Falling in Love escrita por Luna Lovegood


Capítulo 19
I'm a mess


Notas iniciais do capítulo

Aqui vamos nós outra vez =D
Essa semana foi muito louca para mim, aconteceram algumas coisas ruins outras as quais estou tentando ver o lado bom. Então me desculpem se andei um pouco sumida, acho que as coisas vão entrar nos eixos a partir de agora.
Ainda estou tendo problemas com alguns plagiadores, eu não vou reclamar mais aqui, mas fiquem de sobreaviso quando copiarem as cenas, falas, enredo eu vou denunciar então não reclamem quando o Nyah! excluir a sua fanfic por plágio...
Agora respira fundo Luna e conte até um milhão, porque a semana foi tensa.
Eu quero dizer muito obrigada por cada comentário surtado que eu recebi, se tem algo positivo em postar essas histórias é receber um feedback tão entusiasmado quanto o que vocês me deram no capítulo passado. É por isso eu sempre serei grata, pelo carinho, apoio que vocês sempre me deram.
Espero que curtam esse capítulo!



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Oh, I’m a mess right now

Inside out

Searching for a sweet surrender

But this is not the end

I can’t work it out

How?

 

Going through the motions

Going through us

And, oh, I've known it for the longest time

And all my hopes

All my words are all over written on the signs

When you’re on my road, walking me home

Home, home, home, home

 

See the flames inside my eyes

It burns so bright, I wanna feel your love, no

Easy, baby, maybe I’m a liar

But for tonight I wanna fall in love

And put your faith in my stomach

(I’m a mess - Ed Sheeran)

 

Oliver Queen

Escorei o corpo de Robert Queen no meu e o carreguei até o sofá onde o acomodei suavemente. Ele estava muito machucado, o rosto estava manchado por alguns hematomas e ele mal parecia aguentar o próprio peso. Eu olhava em seu rosto que há tanto tempo eu não via, eu poderia dizer que ele estava muito diferente de como me lembrava em minhas memórias ou das fotos de família, seu rosto estava mais envelhecido, marcado pelo tempo, pelas coisas que ele passou e as quais eu não fazia ideia, apenas poderia supor. Mas ainda assim eu olhava em seu rosto e eu sabia que era ele, pois em seus olhos azuis eu via os meus próprios refletidos como em um espelho.  Eu sabia que ele estava vivo, Felicity já havia me dito isso, mas ainda assim ver na minha frente o homem que julguei estar morto, o homem pelo qual eu jurei vingança, e em nome dele cometi tantos erros me causava um misto de sensações muito contraditórias.

Eu estava agradecido afinal ele era meu pai e estava vivo. Mas essa graça vinha com um gosto agridoce.  Tudo o que fiz, tudo o que passei tinha sido em vão. Se eu soubesse que ele estava vivo durante todo esse tempo a minha vida teria sido completamente diferente, eu nunca teria envolvido Felicity nessa história, eu provavelmente nem a teria conhecido e logo não teria sido o causador de tanta dor, não seria o responsável por suas lágrimas, ela teria uma vida tranquila livre das complicações que eu lhe impus.

Mas isso significava que eu também teria sido um miserável infeliz sem conhecê-la. Não teríamos o nosso bebê e apenas isso me fazia pensar que por mais tortuoso que tenha sido o caminho, por mais complicada que fosse a vida nesse momento, se eu pudesse voltar no tempo eu seria o bastardo egoísta que ainda escolheria essa vida simplesmente porque Felicity Smoak fazia parte dela. E ela era meu mundo.

— Oliver você disse pai? — escutei a voz desestabilizada da minha irmã logo atrás de mim, virei meu rosto para ela encontrando seu rosto lívido e olhos espantados esperando por uma explicação. Minha mãe por sua vez estava encolhida num canto, sem dizer uma palavra, tudo o que se via em seu rosto era incredulidade e um pouco de raiva.

