Downworlders escrita por Akalia


Capítulo 2
Capítulo 2




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Alaska continuou parada no mesmo lugar enquanto a silhueta se movia rapidamente em direção a parede do quarto. Obviamente, depois do susto, ela já sabia quem era. Por isso, não ficou surpepresa quando a luz foi acessa e revelou uma mulher alta, com os cabelos castanhos lisos escorrendo pelas costas enquanto seus olhos verde azulados fitavam a garota com reprovação e preocupação.
"Dara" Pensou Alaska. Se existia alguém pior do que seu tio para flagrá-la chegando a essa hora em casa, era ela.
Para todos os efeitos, Dara era sua tutora e fora resignada a cuidar da educação de menina por um programa da escola. Claramente, esse programa era uma mentira, assim como o título de tutora. Essa foi uma história contada pelas duas criaturas presentes no quarto, ambas conhecedores da verdade, para esconder do tio da garota, John, a verdadeira condição da mulher. Não era muito difícil de esconder as coisas do homem, pois ele não parava em casa e era pouco em engajado nos assuntos da sobrinha.
A situação atual dava a Dara o título de Anjo Caído, mas esse era um estado mais recente. Anteriormente, ela fora um Ofanim, destinado a cuidar de Alaska em todas as suas vidas anteriores.
Porém, como já é de se imaginar, não era uma tarefa tão simples. O trabalho do Anjo ficou mais complicado ainda quando boatos sobre uma profecia envolvendo a garota começaram a surgir. Mesmo antes de ser comprovada, a profecia já preocupava todos os seres celestiais. Como uma medida desesperada de prevenção, eles entraram em um consenso: Alaska deveria ser morta, de uma forma definitiva, enquanto ainda era tempo e, já que cuidara da garota durante vidas e vidas, Dara deveria matá-la.
O anjo, ainda em sua forma celestial, olhou para Alaska, que ainda era um bebê nessa época, e não conseguiu fazer nenhum mal a ela. Como não se pode esconder nada das forças maiores por muito tempo, Dara foi punida com a perda de sua graça. Embora alguns de seus poderes prevaleçam até hoje, ela não é muito mais do que uma mortal comum. Consciente de tudo o que aconteceu, a recém-feita mulher sabia que iriam atrás de Alaska, então fez o que sempre fazia, pois não sabia fazer outra coisa, e protegeu a pequena garota da forma que pôde.
Essa é a versão da história contada por Dara a Alaska, mas posso vos garantir que contém algumas inverdades e, nem de longe, conta todos fatos. Porém, por hora, é o suficiente para que os acontecimentos futuros sejam entendidos.
–Onde, em nome de Deus, você estava? - Dara perguntou a garota loira de olhos castanhos, que estava parada há alguns passos dela com a expressão um tanto quanto surpresa.
– E tem diferença? - Alaska perguntou de volta, abandonando a expressão de surpresa para usar sua postura debochada habitual.- Estava em um lugar.
– Okay, isso é hora chegar de "um lugar"? -A mulher perguntou retóricamente, já que as duas sabiam a resposta.
Alaska apenas deu de ombros e se abaixou para tirar seus sapatos dos pés. Em sua mente, o episódio que ocorrera na rua ainda passavam como um filme várias e várias vezes, isso fez com que ela ficasse distraída. Dara percebeu o estado da menina quando ela simplesmente parou sentada na cama, assim, sem mais nem menos, sem terminar de tirar o segundo par do sapato.
– Alaska, aconteceu alguma coisa? - Conhecendo a garota muito melhor até mesmo do que Jonh, a caída perguntou indo em direção a ela com uma expressão de preocupação, sentimento que também era perceptível em sua voz.
– Hm? -perguntou a loira, ainda uma meio perdida em seus pensamentos, mas logo percebeu do que se tratava e voltou ao processo de retirar o sapato, inventando uma desculpa mais do que rapidamente.- Não, está tudo bem. Só estou um pouco cansada.
