Na noite, após a bomba atômica que caiu sobre o cérebro de Kawori ao ouvir aquelas palavras obscuras vindas direto do Mago Negro mais temido e amado, a garota teve uma janta deliciosa no seu quarto, junto do intruso Renzo e sua ciumenta exceed. Na hora de dormir, o sono era quem menos vinha em sua cabeça. A luz da Lua que refletia em seu quarto e batia direto em seu rosto, aquele quarto solitário sem ninguém para conversa, desviava sua atenção para aquela linda cena, a deixava mais preocupada com aquele que dormia a dez quartos de distância do seu.

Mesmo querendo, não conseguia dormir e nem tentava porque no fundo tinha algo que lhe chamava mais a atenção. Realmente, queria ir ao quarto do mestre e conversar mais sobre aquela revelação que ele a fez na sua sala, mas tinha medo de como ele iria reagir. Não que o medo fosse lhe impedir de ir até o destino, ela claramente foi. Na pontinha das pontas do pé, mas foi.

— Pelo amor de Deus, ninguém pode me ver aqui.— pensava enquanto caminhava desconfiada.

Passava pelo quarto de membros que ela ainda não havia conhecido, de seu irmão, dos irmãos estranhos que conheceu mais cedo e finalmente, no seu destino vulgo quarto do Zeref.

Abriu a porta – preta – e cuidou para que não entrasse tanta luz e não fizesse nenhum barulho ou derrubasse qualquer coisa. Por sorte,  as luzes não o incomodaram pois havia uma acesa dentro do quarto e não tinha mais do que um tapete vinho, a cama de casal onde ele dormia, um guarda-roupa marrom típico e as três janelas que também eram encantadas e aluminavam mais um pouco o quarto.

Ela não sabia bem o que foi fazer lá. Talvez tivesse esperanças de que por ele ser do jeito que é, ele não dormiria. Mas ela errou de história, Zeref não é um vampiro. E sim, ele tirava toda aquela enorme cortina branca quando ia dormir e a deixava jogada no pé da cama.

— Por que eu estou aqui?! O que eu tinha na cabeça?— perguntava para si mesma –Eu realmente devo voltar para o meu quarto, quietinha, e fingir que nunca fui louca o suficiente para estar aqui! Isso, é o que vou fazer.— dirigiu-se a porta, logo após ter se aproximado do mago.

— Onde vai, se acabou de chegar? – perguntou ele, que levantara da cama sem ao menos fazer barulho de lençóis se mexendo e deixando a BlueIce com olhos arregalados.

— Kawori, você não está aqui!— sua mente dizia para ela mesma –Infelizmente, você está! Baka!!! — quase teve um surto, mas se recompôs: -Z-Zeref-sama! – sorriu forçado e quase urinando nas calças –Acho que acabei descobrindo que sou sonâmbula! – viu o quanto aquela desculpa foi improvisada –Você só pode ter problemas, Kawori!

— É preocupante. – ele acendeu a outra lamparina –Eu poderia estar de um modo mais... Inapropriado. – ela fez de suas bochechas dois tomates maduros –Mas você teve sorte.

— Talvez... Seria melhor se eu tivesse ficado na minha cama. – sorriu disfarçadamente.

— Já que veio, quer algo? – perguntou na pura inocência.

— Na verdade, preciso que você me dê detalhes sobre tudo aquilo que me falou hoje mais cedo. – ele assentiu com a cabeça.

Ao lado de fora de todo o terreno do castelo, estava Gajeel e sua “turma” em alguns tecidos no chão para poderem dormir, obviamente, o dinheiro que Levy conseguiu com a sua história comovente foi todo gasto em comida, não lhe sobrou nada que pudesse ajudar para ficar hospedada em algum lugar.

Ainda no mesmo local onde encontraram Kitsune, os quatro estavam encolhidinhos e aconchegados uns nos outros para evitarem o frio. Gajeel não ligava, dormiu sem que ninguém visse. Lily e Kitsune acolheram Levy em seus quentes colos e depois a posicionaram com a cabeça caída no ombro do Dragon Slayer de Ferro, assim os deixando dormir de uma forma romântica e logo, os dois caíram no sono novamente.