— Oliver? O que está acontecendo aqui? — Felicity entrou na sala, ela havia se vestido, provavelmente deve ter estranhado a minha demora e veio ver o que estava acontecendo — J? — exclamou verdadeiramente apreensiva ao ver meu pai coberto de sangue e veio rapidamente até ele. Observei a preocupação dela com interesse, um dia ela teria que me explicar a razão de chamá-lo de “J”.

— Hey Licity. — balbuciou  o apelido com um sorriso fraco, porém com uma voz terna, sentou-se com algum esforço e nos encarou. Felicity se sentou ao seu lado e sorriu de volta para ele pegando a sua mão e a apertando, aquilo fez algo queimar dentro de mim, fiquei incomodado com aquela espécie de cumplicidade entre eles. Inferno, estava tudo tão fodido que eu cheguei ao absurdo de sentir ciúmes do meu próprio pai!

 — Alguém vai explicar o que está acontecendo aqui? — Thea exigiu num tom mais alto dessa vez com os braços cruzados e um olhar impaciente. Minha irmã era alguém adorável, mas naquele momento toda a doçura havia indo embora e dado lugar a Queen decidida e teimosa que ela sempre fora.

— Oliver... — Eu suspirei e fechei meus olhos por um momento quando Felicity disse meu nome de forma tão condescendente, eu entendi o que ela queria que eu fizesse. Era hora de colocar todas as cartas na mesa, acabar com todas as mentiras, eu só não sabia como fazer isso da forma correta.

— Thea, mãe... — falei resignado olhando para ambas que esperavam por uma explicação, não existia um modo correto de dizer isso a elas — Eu não sei como explicar isso de uma forma suave. — Tomei uma respiração longa e profunda —  Robert Queen não está morto.

— Bem, isso eu já tinha deduzido sozinha  — Eu não estava preparado para ouvir a minha mãe. Ela estava com raiva e ressentida... Eu apenas poderia imaginar como devia ser para ela saber que o marido o qual ela  passou tanto tempo lamentando a morte, ainda estava vivo. — Eu quero saber é: Como? Por quê? E o que ele está fazendo aqui sangrando sobre o seu sofá Oliver?

— Moira... — Quando Robert pronunciou o nome de minha mãe sua voz se quebrou, saiu falhada e embargada pela emoção, ele parecia querer se explicar. Minha mãe por sua vez parecia se segurar, ela estava parada ainda encostada contra a mesma parede, ela estava sendo a forte, mas por dentro eu sabia que ela estava se corroendo.

— Oliver eu estou esperando? — Eu estava encurralado, me sentia como uma criança que havia feito algo errado e estava sendo confrontada pela mãe, a qual tentava decidir qual seria o meu castigo. Eu não estava pronto para isso, eu como qualquer filho não queria ver o olhar de decepção em seu rosto quando eu lhe contasse tudo. Mas quando senti a mão de Felicity encontrar a minha,  seu toque era tranquilizador, me deu forças para fazer o que era certo.

— Talvez seja melhor eu cuidar do Robert enquanto vocês conversam.  — Felicity ofereceu suavemente. Eu não queria que ela fosse, não queria a ter longe de mim. Mas ela estava certa, aquela era uma conversa que eu precisava ter com minha família sozinho.

— Parece bom. — respondi um pouco apático.

— Vai ficar tudo bem. — Felicity garantiu levantando-se do sofá e ficando de frente para mim, sua mão fez um delicado carinho em minha bochecha enquanto seus lábios deixaram um beijo terno sobre os meus. Meu coração pareceu um pouco aliviado ao ver o pequeno sorriso em seu rosto,  eu poderia consertar essa bagunça e contanto que ela me amasse ficaria tudo bem.

