Anteriormente em Wolfpack... David e Jonny escolhem não contar para Helen a verdade sobre o que aconteceu na escola, porém isso faz apenas com que a garota fique mais determinada a saber a verdade. Eddy e Max abandonam os caçadores por não aprovarem os métodos aplicados por Lucca, enquanto isso, após conseguir escapar dos caçadores Henry finalmente fica cara-a-cara com o lobisomem que ele procura a tanto tempo.

Henry

Anos de conflito e do nada ele aparece para conversar. Poderia ter passado mais dez anos sem ver seu rosto e ainda reconheceria os detalhes que via nos meus. O homem parado diante dos meus olhos, aquele que um dia eu chamei de irmão, agora não passava de um monstro. Ficamos nos encarando pelo que me pareceu uma eternidade até aquele rosto familiar se abrir em um sorriso maldoso.

–Qual é Henry? Vai mesmo me dar o tratamento de gelo? Depois de tudo que passamos juntos? –Fechei minha mão com tanta força que os noz dos dedos ficaram brancos, minha garras cortaram minha pele e o sangue começou a escorrer. –Isso vai ser mesmo necessário?

–Estive atrás de você por anos! Agora você simplesmente aparece para dar um “oi”?

–As circunstâncias mudaram. Primeiro porque um dos meus betas parece estar se conectando com você e não posso aceitar isso, se quer um beta crie você mesmo o seu. Segundo porque nossa história se espalhou entre os clãs, logo o alfa dos alfas irá aparecer a nossa procura.

–David jamais irá te seguir. Ele tem o coração no lugar certo, uma qualidade que você está longe de entender. Eu conheço os rumores, duvido que ele se desse ao trabalho de vir de tão longe apenas por nossa causa “irmão”. –Era uma dor tão grande olhar para a pessoa a minha frente e ter que aceitar que somos o mesmo sangue. Queria quebrá-lo ao meio, aquela poderia ser minha melhor chance em anos.

–Somos diferentes. Você deve estar sentindo, memórias misturadas e até sua força aumentando. Nossa conexão está cada vez mais forte, de que outra forma você sempre foi capaz de me localizar? Independente para onde eu ia. Somos alfas desde o nosso nascimento, nascemos para o poder.

Aquelas palavras traziam uma enxurrada de lembranças. Conseguia me ver claramente novamente quando criança, morando com meu pai e tentando seguir nossa vida em Beacon após a morte de minha mãe. Ela era uma alfa, muito prestigiada na comunidade e após ser envenenada com um tipo especial de wolfsbane acabou falecendo em meio ao trabalho de parto. Foi necessária grande habilidade dos médicos para que os bebês conseguissem sobreviver. Nunca pude conhecê-la, apenas das fotos, inclusive a que carregava comigo o tempo inteiro. Ela tinha um rosto anguloso bonito de queixo levemente quadrado, bochechas rosadas e sorriso alegre, longos cabelos negros e pele clara como a minha, olhos um pouco repuxados nas pontas e uma íris clara.

De acordo com Deaton meu pai nunca mais foi o mesmo após a morte da esposa, seu poder de alfa esvaiu-se e sentia tanta culpa pela morte da amada que seus olhos após a perda da força como alfa ficaram azuis. Eu e meu irmão gêmeo James apenas assistimos impotentes os anos que ele se entregava a depressão.

Quando éramos garotos éramos fisicamente mais parecidos, ambos de estatura mediana, cabelos curtos e pouco cuidado, nariz pequeno, queixo um pouco quadrado e rosto com linhas rígidas, sobrancelhas um pouco pequenas e lábios um pouco desproporcionais.

James e eu éramos inseparáveis naquela época, apesar de sermos gêmeos idênticos não tínhamos nada em comum na personalidade: enquanto eu preferia me misturar ele fazia questão de mostrar quão diferente era. Nossa principal diferença na comunidade de lobisomens era nossa ascendência a alfas desde o nascimento, quando nossa mãe faleceu com os filhos ainda no útero seu poder foi legado a nós.

Era complicado ser um alfa ainda criança, eu preferia não mostrar meus olhos para as pessoas e evitava falar em como me tornei um tão novo, meu irmão por outro lado intimidava pessoas e criava um grupo de admiradores a sua volta.

