Escrito nas estrelas. escrita por hollandttinson


Capítulo 22
Blue.




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NARRAÇÃO: Isabella Swan.

Edward Masen.

O nome dele girava na minha mente deixando-me tonta. Cada dia que se passava a ansiedade e o medo me consumiam, me levavam á beira do colapso, mas eu devia me manter firme, não importa o quão maluca eu estava me tornando.

Quem eu era antes dele foi apagado da minha memória, eu não conseguia mais encontrar a Isabella que eu era antes de ele ter cruzado a minha esquina. Se em algum momento eu fui uma garota decidida, com um futuro pré-escrito, essa garota se foi, e pra ser sincera não sinto sua falta. Hoje, me olhando no espelho, me deparo com uma outra pessoa, que sou eu, mas eu sou mais dele do que minha.

A garota do espelho tem a pele pálida, olhos castanhos grandes, sardas espalhadas pelas maçãs do rosto, lábios rosados. Mas ela tem algo de diferente, algo que á um ano atrás não teria sido visto, nem ao menos imaginado. Nunca a vi tão feliz, tão viva. Era como se ela tivesse sido trocada por um clone idêntico á ela, porém com uma vida muito mais interessante e agradável. A Isabella no espelho era de perto a pessoa mais feliz que eu conhecia, e ela estava noiva.

Ora, vejam só! Quem diria que aquela garotinha iria estar noiva? Ouvi vários comentários á esse respeito, sobre como eu estava encantada por Edward, e sobre como eu tinha ficado completamente maluca. Alguns deles faziam suposições sobre o motivo de tudo isso ser o dinheiro que eles tinham, mas eu decidi que aquilo não era importante. Em breve eu estaria bem longe daqui, tendo que me preocupar apenas em ser a pessoa mais feliz do mundo. Isso não seria difícil com ele do meu lado.

Olhei mais uma vez para o meu rosto no espelho, não precisei fazer esforço algum para que um sorriso surgisse. Ele era aberto, provavelmente me traria algumas dores pelo rosto, mas isso não ia ser tão ruim assim. É bom sentir dores pelos motivos certos.

Levantei da cadeira, me virei para olhar para o vestido ao lado da minha cama. Ele era tão bonito! Não parecia ter sido da minha tataravó – apesar de ter sido -, não depois de tantos ajustes. Ele estava maravilhoso, seu colo bordado com renda, o resto solto, eu ficaria maravilhosa nele. Edward ia gostar, com certeza. Edward, mais uma vez pensar nele me fez cambalear para trás. Me segurei na minha cabeceira, sorrindo boba.

Não o via á dias, com tantas coisas para resolver em tão pouco tempo, tudo ficou corrido nas nossas vidas. Ele tinha que resolver todos os últimos ajustes para a nossa mudança e para a empresa, e eu tinha que fazer com que esse casamento fosse incrível. Claro que eu tive a ajuda de mamãe e da sra. Masen, mas isso não tornou as coisas menos cansativa. Nunca pensei que um casamento fosse tão complicado, mas eu podia fazer tudo de novo, só para ter o melhor dia da minha vida.

Me afastei da cabeceira, voltando á me aproximar do vestido. Toquei o tecido com a ponta dos dedos, parecia tão delicado. Eu tinha mesmo o corpo certo para usar isso? Balancei a cabeça, bem, se eu não tiver, vai ser uma pena mas eu vou usá-lo mesmo assim. Dei de ombros.

— O que você está fazendo?- Não ouvi a porta abrir, então tomei um susto quando minha mãe perguntou. Eu a olhei com a mão no peito, o coração acelerado. Ela deu uma risadinha, se desculpando com o olhar.- Venha, me ajude.

— Certo.- Eu disse, me acalmando e descendo com mamãe.

Era cedo, ainda tínhamos algumas horas até o momento do meu casamento. Hoje eram poucas coisas que precisavam ser feitas, e as acabamos depois do almoço. Em seguida, eu subi para dormir por um tempo, queria estar completamente relaxada na hora do casamento, mas não consegui pregar o olho. Estava tão nervosa! Nunca tinha me sentido assim antes.

