As Máscaras de Sakura escrita por Siryen Blue


Capítulo 20
Primeira Fase: Lümina


Notas iniciais do capítulo

Oiii! Eu sei! Vcs estão super assustados com o tamanho do capítulo! Juro que não era pra ficar assim! Mas como eu prefiro que vcs sintam preguiça de ler ao invés de vontade de me matar (caso eu adiasse mais uma vez a apresentação da Sakura), aqui estamos nós com esse GIGANTE em forma de capítulo!

Sejam pacientes e me perdoem por um cap tão grande assim! :/

Enjoy!



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Eu estava em frente à casa — mansão — mais luxuosa que já tinha visto na vida.

Ela tinha um aspecto rústico, toda feita de pedras — ao menos era isso que o material aparentava ser.

O jardim era enorme e muito bem cuidado, com flores em lugares estratégicos para deixar o lugar ainda mais bonito.

E eu estava ali, sozinha, sentindo-me deslocada.

O motorista tinha, simplesmente, me largado ali, dizendo que estavam à minha espera.

Eu não tive muita opção a não ser pegar minha mala e tocar a campainha.

Não demorou muito para uma senhora idosa, de traços asiáticos, abrir a porta.

"Que é?" Falou, rudemente, em japonês.

Pisquei surpresa. "É que me deixaram aqui... Eu sou a Sakura e—"

"Entra logo." Escancarou a porta, entrando e me dando as costas.

Nossa... Que pessoa educada!

Adentrei a sala e não pude deixar de me deslumbrar com o interior da mansão.

Era, definitivamente, belíssima!

A decoração tinha tons sóbrios, de móveis brancos e pretos.

Bem espaçosa e clean. Mas cada um dos poucos objetos decorativos do lugar devia ser o suficiente para pagar minhas despesas por um ano inteiro.

"Fecha a boca para não babar, menina!" A senhora praticamente rosnou para mim.

"Pega leve com ela, Chiyo!" Uma voz feminina disse.

Quando me virei, vi Tsunade, a assessora de Gaara caminhando até mim.

Uau! Seus peitos eram ainda maiores do que eu lembrava!

Ninguém podia negar a linda loira que ela era, com seus aparentes trinta anos.

"Bem-vinda à minha casa, Sakura." A assessora disse.

"Obrigada." Agradeci, educadamente.

Eu estava um pouco surpresa. Não imaginava que viria para casa dela.

Os olhos castanhos de Tsunade me avaliaram.

"Bom... Pode deixar sua mala aqui mesmo. Agora, por favor, acompanhe-me." Pediu.

Sem protestar, segui-a pelas escadas.

A senhora idosa continuava a me encarar como se eu fosse a pior pessoa do mundo.

Coitada. Já devia ser gagá.

Tsunade guiou-me pelo corredor. Abriu uma porta dupla de madeira e convidou-me a entrar.

O lugar era uma espécie de segunda sala, só que menor.

O que me surpreendeu, no entanto, foi ver aquelas pessoas me encarando.

Eram quatro. Entre eles, Gaara e a tradutora do Soul Talent, Temari.

O que ela estava fazendo aqui?

"Oi, Sakura." Gaara cumprimentou-me.

Involuntariamente, eu sorri para ele. Era realmente bom vê-lo.

Uma garota de traços asiáticos praticamente correu em minha direção, roubando minha atenção.

"Oi!" Ela disse. Só pude ver seus cabelos vermelhos antes de ela me sufocar em um abraço. Tinha certeza que meus olhos estavam arregalados. Quando ela se afastou, segurou-me pelos ombros e sorriu. "Eu sou Karin Uzumaki! Muito prazer!"

O susto deu lugar à surpresa. "Uzumaki?" Perguntei.

"Sim! Por quê?" Ela deu um passo para trás, soltando-me.

"Eu tenho um amigo com esse sobrenome." Falei. "Naruto. Conhece?"

"Não. Deve ser coincidência! Existem famílias Uzumaki espalhadas por todo o Japão." Disse.

"Verdade." Assenti, concordando.

Observando Karin, percebi que ela era muito bonita.

Seus cabelos eram repicados de um único lado, dando-lhe um ar descolado, que contrastava com seus olhos — quase tão vermelhos quanto seus fios — emoldurados por óculos e conferindo-lhe um charme encantador.

Seu corpo tinha lindas curvas e ela usava uma blusa que deixava sua barriga lisa exposta.

Eu estava realmente impressionada com sua beleza exótica.

"Pode falar..." Karin jogou o cabelo para trás. "Eu sou uma tremenda gata, não é?"

Ha! Convencida!

Mas contra fatos não há argumentos.

"É..." Dei de ombros.

"Eu sei!" Piscou um olho para mim.

Levantei as sobrancelhas, divertindo-me com seu jeito.

"Você não pode dar moral para a Karin." Temari, a loira de quatro coques falou. "Senão ela fica insuportável."