Tínhamos oito anos quando meu irmão criou seu primeiro beta, um rapaz de treze anos que era seu seguidor fiel na escola desde os cinco. Nosso pai nunca falava nada e eu não pretendia brigar com meu irmão. Em poucas semanas após ter seu primeiro beta ele já tinha uma matilha. Poucos meses depois os caçadores apareceram, o grupo do meu irmão era excessivamente violento, muitas brigas na escola e ataques gratuitos a outros alunos por menos que nada e os caçadores estavam atentos aos rumores de um jovem alfa.

James parou de se preocupar comigo e passou cada vez mais tempo com sua matilha, depois de alguns dias seus betas começaram a tentar me intimidar, posso ter quebrado o nariz de alguns deles, não tenho muita certeza dessa parte. Quando os caçadores finalmente identificaram o grupo de lobisomens ficaram surpresos, um bando de adolescentes arruaceiros liderados por alfa que ainda era um garoto.

A princípio não houve conflito, mas os jovens estavam cada vez mais acomodados a fazerem o que queriam e isso não melhorou. Enquanto meu irmão conquistava sua legião de seguidores eu tentava me manter afastado, tinha apenas duas pessoas com a qual eu conversava na escola. Thabata Lewis e Peter Hale.

Peter era um adolescente soberbo, por sua posição dentro da comunidade sobrenatural e vindo de uma linhagem de lobisomens ele sempre se sentiu confortável com o que era e o que queria. Ele sabia das atividades do meu irmão e até meio que concordava com ele, apenas achava que James estava sendo descuidado. Confesso que eu não era muito de conversar, afinal não me sentia confortável com as perguntas sobre minha família, mas como ele era sempre educado não o destratava.

Thabata Lewis por outro lado era a pessoa de quem eu mais gostava em minha vida. Ela frequentava o clube de ciências, era um prodígio e tinha uma carreira brilhante pela frente. Quando nos conhecemos ela estava trabalhando em um tipo de solvente que eu derrubei acidentalmente no aquário do laboratório... não foi muito bonito de se ver. Me lembro de que ela passou metade de um semestre sem falar comigo por causa do incidente.

Nossa aproximação foi extremamente lenta, mas cada vez mais profunda como uma árvore criando raízes longas e profundas. Começamos com uma briga por causa do aquário, mal nos olhávamos nas semanas seguintes, depois fomos colegas em um trabalho juntos. Ela finalmente percebeu que não tive a intenção de matar os peixes e me perdoou, ficamos amigos depois disso, quanto mais meu relacionamento com meu irmão esfriava o com ela apenas aumentava. Nossos últimos dias juntos tinham ficados tão gravados em minha memória que era como ver um filme que esperava apenas o momento para começar.

Era uma sexta feira como outra qualquer, acordei para ir para escola e encontrei meu pai na cozinha parecendo abatido, ele sempre dava um sorriso quando aparecia, podia ver a tristeza enraizada em seus olhos, mas sua máscara tão treinada ao longo dos anos não deixava o rosto transparecer nenhuma tristeza.

–Bom dia. –Ele me cumprimentou e deu as costas, tinha tantas coisas em minha cabeça que não sabia como transmitir em palavras que apenas ficava o encarando de costas por uns instantes antes de me sentar.

–Bom dia. –Comi meus ovos com torradas em silêncio enquanto ele se escondia atrás do jornal, ele olhava as vezes para a escada esperando que James surgisse. Aquela era a segunda semana seguida que meu irmão havia parado de voltar para casa, ele ainda aparecia quando tinha vontade na escola, mas sempre rodeado por seus lacaios.

Fui para escola sem falar mais nada com meu pai, não sabia o que dizer. No ônibus as pessoas conversavam animadas sobre o que iriam fazer durante o dia, naquele ônibus sempre via Peter e algumas vezes outros membros de sua família. Ainda não conhecia todos os Hale, mas sabia que o garoto que andava com ele era Derek, e as garotas que via as vezes Cora e Laura e a líder da família se chamava Talia.

