanto me chamava pedindo socorro. Sentei em sua cama e puxei-a para o meu colo. Ela se debate tanto que acaba acertando um tapa no meu rosto. Sinto o lugar atingido formigar, mas não me preocupo com isso.

Começo a chama-la com cuidado para não assusta-la. Ela acorda chorando e quando me olha chora ainda mais. Aperto-a contra o meu corpo e beijo seus cabelos.

Ela treme a cada vez que soluça. Puxo uma das cobertas que estavam no pé da cama. Cubro-nos e ela se aconchega junto a mim. Fecho os olhos enquanto faço carinho nela. Acabo pegando no sono.

Acabo acordando com a luz do sol entrando pela janela do quarto. Vejo-a dormindo abraçada a mim. Sorrio torto e beijo o topo de sua cabeça. Varias vezes durante a noite eu a escutei pedindo para que eu não a deixasse ali. Com cuidado levantei seu corpo encolhido e troco de posição colocando-a mais uma vez deitada em meu peito. Ela se aninha ali e resmunga alguma coisa.

Olha ao redor do quarto e lembro-me de quando aquela porta foi posta ali.

Flashback on:

Tínhamos sete anos já nos conhecíamos á dois anos. Então durante uma noite, eu estava dormindo, quando, acordei ouvindo gritos abafados. Os gritos vinham da casa ao lado. Na época o muro do quintal ainda não havia sido demolido e a porta ainda não existia. Então percebi que os gritos me chamavam.

Levantei da minha cama correndo e chamei meu pai no corredor. Desci correndo as escadas de casa e gritei para meu pai de novo. Abri a porta e corri para a casa ao lado. Peguei a chave que ficava escondida em baixo de uma das pedras nas plantas. Abri a porta. Os sons dos gritos, antes abafados, agora ecoavam pela casa. Corri escadaria á cima e entrei na segunda porta á esquerda.

Vi seus pais sentados na cama tentando fazer com que a filha parasse de chorar. Vi o rosto de Effie banhado de lagrimas ao ver a filha chorar, se debater e gritar.

Passei por entre os meus padrinhos e sentei na cama. Num impulso puxei-a para cima do meu colo e fiz um sinal para que nossos pais saíssem do quarto. Effie relutante sai do quarto acompanhada dos dois homens. Faço carinho em seus cabelos enquanto sussurro:

– Sh! Estou aqui, Niniss – Sinto-a me apertar contra o seu corpo – Eu não vou sair daqui, prometo.

Fiquei ali até que seus soluços passassem. Nossos pais entraram no quarto estranhando o silencio. Katniss agora dormia agarrada á mim. Effie se aproximou e afagou os cabelos da filha com cuidado.

– Filho, vamos. – chamou meu pai

– Não! Eu vou ficar aqui com a Niniss.

– Filho vamos, ela já esta bem, você precisa ficar aqui. Amanhã vocês vão passar o dia todo juntos. Mas para isso vocês tem que dormir.

Convencido, coloco-a com cuidado na cama e me levanto. Quando vou descer a escada, escuto sua voz:

– Pee? Você vai embora? – olhei-a e vi que já havia lágrimas em seus olhos.

– Niniss, meus pais querem voltar para casa...

– Peeta! Vamos! – o som da voz de minha mãe se fez presente

– Não! – Katniss choramingou me abraçado – Deixa-o ficar tia!

– Mas... – minha mãe tentou argumentar, porém desistiu – Okay ele pode ficar.

– Brigada tia.

Não ouvimos mais nada e fomos para o seu quarto. Deitei-me na sua cama e ela se acomodo ao meu lado.

Algo em meu peito dizia que ela precisava de mais do que um abraço de lado do jeito que estávamos. Então puxei seu corpo diminuto para cima do meu. Ela me olhou surpresa, mas acomodou ali.

Senti-a deitando sua cabeça no meu ombro. Timidamente ela deu um beijo em minha bochecha. Senti meu rosto queimar.

– Promete que vai ficar aqui comigo?

– Prometo.

– Boa noite Pee. – ela sussurrou

– Boa noite Niniss.

