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  Olhou pela ultima vez antes de sair de seu quarto, os inúmeros prédios e casas lá fora, pareciam tão pequenos que ela achava que poderia pega-los com a mão, assim como o mar, que mesmo estando a quilômetros de distancia, ela parecia poder chegar lá em apenas alguns passos. Da janela da cobertura do edifício Barbosa, Lana pensava no quanto o seu dia tinha tudo para ser o melhor. Era uma manhã de sábado, o clima estava agradável, não tinha sinal de chuva no céu, ótimo dia para uma proposta difícil.

 Pegou sua bolsa e desceu as escadas que daria até a enorme sala do apartamento, seu vestido florido fora trocado por uma calça preta e blusa branca com o ratinho Mickey dizendo uma grande ‘foda-se’ na frente. Coisa que sua amiga sempre a recomendou quando sentir-se insegura:

“Se vista de uma forma diferente do habitual e incorp­ore outra pessoa dentro de você” – ela dizia.

 Mentir para seu pai nunca fora uma tarefa fácil, mesmo que já tivesse se passado anos desde que começara.  E agora teria que ter a coragem de fazer uma proposta que poderia mudar muita coisa em sua vida. Ela já havia se acostumado com o fato de que sua vida nunca seria fácil.

Passou pela grande mesa de jantar, amarrando apressadamente os cachos loiros com um elástico branco, e enfim chegou ao sofá, onde um senhor de idade com cabelos loiros que já tinham quase passado para a cor branca, estava sentado com um caneco, onde continha um café amargo, em uma das mãos e um tablet na outra, se atualizando das noticias do dia.

— Pai- chamou quando estava quase abrindo a porta da residência - Vou para a casa da Raiza, não sei que horas volto. Beijos, te amo. – O homem, olhou a filha saindo e mandou um sorriso e um aceno com a mão no qual estava o café.

—Ok filha, tome cuidado. Também te amo.

Lana fechou a porta atrás de si, respirando fundo.  E depois voltou a caminhar na direção do elevador. Enquanto o mesmo descia, ela se observava no enorme espelho, ajeitou uns fios soltos de seu rabo de cavalo, passou um batom rosa claro que estava na sua bolsa, e suspirou, com um sorriso no rosto.

 O elevador se abriu, revelando os vários carros da garagem do edifício de seu pai. Caminhou calmamente até um carro cinza, onde entrou, deu partida e saiu rumo a tão conhecida casa. O vento frio batia em seu rosto, devido o vidro abaixado, fazendo sua pele se arrepiar.

 Quando já estava em um bairro um pouco isolado, faltando apenas mais quinze minutos para chegar ao seu destino, um carro preto a ultrapassou e ficou com uma velocidade baixa na frente dela. Quando tentou ultrapassa-lo, outro carro preto começou a andar a sua direita, a impedindo de seguir seu rumo. Olhou para todos os seus lados e só então percebeu.

 Estava cercada.

 Havia carros por todos os lados, o da frente parou, forçando a Lana frear bruscamente, levando seu corpo para frente, e graças ao cinto, não bateu contra o volante. Abriu a porta e saiu para ver o que estava acontecendo, se arrependendo logo em seguida. Dois homens a agarraram pelos braços e quando pensou em gritar, uma mão logo tapou sua boca. As lagrimas do desespero já estavam caindo pelas rosadas bochechas.

Um terceiro homem se aproximou dela, este tinha uma seringa na mão. Tentava a todo custo se livrar deles, mas estava totalmente imobilizada. Um dos homens que a segurava forçou a cabeça dela para o lado, deixando o pescoço totalmente a mostra, onde o cara da seringa logo pressionou a agulha, deixando o liquido entrar em contato com as veias da loira. A jovem logo sentiu os olhos pesarem, e em um piscar de olhos, e escuridão a tomou por completo.

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