Fiz todos o meu trajeto normal aquele dia, indo para o laboratório após a aula. Thabata estava lá tão bonita como sempre. Ela era alguns centímetros mais baixa do que eu, uma pele clara, cabelos longos ruivos e com grandes cachos no momento preso em um rabo de cavalo, seu rosto tinha um formato de pêssego com as maçãs do rosto que destacavam seus lábios finos e rosados, principalmente quando ela sorria. Seu nariz pequeno era arrebitado lhe dando um ar de arrogância que eu sabia que não existia, os olhos de íris azul clara como o céu tinham formato amendoado, as sobrancelhas pequenas e delicadas, as orelhas eram levemente levantadas, mas isso só a fazia parecer o tempo todo curiosa, como um personagem de desenho que tem aquela “lâmpada” de ideais surgindo em sua cabeça o tempo todo, tudo isso somado com suas sardas naturais a deixavam perfeita.

–Por que está fazendo essa cara? –Ela estava me observando com as sobrancelhas franzidas, uma mistura de curiosidade de diversão em seu rosto.

–O que? Ah! Nada... e então como está sua pesquisa sobre regeneração celular? –Ela fingiu não perceber meu desconforto e sorriu, depois suspirou voltando para seu microscópio.

–Difícil. Identifiquei algumas partes sobre o processo regenerativo de repteis e estrelas do mar, mas ainda não tive nenhum avanço significativo. –Ela voltou sua atenção para o aparelho, ainda estava encarando-o e sentindo seu cheiro de framboesa no ar. –Você vai ficar me cheirando até quando?

–E-eu não estava... quer dizer, eu só estava sentindo o cheiro dos químicos daqueles tubos... –Essa não era a primeira vez que ela havia me flagrado a observando, não era muito bom com a parte de ser discreto com ela por perto. Ela olhou para os tubos lacrados, voltou sua atenção para mim sorrindo.

–Henry, aqueles tubos estão selados. –Ela pegou um dos vários e me mostrou. –E se você não percebeu, estão vazios.

–Eu acho que deixei alguma coisa na sala de matemática... –Estava muito envergonhado para encara-la naquele momento, mas ela não me deixou escapar antes que eu pudesse sair ela se aproximou. Estava incrivelmente consciente que ela estava a centímetros do meu corpo, podia sentir o calor do seu corpo em ondas leves vindo de encontro ao meu.

Eu a beijei e por alguns segundos fiquei com medo de ganhar um soco na cara, era bem possível. Os segundos se prolongaram e nossos corpos apenas se aproximaram mais, logo toda a pesquisa estava esquecida, poderia ter ficado ali o dia todo, mas quando pensei que a felicidade não teria fim alguém pigarreou as minhas costas fazendo com que ela me largasse assustada.

–Argh! Nojento. –James estava parado as minhas costas, para alguém que eu não via a vários dias ele parecia totalmente bem. Suas roupas estavam meio sujas e rasgadas, mas ele parecia melhor do que nunca. –Esquisita dá o fora, quero falar com meu irmão.

–Não fale com ela assim! –Nos encaramos por um momento, James sorriu com certa malicia, não gostei da forma como ele olhou para Thabata.

–Tudo bem Henry, eu tenho aula agora e é melhor eu não ficar perto do seu irmão mais tempo do que seja necessário, esse cheiro de animal atropelado que vem dele está me incomodando. –Ela me deu um beijo rápido e saiu do laboratório, queria segui-la, mas não seria bom puxar uma briga com meu irmão no lugar que ela mais gostava na escola.

–Espero que você tenha um excelente motivo para vir aqui justo agora. –Me sentei em um dos bancos com uma mistura de frustação e felicidade, queria encontrar Thabata novamente, mas enquanto meu irmão estivesse querendo conversar isso seria impossível.

–Preciso da sua ajuda. –Ele devia estar esperando uma reação animada ou de empolgação, mas como isso não aconteceu ele apenas franziu o cenho. –Motivador.

–Achei que você tinha seu bando de seguidores idiotas para te ajudar.

–Isso é algo além da capacidade deles. –Esperei que ele continuasse, não estava nem remotamente interessado no que ele queria. –Os caçadores estão nos perseguindo, preciso da sua ajuda para acabar com eles.

–E porque eu faria isso?

–Somos irmãos, isso deveria ser o bastante.

–Você não parecia interessado nessa ligação quando montou sua matilha a semanas atrás e simplesmente parou de aparecer em casa. Você não dá a mínima para mim, nem para nosso pai. –Ele não gostou da minha resposta, fechou a cara e ficou me observando com raiva, não estava acostumado a ser contrariado.