Olhava para o vestido como se ele fosse um bicho de sete cabeças. Agora tudo parecia mais complicado, e o pensamento de que em algumas horas eu realmente seria propriedade exclusiva de Edward me deixou assustada. Veja bem, não é que eu não queira, mas Deus eu o conheço á menos de um ano e vou me casar com ele! Onde eu estava com a cabeça? Não havia a menor racionalidade nos meus atos.

E não havia mesmo de ter! Onde já se viu, eu querendo encontrar racionalidade nos sentimentos! Nem mesmo os filósofos mais geniais conseguiam distinguir o que eram eles, que dirá eu? Balancei a cabeça, rindo pelo nariz. Eu estava ficando maluca, ou o nervosismo tinha me subido a cabeça.

O tempo passava lentamente, eu estava começando á sentir os sintomas da ansiedade. Onde mamãe estava? Por que ela não tinha me chamado para tomar meu banho ainda? Será que ela tinha esquecido? Antes que eu pudesse responder minhas perguntas, a porta se abriu e ela sorriu para mim, como se já esperasse me ver onde estava.

— Sabia que não ia conseguir dormir.- Ela disse, se aproximando. Segurava mantas nas mãos.- Vamos tomar banho?

Ela me ajudou á ficar com cheiro de rosas. Me sentia tão limpa, que precisaria tomar banho de lama para que alguma coisa desse errado relacionado á minha higiene. Respirei fundo o cheiro que vinha da minha própria pele, Edward definitivamente ia adorar.

Quando terminei, mamãe ma ajudou á me secar e á me vestir. No fim, ela estava penteando o meu cabelo. Ele ficaria solto, caindo nos meus ombros. Edward gostava de me ver assim, ele dizia que eu parecia mais natural, e exceto pelo vestido extravagante, eu parecia a mesma Bella com quem ele passava as tardes. Sorri no espelho, começando á me sentir digna de me casar com ele, apesar de saber que quando eu olhasse para a divindade que ele é, perceberia fácil o quanto estava ridícula. Sei que me pareceria alguém vestida em trapos velhos quando o visse, mas me permiti apreciar o momento.

Ela saiu do quarto, me deixando sozinha, me deixando mais nervosa ainda. Mas ela precisava se arrumar. Logo o enorme carro estaria na minha porta, pronto para me levar para a igreja, onde eu e Edward seríamos declarados marido e mulher. Esse pensamento fez meu coração acelerar. Á partir de hoje não haveria mais nada que contestasse nossa união, seríamos um só definitivamente. Balancei a cabeça, fechando os olhos com força. O medo não podia me impedir de viver esse dia, não importa o quão nervosa eu estou.

Mais uma vez, o tempo passou vagarosamente. Eu me sentia como se estivesse sentada á anos, esperando mamãe trocar de roupa. Quando a porta abriu novamente, sorri para o meu pai. Ele parecia... Melancólico. Não é todo dia que você entrega a sua filha para alguém, ainda mais sabendo que ela vai morar do outro lado do mundo. Tentei ser solidária, também sentiria sua falta.

— Apenas não chore, papai.- Eu pedi, tentando deixar o clima leve enquanto ele se aproximava de mim. Ele balançou a cabeça, revirando os olhos em seguida.

— Chorar pelo quê? Eu estou entregando você para o melhor rapaz que toda essa cidade já viu. Todas as moças estão com inveja de você agora.- Ele deu de ombros, se aproximando e me entregando o buquê nas suas mãos. Eu o peguei, analisando-o entre as minhas mãos com um sorriso.

— Eu sinto muito por ter decepcionado-as, também não contava com a minha sorte.- Eu disse, dando de ombros. Papai bufou.

— Sorte? Não foi sorte, menina! Você mereceu muito isso. Deus definitivamente olhou para você, e viu todo o seu esforço por ser uma pessoa genial.- Ele disse, ficando do meu lado e entregando seu braço para que eu segurasse. Sorri para ele.