– Ah, sei. -Não muito convencida da veracidade da alegação, a mais velha cruzou os braços e lançou para a outra um olhar penetrante, mas como não obteve mais nada como resposta, suspirou dando-se por vencida e soltou os braços. - Tudo bem, vá dormir, amanhã sou eu quem te levo para a escola.
A garota deixou os ombros caírem em um gesto de chateação. Não era como se ela não gostasse de quando Dara a levava para a escola, mas se ela a levava, significava que seu tio estava em uma viagem de trabalho, o que comprometia ainda mais a já precária quantidade de atenção que recebia dele.
– Tudo bem. - Alaska respondeu com um suspiro, já que não havia nada que pudesse fazer a respeito.
– Eu trago seu café da manhã, não precisa se preocupar. -Dara segurou o rosto da menina entre as mãos e beijou a testa da mesma em uma tentativa falha de compensar a falta de carinho de Jonh e a ausência dos pais.
Alaska entendia e apreciava as tentativas de sua protetora, mas ela não conseguiria sozinha preencher o duplo abandono de sua família. Muitas das vezes, a garota atribuia seu jeito rebelde de ser a essa ausência, mas já era assim há tanto tempo, que não saberia dizer ao certo quando começara e, muito menos, as motivações. Lançou a mulher que estava parada a sua frente um sorriso forçado, que escondia toda a sua tristeza com a situação e observou enquanto ela se retirava do quarto com a promessa de voltar na manhã seguinte.
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A manhã estava surpreendentemente quente. Enquanto esperava Dara, sentada em um dos três degraus que levavam a porta da frente da casa, viu algumas pessoas passarem concentradas em suas corridas matinais, passeando com os seus cachorros e, até mesmo, algumas crianças correndo com suas mochilas nas costas, dando a entender que estavam indo para a escola também.
Não demorou muito até que um carro antigo, azul claro, parasse em frente a casa dela. Dentro dele, estava Dara, mas Alaska estranhou esse fato, já que o carro da mulher era um jeep prateado, e não aquele que estava vendo. A garota pensou que talvez ela o tivesse vendido e substituído por esse, então se levantou do degrau da escada e caminhou em direção a calçada, mas Dara havia sido mais rápido e já estava fora do veículo. Encostou-se na porta recém fechada, enquanto Alaska olhava a cena com uma expressão confusa. Ao notar a confusão da loira, a morena sorriu, segurou a chave com dois dedos e balançou a mão de um lado para o outro, ouvindo o leve tilintar que o metal fazia contra o chaveiro de plástico.
– O que aconteceu com o seu carro? - Alaska perguntou ainda confusa, pois não sabia que outra coisa poderia fazer.
– Está em casa, achei que gostaria de ir para a escola dirigindo seu próprio carro. -Dara sorriu largamente ao ver o rosto da menina iluminar-se. Provavelmente, ela havia pensado que ninguém lembraria de seu aniversário, e como seu tio não estava em casa, a data passaria em branco.
Quase que aos pulos de felicidade, Alaska venceu a distância entre as duas. Ainda sorrindo de forma sincera, tipo de sorriso difícil de ser visto nela, pegou a chave da mão de sua protetora e olhou fixamente para o objeto por alguns instantes, constatando que aquele era, de longe, o melhor presente de aniversário que já ganhara em sua vida inteira. Olhou para Dara e a abraçou, coisa que raramente fazia. Se sentiu confortável quando foi também envolvida pelos braços compridos da quase mãe.
– Feliz aniversário, Alaska. - murmurou a mulher, ainda abraçando a garota de forma protetora e carinhosa.
–Obrigada. -Disse Alaska, antes de se afastar.
O resto do dia se passou normalmente.
O resto da semana se passou normalmente.
O resto do mês, e dos outros três meses seguintes, se passaram normalmente.


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Notas finais do capítulo

Por enquanto só flores, não é?
Esperem só até o capítulo 7, mais ou menos.
Se vocês gostaram, me deixem saber. Se não gostaram também, né?!
Obrigada pela sua leitura.
Xx



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