Ajudei Felicity a levar meu pai para o nosso quarto, enquanto ela separava o kit de primeiros socorros, ele parecia muito pior do que realmente estava. Os ferimentos em si eram superficiais e alguns até mesmo pareciam um pouco mais  antigos. Meu pai inclusive estava mais falante, embora conversasse mais com Felicity, confesso que era grato por isso eu não estava pronto para lidar com ele ainda. Era melhor resolver um problema de cada vez.

Quando Felicity finalmente percebeu que eu talvez estivesse protelando a conversa com minha mãe ela simplesmente me expulsou do nosso quarto.

 — Oliver, elas vão entender... — começou a dizer num tom confortador.

— Eu amo você. — afirmei urgentemente a cortando.

— Eu te amo também. — ela me devolveu docemente e eu finalmente consegui sorrir. Me concentrei em suas palavras, no calor que elas causavam em mim e as usei como escudo para encontrar o olhar desconfiado da minha mãe.

Quando cheguei à sala encontrei minha mãe e Thea sentadas no sofá esperando por mim. Ambas pareciam mais calmas embora o semblante das duas refletisse o quanto elas estavam confusas e esperavam por uma explicação. Suspirei indo me sentar sobre a mesa de centro, ficando de frente para elas, sentindo o olhar delas queimando sobre mim, por enquanto era apenas expectativa, mas eu sabia que em algum momento, depois que eu contasse toda a história tudo isso mudaria para decepção.

— Eu era um adolescente quando Amanda Waller me procurou logo após o enterro do papai. —  comecei a contar a história, minha mãe não pareceu surpresa com o nome então deduzi que já a conhecesse — Ela veio até mim, disse que era a chefe dele e que lamentava muito por sua morte. Ela também me mostrou algumas fotos da morte dele, explicando como ele havia sido covardemente assassinado pelo companheiro de trabalho. — fechei os olhos duramente me lembrando daquele dia, tinha sido nele que eu assinei meu contrato com o diabo.

— Eu pensei que você apenas estivesse zangado com tudo, magoado com a perda do pai e que isso fosse apenas uma fase. — Minha mãe parecia um pouco confusa ainda, porém compreensiva — Pouco tempo depois você parecia bem, eu pensei que tivesse superado.

— Eu estava zangado. — afirmei, apenas me lembrar daquele momento me fazia voltar a me sentir assim, embora toda a minha raiva estivesse direcionada para outra pessoa — Mas Amanda me ensinou a canalizar toda essa raiva ela a alimentou na verdade, mas me fez mantê-la guardada esperando pelo momento certo para usá-la.

— Eu não estou entendendo, o que isso tem haver com o seu pai ainda estar vivo? —   Minha mãe questionou diretamente.

— Eu preciso explicar o começo para chegarmos até esse momento mãe. – expliquei e ela apenas assentiu esperando que eu continuasse — Amanda é a chefe de uma Agência Governamental a ARGUS, durante os últimos anos ela me treinou, me moldou como o seu agente perfeito, me mandou em missões...

— Espere? Você está dizendo que é tipo um espião como James Bond? —  Thea me interrompeu parecendo impressionada —  Isso é demais! —  exclamou ficando imediatamente mais séria quando sentiu o olhar reprovador de nossa mãe em sua direção. — Quero dizer, continue. —  concedeu mantendo-se séria.

— O tempo todo em que trabalhei para ela eu tinha um único objetivo: encontrar o assassino do meu pai, eu tinha essa concepção de que precisava fazê-lo pagar por seus erros, eu precisava vingar a morte dele. Eu cacei seu assassino James Smoak por anos...

— James Smoak? Como em Felicity Smoak? —  Thea quase gritou ao notar a coincidência.

— Ele é o pai dela. — revelei olhando para ambas que prenderam a respiração diante dessa revelação.

— Você sabia de quem ela era filha quando se casou com ela? — Minha mãe perguntou num tom indecifrável, e eu não consegui disfarçar a tristeza que aquela pergunta me causava. Eu gostaria de fingir que não a tinha ouvido, de não respondê-la, mas eu tinha prometido a mim mesmo que seria sincero com elas. Sem mais mentiras.

