"Tum tum tum tum tutum". A batida dançava em meu ouvido com uma música, sentia-me segura. Os dedos de Killian passavam por entre meus cabelos e sorrio sentindo seu peito contra meu rosto. Subindo e descendo. O riso daquela pequena começava a me irritar, mas estava agora longe...E mais Longe...e...

– 21 anos atrás- Boston

–Está vendo Srtª. Ursa? Quando mamãe vier me buscar, eu e ela iremos a milhares de parques e faremos muita cosquinha uma na outra...E quando ficar dodói, ela sentará ao meu lado e me fará carinho e logo tudo passará num passe de magica. Assim como a Stacy.- Stacy era uma menina que tinha sido abandonada por seu avô. Por sorte a mãe dela a achou e elas foram para casa no verão passado. Olho para a Srtª Ursa. Ela não é muito de falar- Não se preocupe... Eu levarei você conosco.

– Emma! Saia da janela- Levo um susto. Era a inspetora do orfanato. Por um motivo não gosto dela, parece uma mistura de bruxa com o anão zangado da Branca de Neve.

– Eu só estava...- Ela me corta me puxando pelo braço

– Sua mãe não ira voltar! Pare de espera-la na janela menina tola. Agora vem, você tem tarefas a fazer mocinha, não me estresse.

Mas ela estava estressada o tempo todo, impossível ficar mais. De longe ouço risadinhas e cochichos. As meninas me achavam estranha. Não era para menos, uma menina de 9 anos que quando não brinca que tem uma mãe imaginaria, jura que sua mãe ira voltar para pega-la. As vezes até eu me via como estranha, mas eu tinha...Esperança, além disso juro que sinto-me protegida...Geralmente quando pássaros vem até mim a todo o momento: Quando tenho pesadelo, para me ver brincar, quando tenho medo de algo, quando estou triste...

– Pare de sonhar acordada menina. Vamos! Ande logo!

–Tudo bem Srtª. Whitney- Falo de cabeça baixa segurando meu urso contra o rosto.

***

Depois de ajudar a Srtª Lincoln na cozinha, ela me dispensa e eu fico finalmente livre. Vou para fora da casa de adoção tristonha e me deitei no ralo gramado que lá tinha e começo a chorar.

Do outro lado da rua havia uma menina com sua mãe rindo. Ela estava beijando a menina que não parava quieta. Chorei mais, porém agora de raiva. Raiva de mim mesma.

– Srta. Ursa?- Lembrei rapidamente que a tinha deixado na cozinha. Agora além de ser uma órfã, virei uma órfã sem seu único amigo. Com toda certeza agora era propriedade de outra criança.- Serio isso? Que droga- resmungo soluçando.

Uma serie de gritos surge dentro do orfanato que me fazem sentar assustada. Vejo um enorme pássaro saindo pela porta principal voando em minha direção. Ele era colorido e grande, nunca tinha visto um igual. Sorri. Ele trazia algo.

–Srtª Ursa!!-Grito animada com os olhos brilhando. O pássaro não saia perto de mim. Era sempre assim. Não iria sair até eu me senti melhor. Com meus braços e meu sangue fervendo o espanto com algumas folhas de galho que tinha soltas perto de mim.- Sai! Sai...- Não acreditava mais. Não acreditava em mamãe . E ela não iria me abraçar e me beijar, nem ficar preocupada quando eu estiver dodói...muito menos me proteger dos meus pesadelos e dos meu medos. Mamãe não ia voltar. Assim como os pássaros. Depois daquele dia nunca mais voltaram.

– Atualmente- Floresta Encantada-

Minha cabeça estava explodindo, não conseguia acordar. Aquelas lembranças... Começo a chorar como eu chorei aos 9 anos.

–Mãe! Mãe!- Desde aquele dia tem sido tão difícil pronunciar. De repente eu posso escutar um "calma meu bem" com uma certa alteração na voz. Ela estava acariciando-me e eu começo a chorar, mas não por que eu estava sonhando, mas porque ela estava me protegendo. O meu pássaro colorido tinha voltado.

–Vai ficar tudo bem, foi só um sonho meu amor!- ela deita do meu lado. Sinto seus braços me abraçando. Como fui tão dura coma ela. Choro mais "me perdoe mamãe" penso.

– Ela está melhor?- ouço a voz de Killian. Ele estava preocupado.- Trouxe um pouco de água.