Já mais ao sul, quase chegando na cidade, estava Gray e Juvia.

Motivo do atraso: Crise de ciúmes na garota da água.

Passaram o dia todo querendo encontrar logo Natsu e os outros, mas foram desviados por conta de um imprevisto: Quem diria que Juvia o seguiria, não é mesmo? – foi o que Gray pensou. Mas ela seguiu e o interrompeu de salvar a nossa querida coração de gelo, Kawori.

— Gray-sama!

— Juvia?! O que faz aqui? – estranhou.

— Juvia não poderia deixar seu Gray-sama vir sozinho! Estava preocupada com seu estado, medo de que os mais temíveis animais ou magos do “zenhor”  o machucasse. – detalhava cada parte do corpo de seu amado para que não teria nenhum arranhado.

— Sei me cuidar. – rolou os olhos –Preciso encontrar a Kawori, você vai me ajudar ou só ficar com esse papo chato de “você precisa estar 100% bem”? – ela encolheu-se.

— Juvia só queria seu bem... – ele ficou tocado e se desculpou.

— Are, are... Foi mal.

Andaram mais um pouco pela pequena estradinha na tarde quente, até que a garota decidiu tocar no assunto no qual queria faz tempo: Intenções de Gray Fullbuster com a novata Kawori BlueIce – rival do amor.

— Gray-sama... – a olhou de canto –Por que você ignora tanto a Juvia?

— Etto... – ele não sabia bem responder, afinal, ele nunca quis “ignorar” ela, apenas não tinha os mesmos interesses. –Eu só... Não quero misturar as coisas. Você, ao que parece, me adora muito. Mas eu, apenas gosto de você. – foram músicas para o ouvido da garota, que nem se importava com a diferença enorme de sentimentos –Não quero magoar-te, mas somos amigos da guilda e eu não planejo nada mais que isso com você, Juvia.

— Juvia fica feliz de saber que Gray-sama gosta dela. – respirou fundo –Mas Juvia também já percebeu que Gray-sama trata Juvia diferente de como trata a garota nova. – ele logo pensou na BlueIce –Juvia não quer confundir os sentimentos de Gray-sama, mas também precisava saber de tudo com palavras vindas de sua boca. – eles automaticamente pararam de andar –Juvia ainda te respeita, Gray. – a falta do “-sama” nunca lhe foi tão desconfortável – Mas também preciso saber fazer minha própria felicidade, assim como quero que você faça a sua. – ele continuava a ouvir –Meus sentimentos continuarão aqui, mas o espaço reservado exclusivamente para você... não. Se seu coração não é meu, por que o meu teria que ser seu? – ele continuava quieto e sereno –Não tem resposta para isso! Quando se ama, os dois precisam compartilhar os batimentos um para o outro e eu não quero fazer isso sozinha. Juvia consegue ver com quem você quer fazer isso, e não é comigo.

— É ótimo saber que você entende, Juvia. – estava sem graça de falar as coisas –Eu não sei se tem alguém que eu realmente queira compartilhar meu coração, mas este alguém ainda não é você. Ótimo que saiba. Eu nunca fui de amar alguém da maneira como você diz amar, então não acho que você irá achar esse cara nem em mim e nem em ninguém da guilda. Exceto o Loki, mas ele não será um bom partido.

— Tem razão, Gray. – assentiu com a cabeça –Os garotos da Fairy Tail não tem essa capacidade de amar como Juvia, Levy e Lucy tem. Mas nenhuma delas foi conversar com seus interesses, exceto eu.

— Talvez elas não tenham tanta certeza do que sentem como você tem. – ele acabou cortando todo o assunto e prosseguindo com a caminhada até a cidade.

Dentro da cidade de Karsland, estavam Natsu, Lucy e Happy.

Como sempre, o Dragon Slayer de fogo estava faminto e eles estavam sem dinheiro – Happy só pensava em peixes – e a loira queria apenas chegar em algum lugar fofo para deitar. Estavam em seu pior estado, fracos e famintos. Mas nenhum deles quis desistir em momento algum, apesar da raiva gratuita que sente de Kawori, Natsu queria encontra-la como qualquer um.

— Olha Lucy, um castelo! – apontou para o castelo de Karsland.

