As Máscaras de Sakura escrita por Siryen Blue


Capítulo 5
Primeira Fase: Eu Não Sou Aquela Garota


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do capítulo!

Vamos lá!



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Meu nome. Ele havia dito meu nome pela primeira vez. E amaldiçoei o quanto gostei de ouvi-lo em seus lábios.

Demônio!

Sabaku no Gaara em Konoha.

Sabaku no Gaara em Konoha School.

O cara tinha dezesseis anos, claro que ainda estudava. Mas pensei que ele fosse ter aulas em casa. Não era assim que os famosos faziam, inclusive ele? Era de conhecimento mundial que desde os doze anos, quando debutou em "O Som do Coração", Gaara havia saído da escola e contratado professores particulares.

No entanto, aqui estava ele. Na minha frente. Com o uniforme da escola.

"Chorando de novo?" Gaara cortou meus pensamentos. "Você é sempre assim?" Perguntou, em tom de deboche.

Quis socá-lo. 

Com um muito esforço, devido aos machucados, fiquei de pé. Arrependi-me no segundo em que ele se levantou também. Sua altura comparada com a minha era intimidante.

"O que você está fazendo aqui?" Mudei de assunto.

"Bom... Eu estou nesta escola, vestido com o uniforme dela. Não precisa ser um gênio para adivinhar que eu estudo aqui, agora." O tom de deboche não abandonava sua voz.

"Você é sempre tão prepotente assim?" Joguei as palavras nele. Ele arqueou uma sobrancelha. "Eu quis dizer nessa parte da escola. É proibida, sabia?"

"Para você sim, para mim não." Deu-me um sorriso de lado, sarcástico.

Tive que respirar fundo. Eu não conseguia entender como Gaara conseguia me tirar do sério tão facilmente. Parecia ser um talento.

Em um segundo, seu olhar zombeteiro se desfez. Ele ficou sério.

"Você está sangrando." Observou, apontando para minhas mãos.

Olhei-as. Havia sangue escorrendo e manchando a grama verde. Sentia uma dormência, beirando a dor. Ou uma dor, beirando a dormência.

Eu não conseguira quebrar a porta, mas certamente fiz um estrago em mim mesma.

Merda!

Podia me arrebentar toda, mas precisava de minhas mãos intactas. Era com elas que eu fazia o trabalho doméstico, a comida, com elas que eu escrevia e, principalmente, com elas que eu tocava.

E agora?

"Vem. Entra." Gaara disse, passando pela porta, deixando-a aberta.

Quando olhei o interior da sala, meu queixo caiu.

O terreno por fora parecia abandonado e descuidado. Mas o interior da sala — que eu pensava ser o depósito — era muito diferente.

"Não vai entrar?" Gaara perguntou.

Mecanicamente, quase que hipnotizada, passei pela porta, e pude ter uma visão mais ampla da sala...

...Que na verdade era um estúdio! Muito parecido com o que Gaara tinha em seu apartamento, com instrumentos, amplificadores, microfones e mesa de som organizados em um dos cantos da sala.

Também havia um sofá preto, que devia ser maior que a minha cama.

Um novo detalhe me chamou a atenção: o, relativamente grande, espaço — que supus ser para dança — em frente a espelhos.

Uau.

"Incrível, não?" Gaara disse, enquanto abria uma porta que eu ainda não havia notado. "Aqui é o banheiro. Vem. Vamos lavar suas mãos."

"Como isso é possível?" Ignorei seu chamado.

Gaara veio até mim. "Se é para ficar no inferno que vocês chamam de escola, pelo menos preciso de um refúgio."

"Achei que demônios estavam acostumados ao inferno."

Gaara sorriu. "Você não me conhece, garota." Suavemente pegou em meu braço e me conduziu ao banheiro. "Esse lugar não é tão tranquilo quanto o diretor garantiu que seria."

"O diretor sabe sobre isso?" Perguntei enquanto sentava no vaso sanitário tampado.

"Claro. Ou você acha que todas essas coisas apareceram num passe de mágica, sem ele saber?"

Bufei. Com certeza dinheiro é sinônimo de poder.

"Então... Você não vai frequentar as aulas?" Perguntei.

"Acho que eu prefiro ficar aqui." Respondeu, enquanto molhava uma toalha pequena.

"Eventualmente as pessoas irão saber sobre você... Talvez até sobre no que você transformou esse lugar. Quem sabe eu mesma não conte a todos."