Karin olhou arrogantemente para a loira. "Melhor que você, que é insuportável o tempo inteiro."

Gaara riu, balançando a cabeça. "Não comecem, meninas! Vocês vão acabar assustando a minha amiga."

"Verdade. Ao menos tentem passar uma boa impressão." Uma morena de cabelos curtos falou. Nunca a tinha visto antes. Ela me encarou, sorrindo gentil. "Meu nome é Shizune. Prazer."

Curvei-me, cumprimentando-a.

Ela tinha cabelos e olhos negros. Devia ter a mesma idade que Tsunade. E era muito, muito bonita.

"Bom... Apresentações feitas. É hora de começar o trabalho." Temari falou.

"Sim." Tsunade virou-se para mim. "Você sabe que para participar do concurso precisa da autorização de sua mãe, não é?"

Arregalei meus olhos.

Eu nem tinha pensado nisso!

Como pude esquecer de um detalhe tão importante?

Ferrou! Não vou mais poder participar!

"Fique tranquila. Eu sou profissional. Meu trabalho é cuidar de toda a parte burocrática." Tsunade disse. "Assim que Gaara me contou que queria te indicar, eu fui falar com a sua mãe e pedir para ela assinar o termo de consentimento."

Pisquei, surpresa. "E o que ela disse?"

"Assinou tudo que tinha que assinar sem protestar sequer uma vez." Respondeu.

Aquilo não tinha me surpreendido tanto. Minha mãe havia deixado claro sua vontade de que eu participasse do concurso.

"Enfim... Agora só precisamos mesmo trabalhar na sua imagem, de forma que ninguém te reconheça por trás da Lümina." Shizune falou.

"Vocês trabalham para o Gaara também?" Perguntei a ela.

Ouvi a gargalhada de Temari. "Deus me livre!" Ela disse. "Já é difícil o suficiente ser apenas irmã dele."

Não pude evitar a surpresa que fez meu queixo cair.

Irmã?!

Oh! Oh!

Claro!

Gaara tinha me falado que tinha dois irmãos mais velhos: Kankuro, de 18 anos e Temari, de 19.

Agora eu lembrava!

Era por isso que a loira me era familiar.

Gaara havia me mostrado uma foto de sua família há algum tempo, mas eu não havia lembrado de Temari até aquele momento.

"I-irmã..." Sussurrei, tentando assimilar o fato.

"Irmã chata e mandona." Karin resmungou. "Não sei como o Gaara atura!"

"Não sei é como eu te aturo!" Temari respondeu.

Shizune riu. "Acredite ou não... Elas são melhores amigas."

Ri, desacreditada. "Sério?"

Temari cruzou os braços. "Não consegui achar nada melhor."

"Não vou tomar isso como ofensa, chatinha." Karin empinou o nariz. "Eu sou a melhor, de longe."

Balancei a cabeça, divertindo-me. Karin era impossível!

Olhei para Gaara. "Por favor me lembre de nunca mais te chamar de convencido."

Karin me olhou indignada, enquanto todos os outros gargalhavam.

"Essa é das minhas!" Temari disse, rindo. "Gostei de você, Sakura!"

Sorri. Sim, eu também tinha gostado dela e das outras.

"Chega de papo! Nós temos trabalho a fazer e pouco tempo disponível!" Tsunade falou.

"Primeiro passo é a gente se livrar desse aparelho no dente dela!" Shizune falou.

Meu aparelho?

"Mas meu tratamento não está completo." Falei.

Karinavançou em mim. "Deixa eu ver!"

Ela apertou meu maxilar forçando-me a abrir a boca. "Para!" Tentei falar.

Esforcei-me para empurrá-la, mas a garota era insistente e observou atentamente meus dentes, ignorando-me.

"Já está ótimo! Todo certinho!" Afirmou, finalmente soltando-me.

"Você é louca, garota?"

"Só estava checando." A ruiva deu de ombros. "Você tem dentes bonitos."

Bufei, indignada.

"Não liga pra Karin, Sakura." Gaara disse. "Ela é meio sem noção às vezes."

"Meio? Às vezes?" Temari riu, em tom de zombaria.

Karin virou-se para a loira de coques, pronta para responder, mas Gaara a interrompeu.

"Será que vocês podem parar de implicar uma com a outra?" Disse. "Parecem crianças."

"Falou o adulto." A ruiva zombou.

"Chega!" Shizune bufou. "Eu vou chamar um ortondontista aqui, para resolver o que fazer em relação ao aparelho."

"Faça isso." Temari incentivou. "Aproveite e chame a cabeleireira."

A morena assentiu, caminhando até Tsunade. Deu-lhe um leve beijo nos lábios da mulher e saiu da sala em seguida.

Fiquei chocada!

Um beijo!

Elas se beijaram ali, na frente de todo mundo!

Eu nem ao menos sabia que elas eram um casal!