— Nós estávamos sem pistas do paradeiro dele e quando Amanda disse que havia encontrado a sua filha eu não hesitei. — notei que minha mãe havia abaixado os olhos e balançado a cabeça minimamente como se já tivesse compreendido tudo — Eu me aproximei dela, me tornei mais presente em sua vida, virei seu amigo e  a fiz se apaixonar por mim. —  Havia um desgosto indiscutível em minhas próprias palavras, eu me senti o pior dos homens ao proferi-las. Mas não podia esconder isso, eu havia errado feio, embora Felicity tivesse me perdoado, sempre haveria uma parte de mim que nunca se perdoaria por tê-la usado de forma tão leviana.

— Eu não entendo...  Então você não a ama? —  Ali estava, a decepção pura e evidente nas palavras e no semblante de Thea — Apenas se casou com ela por vingança? Para chegar ao pai dela?

— Eu a amo Thea! Mais do que eu consigo explicar, mais do que o meu coração suporta. — afirmei urgentemente, eu precisava deixar meus sentimentos por Felicity claros — Eu pensei que estivesse no controle, que Felicity era apenas uma garota a qual eu pudesse descartar depois que conseguisse chegar ao pai dela. — falei sentindo nojo de mim mesmo — Eu nem sequer percebi que aos poucos ela havia me tocado, me mudado e trazendo vida para o meu coração novamente. Eu me apaixonei por ela perdidamente e tenho me sentido assim desde então.  — expliquei, esperando que isso pudesse aliviar um pouco os meus atos do passado. — Eu a amo. — frisei.

— Então ela sabe? Sabe que você a usou dessa forma? — Thea me questionou parecendo indignada e ao mesmo tempo confusa. —  Não faz sentido! Vocês vão ter um bebê e eu vi vocês dois quase... —  Seu rosto se tingiu de vermelho ao se lembrar da situação constrangedora que ela nos pegara naquele dia.

— Ela descobriu há algum tempo atrás, nós tivemos uma briga feia e ela me deixou.  —  expliquei.

— Mas ela voltou... Então isso significa que ela te perdoou?

— Não foi fácil, muita coisa aconteceu desde então, descobrimos sobre o  bebê... Na verdade ela havia acabado de me dizer que tinha me perdoado quando você abriu a porta.

— Oh! Me desculpe por isso Ollie. —  Thea disse parecendo realmente chateada. — Eu prometo nunca mais entrar no seu quarto sem bater antes. — prometeu.

— Está tudo bem. — a tranquilizei, quando me lembrei de Felicity me dizendo que me amava e isso já deixava tudo bem — Eu tive que me esforçar muito para isso, eu sei que a machuquei muito, mas para a minha sorte Felicity tem um coração imenso, ela percebeu que eu a amava e decidiu me dar uma segunda chance.

Thea não escondeu o suspiro de alívio. Ela havia realmente se apegado a Felicity, e é claro ao nosso bebê que estava a caminho.

  — E o sobre o Robert? Como você descobriu que ele estava vivo? —  Minha mãe lançou a pergunta para mim. Eu havia me distraído quando comecei a falar de Felicity.

— Não demorou muito até que eu percebesse que Amanda não buscava por James porque queria justiça pela morte dele. E aí foi uma questão de tempo até descobrir que ele estava vivo e fugindo dela na verdade. James e Robert roubaram algo perigoso da organização e fugiram, Amanda achou que seria mais fácil forjar a morte dele e me usar para chegar até eles.

Minha mãe não pronunciou nada depois disso, na verdade ela pareceu pensativa e distante. Eu sei que eu havia jogado muita informação de uma única vez e que isso era muito para assimilar, mas ainda assim eu esperava por uma reação dela. Alguma de suas palavras sábias seguidas de uma repressão era assim que ela normalmente agia.

