Tropeços escrita por Luhni


Capítulo 8
Tropeço número 8: A miragem de um salvamento


Notas iniciais do capítulo

Olá gente! Como ainda são 23h, eu consegui cumprir com o prometido. Yeah!
Muito obrigada a todas que comentaram, logo estarei respondendo aos reviews, espero que se divirtam com o capítulo!
Boa Leitura!



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Olhava fixamente para o pedaço de papel disposto no chão. Eu estava decidida e iria conseguir. Iria me orientar pelo mapa, encontraria o ponto de descanso mais próximo e ficaria perto da civilização, onde teria água, comida e ar refrigerado. Estava tudo esquematizado, tudo certo, eu tinha o controle de tudo...

– Se eu ao menos soubesse ler essa droga de mapa! – gritei frustrada, amassando o papel totalmente inútil. – Por que eles não ensinaram a ler essa coisa? – e me joguei no chão, com os braços abertos.

Eu estava andando há horas, afinal não havia sentido no momento eu correr quando estava totalmente perdida. Eu caminhei, caminhei e caminhei, até que me lembrei do mapa e parei em um campo descampado para tentar me orientar. Se eu não estivesse nessa situação trágica, poderia dizer que o lugar seria bem agradável para um piquenique, tinha relva macia e era totalmente descampado e o azul do céu cintilava acima de mim. Porém, ali, deitada na grama, suja, cansada, ferida e faminta eu só conseguia xingar Sasori e todos os antepassados dele.

– Aproveitador, babaca, canalha, demente, e...e... – qual palavra que começa com “e” serve como xingamento? Bufei, irritada e coloquei o braço tampando o rosto.

Eu tinha realmente me esforçado para participar dessa corrida, não só pelo ex, mas por mim mesma. Queria provar que eu conseguia dar o meu melhor, seguir em frente e aprender novas coisas, que eu não era somente uma médica um pouco desastrada. Mas eu realmente não estava preparada para me perder no meio na maratona, se soubesse nunca teria feito Gaara e Ino brigarem, nem deixaria Naruto correr feito um doido e me deixasse para trás, bom, talvez eu deixasse porque não acho que o loiro estaria sendo eficiente em um momento como esse. Era bem capaz de ele estar agitando os braços e correndo em círculos, gritando “Sakura-chan! Sakura-chan estamos perdidos! E agora, Sakura-chan?”

Ora, o que eu estava pensando? Se eu soubesse que isso aconteceria nem teria aceitado participar dessa corrida! Mas eu era impulsiva e deu no que deu. Agora estava aqui, no meio da floresta, sozinha, cansada e perdida, provavelmente definharia aqui com fome e sede, isso se não viesse nenhum animal, como aquela salamandra gigante, e quisesse comer a minha carcaça. Bom, acho que mesmo se aparecesse eu não conseguiria mais me mexer, ou foi o que pensei até ver uma sombra passar por mim. Olhei para o céu a tempo de ver um falcão planar bem em cima da minha cabeça.

– Oe, eu estava brincando! Não quero virar comida de ave! Ainda estou bem viva – disse ao me levantar rapidamente e voltar a andar apressada. A mãe natureza não sabe nem brincar um pouco.

Mais tempo se passou e eu comecei a me perguntar se quando a maratona acabasse os instrutores se dariam conta de que faltava alguém. Talvez fizessem buscas e me encontrassem com vida, acho que nem tudo estava perdido e isso me animou um pouco... até se passar mais duas horas. Eu não via o mínimo rastro de civilização, não havia nada ao meu redor que não fossem árvores e mais árvores, se eu não estivesse em uma floresta poderia comparar aquele lugar a um deserto, ou talvez fosse só eu morrendo de sede e desejando um copo de água, enquanto torrava naquele sol escaldante.

– Tudo bem, já chega! Está na hora de uma ajuda divina não é? – olhei pra cima em busca de respostas, minha sanidade devia estar indo embora para começar a falar sozinha – Eu não acredito que o meu carma seja tão grande a ponto de ter que morrer em uma floresta, abandonada por todos. Sasori é o culpado, aquele desgraçado, estúpido. – e fiquei satisfeita por finalmente ter me lembrado de um xingamento com a letra e.

– É nessas horas que aparece um guia, sabe? Me manda um anjo, um sinal para onde devo ir, até uma placa em neon serve! – gritei, balançando os braços, frustrada e cansada de ficar andando sem rumo.

Quando me acalmei eu tentei prestar atenção para ver se as minhas preces eram atendidas, mas em resposta apenas ouvi o farfalhar de algo se mexendo atrás de mim e sorri, já agradecida ao pensar que era uma ajuda. Quem sabe já estavam me procurando? Porém, logo o meu sorriso morreu ao ouvir o grunhido de um animal e ao me virar para ver o que era, arregalei os olhos e bufei irritada.