Meus olhos provavelmente estavam prestes a saltar para fora.

Temari e Karin começaram a rir.

"Você realmente devia ver a sua cara!" A ruiva disse.

Tsunade sorriu fraco, mas me olhou seriamente. "Shizune é a stylist que será responsável por te ajudar no figurino e na construção da imagem da Lümina. Mas também é minha esposa. Você tem algum problema com nossa opção sexual?"

Pisquei, ainda sem saber exatamente como reagir.

"N-não é isso..." Falei. "Eu só não estou acostumada a ver pessoas se beijando."

Tsunade sorriu, relaxando a expressão e me olhando compreensiva. "Entendo. Às vezes eu esqueço os costumes do Japão."

Apenas assenti, sem palavras. Poucas vezes havia visto um beijo ao vivo. Eu não tinha absolutamente nenhum problema com a opção sexual delas. Mas o beijo me pegou desprevenida. Foi a primeira vez que vi duas mulheres se beijando.

"Mas nem foi um beijo!" Karin riu. "Não passou de um selinho, Sakura!"

"A cultura japonesa é diferente da americana, Karin." Gaara disse.

"Eu sei! Sou japonesa também." Ela rebateu.

"Mas você não cresceu no Japão, não tem contato com a cultura desde os cinco anos. Lá é diferente. As pessoas não têm o costume de beijar ou demonstrar afeto em público. Elas são mais retraídas." Explicou.

"Elas são caretas, você quis dizer." Karin me olhou. "Relaxa, Sakura. Em pouco tempo isso vai se tornar comum para você."

Assenti em concordância. Mas na verdade, eu duvidava muito que me acostumasse com isso.

"Bom..." Tsunade começou. "Enquanto o ortondontista e a cabeleireira não chegam, é melhor você ir descansar um pouco, Sakura. Porque depois não terá folga."

"Sim. Eu gostaria disso." Admiti. Precisava me preparar para o que estava por vir.

Gaara caminhou até a porta. "Vem. Eu vou te mostrar onde você pode descansar."

Ele saiu da sala fazendo sinal para que eu o acompanhasse.

Curvei-me levemente para as garotas e o segui.

Assim que saí, ainda pude ouvir Temari dizer: "Ela parece ser tão legal quanto Gaara me disse."

Sorri.

Fiquei feliz pelo ruivo falar bem de mim.

De repente me lembrei de quando Temari me chamou pelo nome.

Ha!

Eu sabia que não tinha falado meu nome pra ela! Isso devia ser coisa do Gaara.

Mas como ela me reconheceu? Ele mostrou uma foto minha pra ela?

Bom... O ruivo havia mostrado uma da sua família para mim, então... Era provável.

Só não sabia bem o que eu sentia em relação a isso.

Era algo, definitivamente.

Eu só não sabia nomear.

Uma certa... Inquietação e animação por ele ter falado bem de mim para a irmã.

Hunf. Besteira. Não tem nada demais nisso.

O corredor pelo qual eu e Gaara caminhávamos era enorme, mas havíamos chegado ao fim.

"Esse quarto está vazio." Gaara disse, apontando para a porta em sua frente. "Você pode ficar nele. Quando o pessoal chegar alguém vem te chamar, ok?"

"Ok."

"Você está bem?" Perguntou, franzindo o cenho.

"Estou..." Respondi. "Só fui pega de surpresa pelo beijo mesmo."

"Beijo em público é normal na América." Ele falou. "Não é grande coisa, sabe?"

"Eu sei..." Suspirei. "Mas como a Karin disse... Vou me acostumar."

Gaara assentiu, olhando-me por um momento.

E então, ele se inclinou, e deu um rápido e leve beijo em minha bochecha.

Naquele momento eu parei de respirar.

Meu coração começou a bater loucamente.

Fiquei paralisada, em choque.

Gaara voltou a me olhar, com um brilho diferente no olhar. "Minha pequena contribuição para te ajudar a se acostumar, Maluquinha." Piscou um olho, sorrindo de lado.

E então, ele fez o caminho de volta do corredor, sob meu olhar atento.

Levei uma mão até a bochecha que seus lábios beijaram, incapaz de mover qualquer outro membro.

Eu sentia o lugar formigar, esquentar. Mas não de um jeito ruim. Não. Pelo contrário. Era... Bom. Até demais.

E enquanto minha barriga fazia as coisas engraçadas que eu achava que só aconteciam quando Sasuke-kun estava por perto, eu não consegui parar de pensar no fato de que Gaara havia me dado um beijo na bochecha, mesmo que não houvesse público para exibir o gesto.

*

*

*

Temari me arrastou para fora do quarto, quando o ortodontista chegou.

O doutor se chamava Kevin Walt e era um americano de meia idade, moreno e alto.

Ele examinava minha boca com perícia, enquanto eu estava deitada em uma espécie de divã na sala de Tsunade.