— Então, pelo que eu entendi essa Amanda é a vilã dessa história? Estou certa? — Thea deixou a pergunta no ar.

***

Felicity Smoak

Eu estava preocupada com Oliver, eu sabia que seria doloroso para ele contar tudo a mãe e a irmã. Ele estava com medo de como elas reagiriam ao descobrir as coisas que ele havia feito. Mas eu sabia que no fim elas o perdoariam, porque havia tanto amor naquela família que seria impossível não fazê-lo.

Por um momento eu senti um pouco de inveja de Oliver, apesar dos pesares a família dele ainda estava inteira algo que a minha nunca tinha sido após a partida do meu pai. Minha mãe se fechou para o amor, se tornou alguém mais amarga e descrente, eu me vi questionando se trazer o meu pai de volta faria Donna Smoak mais feliz. Mas eu sabia que não, feridas tão profundas não seriam curadas assim tão facilmente.

Peguei o kit de primeiros socorros e comecei a limpar os ferimentos de J com cuidado, tinha tantas coisas que eu gostaria de perguntá-lo, mas não queria pressioná-lo, por isso permiti que mantivéssemos uma conversa mais leve por enquanto.

— Você e Oliver parecem que estão se entendendo. — J apontou com um olhar curioso.

— Nós estamos. —  falei optando por uma resposta evasiva.

— Só isso? — Ergueu uma das sobrancelhas sugestivamente enquanto esperava que eu desse mais informações.

— O que você quer ouvir? Que seu filho é um bastardo que fez todas as escolhas erradas, e que ainda assim eu não consigo deixar de amá-lo? — falei com certo humor.

— Assim está melhor.  — pontuou mais animado — Eu sempre soube que você o perdoaria. Mas você está errada em algo — Me virei para ele enquanto vi seu rosto assumir um semblante orgulhoso — Ele não fez todas as escolhas erradas, eu consigo pensar em uma que foi a mais certa de todas. — Sua mão foi até a minha tocando de leve a aliança dourada em meu dedo anela e ele sorriu orgulhoso.

— Desde quando você se tornou um defensor tão ferrenho de Oliver? Se me lembro bem você colocou algumas dúvidas em minha cabeça no começo de tudo. — retruquei.

— Eu não tinha certeza de que lado ele estava, eu precisava afastar você dele e consequentemente de Amanda para termos uma visão geral do que deveríamos fazer. — explicou.

— Hum... Você soou como um verdadeiro agente do governo. — falei e J soltou uma risada gostosa seguida de um pequeno urro de dor que o fez levar a mão ao estômago. —  Mas será que podemos ir direto ao assunto e falar sobre o grande elefante na sala? Ou melhor, sua família na sala.

— Esse não é um problema. Eles achavam que eu estava morto e agora sabem que estou vivo, fim da história.  — deu de ombros como se não fosse grande coisa — Devemos falar de coisas mais urgentes.

Eu odiava a postura que J estava adotando, ele agia como se aquilo não fosse importante, mas eu sabia que era, ele poderia até disfarçar, porém eu via o quanto aquilo o deixava inquieto. Mas eu respeitaria a escolha dele, pelo menos por enquanto.

— Como você chegou aqui? — questionei sentando-me ao seu lado.

— Isabel  me trouxe. — esclareceu — Ela disse algo como eu ser um presente à você, uma prova de  que você pode confiar nela. — ele disse deixando claro que estava confuso com aquilo, e que esperava que eu explicasse o que estava acontecendo.

— Ela esta com meu pai? Ele está bem? — perguntei com certa urgência.

— Ele está, ela o mantêm preso em uma sala. Eu infelizmente não sei a localização do lugar em que ela estava nos mantendo, mas acredito que não seja muito longe daqui considerando a rapidez com a qual eu fui trazido ao seu apartamento.