– Eu disse um anjo, e não uma salamandra gigante que quer me comer! – briguei, olhando para cima em busca de respostas, porém o animal voltou a se rastejar para muito perto de mim e de forma rápida, tanto que quando dei por mim, aquela coisa gosmenta havia se encostado à minha perna. É claro que agi da forma mais racional possível ao gritar como uma louca e forçando as pernas a correrem mais uma vez.

–*-

Depois de mais um tempo correndo – e eu devo dizer que se eu sair viva dessa nunca mais vou precisar fazer exercício físico na minha vida, afinal o tanto que estou correndo já deve valer para mais duas vidas – eu praticamente me arrastava pelo caminho de terra batida que encontrei. Eu não sabia se aquilo era a trilha da corrida, ou se iria me levar para outro lugar, mas contanto que eu chegasse em algum lugar eu já estava contente. Com isso e com um pouco de água.

– Água... água... ar refrigerado... água... – murmurava com a mão levantada como uma idiota, mas era como se eu estivesse vendo a minha salvação na minha frente. Tudo bem, talvez eu estivesse um pouco delirante, mas não vejo civilização há mais de quatro horas!

Parei, colocando as mãos nos joelhos para respirar fundo. Não iria mais correr, não conseguiria nem que quisesse e aquela salamandra deve ter comido poeira de tanto que corri, olhei para trás apenas para constatar que ela não me seguia mais e suspirei aliviada. Pelo menos isso! Agora eu podia pensar em algo para encontrar um caminho para a civilização, quem sabe não aparece um príncipe do meio dessa floresta e me salva? Ri comigo mesma e passei a mão na testa para tirar um pouco do suor, eu estava ficando louca se acreditasse que isso fosse mesmo acontecer.

– Sakura? – ouvi me chamarem e rapidamente me virei em direção à voz com os olhos arregalados.

– Sasuke-kun? – indaguei sem acreditar no que via. Eu estava vendo uma miragem? Ou meu sonho havia se realizado?

Na minha frente estava o filho de Adônis, Uchiha Sasuke, com uma bermuda e uma camisa sem mangas, em uma das pernas a bota ortopédica, segurando uma garrafa de água. Água! Ai meu Deus, eu só posso estar tendo uma alucinação, o que ele estaria fazendo aqui, no meio do nada, todo lindo e com aquele líquido incolor que no momento era o meu sonho de consumo?

– Você está bem? – minha miragem perguntou ao andar com dificuldade em minha direção. E foi como se uma luz se acendesse na minha cabeça.

Se eu estivesse sonhando com Sasuke, definitivamente ele não estaria com aquela bota estúpida, nem ao menos com roupas ele estaria. Talvez apenas uma cueca box preta, mas isso não vem ao caso agora. Ele era real! Eu estava salva e... completamente horrível. Droga! Comecei a avaliar a minha aparência e vi que era um caso perdido. Meu cabelo parecia um ninho de pássaros, se duvidasse até gravetos estavam presos ali, meu rosto estava sujo e suado, assim como minha roupa e não nos esqueçamos do meu joelho ralado. Tentando salvar um pouco a minha dignidade tentei ajeitar o meu cabelo nem que fosse um pouco, enquanto ele se aproximava, finja-se de forte, Sakura! Não dê mancada! Pensei comigo mesma.

– Sakura, o que... – mas antes que ele pudesse sequer terminar eu havia me jogado em cima dele, agarrando a garrafinha de água das mãos dele enquanto tomava avidamente. Minha preciosa!

Quando minha sede passou, ou melhor quando a água acabou, me dei conta do que havia feito e senti meu rosto esquentar, eu havia acabado com o resto de dignidade que tinha. Mas a culpa foi dele por ficar desfilando com aquela tentadora garrafa de água na frente alguém sedenta de sede como eu. Sorri sem graça para ele que me olhava um pouco surpreso e muito confuso pela minha atitude.

– Desculpa, eu fiquei horas sem encontrar ninguém e estava morrendo de sede – expliquei.

– Do que está falando? Você não parou nos pontos de descanso anteriores? – ele questionou e eu só pude suspirar.

– Bem que eu queria ter parado, mas... – ok, eu estava com vergonha de dizer que havia me perdido. Já imaginava as manchetes “Garota rosada se distrai na maratona e acaba perdida por horas. A mãe agradece por seu bebê estar vivo”.

– Mas... – pelo visto Sasuke não ia me deixar em paz se não respondesse.

– Eu me perdi – e sorri sem graça. Sasuke arregalou os olhos, como se não acreditasse. Ah cara, é por isso que eu gosto dele, ele não me conhece e não sabe do que eu sou capaz de fazer. É sempre bom ter crédito com alguém.