"Sua arcada está ótima." O doutor falou. "Seus dentes estão alinhados... É. Já dá para tirar."

Ouvi Shizune comemorando.

Também fiquei animada por poder tirar o aparelho. Era um momento que eu havia esperado por três anos.

"Você terá que usar um aparelho móvel por seis meses, para evitar a que o dente volte a se desalinhar. Tire apenas para comer." O doutor instruiu.

"Não! Ela tem que se apresentar sem aparelho!" Shizune protestou.

"Bom... O ideal é que ela use 24h, mas nós sabemos que não é assim com os famosos. Em frente às câmeras eles nunca estão usando o aparelho móvel. Prejudica um pouco o tratamento, mas é o jeito que o mundo artístico funciona." Doutor Walt disse.

"Ainda bem que você sabe!" Shizune disse. "Agora tire logo esse metal da boca dela!"

Doutor Walt assentiu, rindo e pegando os instrumentos que tinha trazido.

A remoção do aparelho foi tranquila.

Eu sentia uma sensação estranha na boca. Uma certa ausência. Era engraçado.

Não via a hora de me olhar no espelho.

"Como se sente?" Doutor Walt perguntou, sorrindo.

"Ótima! É uma sensação libertadora!" Ri. "Eu quero me ver!"

Gaara, prontamente, entregou-me um espelho um pouco maior que minha mão. "Sorria!" Ele disse.

Olhei-me sem abrir a boca. E então, respirei fundo e sorri.

Oh!

Percebi que todos me encaravam atentos.

Gargalhei.

Era mesmo meu sorriso?

Fiquei abobalhada! Meus dentes estavam tão certinhos! Nem pareciam que um dia foram os tortos e levemente separados de três anos atrás.

Eram bonitos!

Eu nem conseguia acreditar que eram meus!

"Que sorriso lindo!" Doutor Walt elogiou. "Vai arrasar muitos corações. Ainda mais com essas covinhas."

"Já arrasou um." Temari riu. "Olha a cara de bobo do meu maninho!"

Gaara parou de me encarar e lançou na irmã a primeira almofada que encontrou . "Cala a boca, Temari."

Todos riram. Inclusive eu, que não me achava capaz de parar de encarar meu sorriso.

"GALERA, CHEGUEI!" Ouvimos o grito — em inglês — vindo da porta, chamando a atenção de todos. Eu levei um leve susto, parando de sorrir.

Uma mulher de aparência americana, com cabelos azuis, olhos negros, corpo escultural e prováveis vinte e poucos anos, desfilou até mim carregada de maletas. Ela era bem alta.

Chiyo a seguia de perto, carrancuda e carregando mais maletas.

A velha largou as bagagens de qualquer jeito no chão e saiu pisando duro.

"EI!" A mulher desconhecida gritou. "Quero ver se eu fizer isso com suas panelas!"

"Calma, Kyla!" Shizune disse.

"Vocês precisam de uma governanta mais legal." A mulher balançou a cabeça. Seu olhar caiu sobre mim. "Essa é a princesa do Gaara?"

Quase engasguei com sua pergunta.

Princesa?

Os outros presentes na sala gargalharam, menos Gaara, que estava com a cara emburrada.

"Vocês são insuportáveis." O ruivo cruzou os braços. "Não pensa besteira, Sakura. Elas são sem-noção."

Assenti, divertindo-me com sua falta de jeito.

"Bom... Bonita você é!" A tal Kyla disse. "Só falta o tratamento de princesa."

"Se a profissional falou, está falado!" Karin afirmou.

Kyla se aproximou, abaixando-se para ficar no meu nível. Ela pegou uma mecha do meu cabelo e analisou. "Adoro rosadas! Mas seu cabelo está bem maltratado!"

"Acho que podemos colocar peruca nela, para deixá-la irreconhecível." Shizune sugeriu.

"Nem pensar!" Kyla rebateu. "É um pecado esconder cabelos rosa! São tão bonitos! Particularmente, é uma das minhas cores capilares preferidas!"

"Mas você não encontra rosadas em cada esquina! É um cabelo exótico." Shizune afirmou. "Ainda mais de olhos verdes! Eu nunca tinha visto uma rosada de olhos verdes!"

"Mas o cabelo rosa pode se tornar a marca dela na competição!" Kyla continuou defendendo seu ponto. "Os olhos a gente pode esconder. Coloca uma lente negra nela. Vai até criar um certo mistério."

Shizune pareceu ponderar. "Ok." Ela disse, enfim. "Mas põe uma extensão no cabelo dela. Eu quero ele batendo na cintura. E ondula as pontas."

"Minha linda, esse cabelo precisa, antes de mais nada, de uma bela hidratação." Kyla disse. "Eu vou ligar pro pessoal do mega hair. Acho que eles não tem a exata cor do cabelo dela."