–Um pouco- Diz ela

–Obrigada- digo a Killian sobre a água. Abro os olhos. Ela já ia saindo- Pode ficar aqui comigo por toda noite? Eu... Eu estou com medo.

Ela sorri e volta a me acariciar- Claro meu bem! Você parece a Eva- Ela ri- Estou aqui para te proteger- Choro em silencio.

***

Acordo com a luz da manhã. Ambos estavam ali, minha mãe e Killian. Minha mãe deitada perto de mim ao chão e Killian sentado. Aparentemente ele não havia dormido preocupado, típico dele.

Me levanto devagar e vou até a porta com cuidado. Espio eles novamente e sorrio. Nenhuma maldição consegue fazer ele não se preocuparem comigo.

–Shhhhhh você vai acordar todo mundo- Ouço. A voz era de Eva. Meu coração pula, com quem ela estava falando? Caminho calmamente até a tal voz e espio através da porta entreaberta. Vejo a menina com um olhar assustador olhando para... David?

– Eu sai ontem de tarde sozinha quando você deveria cuidar de mim.. Você não percebeu... Assim como não percebeu meus primeiros passos, minhas primeiras palavras. Você não merece ser pai-Diz a garota repetidamente perto dos ouvidos de David, meu pai que chorava. Ele parecia maluco.

– Eu...eu te- Tenta dizer ele- Eu te amo

– Mas eu não te amo!- Diz ela cortando o próprio dedo. Mas o que ela estava fazendo?- Ai! Olha o que você fez pai, o Senhor é tão estúpido. Eu não sou sua filha. Você não é pai. Não vê? Papai mau! Muito mau!

Meu pai se contorcia e minhas lagrimas começava a cair. Meu pai se contorcia e minhas lagrimas começava a cair. Meu pai se contorcia e minhas lagrimas começava a cair. Meu pai se contorcia e minhas lagrimas começava a cair. Não conseguia ficar ali assistindo aquilo. Quando eu vi eu já estava passando pela porta furiosa e segurando a menina pela mão. Ao olhar nos seus olhos não via nada. Parecia que a mesma não existia. Ela sorriu para mim maleficamente e saiu como se nada tivesse acontecido. Eu simplesmente abraço meu pai e fico ali até ele se acalmar.

–Vai ficar tudo bem. Acredite! Você é o melhor pai que uma garota pode ter...- choro- Talvez nunca ninguém tenham te dito isso, mas eu digo!- Ele sorri. Eu era mais próxima com ele, porém vinha o rejeitando de uma maneira parecida como aquela menina. Isso me destruiu.

–Emma...- Ele sussurra... Definitivamente ele era especial. O abraço chorando

–Te amo papai- Ele ri e me beija na testa ao mesmo tempo que chorava, agora de alegria.

–Nãaao!- Um grito surge do quarto e ao correr até lá percebo que vinha de minha mãe- Cora! Saia daqui... Eu já deixei sua filha tomar o trono, o que mais quer?

–Filhos...Cadê nossa pequena Eva? Acho que seria uma boa contar de todos seus males e seus segredos não é Snow? Ela sabe que sua mãe é uma assassina?

Assassina, assassina....... Exemplo de mãe...Assassina, assassina, assassina, assassina....... Exemplo de mãe...Assassina, assassina

Essas vozes tomavam o local, cada vez mais fortes e mais potentes conforme minha mãe começava a gritar. Eu chorava assustada. Estava começando a entender essa maldição. Mas espera...Eu sinto falta de algo... Merda!

–Killian!

***

Ele estava perto do mar. Sento perto dele e seguro sua mão.

– Sabe...antes eu queria vingança. Mais que tudo na minha vida, mas depois que tudo isso aconteceu...Eu acho que isso não faz mas sentido. Eu era um órfão , depois perdi pessoas queridas e deixei a vingança me tomar. Agora nem sei mais que eu sou.

– Pois eu sei. O meu Killian- Falo puxando sua cabeça para um cafuné- Acredite você vai gostar de você. Mesmo que isso seja tecnicamente impossível já que você é o cara mais egocêntrico que já conheci- Ele ri.- Você me deu um susto. Devia avisar quando sai assim.

– Desculpa- Ele pega meu rosto e me beija. Um beijo quente e demorado. Ele passa suas mãos em minhas costas e depois vai descendo. Chega até minha bunda e passa a beijar meu pescoço. Eu lanço um gemido e sorrio me afastando.