James saiu do laboratório e apesar de estar com raiva fiquei um pouco preocupado que ele estivesse preparando alguma coisa. Os dias seguintes foram alguns dos melhores que já tive, estar com Thabata era como se todos os problemas tivessem desaparecido. Por algumas horas era como se nada de ruim tivesse acontecido em minha vida. Meu irmão não deu notícias e tudo continuou muito bem pelo que pareceu ser o melhor momento da minha vida.

Estava em dia de lua cheia quando convidei Thabata para um encontro, para mim a lua não representava risco. Queira leva-la até o parque observar as estrelas, ver um filme, talvez até fossemos em uma lanchonete próxima. Ela aceitou feliz e as oito da noite estava na porta da casa dela para nosso encontro, mas ele nunca aconteceu.

Percebi que havia algo errado no momento que cheguei à porta, quando bati ela se abriu revelando uma sala de estar totalmente revirada. Meu coração parecia que não cabia no peito, havia acontecido uma luta naquele lugar, assim que entrei na sala a porta se fechou.

–Boa noite. –Minha surpresa por encontrar a casa naquele estado havia me deixado alheio a pessoa que agora estava parada segurando a porta. Era um senhor de idade, talvez por volta dos cinquenta anos, rosto anguloso de linhas rígidas, queixo um pouco quadrado, pele clara enrugada, nariz anguloso que deixava as narinas infladas de expectativa a mostra, olhos um pouco puxados nos cantos de cor castanha, sobrancelhas calvas e fechadas em um semblante de quem quer intimidar. Ele usava um tipo de boina masculina que tampava a maior parte de seu cabelo calvo e suas orelhas um pouco caídas, suas roupas pareciam próprias para alguém que estava em uma caçada: jeans, camisa, jaqueta pesada e botas.

–Quem é você? –O homem sorriu divertindo-se com a situação, ele me olhou como se me conhecesse.

–Ora meu jovem, não fale como se nunca tivéssemos nos vistos antes, afinal a razão de eu estar aqui são suas recentes atividades.

–Do que você está falando? Onde está a Thabata? O que você fez? –Ele sacudiu a cabeça desapontado com minha reação, como se a tivesse visto muitas outras vezes.

–Vocês lobos sempre dizem a mesma coisa. Sua amiga está bem por enquanto, para uma aluna do ensino médio devo dizer que estou admirado que ela pudesse fazer o estrago que fez, mas sendo amiga do alfa em ascensão dessa cidade talvez isso não seja muito surpreendente. –Não sabia do que ele estava falando, mas expandi meus sentidos ouvindo tudo que podia a minha volta, queria saber onde ela estava o resto não importava.

–Não se preocupe, não vamos matá-la. Ela é humana, viemos por sua causa, todos os problemas que causou nos últimos meses era questão de tempo até chegarmos até você.

–Eu não sei do que você está falando. Não fiz nada do que você pensa que eu fiz!

–Não minta! Você matou meus homens na floresta! Abatemos muitos dos seus betas na floresta, logo chegaríamos até você! –Entendi finalmente do que ele estava falando, aquelas coisas deviam ter sido feitas por James e de alguma forma ele pensava que eu tinha feito, talvez por sermos gêmeos.

–Isso é um mal-entendido, eu não fiz essas coisas. Eu não tenho bando! –O homem fez um aceno de cabeça, logo várias pessoas de preto com armas surgiram de todos os lugares. Do final do corredor alguém vinha empurrando Thabata, ela estava ferida, um filete de sangue escorria de sua testa, seu lábio inferior estava ferido e inchado e ela caminhava com dificuldade.

Ela levantou a cabeça e nossos olhos se encontraram, via toda a minha vida e razão naqueles olhos, sua dor se tornou a minha e uma fúria que não media limites tomou meu corpo.

–Deixe ela ir! –Minha voz veio carregada de tanta ordem que alguns homens a nossa volta oscilaram como se quisessem me obedecer. O homem na minha frente o qual eu não sabia o nome sorriu, parecia impressionado.

–Você tem muita força de vontade e comando para poder se impor dessa maneira entre tantos caçadores. –Ele fez o primeiro movimento atirando com uma arma de choque que parecia ter sido modificada, Thabata estava na linha de fogo se eu desviasse a bala cruzaria a sala e a certaria. O projetil ficou preso em meu peito, o choque parecia queimar tudo que eu tinha por dentro, se não fosse por ela teria caído de cara no chão, mas minha força de vontade me manteve em pé. –Estou impressionado, não é todo dia que encontro um alfa como você.

