Nunca Fui Beijada escrita por Larissa Carvalho


Capítulo 9
Meu Problema Favorito


Notas iniciais do capítulo

Ta aí mais um capitulo para vocês.
Vou tentar postar durante a semana como um bônus, mas não prometo nada.
Adoro vocês galerinha!
Espero que gostem.
Boa leitura



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Sabe o que é pior do que passar a noite ao lado de Dimitri Belikov?

É babar no peitoral de Dimitri Belikov.

Eu acordei primeiro que ele, claro. Também não ia ficar encarando. Vai que ele acorda e leva um susto? Eu tinha um mini espelhinho no bolso e fiz questão de ver o ninho que se formava em minha cabeça antes que ele acordasse.

O apelido de Deus que ele tinha, não era tão falso. Ele era bonito até dormindo. Seu rosto mostrava uma paz que eu quase nunca sentia com ele. Não que ele não me reconfortasse, mas ele agia como se escondesse algo muito grave.

Eu também não queria descobrir. Talvez fosse melhor olhar Dimitri com os olhos de quem não sabe coisas suficientes sobre a sua vida. Na verdade, nunca ter sido beijada se resume a isso. Eu não queria sofrer.

Não queria ser usada ou deixar que acontecesse comigo o mesmo que aconteceu aos meus pais. Eu queria alguém que me causasse as borboletas e Dimitri realmente me causava. Eu queria ser beijada pelo cara mais cobiçado e sedutor daquela escola.

Eu sorri com isso, até um zumbido me chamar atenção.

Vinha da calça de Dimitri. Minha parte atrevida se remexeu com a intenção de verificar aquele bolso, tão próximo daquele zíper, tão próximo de tanta coisa.

Oh Meu Deus, Rose... É um chamado. – pensei.

Sacudi a cabeça na esperança de qualquer pensamento maldoso sair dali, mas aquela parte atrevida e louca estava ali, sorrindo para aquela situação.

Fui de encontro ao seu bolso da frente da calça e depois de puxar levemente o que tinha ali, só recebi um respirar mais pesado vindo de Dimitri. Ele ainda dormia perfeitamente bem. Eu respirei aliviada com isso, finalmente olhando para a minha mão.

Era um celular.

Eu arfei.

Como assim? E a parte do “não trouxe meu celular hoje”?

Algo dentro de mim, enlouqueceu. Enlouqueceu em silencio claro, não ia acordá-lo a tapas. Mas fiz questão de pegar o celular e desbloquear a tela. Era uma mensagem de texto. Eu abri.

De Cristian Ozera.

Para Dimitri Belikov.

Onde você está? Te esperamos a noite toda, Belikov. Espero que a transa tenha sido boa.

Eu arfei.

Não houve transa nenhuma aqui. Não que eu quisesse, mas acho que se ele chorasse um pouquinho, eu reproduziria todas as posições do Kama sutra, sem preocupação nenhuma.

Coloquei o celular no bolso de Dimitri novamente com cuidado e quando me coloquei em uma posição segura, longe e sem evidencias do que tinha acontecido, ele acordou. Oh nossa... Eu queria vê-lo se espreguiçar e mostrar o tanquinho de forma tímida todos os dias. Era lindo.

– Bom dia. – disse, sorrindo.

– Bom dia. – falei, ainda gaguejando.

Ele abriu sua boca para dizer mais alguma coisa, mas a minha mãe já tinha aparecido em nosso canto de visão. Eu me vi correndo, abraçando-a e chorando por quase ter beijado Dimitri Belikov ali mesmo. Mas na verdade, eu apenas a encarei e sorri.

Dimitri fez o mesmo.

– Que bom, que estão bem. – disse minha mãe.

Dimitri apenas sorriu.

– Não foi tão ruim. – falei, levando-me. Dimitri ficou de pé em seguida.

– Isso significa que vocês conversaram e dormiram? Ou significa que vocês... – minha mãe parou de falar. Dimitri tossiu em desespero.

– Claro que conversamos e dormimos mãe. – falei, tentando não lembrar do que tinha acontecido à um minuto.

– Oh... – disse a minha mãe. – Claro que sim.

