Derby Girl - Um Mundo sob Rodas escrita por issiawa


Capítulo 3
Posso começar?




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Eu e minha mãe tínhamos uma relação difícil, isso era um fato, mas nunca achei que chegaria a ligar para meu pai para pedir ajuda. Claro que minha mãe sempre falou que eu que era difícil, e que eu realmente era parecida com meu pai, bem, isso eu não tinha como saber, afinal, eu o mal conhecia.

Não que eu quisesse castigar minha mãe pelo tapa que ela me deu, mas eu estava me sentindo sufocada por toda aquela pressão, estava magoada com tudo o que ela havia dito, a verdade é que é muito mais difícil ser você mesmo (principalmente se você não faz a mínima idéia de quem é), do que ser quem as pessoas esperam quem você seja, em resumo, uma droga!

Já havia se passado uma semana de todo aquele episódio, e meu pai e eu (via telefone mesmo) conseguimos convencer minha mãe (diga-se de passagem, pois meu pai quase a chantageou, o que o fez um herói para mim), a minha ida para casa de meu pai. Na distante e fria Forks!

Meu relacionamento com o meu pai era um caso complicado, há quinze anos não nos víamos, ele e minha mãe haviam se separado, e ela se mudou com seu grande ego e comigo na bagagem para a ensolarada Califórnia. Mas agora meu pai tinha uma outra família, e eu tinha até uma irmãzinha, Claire, que eu ainda não a conhecia. Nunca tinha vivido em uma dinâmica de família antes, com aquela coisa, pai, mãe e irmãos. Morava só eu e minha mãe, que era praticamente um general dentro de casa, e ocasionalmente Phill, amigo/namorado/marido de minha mãe, que nem oficializava e nem largava o homem de vez. Ia ser tudo muito diferente, aparentemente ia ser tudo diferente.

Apesar do acordo entre Pai X Mãe ser de minha sentença de seis meses na casa do meu pai, o que eu teria somente para terminar o colegial, resolvi que eu levaria tudo, desde meus milhares de patins até os meus CD´s do White Stripes,The Fray e AC/DC, entre as outras bandas que eu gostava . Seria a minha nova vida, e eu tomaria conta dela!

Cheguei em Forks e tomei um susto, não que eu estivesse esperando algo como New York, e com aquele frio, talvez Toronto, mas realmente não estava esperando vir para Istria*, já que a cidade era tão pequena que mal se via gente nas ruas, o que meu pai falou que era por causa do frio que afugentava as pessoas. Logo paramos em frente a uma casa creme com portas em branco, Claire foi a primeira a sair correndo, ela veio correndo em minha direção e abraçou minhas pernas, fiquei parada ali, estática, sem saber exato o que fazer, mas logo ela me soltou e foi abraçar Charlie.

- Relaxa, Bella, ela abraça todo mundo! Outro dia a peguei abraçando uma pedra! – Ele falou e riu. – É a idade, ter cinco anos é terrível! – Ele falou ainda rindo.

- Hey vocês, venham para dentro, tá muito frio aqui. – Uma mulher de cabelos loiros e com olhar amoroso bem na porta da casa estava nos chamando. Aquela deveria ser Sue, a mulher de meu pai. Claire que nessa hora corria nossa volta correu e abraçou a mãe, que deu um lindo sorriso, meu pai se aproximou delas e deu um beijo na testa da mulher, agora sim, me senti uma intrusa com a foto da família perfeita na minha frente.

Charlie me ajudou com as malas e me apresentou o meu novo lar. Logo na entrada Sue me ofereceu um chocolate quente que estava delicioso. Pausa para esclarecimentos. Quem conhece a rotina de um atleta levanta a mão, ninguém? Bem, vou explicar. Em épocas de treinamento intenso o maior luxo próximo a açúcar que eu tive foram as gelatinas Diet de D. Renée Dwyer, também conhecida como a minha mãe. Claro que eu amo chocolate, mas ela praticamente contava os meus gramas e para não ter aborrecimentos eu acabava por seguir a risca suas recomendações. Voltando ao presente.

- Venha Bella, vou mostrar o seu quarto. – Charlie chamou. Ele me guiou por um pequeno corredor e parou na frente da última porta. – Bem, - Ele falou aparentemente, bem embaraçado. – Este é o seu quarto, o meu e o da Claire fica do outro lado do corredor. Espero que goste, foi Sue que decorou.

- Ah, claro, irei agradecê-la mais tarde.

- Bem, pode abrir a porta se quiser.

