Piel de Lava escrita por Emma Grimes


Capítulo 4
O amor mata?




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Eu não poderia imaginar que a reação que Isabel teria após a notícia seria de sair correndo casa a dentro.

—Isabel,espere!

Corri atrás dela passando por Bento e meu pai, que me segurou um braço.

— Que se passa com tua irmã?

Me deixe ir atrás dela papai.

Me soltei as mãos de papai e fui atrás de minha irmã que entrou no quarto de banho.

—Isabel...

Ela estava ajoelhada com o rosto enfiado na banheira, gemendo e vomitando.

—Isabel minha irmã, calma._Disse segurando sua testa.

Aos poucos ela foi se acalmando. Sequei suas lágrimas e então podemos conversar.

—Porque meu pai estava fazendo isso,Caetana? Amo tanto Arturo.Tanto que parece que vou morrer se ficar longe dele.

Com olhos inchados e cabelos desgrenhados, ela chorava abraçada a mim.

—Ela para mim._Disse segurando seu rosto._Eu te entendo,entendo de verdade.Mas agora me diga,esse amor que usted sente por ele é recíproco?

—É...claro que é! Se não fosse porque ele viria até aqui? Porque ele enfrentaria o pai?

—Ele enfrentou o próprio pai?

—Sim.E nosso pai também._Disse ela sorrindo, como se sentisse orgulho do que o namorado avia feito._Caetana,eu sou capaz de fazer uma loucura se papa não permitir que fiquemos juntos.

***

Eu não sabia que as pessoas podiam morrer por amo.Eu sabia que elas podiam morrer de saudades,mas por amor...Por amor eu nunca imaginei.

—As pessoas também matam por amor Sinhá._Disse Consuelo enquanto preparava sua pessegada.

—Matar?

—É Sinhá, matar!

—Mas não faz sentido.Nada faz.O amor devolve a vida._Sorri pensando em Bento.

—Nada no amor faz sentido,ao menos no meu ver.

O silêncio de segundos encheu a cozinha.Esse tipo de situação me deixa agoniada.Então,eis que resolvi quebrar o silêncio.

Usted acha que minha irmã seria capaz?

—Bah!_Soltou a faca dentro do tacho de cobre._Vamos mudar o rumo dessa prosa.

Concordei com um movimento minúsculo com a cabeça.

—E o Bento?

—O que? O que tem Bento?

Ela sorriu como se já soubesse de tudo.

—Olha Sinhá, se vocês se amam de verdade, não percam tempo.

***

Mais tarde naquele mesmo dia, após o jantar, meu pai se trancou no escritório com minha mãe e minha irmã.Eles teriam uma seria conversa.Isabel já não era mais uma guriazinha,e teria que entender que as coisas nem sempre são como a gente quer.

No meu quarto,ainda com as roupas que usei o dia inteiro, esperava na janela, com esperanças de que Bento aparecesse.

Batidas na porta de meu quarto fizeram com que eu voltasse a realidade.

—Entre.

Em movimentos tímidos Isabel abriu a porta e entrou.

—Como foi a conversa?

Mama pediu para que nosso pai permitisse o casamento.

—E ele?

Ela suspirou e se sentou a beira de minha cama.

—Disse que se permitir, será só depois que vosmecê se casar.E se for de um homem de grado dele.

Aquele fala foi como um peso em meu peito.O que estava acontecendo com meu pai? Ele e minha mãe sempre disseram que nos casariamos por amor.

—Ele disse isso?

—Disse.

—E mama ?

—Concordou com tudo.

***

A noite passou,e apesar de tudo o que Isabel falou,eu consegui dormir.Estava realmente exausta.

Meu pai passou a manhã inteira fora de casa.Ele só voltou na hora do almoço.E era sempre assim,ele nunca se atrasava para o almoço.

—Maria, cuide do jantar de hoje.Teremos convidados._Disse papa

—Posso saber quem são?_Perguntou mama em tom áspero.

—Bento Gonçalves._Respondeu.

Não consegui disfarçar o nervosismo quando meu pai disse aquilo.

—Você está bem Caetana?_Perguntou minha mãe aí perceber o meu nervosismo.

—Sim._Sorri._O Senhor disse convidados.Quem mais virá?

—Uma moça que está com Bento.

Deus sabe como eu me senti quando ouvi aquilo.Meu corpo ardeu em brasa.Eu não ouvia mais nada ao meu redor a não ser meus piores pensamentos.Ele tinha outra.Ou pior,eu era a outra.Me senti como a pior criatura.Ele me enganou e eu cai na dele.É da natureza humana mentir para conseguir o que querem.Mentir para conseguir ouvir o que querem.

—Caetana, você está me ouvindo?_Perguntou meu pai me tirando dos meus pensamentos.

—Desculpe,eu...me distrai.

—Eu estava dizendo que o dia está lindo.O que você e sua irmã acham de saírem um pouco? Cavalgar para espairecer._Perguntou papai sorrindo.Eu e Isabel nos entreolhamos.

—Claro._Respondeu minha irmã.

Entonces muito bem.Mas não percam a hora.O jantar será pontual._Disse minha mãe.


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