Suspirei. Algo me dizia que esse 'tratamento de princesa' iria me cansar.

*

*

*

O dia tinha mesmo sido cansativo.

A casa de Tsunade tinha virado um verdadeiro spa!

Kyla realmente colocou extensão no meu cabelo. Uma de suas assistentes havia chegado, pouco tempo atrás com madeixas da mesma cor de meu cabelo. Segundo Kyla, haviam vários tipos de extensões, mas o meu era mais como aplique mesmo. Prendia no cabelo, mas era de fácil remoção. Eu mesma podia colocar e tirar. O que me deixou feliz, porque eu estava achando que teria que conviver com coisas duras na cabeça. Mas o aplique era bem suportável.

Meu cabelo era, normalmente, até os ombros. Mas com o aplique, batiam na cintura. E ficaram ondulados, assim como Shizune queria.

Fora isso, Tsunade havia trazido diversos profissionais, nos quais ela confiava.

Eu tinha passado por uma sessão de limpeza de pele. Não que a minha fosse ruim. Nos últimos tempos, provavelmente por causa da dieta que eu tinha feito e das besteiras que deixei de comer, a minha pele estava bem mais saudável. As poucas acnes que eu tinha, haviam sumido. A limpeza foi mais para retirar alguns cravos insistentes. Minha pele estava vermelha, mas a esteticista disse que logo iria melhorar.

Eu me perguntava se aquilo era mesmo necessário. Meu rosto estaria praticamente todo coberto com a máscara, não era?

Suspirei.

A melhor parte do dia, havia sido as massagens que eu recebi. Bem relaxante.

Temari e Karin me acompanharam, apreciando as massagens comigo. Elas eram bem legais.

Já a parte mais chata do dia, havia sido as depilações... Senhor! Por que dói tanto?

Ugh! Tenho calafrios só de lembrar.

Sentei na cama do quarto de hóspedes respirando aliviada por finalmente poder ficar em paz.

Eu ainda estava tentando me acostumar com o aparelho móvel que o doutor Walt havia me dado.

Era esquisito, porém totalmente suportável.

Retirei o aplique do cabelo, guardando-o na gaveta do criado-mudo ao lado da cama.

Quando eu estava prestes a me deitar, ouvi batidas na porta.

"Pode entrar." Falei.

Gaara abriu a porta, com um sorriso amigável no rosto e um violão na mão.

"Oi." Ele disse, fechando a porta.

"Oi."

"Você viu o resultado das apresentações de hoje?" Perguntou, sentando-se na cama.

"Não." Balancei a cabeça. "Sai e Sasori avançaram?"

"Sim. Estão entre os cem escolhidos pelo público." Respondeu.

"Já imaginava." Comentei.

Sasori e Sai tinham muitas chances de ganhar o concurso.

Por Sai, eu ficava feliz. Já por Sasori...

"Amanhã é o último dia de apresentações dos audicionados." Gaara disse. "Todos os indicados terão que estar no hotel amanhã. Passarão as regras para vocês porque no dia seguinte, será a estreia."

Olhei-o nervosa. Eu ainda não estava muito segura do iria fazer.

"Eu não vou poder ter contato com você, não é?" Perguntei.

"Não." Suspirou. "E nem terá acesso a celular, mas eu sei que você deve ligar para seus amigos, para manter a história de que está trabalhando em casa de família. Por isso, Temari lhe emprestará o celular. Mas vocês devem ser discretas."

Assenti. "Tudo bem."

"Quando você subir no palco, não pode ter medo." Falou. "Você tem que se lembrar de que a Lümina não tem medo de nada."

"Isso vai ser difícil." Abaixei a cabeça.

"A coragem da Lümina está dentro de você, Sakura. Eu sei que está." Afirmou.

Olhei-o, agradecida. "Obrigada. Eu não sei como eu posso te compensar por tudo que você tem feito por mim."

"Eu sei." Sorriu de lado. "Arrasando naquele palco. Essa é toda recompensa que eu quero."

"Vou tentar." Ri.

"Vai conseguir." Afirmou. "Agora... A senhorita já sabe o que vai cantar?"

Balancei a cabeça. "Não faço ideia!"

"Bom... Eu tenho uma coisa pra te dizer. Eu só soube disso hoje, pela produção do Soul Talent." Disse. "Você vai cantar sua música e em seguida terá que cantar uma comigo."

Arregalei os olhos. "O quê?"

"É... Isso é uma coisa que a produção me avisou só agora, porque eu só confirmei que iria indicar hoje. Mas todos os outros artistas já estão sabendo. Todos farão apresentações com os indicados." Explicou. "Você está chateada por ter que cantar comigo?"

Pisquei, ainda surpresa. "Claro que não! Mas a gente não tem nada preparado!"

Cantar com Gaara seria um privilégio. Nós já cantamos juntos inúmeras vezes no esconderijo. Eu tenho certeza que me sentiria muito melhor e mais segura com ele no palco comigo.