Gaara me olhou com prepotência. "Você não vai contar nada a ninguém."

"E como você tem tanta certeza?" Retruquei, provocando-o. Não, eu não falaria sobre isso a ninguém, mas queria irritá-lo.

"Porque se você abrir a boca, eu vou ter uma conversa com o meu amigo diretor e convencê-lo a te expulsar." Falou, firmemente.

Levantei-me, irritada com a ameaça.

"Talvez você devesse, simplesmente, não ter aberto aquela maldita porta."

Gaara não se abalou com a minha raiva e empurrou meu ombro para baixo fazendo-me sentar novamente. Em seguida se abaixou, apoiando-se em um joelho. "O seu choro era tão triste que eu não pude ignorar."

O ruivo pegou minha mão, gentilmente limpando o sangue dali com uma toalha molhada.

E, pela primeira vez, eu soube o que era ficar sem palavras.

*
*
*

"A esquerda não está tão ruim, mas a direita..." Gaara observou, enquanto analisava minhas mãos. Ele retirou sua gravata e a amarrou em uma espécie de curativo improvisado na minha mão direita. "Você vai ao hospital hoje, certo?"

"Sim. Mais tarde."

"Devia ir após o colégio."

Não. Não podia. Mamãe já havia ficado furiosa por eu não ter feito o almoço ontem. Não tinha ideia de como iria cozinhar com minhas mãos em tal estado, mas precisava tentar. E tinha também as tarefas de casa, da escola...

"Mais tarde." Repeti.

"Bom, você que sabe." Respondeu, levantando-se e saindo do banheiro.

"Ei..." Chamei, seguindo-o. "Aquela loira que estava no seu apartamento... Tsunade-san, certo?" Ele confirmou com a cabeça. "Ela sabe que você está matando aula?"

Gaara deu um meio sorriso. "Claro que não."

"Então como você montou esse lugar incrível em tão pouco tempo?"

"Eu vim aqui ontem, bem cedo. Falei com o diretor. Uma grana a mais sempre apressa as coisas, mas devo confessar que também fiquei impressionado com o que, seja lá quem for o responsável por isso, criou em apenas um dia." Gaara olhou em volta e seu mínimo sorriso apareceu novamente. "Está do jeito que eu queria. Até isolamento acústico tem."

Surpreendi-me.

Um lugar como esse era um sonho que eu sabia nunca poder ser meu.

"Logo depois de falar com o diretor eu estava indo para o meu apartamento, quando você me atropelou." Gaara disse, em tom divertido.

"Ha! A atropelada fui eu! Olha o meu estado! Você quem me atropelou." Retruquei, segurando um sorriso.

"Há controvérsias." Ele rebateu.

Havia um ar estranhamente descontraído nos envolvendo, e era uma sensação boa. Mas estava na hora de ir embora. Neji logo sairia da aula, e eu não podia perder a carona. 

"Bom... Eu tenho que ir. Boa sorte com o seu... Esconderijo."

"Certo. E você também. Boa sorte com... Seja lá o que lhe faz chorar."

Meu olhar se prendeu no dele.

"Obrigada." Agradeci, sincera. Gaara acenou com a cabeça. "Por tudo." Completei.

Por tudo mesmo, pensei.

Por se preocupar comigo — mesmo que do jeito dele — depois do acidente. Pela bicicleta. Por não ignorar meu choro e abrir a porta. Por lavar o sangue das minhas mãos. Por fazer da sua gravata uma bandagem improvisada. Por não perguntar o que me fazia chorar. E, principalmente, por que quando ele estava por perto a dor e a tristeza diminuíam. Eu podia até sorrir.

Então, enquanto mancava pelo caminho para fora daquele terreno, eu pensei que talvez — e só talvez — Sabaku no Gaara não fosse o Demônio que o mundo inteiro dizia ser.

*
*
*

Como o combinado, Neji me deixou em casa.

Eram 13:15 e mamãe saía do trabalho às 14 horas. Contando com o tempo que ela levaria para chegar em casa eu tinha, aproximadamente, uma hora para preparar o almoço e limpar o que conseguisse.

Com minhas mãos quase inutilizáveis não me restava muita opção a não ser fazer rámen. Colocando um pouco de carne picada ficaria bom.