As luzes foram apagadas, no segundo seguido rosnados ecoaram por todo lugar, lobisomens convergiam de todos os lugares atacando os caçadores. A confusão tomou o lugar, corri pela sala usando a parede a esquerda de Thabata e seu captor para pegar impulso e derrubá-lo.

Entre rosnados dos lobisomens e gritos e disparos dos caçadores minha única preocupação foi pegar minha namorada e tirá-la da casa. Quando estava a vários metros em uma casa vizinha a deitei no gramado, ela ainda tinha os olhos em mim.

–Eu sinto muito, não queria que nada disse acontecesse... –Ela sorriu com doçura para mim, meus olhos ficaram marejados.

–Eu sei que você não fez nada que aquele homem disse, sempre soube que você era diferente, mas também sempre soube que era de uma maneira boa. –Os rosnados e tiros estavam mais intensos, tinha que levá-la para outro lugar. –Aquele homem, ele não vai parar de te caçar.

–Eu vou impedi-lo. –Deitei Thabata no gramado, ela não precisava presenciar o que estava por vir. –Você vai ficar bem sozinha por alguns minutos?

–Enfrentei um monte de malucos dentro da minha casa, acho que dou conta de ficar deitada na grama sozinha. –Ela sorriu para mim escondendo sua dor, podia ouvir seu coração mentindo, ela não estava bem e estava com medo. Não iria deixar que ninguém a assustasse de novo.

Não precisei ir muito longe para encontrar o homem que procurava, assim que entrei na casa que agora tinha as luzes acesas novamente ele estava com uma espada pronto para matar um garoto que devia ter nada mais que treze anos. Toda minha raiva, frustração e vontade de matar atingiram o máximo, pela janela eu podia ver um feixe de luz da lua cheia.

Então deixei o alfa que sempre segurava tomar o controle, uivei deixando toda força fluir dentro de mim. Não era um uivo normal, sabia quando um lobisomem rugia por seu próprio poder e quando rugia em sintonia com sua fera interior. Eram duas vozes, dois uivos com o timbre e poder de um rugido e de repente eram quatro. James apareceu as minhas costas, tão furioso quanto eu com a cena em sua frente.

O homem a nossa frente pareceu surpreso por um decido de minuto, então recompôs sua expressão e sorriu. Antes que atacássemos ele atravessou a espada diretamente no peito do garoto, o sangue jorrou do ferimento e pela boca do garoto. A espada foi cravada diretamente em seu coração e assisti paralisado a vida desaparecer de seus olhos. James atacou enfurecido, outro caçador que estava fora do nosso campo de visão apareceu para interceptar o ataque com um bastão elétrico.

James não seria capaz de evitar, mas eu sim. Peguei a pequena cômoda próxima a parede e joguei com força contra o atacante que foi arrastado pelo móvel não podendo evitar o ataque do meu irmão. O velho era um caçador e tanto evitou o ataque de James e lhe acertou nas costas com o bastão de choque.

–Você não estava mentindo. Realmente não era você rapaz. Vá embora e vou esquecer que te vi aqui hoje. –A mentira estava absurdamente explicita em suas palavras, tão nítida que ele apenas sorriu ironicamente sabendo que não aceitaria sua oferta.

Outros caçadores surgiram para dar apoio ao homem, eles apontavam armas de choque e esperavam as ordens. Encarei o homem e ataque, conseguia desviar da maioria dos golpes e tiros, um chute bem colocado próximo ao caçador que estava com James aos seus pés e pronto, meu irmão se colocou de pé totalmente enraivecido. Ele atacava diretamente na garganta dos homens, matando três deles antes que os outros sequer pudessem processar o que estavam vendo.

O velho se afastou deixando meu irmão lidar com retardatários, havia muitos outros caçadores se deixasse James sozinho eles acabariam por dominá-lo. Entrei na luta, combinados éramos praticamente uma força da natureza, ninguém poderia nos parar. Os caçadores tentavam fugir, mas James puxava os retardatários para dentro da luta enquanto eu nocauteava todos.