Dormimos abraçados. A partir de então eu passei a dormir sempre assim.

Depois daquele dia a porta foi posta ali e o muro que separava os quintais foi destruído.

Flashback off.

Desperto- me dos meus pensamentos quando a sinto se mexer sobre mim. Sorrio ao sentir sua respiração no meu pescoço. Afago seus cabelos enquanto volto a pensar.

Flashback on:

Cinco anos depois estávamos mais uma vez na cama dela, abraçados. Ela havia tido outro pesadelo. Eu estava confortando-a quando perguntei:

– Niss, sobre o que você sonhou?

– Depende

– Como assim?

– Tem... Tem... Vezes que estou sozinha e então começo á ver pessoas correndo e então os prédios começam a desmoronar você tenta... – ela soluça – me salvar quando um carro vem em nossa direção. Ao invés de me atropelar ele te atropela. Você morre na hora... E eu não pude fazer nada. Tem vezes que eu vejo você indo embora enquanto eu grito pedindo para você não me deixar ali sozinha... Outras que eu vejo todos os que eu amo indo embora, me deixando em um lugar escuro sozinha.

– Eu prometo que não vou embora. – Sorrio e a aperto contra o meu corpo

Flashback off

Sorrio, apertando-a contra o meu corpo. Eu não quero solta-la nunca. Ela geme por conta do aperto. Faço carinho em seus cabelos enquanto observo-a.

Seu pijama faz com que suas curvas fiquem ainda mais belas e acentuadas, seus lábios estão entre- abertos deixando-os ainda mais convidativos. O jeito em que ela dorme em meu peito não mudou durante todo esse tempo.

– Para com isso. – me assusto

– Eu achei que você estava dormindo. – ela sorri ainda de olhos fechados

– Acordei á pouco. E você? – ela boceja e acabo fazendo o mesmo

– Já estou acordado á algum tempo.

– E o que ficou fazendo?

– Pensando... Olhando-te. – vejo-a corar e esconder seu rosto na curvatura do meu pescoço.

– Para – ela reclama abafado.

Sinto quando ela inspira fundo sentindo meu perfume e me arrepio. Aperto-a contra o meu corpo e beijo seus cabelos.

OoO

Pov. Katniss

Estou no meu quarto, sentada ao piano, olhando as notas e tocando de vez em quando enquanto escrevo a melodia que me agrada. Sei que Peeta acabou de entrar no quarto e tentou não fazer barulho. Mas falhou. Percebo que ele sentou na minha cama e sorrio de leve continuo tocando e escrevendo até que acabo mais uma musica.

Viro-me de frente para ele e olho-o.

– Oi.

– Oi – ele me responde e eu sorrio – Olha são exatas 16 horas e 15 minutos, te convoco para irmos dar uma volta na praça e depois voltarmos para casa e jantarmos o que acha?

– Acho que é uma ótima ideia. – ele ri e se levanta da cama, me dando o braço para encaixar o meu. Rio de sua brincadeira e após trancar a porta de cama nos pomos no caminho do parque.

Até que eu vejo um carrinho de sorvetes. Olho para o moreno com minha melhor carinha de cachorrinho que caiu da mudança. Ele ri jogando a cabeça para trás. Escolhemos nossos sorvetes, os dois de chocolate e nos sentamos num dos bancos da praça.

– Niss – olho-o e ele suja o meu nariz com o sorvete

Olho-o atordoada e com o dedo sujo a ponta de seu nariz e suas bochechas. Ele ri e limpa o rosto. Limpo meu nariz e sujo o dele de novo.

– Tadinho do meu nariz - disse

– Você fica fofinho. – rio assim que percebo que ainda havia sorvete em uma de suas bochechas. Dou um chupão em sua bochecha, que fica levemente avermelhada por conta da pressão.

– Vai ficar marca?

– Não, um pouco vermelho, mas sem marca.

Ficamos nos olhando durante algum tempo e começamos a aproxiamar os nossos rostos.Quando uma voz nos interrompe:

– Katie? – chama uma voz que eu não queria ouvir nem tão cedo