Wolfpack escrita por Junior Dulcan


Capítulo 13
2x01 - Peacemakers


Notas iniciais do capítulo

Segunda temporada chegando! Nova Capa! Nossa como os dias passaram rápidos.
Primeiro quero agradecer a todos que participaram dos sorteios e que ainda estão participando porque ainda não acabaram, a todos que acompanham essa fict e por terem pacientemente esperado pelo fim do hiatus.
Vamos falar um pouco sobre as mudanças nessa temporada, temos uma pegada mais violenta e sombria em alguns aspectos. Não por conta da situação atual de Tenn Wolf, mas porque já estava decidido desde o começo que essa segunda metade traria cenas mais fortes do que a primeira.
Teremos também mais ação, mais drama, comedia e suspense do que tivemos na temporada passada. Tudo que aconteceu na temporada anterior ainda tem muito impacto nessa nova fase, teremos muita coisa nova e mais aparições do elenco de TW.
A história agora vai lidar com duas linhas do tempo separadas com: Jonny e Eva contando boa parte da história diretamente do final da temporada passada e David e os demais lidando com eventos cerca de alguns dias adiante, ou seja, uma parte da historia que vocês vão ver sendo narrada por Jonny e Eva é contada no passado.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/632246/chapter/13

Na temporada passada de Wolfpack... David e Jonny são mordidos na floresta pelo alfa e isso trás consequências em suas vidas, David se torna um lobisomem e Jonny ativa seu gene wendigo. Em busca de controle eles conhecem Henry um outro alfa que está na cidade em busca da fera que estava na floresta, em meio ao caos e dos conflitos com caçadores tudo é culminado em uma luta na floresta e a revelação de o alfa que mordeu David e Jonny era na verdade o irmão gêmeo do Henry. Com o esforço combinado de todos os alfa é vencido, mas com isso outros problemas chegam a cidade...

Jonny

Já perdi a noção dos dias. Posso estar aqui a semanas ou meses, é impossível saber. Depois que fui nocauteado em minha casa por um grupo de estranhos, apenas acordei no que me pareceu horas depois em uma sala úmida e mal iluminada. As paredes de concreto eram gastas e sujas de manchas de sangue seco, o chão coberto de ossos, terra e restos em decomposição queimavam minhas narinas com o fedor, podia ouvir gemidos de socorro vindo das paredes e gritos fracos de dor.

Me sentia tão fraco como nunca havia acontecido antes, nem quando estive com aquela fome insaciável senti uma fraqueza como aquela. A luz do ambiente vinha de uma lâmpada fraca no centro, rapidamente percebi que não era o único ali.

–Eva? –A pessoa no outro canto da sala apenas se encolheu, franzi o cenho preocupado. –Eva? Você está bem? Está ferida?

Então senti um cheiro fraco misturado aos detritos, o cheiro era definitivamente humano, mas não era da minha tia. A pessoa que estava ali respirava de modo rápido e assustado.

–Quem é você? Eu não vou te fazer mal. –Ela chorou baixinho, uma garota, talvez por volta dos treze anos. Estava completamente apavorada, tinha que haver um modo de acalmá-la. –Meu nome é Jonny. Qual é o seu?

Ela não respondeu e continuou naquele silêncio por horas, tentei localizar uma forma de sair, mas parecia impossível. Havia apenas uma porta de ferro, mas por mais que eu a forcasse a mesma não cedia um milímetro.

–Thasha. –A garota parou de chorar e me olhava agora, mesmo naquela pouca iluminação conseguia distinguir seus traços. Ela tinha a pele negra, rosto fino de queixo levemente quadrado, suas linhas de expressão suaves, nariz pequeno de ponte fina, olhos redondos de íris castanha, sobrancelhas finas e bem marcadas, lábios médios e um pouco inchados no momento, orelhas pequenas e repuxadas nas pontas. O cabelo da garota estava bagunçado, mas em dias normais deveria ficar bonito com seus cachos longos e negros. Estava usando uma camiseta verde que naquele momento estava muito suja, jeans um pouco folgados e tênis.

–O que?

–Meu nome. Thasha. –Ela ainda parecia que queria chorar, mas felizmente parecia ter percebido que eu não faria nenhum mal. –Você é alguma coisa, não é?

–Pode se dizer que sim. E você? –A íris dos olhos da garota ficaram com um brilho laranja por um instante, acho que isso respondia a minha pergunta.