Pus o macarrão no fogo e fui cortar a carne. Uma tarefa que antes era tão simples se tornou dificílima. Cada vez que eu forçava o corte recebia ondas de choques dolorosas.

Enfim temperei tudo e deixei cozinhar.

Varrer e passar o pano na casa, não foi tão difícil quanto eu imaginei. Em parte porque eu já estava me acostumando à dor. Talvez, com algum esforço a mais, eu até conseguisse subir as escadas para o meu quarto.

Limpar os móveis machucou mais minhas costas — já que eu precisava me abaixar bastante — do que minhas mãos.

Quando mamãe chegou, o almoço estava pronto e eu estava limpando o banheiro.

"Rámen? Você não podia fazer algo melhor não? E porque não está arrumando a casa direito? Tem poeira em toda parte!"

E essas foram as primeiras de muitas reclamações que se seguiram.

*
*
*

Já era noite quando, depois de fazer o dever de casa — era mais difícil escrever do que resolver o exercício de física —, resolvi ir ao hospital, que graças a Deus ficava bem perto de casa.

Eu só precisava caminhar até o final da rua. Ou me arrastar.

Estava a ponto de desmaiar de tanta dor. Os analgésicos que Kabuto me dera não estavam mais ajudando.

"Kabuto! Eu não estou mais aguentando." Choraminguei, jogando-me em cima dele. "Preciso de um remédio bem forte."

"Mas que merda, Sakura!" Xingou, enquanto me conduzia a uma sala de exames. "Como você conseguiu ficar pior do que já estava?"

Não respondi. Eu só queria gritar de dor.

*
*
*

O novo remédio que Kabuto passou, finalmente, estava fazendo efeito. A dor estava cedendo e eu me sentia anestesiada.

"Você ainda não me disse o que houve com sua mão." Ele comentou enquanto a enfaixava.

"E nem vou dizer." Respondi.

Ele me olhou feio. "Nem precisa. Não é como se eu não te conhecesse."

Bufei.

"E isso aqui?" Falou, enquanto segurava a gravata ensanguentada de Gaara. "Devo jogar fora?"

Por que não? Por que não jogar a gravata no lixo? Afinal, o dono dela é podre de rico e muito provavelmente não iria a querer de volta, toda manchada com o meu sangue. Seria até vergonhoso tentar devolvê-la.

Mesmo assim, sem nenhum motivo lógico, eu peguei a gravata das mãos de Kabuto, e a guardei em minha bolsa.

O médico, então, foi analisar meus exames de radiografia.

"Você tem muita sorte, menina. Não quebrou nada. Nenhum machucado preocupante no tronco, nem na cabeça... Sua mão vai ficar boa, também. Sem sequelas." Falou, em tom animado. "Alguém lá em cima gosta muito de você."

Sorri. Pensei em papai. Eu gostava de imaginar que ele cuidava de mim lá de cima. Dava-me forças.

Kabuto via meu pai como um irmão mais velho. Eram grandes amigos. Sorte a minha, porque quando papai morreu, foi o médico quem cuidou de mim. Não posso nem dizer o quanto ele me ajudou.

Eu tinha doze anos e mamãe só via a própria dor.

Então, para mim, Kabuto — de algum modo torto e estranho — era mais como família do que minha própria mãe.

*
*
*

A caminhada de volta para casa não estava sendo, nem de longe, tão difícil quanto a da ida para o hospital. Sentia-me bem, dentro das condições possíveis.

Tanto, que resolvi desviar o caminho. Comer alguma coisa na praça não me parecia uma má ideia.

Já passava das 22 horas, mas minha mãe não se importava que eu voltasse tarde para casa. E também, a essa hora, com certeza, ela já estava dormindo.

"Boa noite, Sakura-chan." A simpática dona da barraquinha de sorvete cumprimentou-me.

"Boa noite, Maki-san." Sorri para ela. "Uma bola de baunilha, por favor."

A senhora de meia idade logo colocou o meu pedido em um copo. Ela sabia que eu não gostava de casquinha. "Aqui está."

"Obrigada." Agradeci, pagando-lhe pelo sorvete.

"Ah! Sakura-chan?" Chamou-me, assim que eu ia saindo. "Seus amigos também estão aqui na pracinha."

Estranhei...

Poxa... Poderiam ter avisado que iram se reunir. Não recebi nem sequer uma mensagem no celular.

Mas pensando bem... Eu estava machucada. Devem ter achado que era melhor eu ficar descansando.