— Eu estou rastreando o celular dela em busca de alguma pista, mas ela simplesmente nunca deixa a empresa. Deve ter algum tipo de bloqueador de sinal onde vocês estavam sendo mantidos, só isso explicaria porque o sinal sempre a mostra na empresa.

— Eu a vi usar muito o telefone, não acredito que tenha bloqueadores onde quer que ela estivesse nos mantendo.

Estávamos ficando sem opção, talvez eu simplesmente devesse dar à ela o que ela tanto queria, era a única forma que eu via de salvar o meu pai.

— J? — chamei sua atenção — Por acaso você sabe como abrir o cubo mágico? —  Perguntei enquanto já corria até o closet e revistava algumas das caixas que eu trouxe quando me mudei para cá. O achei no fundo de uma delas, como pode algo tão pequeno ser responsável por tamanha complicação?

Voltei ao quarto com o cubo em minhas mãos.

— Seu pai sempre amou essas coisinhas. Confesso que eu achava irritante. — disse, tomando o cubo das minhas mãos e jogando de uma mão para a outra —  Ele dizia que resolvê-los nunca era a questão, ele gostava de ficar criando novos padrões e desenhos... — falava enquanto mexia habilidosamente com o brinquedo, movendo os pequenos quadrados e formando novos padrões de cores. — Ele tinha  certa obsessão por deixa-los assim. — falou me entregando o cubo que estaria devidamente solucionado se não fosse pela peça central que apresentava uma cor diferente em cada um dos lados.

E então aconteceu, o cubo se abriu revelando um pendrive com um design distinto dentro dele.

— Acredito que aí está o projeto Hórus. — falou sondando-me com seus olhos azuis semicerrados — O que vai fazer com isso Licity? Seu pai tem razão quando diz que é perigoso. Não pense que entregar isso a Isabel  ou Amanda vai resolver as coisas.

— Eu sei que não. — respondi sem demover os olhos daquilo, eu poderia ligar para Isabel agora e oferecer uma troca, eu sei que ela aceitaria. Mas isso resolveria as coisas? Nos traria paz?

— Elas vão embora. — Oliver entrou no quarto abruptamente e atrapalhando meus pensamentos.  Deixei o pendrive sobre a cama enquanto me levantava.

— O que aconteceu? — perguntei me aproximando de Oliver a passos largos e urgentes, ele parecia desolado.

— Minha mãe e Thea estão no quarto  nesse momento fazendo as malas. — explicou com um olhar perdido.

— Oliver, eu sinto muito. — falei enquanto o puxava para um abraço acolhedor, senti seus braços se envolverem ao redor do meu corpo e após alguns momentos afastei somente meu rosto para fitá-lo melhor — Eu precisei me afastar também, lembra? — falei calmamente e Oliver me olhou horrorizado, percebi tardiamente que aquela tinha sido a coisa errada a dizer, não tinha sido um caminho fácil para nós até realmente voltarmos a nos entender — Só as dê um pouco de tempo para assimilar tudo. — tentei suavizar — Eu vou falar com elas, fique aqui com o seu pai.

Depois que sai do quarto foi que pensei no que eu havia feito. Eu deixara Oliver e J... Ou melhor, ele e Robert Queen sozinhos. Eu precisava aprender a chamar meu sogro pelo nome real e não o apelido tolo que eu havia lhe dado. Enfim, eu esperava que isso pudesse apresentar algum avanço no relacionamento de pai e filho dos dois.

— Vocês estão partindo. — comentei tristemente quando cheguei ao quarto e observei da porta uma Moira apressada fazer as malas enquanto Thea por sua vez, parecia relutante em fazer as dela.

— Sinto muito querida. — Moira disse à mim, parecendo verdadeiramente triste com tudo aquilo — É apenas muito. Meu marido, o pai dos meus filhos, o homem que eu amei fingiu estar morto por anos e agora... — confessou ainda um pouco confusa se levantando e vindo até mim, Moira segurou as minhas duas mãos junto as dela.