–Pode se dizer que sim. –Ela sorriu um pouco, em uma situação normal eu teria gostado da companhia dela, ela descontraída da mesma maneira que eu era. –Eu tentei de tudo para sair, mas eles selaram esse compartimento com alguma coisa que não me deixa usar minha força, além disso acho que eles deixam mistletoe entrar pelos dutos de ar, para nos enfraquecer.

–E quem são “eles” afinal? –Nos afastamos da porta e ficamos em um canto, conversando em tom baixo o bastante para não sermos ouvidos.

–Acho que são como nós, sabe, alguma coisa sobrenatural. Eles apareceram na minha casa e levaram a mim e ao meu irmão. Eu não o vi desde então. –Ela parecia que ia chorar de novo, não queria assusta-la, mas tinha a impressão que talvez nunca iriamos sair daquele lugar.

–Foi parecido comigo. Levaram a minha tia também, mas ela é humana. Não entendo o que eles querem com ela.

–Eu ouvi um deles conversando com outro um dia. Algo sobre novas apostas e esperar pelos presságios. –Aquilo não fazia o menor o sentido, mas era bem provável que estivéssemos em um lugar onde caçadores deixaram criaturas como nós.

Tudo ficou esclarecido alguns dias depois, as pessoas que nos mantinham ali não forneciam quase nenhuma comida ou água, ficávamos mais nervosos e tensos a cada dia. Quando qualquer comida vinha Thasha comia vorazmente, passei minha vez muitas vezes. Sabia que não poderia continuar daquela maneira por mais dias.

Algumas pessoas apareciam as vezes, mas eles não respondiam as perguntas e apenas nos ignoravam. Apesar dos gritos e lamentos em toda a parte, sempre analisava as vozes, em que distância estavam e como estavam ecoando. Tinha certeza de que estávamos em algum lugar no subterrâneo e depois de usar um pedaço de garrafa pete como amplificador de sons, pude escutar melhor as conversas dos guardas e prisioneiros para saber o que estava acontecendo ali.

Primeiro foi que não estávamos mais em Nova Horizonte, devíamos estar a quilômetros de qualquer cidade e pelo tom das conversas em algum lugar no meio da floresta. Tudo que bebíamos, comíamos e até respirávamos estava misturado com substâncias para nos debilitar e eram suspendidos apenas quando fossemos levados para uma “exposição”.

Com isso em mente, passamos a consumir o mínimo de alimento fornecido e guardávamos água por dias, consumindo o mínimo possível e guardando nossas forças. Tínhamos esperanças de sair dali e encontrar Eva e o irmão da garota. Quando finalmente pararam de trazer qualquer alimento para nossa cela foi que começamos realmente a ficar tensos, não havia câmeras no lugar, deviam ser confiantes de que não haveria chance de fuga.

Alguns dias depois sem contato o complexo ficou silencioso, o que era estranho, Thasha estava verificando a porta quando ela inesperadamente abriu. Não havia ninguém do outro lado, ela me olhou com os olhos enormes cheios de esperança.

–Isso é estranho.

–Não importa, vamos sair daqui. –Ela entrou no corredor, levei alguns instantes para segui-la. Tinha levado escondido alguns ossos lascados com pontas que poderiam perfurar, no caso de haver algum contratempo.

Passamos por algumas celas no corredor, estava prestando atenção a todos os detalhes procurando um meio de entender o que tinha acontecido. A maior parte estava trancada, mas não dava para escutar nada. No final do corredor havia uma escada subindo a direita e outra descendo a esquerda.

–E agora? –Paramos, Thasha estava tão nervosa que não parava de lançar olhares para a escada subindo, havia uma leve brisa vinda daquela direção.

–Não vamos subir. –Ela voltou seus olhos para mim parecendo alarmada, mas concordou. Pegamos a escadaria descendo, assim que passamos o primeiro lance notei a primeira câmera. Uma examinada mais atenta revelou mais três nos lances seguintes, eles estavam nos vigiando de algum lugar.

–Se formos mais adiante eles vão nos ver. –Ela olhou para as câmeras e por um momento fiquei preocupado que ela fosse avançar, então a estrutura estremeceu e as luzes das câmeras apagaram.

–O que foi que você fez? –Ela não me respondeu, mas aquilo era de grande ajuda. Os andares abaixo eram semelhantes aos de cima, muitas celas e a maior parte vazia. No último nível chegamos a um espaço enorme que parecia mais uma arena, foi ali que encontramos os outros prisioneiros.