Hesitei em procurá-los. Ino e Sasuke-kun, lembrei.

A raiva que tinha deixado na porta do "esconderijo" de Gaara ameaçou voltar.

Depois de explodir na escola, eu havia melhorado — meu emocional, digo, não meu físico. Em parte, porque Sabaku no Gaara era um enigma tão grande que roubava a minha atenção, em outra, porque tive que lidar com a minha dor física, fazendo os trabalhos de casa e da escola. Em seguida, veio o hospital e os exames.

O fato é que eu estava com a cabeça e o corpo sobrecarregados demais para focar meus pensamentos naquele incidente de hoje cedo. No entanto, agora não podia evitá-los.

Tayuya.

O tapa.

Os olhares.

Sasuke-kun e Ino.

Meu corpo tremia. O sorvete derretia no copo.

Talvez — e só talvez — as coisas não fossem assim... Tão preto no branco.

"Acalme-se." Disse a mim mesma.

Não! Sasuke-kun nunca se descontrolou daquele jeito. Mas por Ino...

"Acalme-se." Repeti.

De repente, eu tive uma ideia.

Procurei o grupo. Encontrei-os sentados em uma parte do grande banco de mármore que semi-circulava a praça.

Eu iria observá-los de longe, procurar por algo que resolvesse o conflito em minha cabeça. Algo que me deixasse saber se era tudo fruto de minha imaginação, ou se era real.

Joguei o sorvete, intacto, no lixo. Precisava de concentração.

Sentei-me em um pequeno banco, atrás de uma árvore próxima ao grupo.

Observei-os.

Estavam todos conversando calmamente. Vez ou outra rindo.

Ino e Sasuke-kun ignoravam-se. Normal.

Depois de um tempo, eu estava um pouco mais aliviada. Nada estranho.

Neji e Hinata — que eram primos — se despediram e foram embora. Logo depois foi a vez de Tenten ir para casa. Sasuke-kun, Ino e Naruto continuaram conversando por um bom tempo.

Kushina-san, mãe de Naruto, apareceu. Brigou com ele e o levou, puxando sua orelha. Ele gritava, escandaloso como sempre. Sasuke-kun e Ino riram bastante de Naruto. Mesmo quando ele saiu, continuaram rindo por alguns segundos.

Eu podia ouvir minha própria respiração, pesada.

Ino e Sasuke-kun sozinhos. Se havia alguma coisa, era agora que eu descobriria.

Meu coração batia doído. Eu estava com medo.

Por um curto momento eles se olharam e lentamente pararam de rir. Ino se levantou. Disse algumas palavras, que eu supus serem de despedida. Mas quando ela lhe deu as costas, Sasuke-kun se levantou e pegou sua mão, virando-a para si.

Inevitavelmente, comecei a lacrimejar.

Ino olhou para suas mãos unidas. Lentamente, seu olhar encontrou o dele.

Coloquei a mão em meu peito. Doía.

Eles se olharam por um tempo considerável. Como se falassem por seus olhos. Ino finalmente cortou o silêncio, com palavras que eu não pude ouvir. Também não pude ouvir o que Sasuke-kun lhe disse em seguida, mas foi algo que fez Ino lagrimar.

Ele se aproximou.

Ela se afastou, tirando sua mão da dele.

Ino, então, correu.

Vi o olhar perdido de Sasuke-kun enquanto a acompanhava partir. O Uchiha sentou no banco e levou as mãos à cabeça.

Ele estava triste.

Eu estava quebrada.

*
*
*

No caminho para casa eu esbarrei em alguém. Não podia ver nada a não ser minhas lágrimas.

Meu coração parecia estar rasgado. A dor era sufocante.

Outra pessoa. Esbarrei em outra pessoa.

Eu tentava controlar meu choro, mas não conseguia. Meus soluços me roubavam o ar e cortavam o silêncio da noite.

Mais um esbarrão. Dessa vez eu caí.

"Você está bem?" Perguntou uma voz feminina.

Afastei a mão que tentou me ajudar. Levantei-me sozinha.

Casa. Eu precisava chegar em casa.

Foco. Eu tinha que ter foco.

Puxei meus cabelos, ignorando a dor em minhas mãos. As pessoas me achariam louca se eu gritasse?

Parei de andar. Respirei fundo e limpei o que pude de minhas lágrimas.

Casa. Eu precisava chegar em casa.