— Silêncio Natsu! Está de noite, pode ter gente lá dentro. – estavam realmente muito perto, mas não imaginavam quem estaria lá dentro e muito menos do perigo que estava a vista.

— Precisamos de peixe! – disse Happy com a voz fraca, quase transformado em um zumbi.

— Vamos entrar! – comemorou Natsu, ignorando completamente os porém que Lucy estava dizendo em seu ouvido. No fim, acabou seguindo-o, com bico.

De dentro do castelo no quarto do mestre ainda, Kawori pôde ver o cabelo rosa e loiro se aproximando junto com uma criatura azul, logo pensou:

— Natsu!!! – o medo encostou em sua pele –Zeref-sama, não faça nada que...

— Está tudo bem. – disse sereno – Estou feliz que ele tenha vindo, com a família. – ela ficou espantada pois até algumas horas atrás, o Mago Negro queria matar seu irmão mais novo – Vamos ter um bom café da manhã, amanhã.

— Como?!

— Kawori-san, se não for de muito incomodo, você poderia recebê-los por mim? – seus olhos quase saltaram para fora novamente –Eu não sei qual será a reação dele ao me ver, por favor, faça isso por mim. – ele não estava brincando.

— Aye... – cosplay de Happy.

Ouvindo as batidas na porta, Kawori descia o mais rápido possível para que Natsu não acordasse a todos os outros que ali “dormiam” – pois podiam estar ouvindo tudo na realidade – e logo, disfarçadamente, chegou até a porta e abriu com cautela.

— Kawori!!! – disseram os três em uníssono.

— Sh!!! – colocou o indicador sobre o bico em forma de silêncio –Vocês tem que entrar, em silêncio. – os puxou pelos braços.

— Ual! – Lucy olhava o tamanho do castelo que parecia mil vezes maior por dentro –Como você vem parar em um lugar tão lindo, Kawo-chan?

— Meu irmão. – falava a base do sussurro –Não façam barulho e vamos para a cozinha em SILÊNCIO comer alguma coisa porque por essas caras vocês estão famintos!

Foram caminhando observando cada detalhe daquele castelo e perguntando “só a Kawori e o irmão dela moram aqui?” mas não demorou muito para que chegassem a luminosa – agora escura pela falta de luz – e enorme cozinha do castelo. Era tão grande que cabia todo o estoque de comida que o Natsu tem a preencher na barriga.

Ao acenderem as luzes, se depararam com um ser de cabelo cinza mexendo na geladeira, a garota logo percebeu quem era, só podia:

— Renzo? – ele parou de comer e olhou para ela, com a boca cheia –Devia estar dormindo! Pelo menos pensei que estivesse...

— Quem é esse pirralho?! – perguntou Natsu –Ele não me cheira bem...

— Ninguém cheira bem pra você, Natsu... – disse Lucy.

— Omae! – disse Renzo –Parece mais fraco que uma pobre formiga!

— Pronto... – as duas garotas disseram em uníssono.

— O que você disse?! – iam um para cima do outro.

— Natsu! – Lucy o parou pelo braço.

— Renzo! – Kawori o segurou pelo cabelo espetado.

— Natsu, vamos comer... – dizia Happy, o zumbi.

Mesmo com as desavenças, todos estavam se alimentando na mesa de jantar da cozinha, com troca de olhares nada simpáticas entre Natsu e Renzo.

Enquanto Lucy apreciava seu segundo prato, Happy estava em seu terceiro peixe. Natsu e Renzo pareciam competir quem comia mais, já estavam em seu sétimo – enorme – pedaço de frango.

— Você, é Renzo. Estou certa? – disse Lucy.

— Sim. – encarava Natsu –Renzo Dragneel para ser mais exato.

Todos cuspiram o que havia em sua boca, exceto Natsu Dragneel e Kawori BlueIce.

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Kawori & Lucy: Próximo capítulo: Um outro passado!

Natsu: Isso é calúnia! Já falaram demais do meu passado...

Renzo: Larga de ser Natsu! Vão falar sobre o meu passado.

Kawori: Sobre o passado dos três, baka.

Itachi: Eu amo minha família.

Zeref: Eu também.

Todos os outros: Ué?!