— Então você não está triste por sua filha estar partindo?- Perguntei, estreitando os olhos. Ele suspirou, olhando para os próprios pés, e depois para a porta. Suspirou novamente e então deu de ombros.

— Eu deveria, não é? Mas eu já a vi partir tantas vezes, e em todas as outras eu ficava temeroso com o que você ia encontrar, pensando que você estaria sozinha. Mas agora você vai com alguém que ama, e ele ama você também, quero dizer, vocês vão ser felizes. Eu não preciso ter medo. E de qualquer forma, quando eu tive uma menina, sabia que hora ou outra teria de libertá-la para o seu destino. O seu chegou antes do que eu imaginava, mas você nunca foi presa, de qualquer forma.- Ele disse, dando de ombros e olhando para mim. Eu respirei fundo, sentindo a paz desse momento me invadir. Ele tinha razão. Fiquei na ponta dos pés e dei um beijo em sua bochecha.

— Eu te amo papai.

— Amo você também, garota. Agora vamos, não quer chegar lá mais atrasada do que o normal, quer?- Ele perguntou, sorrindo para mim. Neguei com a cabeça, e nós descemos juntos. Na sala, mamãe estava nos esperando no sofá. Ela também estava muito bonita.

— Finalmente! O que estavam fazendo lá em cima?- Ela perguntou, balançando a cabeça e sorrindo.- Eu estou indo na frente, daqui á pouco vocês saem, tudo bem? Nos vemos em breve.- Ela disse, beijando minha testa e se afastando. Não demorou muito para que alguém batesse na porta. Papai abriu e viu o cocheiro. Eu ia chegar no casamento em uma carruagem, definitivamente as coisas estavam mudando por aqui.

Sentei com toda a delicadeza do mundo, morrendo de medo de que alguma coisa acontecesse com esse vestido maravilhoso, e á cada esquina que virávamos, minha barriga dava um giro. Deus, eu estou tão nervosa! As borboletas no meu estômago estão me dando agonia de tão apressadas. Não consigo parar de pensar em tudo o que vai acontecer em pouco tempo, em todas as coisas que me esperam quando eu sair desse luxuoso automóvel medieval.

— Que bonito.- Papai elogiou, olhei para ver o que era.

Nós estávamos do lado de trás da casa de Edward, eu nunca tinha vindo aqui, nem ao menos sei como chegar. Estava tudo maravilhoso, floral, calmo. Cadeiras estavam espalhadas por todos os lados, e as pessoas estavam animadas, procurando por algum sinal meu. Eu as conseguia ver, mas elas não. Mordi o lábio inferior, sentindo minhas mãos suarem.

— Você está bem? Podemos ficar aqui um pouco até você se acalmar.- Papai sugeriu, eu neguei rapidamente.

— Não, eu quero acabar logo com isso. Além disso, ele já esperou por muito tempo.- Eu disse, ele sorriu e saiu da carruagem, segurando a minha mão para que eu pudesse sair com a sua ajuda.

A marcha nupcial começou á tocar, e lentamente nós começamos á estar ás vistas das pessoas que estavam sentadas, e espantadas, olhavam para mim com um sorriso de admiração. Haviam sorrisos falsos, algumas outras pessoas estavam sérias, olhos fuzilantes. Mas em geral, as pessoas estavam me admirando. Eu me sentia uma escultura, era estranho, normalmente era Edward o centro das atenções. Sabia que estava muito vermelha agora.

Olhei para a frente. A primeira coisa que eu vi foi Edward, é claro. Ele estava de pé, as mãos para trás, cabelos penteados delicadamente, esculpido por algum artista, provavelmente. Ele era o próprio deus da beleza agora, com aquele sorriso escancarado no rosto, aquele ar de missão cumprida. Deus, ele era maravilhoso! Minhas bochechas começaram á arder e eu sabia que estava sorrindo mais abertamente do que devia, era até mal educado, mas não me importei.