Mas Gaara era fenomenal! E eu não sabia bem se era realmente boa. Não queria envergonhá-lo.

"Não seja por isso." Gaara sorriu de lado. "Vamos compor algo agora!"

Olhei-o surpresa. "Agora?"

Eu nunca tinha composto com Gaara. Nem lhe mostrado uma de minhas composições. Apenas a que ele viu por acidente no dia que me ouviu cantar pela primeira vez.

E ele queria compor agora?

"Sim!" Confirmou. "A gente compõe, eu passo o dia de amanhã trabalhando nos arranjos e mando a parte instrumental gravada para produção. A Temari dá um jeito pra você conseguir escutar a versão finalizada."

Fiquei calada, encarando-o, sem saber o que responder.

"Chega de medo, Maluquinha!" Gaara falou, sério. "Está na hora de se arriscar. A competição, como você já viu, é brutal! Algumas das pessoas mais talentosas do mundo estão lá! Qualquer arma que você tiver, tem que usar. E a sua maior arma é a composição! Se você quiser ter qualquer chance de vencer, terá que dar tudo de si. Vai ter que entrar para vencer. Com sangue nos olhos. Eu acredito em você, e realmente acho que pode ser a campeã. Mas você tem que querer. Tem que lutar. Senão, será chutada no primeiro corte."

Engoli em seco, surpreendida com o modo que Gaara falou.

Ele havia sido bem realista. E ainda assim, continuava a me incentivar.

Eu sabia que teria que usar todas as minhas armas.

Queria derrotar Sasori, mas não ousava achar que pudesse ganhar o concurso.

Porém... Mais que isso... Eu queria uma chance de provar a mim mesma que eu era capaz. Queria saber o tamanho de meu talento. Saber como era estar em um palco. Ser o centro das atenções. Eu queria saber. Eu precisava saber.

Mas se eu não jogasse pra vencer, dando tudo de mim, eu nunca atingiria meus objetivos.

E Gaara estava certo. Minha maior arma era a composição. Por mais que não soubesse se era realmente boa nisso, arriscaria-me.

Eu precisava correr o risco. Se eu topei entrar nessa, tenho que jogar para valer.

Foi por isso que sob o olhar perfurante de Gaara eu sorri. "Vamos nessa. Vamos compor."

*

*

*

Batidas insistentes na porta me fizeram acordar no pulo.

Eu estava um pouco desorientada.

"Entra." Falei, com a voz rouca de sono.

Chiyo abriu a porta com sua habitual carranca. "Tsunade me mandou acordar vocês."

"Ah, sim. Obrigada." Respondi, querendo mais do que nunca voltar a dormir.

A governanta apenas me olhou feio e saiu batendo a porta.

Velha ranzinza.

Mas espera... Ela disse 'vocês'?

Virei minha cabeça rapidamente, encontrando Gaara jogado ao meu lado, dormindo.

Ele estava de costas. Os pés deles estavam ao lado de minha cabeça.

Sentei-me num pulo, ficando bem desperta em um piscar de olhos.

O quarto estava uma bagunça. Folhas jogadas por todos os cantos, o violão perto dos meus pés, ao lado da cabeça da Gaara... Uma verdadeira bagunça, fruto de uma noite de composição.

Ao menos, nós tínhamos concluído a música.

Ensaiamos várias vezes que partes cada um iria cantar. Gaara queria criar um arranjo bem forte para a música.

Eu não sabia em que parte do ensaio acabei dormindo.

Também não sabia em qual parte o ruivo achou que seria uma boa ideia dormir comigo.

"Gaara!" Chamei. Ele nem se moveu. Aproximei-me balançando suas costas. "Gaara!"

Ele se remexeu inquieto, resmungando coisas indecifráveis.

"Gaara!" Cutuquei-o, insistentemente.

"QUE É, PORRA?" Gritou, virando-se para mim, com o rosto raivoso.

Sua expressão mudou imediatamente ao me ver, ficando surpresa e confusa.

Eu não aguentei. Comecei a gargalhar.

"Que garoto delicado!" Ironizei, em meio à crise de riso.

"Ha-Ha." Resmungou, emburrado, enquanto se sentava, coçando o olho.

Tão fofo!

Aposto que não tem nenhuma foto dele assim na internet.

Senti-me privilegiada.

"Tsunade está nos chamando." Disse-lhe, parando de rir.

"Que horas são?" Perguntou.

Peguei meu celular para checar. "Quase oito e meia."

Gaara suspirou. "A gente não dormiu nem por cinco horas. E eu vou ter que passar o dia fazendo o arranjo da música."

"Você consegue." Falei.

Gaara me encarou por um momento.

"Seu rosto está bem menos vermelho que ontem" Comentou. "Acho que amanhã já vai estar ótimo."