– Como assim? E o seu mapa?

– Está falando dessa coisa inútil que eu nem ao menos sei ler? Os organizadores deveriam ter pensado nisso! – disse um pouco indignada e tirei o mapa do bolso.

– Eles disseram como ler no início da maratona, você não prestou atenção? Todas as instruções foram dadas – ele retrucou com o cenho franzido.

– Ah... eu... estava com a cabeça longe... – falei sem graça ao me lembrar de que por causa do que Sasori me disse eu não ouvi nada do que os instrutores disseram.

– Vamos, é melhor descansar um pouco e dar uma olhada nesse joelho – Sasuke disse ao segurar a minha mão, me puxando para sei lá onde. Espera!

– Espera! Para onde vamos? Aqui não tem nada e...

– Sakura você está em um dos pontos de descanso, só que atrás dele. Eu vim dar uma volta nessa trilha quando te vi. – Sasuke explicou e voltou a me puxar.

Quis chorar ao ver que eu havia conseguido sozinha, ou quase, voltar a civilização e realmente deixei uma lágrima escorrer ao sentir o ar condicionado bater na minha pele e aliviando o calor, ao entrar em uma das tendas médicas com Sasuke. Enquanto estávamos lá eu não consegui ficar calada, já havia me hidratado o suficiente para voltar a falar, então comecei a contar o que havia acontecido, desde Gaara e Ino que haviam abandonado a corrida, até o meu encontro com a salamandra gigante por duas vezes e como ela foi a culpada por me perder. Sasuke ouviu tudo fazendo algumas caretas, mas não aguentou e riu ao final, só não sei se foi porque eu disse algo engraçado ou por eu dizer que pensei que ele fosse uma miragem.

– Você não estava no deserto – disse o óbvio. Revirei os olhos.

– Eu estava desidratada, poderia estar tendo alucinações. – retruquei e ele voltou a rir e balançou a cabeça em negativa.

– E salamandras gigantes não comem gente, – não? – na verdade, muitos até as criam como animal de estimação – o quê?

– O que aconteceu com as pessoas normais que tinham um gato ou um cachorro como animal de estimação? – cruzei os braços enquanto via Sasuke se abaixar para examinar o meu joelho e pegar um pouco de gaze.

– Não sei, alguns preferem algo mais exótico – e olhou para mim de forma estranha. Ele estava me comparando a uma salamandra?

– Eu... – abri a boca e não consegui dizer nada, bufei irritada e vi Sasuke sorrir e depois voltou sua atenção para o meu machucado, limpando-o. – Pelo menos agora tudo acabou e posso voltar para casa em paz, bom, não totalmente – pensei em voz alta e suspirei por pensar que teria que aguentar a siliconada.

– Do que está falando? – o Uchiha indagou ao colocar um esparadrapo no ferimento, ainda abaixado na minha frente – A maratona ainda não acabou. – arregalei os olhos com aquilo.

– Como é? – e ele levantou somente a cabeça para me encarar.

– Eu não sei o que você fez Sakura, mas de alguma forma você conseguiu pegar um atalho e chegar na frente de muitos competidores, a maratona ainda está acontecendo. – explicou.

– Como é? – gritei e em um ato reflexo me impulsionei para sair da maca onde estava.

O problema foi que eu não estava preparada para ouvir aquilo e como ainda estava tentando processar a informação, quando agitei o joelho para frente a fim de sair dali, acabei por acertar o queixo de Sasuke que continuava ajoelhado na minha frente. Droga!


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Sakura conseguiu encontrar uma forma de se salvar, bom, a salamandra ajudou um pouquinho e Sasuke também ao aparecer para ela, mas o importante é que ela conseguiu! Uhuuul!! E com um plus, pois ela descobriu que passou a frente de muitos competidores mesmo estando perdida, isso é que é sorte, né? Pena que o Sasuke não tenha tanta sorte assim ao levar essa joelhada na cara XD Tadinho, só sobra pra ele XD
E, sim, eu já dei uma joelhada na cara de alguém, mais precisamente no meu primo, éramos crianças e estávamos brincando de algo que no momento eu não me recordo, mas lembro bem que acertei ele sem querer no rosto e minha orelha ficou vermelha de tanta bronca que ouvi da minha mãe ç.ç (em minha defesa o meu primo não sofria na minha mão, não muito, afinal eu também tenho as minhas lembranças de sair machucada nas nossas brincadeiras tão tranquilas XD kkkk)
Bom, agora nos aproximamos do final da fic, somente mais 2 capítulos, então comentem e me digam se estão gostando ou se quiserem contar um mico, uma história vai ser bem legal saber ;D

Beijos e até a próxima!



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