Por um momento eu quis correr, quis que a música se apressasse e eu pudesse estar de frente para o meu anjo mais rápido, mas não aconteceu. A música continuou lenta, o tapete parecia maior á cada passo, e as minhas pernas se moviam como as pernas de uma tartaruga. Quando finalmente eu parei, papai deu um beijo na minha testa e me entregou para Edward, como em um gesto ensaiado.

Edward segurou a minha mão. De perto, ele era mesmo o homem mais lindo do mundo. Eu disse “o homem”? Não, ele era a coisa mais linda do mundo. Não havia nada existente que fosse mais maravilhoso do que ele, e não ia existir nada que fosse no futuro, eu sabia que tinha tirado a sorte grande. Ele ainda estava sorrindo quando nos viramos para o padre.

Seria mentira se eu dissesse que prestei atenção em alguma coisa do que aquele homem de preto estava falando, já que a única coisa em que eu conseguia me concentrar era no braço de Edward grudado com o meu, era na respiração dele ao meu lado, e no bater acelerado do meu próprio coração.

Edward começou á se levantar do meu lado, e eu imaginei que devesse fazer o mesmo. Fiquei de pé e ele ficou de frente pra mim. Tentei raciocinar e me lembrei que era nesse momento, nesse maravilhoso momento, que o noivo finalmente ia beijar a noiva. Finalmente! Quanto tempo faz que eu não beijo Edward? Não tenho a menor ideia. Ele sorriu para mim e depois piscou para mim, eu fiquei vermelha, é claro.

— Eu vos declaro marido e mulher. O noivo pode beijar a noiva.- O padre disse, Edward suspirou antes se inclinar a cabeça para tocar os lábios nos meus.

Eu estava consciente dos aplausos ao meu redor, mas eles estavam sendo lentamente aniquilados pelo toque dos lábios gentis de Edward nos meus, e as suas mãos em minha cintura. Mas mais rápido do que deveria, nos afastamos para sorrir para os convidados. Ele, com sinceridade e satisfação. Eu, com um pouco de decepção e pressa para, finalmente, ficar sozinha com ele novamente.

Mas eu ainda tive que apertar mãos, receber abraços, sorrir gentil, dançar. Foi a noite mais exaustiva da minha vida! Nunca pensei que ia tanto querer estar longe de todo mundo, e entrar em um navio. Mas quanto mais a hora passava, mais próxima dessa realidade eu ficava.

— Querida, venha, vamos trocar sua roupa.- Mamãe me chamou em algum momento em que uma senhora muito inconveniente fazia perguntas depravadas para mim.

— Sim.- Eu disse, exasperada.

Entramos na casa de Edward, que estava vazia, exceto por alguns criados que andavam com bandejas para lá e para cá. Subimos as escadas juntas, entramos em um quarto que eu tinha certeza ser de Edward, por causa de alguns objetos dentro de caixas. Eu suspirei, me sentando na cama. Me jogando, para ser exata.

— Estou exausta.- Eu disse, colocando a mão na cabeça. Mamãe deu uma risadinha, balançando a cabeça.

— Bom, espero que não muito exausta. A noite ainda não acabou.- Ela piscou. Eu sabia do que ela estava falando, mas não queria parar para pensar nisso. Então, depois de ficar vermelha, apenas olhei ao redor, procurando a roupa que eu ia vestir.

— Onde está minha roupa?- Perguntei. Mamãe pareceu lembrar porque estávamos aqui, e entrou em uma das portas do quarto, voltando com um belo vestido azul. Eu revirei os olhos, ele era extravagante demais.- Sério?

— Não reclame, não fui eu quem escolheu. A sra. Masen disse que Edward gostava muito de azul, então ela trouxe esse para você de presente.- Mamãe disse, dando de ombros. Eu suspirei.

— Tudo bem.- Eu disse, me levantando e ajudando que ela me vestisse. Quando me olhei no espelho, eu estava realmente me sentindo bonita. Sorri.- Eu também gosto de azul agora.- Eu disse, fazendo mamãe revirar os olhos.

(...)


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