"Não que vá fazer diferença." Dei de ombros. "Eu vou estar de máscara de qualquer jeito."

"Não é sobre como os outros te veem. É sobre como você enxerga a si mesma."

Sorri. "Filosofando a essa hora da manhã, Demo?"

Ele bufou, levantando-se. "Deixa de implicar e vamos logo!"

Fez o caminho até a porta, pisando nas inúmeras folhas espalhadas.

Espreguicei-me, seguindo-o em seguida.

Quando chegamos na sala, apenas Tsunade e Shizune estavam lá, abraçadas no sofá enquanto assistiam televisão.

"Finalmente! Temari e Karin já foram para o concurso trabalhar, e vocês dormindo até agora?" A loira balançou a cabeça. "A noite foi boa?" Sorriu, maliciosamente.

"Tire qualquer merda que esteja na sua cabeça." Gaara jogou-se em uma poltrona. "Nós apenas compomos."

Tsunade riu. "Eu sei. Só estou brincando."

"E compuseram algo que preste?" Shizune perguntou. "Quer dizer... Vocês só tiveram uma noite para compor..."

"Eu já compus músicas em menos de uma hora, Shizune." Gaara falou. "A música que criamos é muito boa. Só falta o arranjo."

"Então trate de fazê-lo logo." A morena levantou-se vindo até mim. "Venha comigo."

Shizune me puxou antes que eu pudesse dizer algo.

Ela me levou até um dos quartos da casa. Havia uma grande mala preta em cima da cama.

"Essa é sua nova mala. Com todas as roupas que usará no concurso." Ela falou. "Você pode colocar seus pertences aqui, mas Lümina só poderá usar as peças que eu escolhi, ok?"

"Ok."

"Ótimo. Eu organizei várias peças em conjunto, para não ter erro de escolha de figurino. São as roupas da Lümina. Não deixe de usá-las." Instruiu.

"Tudo bem."

"Tem outra coisa." Ela me encarou. "Nunca tire a máscara perto dos outros competidores. Se você quer mesmo manter a identidade escondida, deve ficar sem máscara apenas em seu quarto, com a porta trancada. Uma foto sua sem a máscara é o que basta pra sua identidade ser revelada. Tome cuidado. Se você se sair bem, vão cair em cima de você tentando descobrir quem está por trás da máscara."

Assenti, absorvendo tudo que ela dizia. "Entendi."

"Prepare apenas músicas de composição original para cantar. É seu diferencial. Use-o." Falou. "Escolha muito bem suas músicas e não se meta em confusões."

"Ok."

"Na sua primeira música não faça nada exagerado." Ela disse. "Sem danças ou coisas estrondosas. Apenas cante uma canção que mostre a todos que há uma pessoa real por trás da Lümina. As pessoas não verão seu rosto, mas deixe que vejam sua alma. Ou então elas nunca irão se identificar com você."

Eu prestava atenção em cada palavra de Shizune. Sabia que elas eram preciosas. "Certo. Farei o que você diz."

"Agora vá tomar um banho que eu preciso te transformar em Lümina. Daqui a pouco você tem que estar no hotel."

Apenas assenti, indo até o banheiro.

Senti-me nervosa. Mas não de uma maneira ruim. Não... Era uma ansiedade boa.

Eu não via a hora de ser Lümina.

*

*

*

"Isso é impossível!" Irritei-me.

Já estava a uns dez minutos lutando para colocar a lente preta que Shizune havia me entregado.

"Sakura... É só manter o olhar no espelho e colocar!" Shizune falou, impaciente.

"Eu estou tentando!" Bufei.

Após mais algumas tentativas falhas, finalmente coloquei uma das lentes.

Sorri com a conquista, enquanto Shizune comemorava.

A segunda lente foi consideravelmente mais fácil de colocar.

Pisquei os olhos repetidamente procurando sentir algum incômodo.

Nada. Nem parecia que eu estava de lente.

E então prestei atenção em minha imagem no espelho.

O vestido que Shizune me fez usar era preto e ia até o meio da coxa. Levemente solto, levemente colado. A bota de cano curto — ankle boot, segundo Shizune — também era preta, de salto baixo e grosso. Bem confortável.

Estava me sentindo bem.

Shizune me fez sentar na cama, enquanto ela fazia minha maquiagem.

Em seguida, colocou o aplique em meu cabelo.

Ela parou em minha frente, puxando-me para que eu levantasse. E então, encarou-me.

"Linda." Elogiou. "Você não tem noção de como é linda."

Sorri, envergonhada. "Obrigada."

Ela me conduziu ao espelho.

Quando vi minha imagem no espelho, emocionei-me.

Eu estava bonita.

Realmente bonita.

E eu me sentia bonita. Como nunca havia me sentido antes.

A maquiagem que Shizune havia feito não era pesada. Era bem natural, dando destaque aos olhos.
Sorri. Ao ver meu sorriso, fiquei ainda mais feliz ao ver a ausência de aparelho. Até mesmo do móvel, já que Shizune havia me feito tirar.