Nós três ficamos em silencio por um tempo, mas logo a minha mãe olhou para Dimitri com um sorriso, que dizia “me perdoe por te deixar trancado à noite toda com a minha filha louca.”

– Me desculpe. – falou. – Ainda não consertei muitas coisas aqui no bar. Sinto pela noite perdida.

– Está tudo bem, Janine. – disse Dimitri, gentil. – Foi uma noite maravilhosa. – ele fitou-me. – Rose fez com que ela ficasse maravilhosa.

Minha mãe voltou ao silencio, já com seus olhos arregalados. Acho que ela entendeu do jeito errado que eu sou maravilhosa.

– Diga por você, camarada. – resmunguei. – Esse lugar tem um cheiro horrível.

Ele sorriu sem graça.

– Oh, Rosemarie, seja gentil pelo menos uma vez na sua vida.

Eu rolei meus olhos e depois encarei Dimitri novamente.

– Foi uma noite agradável. – falei.

Claro que foi. Você evoluiu de uma total virgem nunca beijada, para uma meio virgem nunca beijada. – pensei.

– Vamos Rose, Lissa já está lá em cima de esperando para a escola. Você pode se arrumar no carro enquanto levo vocês. – eu assenti e segui-a até às escadas, com Dimitri ao meu encalço.

Depois que voltei ao cheiro normal de um lugar sem mofo, sorri.

Senti o alivio de Dimitri atrás de mim enquanto atravessávamos o bar. Corri para o meu celular esquecido em cima do balcão e fiz questão de beijar-lhe a tela. Dimitri riria da minha ação, se seus olhos estivessem em mim.

Segui seu olhar e me deparei com uma mulher praticamente em sua versão feminina. Linda. Com uma bolsa de couro vermelha pendurada em seu braço, junto a um vestido branco que se ajustava em sua cintura fina e principalmente, seus óculos escuros e seu coque. Dando-lhe um ar chique.

Olhei para as minhas roupas e me permiti corar.

A mulher e Dimitri ficaram mais algum tempo se encarando.

– O que está fazendo aqui? – deixei que a minha cabeça fosse até Dimitri.

– Procurando você. – disse a mulher. Deixei que minha cabeça fosse de encontro com as falas. Agora eu olhava a ironia em seu sorriso. Oh Deus... Eu conhecia esse sorriso.

– E por acaso sente a minha falta? – perguntou Dimitri.

– Claro. – disse a mulher. – Afinal, se fizer qualquer coisa errada me atinge.

Eu parei de seguir o diálogo e balancei a cabeça.

– Desculpa. – disse depois de pigarrear. A mulher fitou-me. – Quem é você?

Dimitri tremeu. Minha mãe tinha sumido. E eu estava ali... Com aquele olhar sobre minha roupa, me fazendo corar novamente.

– Ela é a minha mãe. – respondeu Dimitri.

Eu abri a boca.

– Claro... Que... – eu respirei fundo. –... Ela é a sua mãe.

A mulher sorriu para mim quase doce e estendeu sua mão. Aquele gesto surpreendeu a mim, e quando estiquei minha cabeça rapidamente para Dimitri, ele também pareceu surpreso. Até mais que eu.

– Sou Olena Belikov. – disse. Eu andei em sua direção, para apertar-lhe a mão e sorri.

– Rosemarie Hathaway. – ela sorriu ao apertar minha mão e eu fiz o mesmo.

Depois de me afastar, ela voltou seu olhar frio para Dimitri novamente. Eu tremi.

– Então é aqui que você trabalha? – perguntou ela para ele.

Ele assentiu.

Olena olhou à sua volta e sorriu satisfeita.

– Acho melhor irmos embora. – disse por fim.

Eu olhei para Dimitri e ele parecia confuso.

Ele se movimentou em direção à porta e sorriu sem graça ao passar por mim. Olena se virou para mim e sorriu novamente, sem aquela expressão que se dirigia ao filho. Eles andaram em silencio até a porta do bar e a ultima coisa que eu ouvi foi o estalar dos saltos de Olena.

Isso não ia acabar nada bem.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
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Semana que vem tem mais!
Beijos