- Ah, é claro. – Eu tenho a impressão que eu era tão acanhada quanto ele. Notei a apreensão no seu rosto logo que peguei na maçaneta da porta

O quarto era maravilhoso. Eu tinha o meu próprio banheiro, havia uma mesinha com espaço para o meu computador, uma estante logo em cima, onde eu colocaria meus cd´s e no canto um pequeno som. Andei por todo o quarto maravilhada com a decoração simples mas rica em detalhes, como se quem houvesse decorado realmente me conhecesse por anos. Ao passar pela janela notei algo que realmente me chamou a atenção. O lago. Era lindíssimo e estava congelado. Charlie, que até o momento não havia percebido que estava atrás de mim falou.

- Algumas crianças patinam no lago, mas não quero que você vá sozinha, é muito perigoso, e apesar de ainda estar muito frio, ele já está descongelando.

Eu somente balancei a cabeça em entendimento.

Depois de alguns dias eu fui me acostumando a rotina da casa, Claire era adorável, adorava brincar de bonecas e agora tinha adquirido uma nova mania de sempre brincar de bonecas no meu quarto, o que acabava com um monte de bonecas espalhadas por todos os cantos, e eu sempre me machucando quando distraidamente pisava em alguma delas.

Na manhã do meu primeiro dia na nova escola, eu sentia tanto frio no estomago que o não consegui nem comer, eu ficava assim quando estava muito ansiosa, não comia, não bebia e não falava.

- Bella, a escola está há três quadras daqui, é fácil chegar. – Meu pai falou. – Mas você quer que eu te leve?

Só consegui balançar a cabeça em sinal de negação. Sue que ia entrando na sala naquele momento o interrompeu.

- Charlie, deixe a menina respirar, ela se sairá bem. – Ela falou com um amoroso sorriso no rosto. Já estava na hora de eu ir, e eu não iria protelar mais o meu sofrimento.

Quando estava na porta, Claire veio correndo e me estendeu a sua boneca.

- O que foi, Claire? Não posso brincar agora. – Eu lhe falei

- Pá você não ficá sozinha. – Ela falou, com essa eu ri. Peguei a Barbie de sua mãozinha e agradeci a ela, saí de casa ainda olhando aquela boneca. Logo a coloquei na minha mochila e esqueci ela ali.

A escola não era nem de perto como a minha em Santa Monica, era menor tanto em proporções quanto em quantidade de alunos, mas também o que eu esperava? Eu estava vindo para uma cidade que tinha um pouco mais de três mil habitantes. Olhei para o prédio a minha frente e não sabia direito o que fazer, logo localizei a secretária e me encaminhei para lá, como meu pai havia me orientado. Ele havia feito minha matricula na semana anterior, e agora eu deveria me apresentar formalmente ao diretor.

Entrei na sala e uma senhora de cabelos tingidos em um vermelho desbotado, quase beirando o laranja se aproximou de mim.

- Bom dia, você deve ser a menina Swan. – Ela falou por cima de seus pequenos óculos, que faziam sua cabeça parecer maior, ela trajava um terninho lilás que imagino que há uns vinte ou trinta anos atrás deve ter sido um grande sucesso de vendas em alguma loja de departamentos, mas que hoje só parecia há muito ultrapassado. – Sou a Srta. Dallas, o diretor McQueen irá atendê-la assim que possível, por que não se senta e aguarda?

Ela apontou para um sofá que estava no canto da sala, dei um sorriso para ela e logo fui me sentar, mas nem bem fiz isso um rapaz entrou me chamando a atenção.

- Então Sr. Cullen, não se cansa de freqüentar essa sala? – A Srta. Dallas olhava o jovem rapaz de uma forma repreendedora, mas notava-se um ar de divertimento em sua voz.

- Ah, Susan, você sabe que eu gosto de viver no limite e dessa vez não foi diferente. – O garoto falou apertando a bochecha da senhora a sua frente.

- Esta bem, Ed, mas você abusa muito da sua sorte, uma hora o Sr. McQueen não será tão condescendente com você. Vá sente-se ele logo irá atender você.

Na hora em que ele se virou, senti como se o mundo houvesse parado de girar, seus olhos verdes encaravam os meus de uma forma que não tenho como descrever, sua pele clara contrastava com a dos seus olhos safira, e seus cabelos estavam em um total caos que pude perceber que era proposital o deixando com um tom de cobre que eu nunca havia visto antes. Era o garoto mais lindo que eu havia visto na minha vida, e olha que eu já fui varias vezes a Los Angeles, poderia até atestá-lo como o cara mais lindo da face da Terra se fosse possível. Ele deve ter notado onde estavam os meus pensamentos, pois logo ele me deu um sorriso torto, que me fez perder o ar. Ele sentou ao meu lado, e eu continuei olhando para frente, mesmo sentindo que ele me olhava.

*Istria – Localizada na Croácia é a menor cidade do mundo, com apenas 23 habitantes.


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Notas finais do capítulo

Que mania que eu tenho de fazer esses dois se conhecerem na sala mais temida do mundo...

To repostando mas eu quero comments!!!

Mega bjos!!!