Havia ao menos mais dez corpos ali, todos dilacerados e mutilados. A única criatura de pé era tão grande e forte que não dava para explicar, devia ser um homem, com talvez dois metros de altura, pele negra, a cabeça coberta com um crânio de animal, falando nisso, ossos não faltavam. Ele parecia estar completamente coberto com esses ossos, quando nos avistou senti medo, não me sentia dessa maneira desde que fugi do alfa na floresta.

–Lutamos? –Sabia que Thasha apenas estava sugerindo um combate por nervosismo, não tínhamos condições de vencer.

–Você ficou doida?! Vamos dar o fora daqui! –Aquele cara era capaz de nos quebrar ao meio como palitos de dente, não íamos vencer uma luta. Voltamos a escadaria pulando três degraus por ver, aquele cara não iria desistir, pensei comigo que ele não seria capaz de passar naquela porta, mas ele ignorou o concreto e simplesmente atravessou quebrando tudo.

Naquela confusão entramos na primeira porta que apareceu na nossa frente, indo parar em um corredor com uma cena tão ruim quando a que deixamos para trás, havia sangue por toda parte e mais um daqueles caras segurando um rapaz pelo pescoço.

–Joshua! –O homem cheio de ossos estava prestes a enterrar um tipo de faca improvisada feito com, que surpresa, um longo e afiado pedaço de osso. Apesar do grito de Thasha o homem cheio de ossos não iria parar.

Soltei um rugido de desafio que surgiu mais efeito, o homem-ossos largou o rapaz e virou sua atenção para nós.

–Ajude-o eu vou distrair o grandão! –Tasha esperou o momento certo e quando corri na direção do adversário ela correu pelos cantos, o problema era o segundo homem-ossos que chegou arrancando a porta dos batentes também decidido a me matar.

Meu combate contra os monstros foi curto, o primeiro me derrubou com um simples encontrão, o segundo cravou um osso afiado nas minhas costas. O sangue correu do ferimento e explodiu em minha boca, negro e doentio. Não havia como sobreviver, não era capaz de vencer esses dois.

–Thasha! Não faça isso! –Pelo canto dos olhos vi a garota que conheci há alguns dias fazendo algo estranho, à medida que ela abria os braços parecia que toda a estrutura estremecia. Nem mesmo o grito do rapaz que acredito ser seu irmão foi o bastante para pará-la.

Eva

Toda uma vida de privação, controle e cuidado jogados fora. Passei toda minha vida evitando o que eu era, fazendo de tudo para ser normal, para fazer parte do todo e ainda assim esse aspecto da minha vida me encontrou. Assisti impotente tudo desmoronar diante dos meus olhos quando soube que havia um alfa na cidade. Passei anos procurando uma cidade como Nova Horizonte, onde a palavra wendigo nem sequer tenha sido pronunciada.

Não sou como o resto dos meus familiares que abraçaram esse lado doentio e têm prazer em matar pessoas, apesar de dizerem que essa era nossa natureza não conseguia e não queria aceitar. Meu irmão e sua esposa concordaram que devia haver outra maneira e com isso deixaram que meu sobrinho vivesse comigo. Numa cidade como a nossa era improvável que um dia ele se tornasse um canibal, mas é claro que o sobrenatural o encontrou.

Quando aquele grupo de estranhos entrou na minha casa me drogou e começou a me torturar já sabia tinha apenas dois caminhos: morrer pateticamente ou fazer o que era preciso para sobreviver. Fiquei totalmente impotente enquanto via meu sobrinho sofrer tanto quanto eu, fomos carregados e levados de nossa casa e ninguém parecia ter ouvidos nossos gritos ou meu choro, o desespero havia se alojado em algum lugar do meu coração e feito dali sua casa.

Os dias que se seguiram foram os piores da minha vida, nunca pensei que haveria um dia que teria em minha mente escalas de dor e sofrimento que podiam ser medidas. A cela em que eu estava com certeza ficava longe de onde os outros seres desenvolvidos estavam, em sua maioria os gritos e lamentos vinham de pessoas que assim como eu pareciam totalmente incapazes de usar algum artificio sobrenatural para fugir.