– Você não sabe ir com calma né tigrão?- rio e seguro sua mão e logo fico seria lembrando do que acontecia com meus pais. Killian tinha o dom de me fazer esquecer dos problemas.- Killian...

–Oi.

–Você tem algum medo?

Ele reflete pensativo- Não. Acho que não. E você Swan?

Eu adorava quando ele me chamava assim...- Talvez. Sim. Eu achava que não. Quer dizer, para mim meu maior medo era perder você...- ele me corta

–Sou um bom sobrevivente

–É eu sei, não sabe como eu sei. Mas mesmo assim eu tenho medo, mas hoje descobri que tenho outros enormes medos. O de ser substituída sabe...Ganhei um irmão a pouco tempo, minha mãe tem dado muita atenção a ele e... Bem, eu sei que parece um ciúmes bobo, mas é bem maior que isso. É uma inveja de ele ter tudo o que eu sonhava até meus 9 anos e medo de ser esquecida e substituída por ele. Também tenho medo de perder pessoas amadas... Já perdi tantas.- Pauso um momento e me lembro de Graham, Neal...Walsh- E o de fazer o errado ou fazerem o errado comigo e quebrarem meu coração.- Respectivamente penso em Cruella e na pequena Eva. Por um momento tudo se clareia. A maldição era sim um universo alternativo, mas não de passado como eu supus. Era de ilusões. Era uma maldição psicológica parecida quando meu pai, David, consumiu a raiz noturna, porém de uma forma bem mais assustadora. Estávamos enfrentando nossos medos.

Killian me apertava contra seu peito- Eu te protegerei Salvadora...

Salvadora Salvadora Salvadora Salvadora Salvadora Salvadora Salvadora Salvadora Salvadora.

Novamente as vozes voltavam a me atormentar. As vozes ficam mais forte conforme seu medo aumenta. “Elas ‘escutam’ seu medo e aproveitam disso”, penso “Elas consomem você.”

– Emma!!!- Falava Killian quando me viu me contorcendo. Começo a ouvir vozes estranha também. Não minhas, mas era os de Killian. Eu era seu maior medo. Me perder.

Perda. Amor. Perda. Amor. Liam, Milah... Perda

– Nãao Emma não.- Ele gritava

–Killian!!!- Via ele se contorcer no chão e mesmo já fraca, usava minha força para tentar avisa-lo- Eu...Eu sei que você está com medo, mas escute, meu bem! Eu estou aqui e ficará tudo bem! São apenas ilusões. Acredite em mim- Ele segura minha mão tentando sorrir, mantendo a aparência assustada. Eu sorrio tentando mantê-lo seguro.

– Eu te amo!- digo quase sem força nenhuma

Novamente as ilusões voltam a aparecer e dessa vez consigo decifrar e ver todas. Neal. Graham. Cruella... Eva! Todas girando em torno de mim. Fico sem ar sentindo todo meu ar ser comprimido. Olho para Killian. Íamos para aonde agora? Neverland? Eu estava exausta e estava preste a desistir...Era muito para mim

– Milah!!! Liam!!! Emma!!!- Escutava o surto de killian.

–Cora! Emma! mãe!!!- Eu estava escutando todos eles sofrerem. Essas vozes em minha mente estavam me enlouquecendo, era muito para mim. Eu choro. Não queria sentir os sofrimentos deles. Não!!! Merda!!

Estava já sem ar e olho para cima por cima dos vultos em torno de mim. Era uma pássaro, colorido e grande, estava saltitando perto de mim. O pássaro da minha infância. Minha mãe. De repente todo o medo vai embora assim como todas as vozes.

Olho assustada e vejo cada um dos "vultos", agora bem reais. Graham, Neal, Cruella, Eva... Eles estavam se desfazendo como um castelo de areia na praia.

– Adeus- Digo chorando. Não importava quantas vezes acontecesse. Uma perda sempre era uma dor, porém a diferença é que dessa vez eu não sentia medo de ficar sozinha ou de qualquer coisa, pois sabia que não iria ficar. Meus olhos se fecham aos poucos.

Tudo se escurece e me sinto perdida dentro de mim mesma. Sou puxada por outra força, a maldição acabara." A salvadora conseguiu" é o que eu escuto. Eu estava de volta. Na minha verdadeira casa.

– Eu também te amo love- diz uma voz muito, muito familiar e logo após sinto aos mãos de meus pais acariciarem meu rosto.

Definitivamente eu estava em casa. E eu vou aproveitar.