— Eu entendo. — E eu realmente entendia como ela se sentia, por isso eu sabia que tudo o que Moira precisava nesse momento era de um pouco de tempo e espaço para assimilar tudo.

— É uma pena a história de vocês estar cheia de tantas mentiras. — seu tom era solidário — Mas eu sou grata por vocês ainda estarem juntos, por terem superado as adversidades, por você o ter perdoado. Eu espero conseguir fazer isso um dia. — assenti com a cabeça e logo em seguida me senti ser esmagada pelo abraço de Moira, senti meus olhos encherem de lágrimas e um aperto se formar no meu peito, eu odiava despedidas, pelo menos dessa vez eu poderia culpar os hormônios da gravidez.

Moira se afastou voltando a fechar a mala e eu mal tive tempo de respirar quando senti os braços de Thea ao meu redor. Esses Queens davam os melhores abraços.

— Eu vou sentir sua falta. — Thea afirmou com a voz chorosa — Eu quero todas as fotos de todos os ultrassons! Não me importa se é apenas um pontinho branco, eu quero ver minha sobrinha. — Sorri, optando por não implicar com ela dizendo que poderia ser um menino.

 — Eu vou sentir sua falta também. — devolvi com a voz embargada pelo choro — De vocês duas. —acrescentei olhando para Moira que nesse momento já puxava a mala, Thea pegou a sua também e eu as segui até a sala. Eu disse que iria chamar Oliver, mas Moira negou explicando que já havia se despedido do filho. As observei passar pela porta com meu coração na mão, foram poucos dias com ela, mas ainda assim foram o suficiente para que eu as adotasse como minha família também.

— Felicity? —  Moira me chamou e assim que me virei em direção a porta ela me lançou um pequeno sorriso —  Seu pudim está na geladeira. — Sorri de volta e então elas partiram.

***

Oliver Queen

 Felicity saiu me deixando sozinho com Robert Queen, meu pai. Eu não sabia como começar essa conversa. Eu poderia perguntar o porquê dele não ter vindo até mim primeiramente e se revelado, porque fingiu a morte por tanto tempo, se ele não se preocupou com a família que havia deixado para trás. Mas nada disso era realmente importante. Depois de tudo o que aconteceu entre Felicity e eu, percebi que não fazia diferença ficar pensando em como as coisas poderiam ter sido diferentes se eu tivesse seguido outros caminhos, porque o passado não poderia ser mais alterado, tínhamos que apenas lidar com as consequências dele no nosso presente e dessa vez fazer escolhas melhores.

— Vai ficar aí de canto apenas me olhando? Ou vai vir falar comigo? — Robert Queen falou comigo, seu tom era claro, firme e deliberado, e por mais que ele tentasse passar a impressão de que descaso  eu via certa preocupação nele. Ele era exatamente como eu, se escondia atrás de uma casca grossa e fingia que estava tudo bem, quando claramente não estava.

— O que é isso? — perguntei ao me aproximar dele e tocar o pendrive jogado sobre a cama. Aquilo não estava ali há momentos atrás quando Felicity e eu... Bem, quando Felicity e eu usávamos o lugar.

— Isso? É apenas o pendrive que Isabel  e Amanda querem... Eu sugiro jogar no meio da rua e deixar as duas brigarem por ele. Com sorte um caminhão irá passar por cima delas e pronto todos os problemas estarão resolvidos. — Sorri com sua tentativa de fazer humor

— Isabel  pediu isso em troca de James. — falei me lembrando de que tinha sido por causa disso que ela ligara para Felicity.

— Talvez possamos pensar em algo para atraí-la com isso. — sugeriu.

— Eu não acho que essa é uma boa ideia.

— Porque não? — devolveu curioso.

— Ela exige que Felicity faça a entrega. — esclareci.