O lugar era feito de um piso duro e frio, as paredes lisas e fortes e a porta de metal grande não cedia. Havia uma cadeira com amarras que me davam profunda angustia todos os dias apenas ao observa-las. Gritei por socorro por horas até não poder mais, perdi o controle diversas vezes em meio ao choro, cai no sono algumas vezes por causa do cansaço e da dor apenas para acordar horas depois e por um momento achar que estava em um pesadelo. Porém o pior veio com aproximadamente um dia que estava ali, sentia muita fome e sede e estava vendo a vida se esvair aos poucos de mim. Dois homens entraram e largaram um prato com algo dentro, por um momento de delírio achei que era comida até me dar conta de que era sangue e grandes pedaços de carne que suspeitei que não eram de animais.

Não comer aquela coisa deixada na minha frente não foi o pior, dentro de mim podia sentir meu monstro interior rosnar em protesto e parte de mim queria comer aquilo. Os homens voltaram algumas horas depois e tudo piorou, não tinha forças para lutar com eles e quando me prenderam a cadeira sabia o que estava por vir.

–Você pode comer ou vamos fazer você desejar morrer. –A voz do que falou estava tão carregada de verdade que não duvidei.

–Não... –Minha voz estava fraca, sentia minha garganta fechada e o esforço de falar me deixava tonta. Então o verdadeiro sofrimento começou, senti quando sem nenhum cerimonia algo puxou minha unha do dedo indicador da mãe direita. Meu grito de dor não foi alto, não tinha forças para muito mais, a dor era entorpecente. –Não... por favor, pare, por favor eu nunca fiz nada de ruim... eu nunca matei!

–Nós sabemos. –Tentei olhar na direção do que me respondia, mas minha cabeça estava presa e não conseguia uma boa visão de onde estava.

–Então, porque? –Gritei novamente quando perfurou meu braço, o cheiro de carne queimada invadiu minhas narinas. Minha cabeça rodava, minha consciência flutuava e então tudo ficou mais claro.

–Não queremos que você durma tão cedo. Um pouco de adrenalina vai mantê-la conosco um pouco mais. –Eles estavam me mantendo acordada, não havia diversão para eles maltratar alguém que não pode sentir a dor. –Respondendo sua pergunta: Nós não podemos oficialmente matar wendigos que nunca se transformaram ou nunca mataram.

–Eu... não entendo. O que eu fiz para merecer isso?

–Nada ainda, mas vai. Nós eliminamos ameaças e você é uma ameaça em potencial só temos que fazer com que se torne uma. Somos chamados de pacificadores, mantemos o equilíbrio entre seres sobrenaturais. –O outro homem estava próximo e então mais dor no braço direito, sentia meu sangue no ferimento que estava sendo atacado novamente. Meus gritos e lamentos pareciam apenas diverti-los como se o som fosse algo que eles realmente apreciassem.

–Meu sobrinho... –Sentia espasmos de dor, que vinham em ondas, até falar parecia causar dor. –O que vocês estão fazendo com ele?!

–Ah! Ele está na parte divertida, onde os colamos para brigar, ele é jovem e forte com alguma sorte vai conseguir durar uma ou duas lutas. –Os homens riram enquanto traziam alguns instrumentos de ferro e me mostravam, minha visão estava um pouco turva, mas pude distinguir seus traços, tinha certeza que era capaz de reconhece-los quando saísse daquele lugar.

–Eu nunca vou me tornar um monstro... –Minha voz saiu falhada, mesmo com a adrenalina ainda tinha certa dificuldade para sair do entorpecimento que estava. –...vou morrer antes de fazer o que vocês querem...

–Ela é durona. Eu gosto, me deixa até um pouco excitado. –Ele pegou um instrumento e mesmo não podendo ver reconheci o som da arma de choque. –Vamos ver por quanto tempo você consegue manter essa atitude.

–------------Sneak Peek: 2x02 - Alfas--------------

Enquanto tentam descobrir a localização de Jonny e Eva, David e o restante do grupo se deparam com uma nova ameaça. Um forte grupo de alfas está no local a procura de James, entretanto mesmo ao descobrirem que o alfa foi abatido o bando não deixa a cidade e decide testar o grupo que foi capaz de vencer um poderoso alfa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eai Wolfers!
Capítulo chegando ao fim e sim esse teve uma pegado muito diferente, mas fiquem calmos que nem tudo será trevas para os próximos narradores. Teremos muitas revelações e uma grande porção da história de Eva ainda está por vir. Apesar de estar voltando do hiatus mais cedo do que o previsto que seria no dia 26/10, o próximo capitulo pode demorar mais do que 7 dias habituais, então fiquem avisados! E fantasmas se manifestem!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Wolfpack" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.