–Vamos atrás dele! Acabar com isso de uma vez! –James passou por mim indo na direção que o velho tinha ido, não queria participar daquele massacre. Quando não me movi ele olhou para trás. –O que está esperando? Você viu do que aquele cara é capaz! Se tivesse dado uma boa olhada na casa da sua namorada veria os corpos dos meus companheiros que ele matou!

–Eu não posso sair por aí matando as pessoas que eu não gosto James! Vou ser igual a ele se fizer isso! O que nosso pai vai dizer sobre isso?

–Nosso pai é um fraco! Um fraco por ter deixado aquela mulher lhe enfraquecer! Você está seguindo o mesmo caminho com aquela garota, ela está impedindo você de ser quem você é! –Houve um momento de tensão entre nós, a poucos minutos estávamos unidos pelo calor da batalha agora o clima parecia ter caído vários graus.

–Ela me impede de ser como você. –Ele me encarou antes de me dar as costas e ir embora. Não tinha vontade de participar dos planos do meu irmão. Segui para onde tinha deixado Thabata, a noite estava um pouco fria e logo o lugar estaria cheio de policiais, tinha que leva-la até o hospital de conseguir algum tratamento.

Quando entrei no gramado fiquei paralisado, James estava ali segurando minha namorada as garras em sua garganta. Ela olhou em minha direção, podia traduzir seu medo em palavras, ela estava esperando o pior. James respirava fundo, ele estava à minha espera.

–Eu vou livra-lo desse fardo!

–James! Não faça isso! Por favor, ela não tem nada a ver com isso!

–Ela tem tudo a ver com isso! Se não fosse por ela você teria me ajudado hoje, não precisaria ter armado para você! Esperava que os caçadores a tivessem matado, mas eles são uns inúteis! Se você quer algo bem feito faça você mesmo! –Um vulto surgiu dos fundos da casa, foi contra James, mas ele o segurou com uma mão e jogou com força contra a cerca. Reconheci Peter, não sabia que ele estava por perto, infelizmente não teve muita utilidade, James era forte demais para ele.

Thabata apesar do medo não chorava, era uma garota forte e decidida, era uma das coisas que eu mais gostava nela. Quando James voltou sua atenção para mim os lábios dela se moveram num sussurro inaudível de “Eu te amo”, seu coração numa batida de verdade e as garras de James rasgaram sua garganta em seguida.

O mundo parou naquele instante. Nem mesmo quando meu irmão se transformou em uma besta monstruosa diante dos meus olhos após mata a garota que eu amava parecia ter importância. O monstro nem sequer me atacou, ficou me encarando por um momento e logo em seguida partiu. Fui para junto de Thabata, a amparei em meus braços enquanto olhava para seus olhos vidrados.

–Temos que sair daqui. –Peter tentava me tirar dali, mas eu não queira. Nada mais importava. –Henry! Você não pode mais ajuda-la!

Senti novamente quando as lembranças desfocaram, estava novamente no presente diante do meu irmão, a pessoa que tinha destruído minha vida. Ele estava com os olhos fechados, experimentando minhas lembranças como se as tivesse revivendo da mesma forma que eu estava.

–Você é um sentimental. Achei até iria continuar nessa memória até a morte do nosso pai. –Ele lidava com a situação com tanta frieza que meu sangue fervia apenas de ouvi-lo falar do nosso pai daquela forma. –Temos uma situação bem semelhante nessa cidade hoje. Caçadores, lobisomens e uma garota humana, vejo que sabendo como as coisas acabaram da primeira vez você teria o bom senso de sair do meu caminho.

–Ou eu posso mata-lo agora e nada irá se repetir.

–Se você acha que consegue, então venha. –Ele abriu os braços as garras a mostra, seus olhos ficaram vermelhos e as presas cresceram. Rugimos ao mesmo tempo e partimos para o confronto.

–-------------------Sneak Peak 1x10 - Against the Will--------------------

No próximo capítulo de Wolfpack... Henry e James se enfrentam novamente para acertarem velhas contas do passado, porém James usando seu comando de alfa sobre David o convoca contra sua vontade para ajuda-lo a vencer o irmão. Jonny segue o amigo quando o mesmo desaparece na floresta, enquanto numa tentativa de entender o que estava acontecendo Helen e Kelly retornam a floresta. Eddy e Max vão a procura de Lucca para impedi-lo de atacar Henry e acabam entrando em um confronto.