— Não é usual, mas você pode protegê-la. —  tentou, não parecendo muito a favor da própria ideia.

— Felicity está grávida. — contei e vi o semblante de meu pai passar por várias emoções: surpresa, contentamento que veio em forma de um pequeno sorriso que aos poucos foi se desfazendo e dando lugar a preocupação e medo. Essas duas últimas eu compreendia muito bem, eu vinha sentindo isso todo o tempo depois que a euforia diminuiu e fui tomado por uma necessidade urgente de proteger Felicity e o bebê e evitar que qualquer mal acontecesse a eles.

— Isso muda as coisas, coloca tudo sob uma nova perspectiva — falou com o semblante sério e o olhar perdido, se levantou abruptamente e começou a caminhar com um pouco de dificuldade até a sala.

— Aonde você vai? — perguntei, mas ele apenas seguiu caminhado e me ignorando.

— Sinto muito Oliver, elas já foram. — Felicity me informou tão logo chegamos a sala, seu olhar foi em direção ao meu pai que continuava a seguir para a saída do apartamento. — J? Você está partindo também?

— Eu preciso tentar consertar isso. — ele afirmou sem dizer mais nada.

— Mas J, você acabou de voltar! Como pretende consertar tudo? Você precisa descansar.  — Felicity tentou convencê-lo, mas suas palavras não surtiram efeito ele apenas pegou um pequeno chapéu que estava jogado sobre o sofá e o colocou sobre a cabeça com um sorriso mínimo.

— Adeus Licity. — se despediu deixando um beijo suave sobre a testa dela — E parabéns, a vocês dois pelo bebê.

E tão rápido quando meu pai reaparecera ele desapareceu pela porta.

 — Como isso foi acontecer? Esse apartamento estava cheio há poucos minutos e agora só tem a nós dois! — suspirei ao ouvir seu comentário, hoje tinha sido um dia cheio demais, minha mente estava a mil com tantas reviravoltas, imaginei que  a de Felicity estaria da mesma forma e eu não gostava da ideia de vê-la estressada.

— O apartamento vazio tem suas vantagens. — disse baixo em seu ouvido a abraçando por trás, afastando o seu cabelo enquanto distribuía beijos na extensão de seu pescoço. Como eu esperava aos poucos eu senti Felicity relaxar, ela girou em meus braços colocando suas mãos ao redor do meu pescoço e puxando-me para ela.

— Tem mesmo. Muitas vantagens.  — murmurou antes de nossos lábios se unirem num beijo molhado e passional, nossas respirações se misturavam, nossas línguas buscavam tão ávida e desesperadamente uma pela outra. Minha boca tinha fome da dela, meu corpo sentia uma necessidade irracional de tê-la. A minha vontade naquele momento era de empurrá-la contra a parede e tomá-la ali mesmo ante a urgência com a qual eu a queria. Mas eu não podia fazer isso assim, era a nossa reconciliação, então eu apenas apaziguei o desejo em mim e deixei que o beijo fosse aos poucos se tornando mais lento e cuidadoso, até que eu o finalizasse.

— Eu não quero que você fique tensa com os acontecimentos de hoje, amor. O que acha de eu preparar um banho de banheira? — ofereci num tom rouco deixando evidente que a minha proposta seria muito mais do que isso, se assim ela quisesse — Talvez isso a ajude a relaxar.

— Eu acho perfeito. — falou com um sorriso malicioso, entrelacei minha mão na dela levando-a de volta para o nosso quarto.


 

 


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Notas finais do capítulo

Eu sei que o capítulo focou menos em olicity do que vocês gostam... Mas preciso desenvolver o enredo né?! E sim, parei o capítulo nesse momento porque sei que estão desesperados por ele ;) e resolvi ser um pouquinho má!
Conversamos mais nos seus comentários!

Ps.: Não vou dar a minha opinião sobre o episódio passado, apenas que o abraço olicity foi a coisa mais linda do mundo!