*
*
*

Quando cheguei ao meu antigo quarto — onde ficavam os instrumentos de vovô —, desabei no chão.

E enquanto as lágrimas caiam eu só conseguia repassar em minha mente a cena que havia presenciado:

As mãos. Os olhares. As palavras que não escutei.

Ino.

Naquele momento eu desejei ser Ino — mas eu não era.

A dor só aumentava. Eu precisava de libertação.

Sentei-me ao piano, com lápis e folhas em branco. Deixei meu coração falar.


*
*
*

Em menos de vinte minutos escrevi o que meu coração sentia.

A melodia, depois, veio rápida, encaixando-se com facilidade nas letras.

'I'm not that girl'. [Eu não sou aquela garota]

Desde a primeira frase, eu já sabia que esse seria o nome da música.

Toquei a primeira nota.

 

Hands touch, eyes meet 

Sudden silence, sudden heat 

Hearts leap in a giddy whirl 

He could be that boy

But I'm not that girl

[Mãos se tocam, olhos se encontram

Súbito silêncio, súbito calor

Corações saltam em um turbilhão vertiginoso

Ele podia ser aquele garoto

Mas eu não sou aquela garota]

 

Comecei minha canção com a imagem, viva em minha mente, de Sasuke-kun e Ino em um momento que eu não deveria ter presenciado.

 

Don't dream too far 

Don't lose sight of who you are 

Don't remember that rush of joy 

He could be that boy 

I'm not that girl  

[Não sonhe tão longe

Não perca de vista quem você é

Não lembre daquele ímpeto de alegria

Ele podia ser aquele garoto

Eu não sou aquela garota]

 

E então, eu penso em mim. Na alegria que sentia quando Sasuke-kun me dava a mínima atenção, nos sonhos que tive com ele, no quanto meu amor por ele me cegou — tanto que cheguei a deixar de me enxergar. Chegava a ser engraçado... Uma garota como eu achando que poderia ter um cara com ele.

 

Every so often we long to steal 

To the land of what-might-have-been 

But that doesn't soften the ache we feel 

When reality sets back in  

[Tão frequentemente nós tivemos vontade de nos movermos em segredo*

Para a terra do-que-poderia-ter-sido

Mas isso não suaviza a dor que sentimos

Quando a realidade nos trás de volta*]

 

Como teria sido, se Sasuke-kun me amasse? Em meus sonhos nós seríamos uma família, ficaríamos juntos para sempre. Mas a dolorosa realidade me atingiu.

 

Blithe smile, lithe limb 

She who's winsome, she wins him 

Gold hair with a gentle curl 

That's the girl he chose 

And Heaven knows 

I'm not that girl

[Sorriso alegre, forma ágil

Ela que é cativante, ela o ganha

Cabelos de ouro com uma ondulação suave

Essa é a garota que ele escolheu

E os Céus sabem

Eu não sou aquela garota]

 

Ino. Não havia nem como tentar competir. Ela é tudo que eu nunca vou ser. Sasuke-kun e ela ficavam tão bem juntos que machucava minha alma. 

As lágrimas desciam livres por meu rosto e embargavam minha voz.

 

Don't wish, don't start 

Wishing only wounds the heart 

I wasn't born for the rose and the pearl

[Não deseje, não comece

Desejar apenas fere o coração

Eu não nasci para ser tratada com privilégios*]

 

Eu não deveria nem ter olhado para Sasuke-kun. Não deveria ter sonhado, nem desejado. Eu deveria ter me enxergado, deveria saber. A vida nunca foi fácil para mim. Em nada. Então por que achei que merecia amor?

 

There's a girl I know 

He loves her so 

I'm not that girl

[Tem uma garota que eu conheço

Ele a ama tanto

Eu não sou aquela garota]

 

Eu não sou a escolhida. Eu não sou Ino.


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Notas finais do capítulo

IMPORTANTE: A música ''I'm Not That Girl'' não me pertence. Ela é cantada originalmente pela diva Idina Menzel no excelente e surtante musical Wicked, da Broadway. Mas, nessa fanfic, vamos fazer de conta que é da Sakura, ok?

As traduções com o asterisco (*) não são literais. São expressões americanas, e eu tomei a liberdade de traduzi-las, livremente, para vocês saberem seu significado real.


*

[Link]

https://www.youtube.com/watch?v=Ly_9rmOE-L8