Ela encostou as mãos em meus ombros.

"Amanhã eu quero te ver ainda mais bela. Amanhã será o dia em que você, finalmente, desabrochará." Falou, sorrindo.

Levei minha mão até a sua, em meu ombro. "Obrigada, Shizune. Obrigada de verdade."

Ela sorriu em resposta.

"Bom..." Caminhou até a minha mala. "Já está tudo aqui dentro?"

"Sim. Já coloquei tudo que vou precisar aí." Respondi.

"Ótimo." Disse, fechando a mala. "Hora de ir, princesa."

Assenti, pegando a pequena caixinha prateada em cima do criado-mudo.

"Vamos." Passei pela porta, com Shizune logo atrás, trazendo a mala.

Eu me sentia linda e confiante, como nunca antes.

Quando desci as escadas, Gaara e Tsunade me esperavam na sala.

Vi certa surpresa em seus olhos ao me ver.

Gaara sorriu, encarando-me. "Nossa! Eu sinto como se tivesse vivido para esse dia... Pra te ver desse jeito."

"Cuidado pra não babar, Sabaku!" Tsunade zombou. Ela me olhou de cima a baixo. "Você está maravilhosa. Mas sabe o que te deixa ainda mais bonita?"

"Não. O quê?"

"A confiança em seu olhar." Ela respondeu. "Isso está te deixando tão incrivelmente bela que nem pode ser colocado em palavras."

"Sim." Gaara concordou. "Você sempre foi bonita, mas agora está... Cara... Eu nem sei dizer." Ele balançou a cabeça, sem tirar os olhos de mim.

Eu sorri, um tanto envergonhada, mas muito feliz com os elogios. Sentia-me muito bem.

Caminhei até Gaara. "Só falta a máscara." Disse, olhando em seu olhos. "E eu quero que você a ponha em mim."

Um brilho de surpresa cruzou os olhos de Gaara, mas logo ele sorriu, vindo até mim e abrindo a caixinha prateada, pegando a linda máscara em suas mãos.

Entreguei a caixa à Shizune.

Gaara se aproximou, encaixando a máscara em meu rosto. Ele passou a fita por trás de minhas orelhas e amarrou firmemente em minha nuca, deixando o laço escondido por meus cabelos.

Por um longo momento ele apenas me encarou. Mas então, disse: "Olá, Lümina."

Sorri. "Olá."

"Suas covinhas são escondidas pela máscara." Comentou. "Isso é bom."

"Estou irreconhecível?" Perguntei.

Gaara sorriu, conduzindo-me ao espelho da sala.

Encarei meu reflexo, feliz com o resultado. A máscara ia até bem em cima da linha do meu lábio superior, deixando de fora apenas meu maxilar e boca.

Ótimo.

Eu não pareço em nada Haruno Sakura.

"Hora de ir." Tsunade avisou. "O motorista vai te levar."

"Certo." Falei.

"Eu tenho uma coisa para você." Gaara disse.

Ele caminhou até o sofá apontando dois cases: um de teclado e outro de violão.

"Pra mim?" Perguntei, sorrindo.

"Sim. Suas armas." Respondeu.

Abri o case do violão, encantada. O instrumento era cor de vinho, com um belo polimento. Lindo.

"Obrigada." Agradeci, sincera.

Gaara apenas deu de ombros.

"Vamos, Sakura!" Tsunade chamou. "Você tem que ir. Eu te ajudo a levar os instrumentos até o carro."

Assenti, pegando minha mala.

Gaara piscou um olho para mim. "Até amanhã."

Sorri. "Até."

Com meu coração na mão, fui para o carro, indo em direção ao hotel.

Agora era para valer.

E eu tinha que ir até o fim.

*

*

*

Assim que eu cheguei no hotel, muitas pessoas — que eu imaginei serem os indicados — já estavam presentes.

Logo notei diversos olhares em mim.

Captando sussurros ao meu redor, ouvi pessoas indagando sobre minha máscara. Ninguém entendia por que eu estava mascarada.

Eles deviam achar bem curioso.

Não me importei com eles, apenas fiz meu check in, ignorando-os.

No formulário do hotel, tive que colocar meu nome verdadeiro e apresentar identidade, já que somente a pessoa que Gaara tinha inscrito poderia participar. Para manter minha identidade, a senhora simpática que fez o meu cadastro permitiu que eu fosse com ela até uma parte restrita e vazia, onde tirei minha máscara, provando ser... Eu.

Com minha identidade confirmada, recoloquei a máscara e subi até o quarto do hotel designado a mim e instalei-me.

Entregaram-me um contrato, dizendo que eu deveria ler e analisar tudo. Agradeci imensamente Tsunade ter buscado a autorização com minha mãe, pois esta era uma parte fundamental.

Depois de conferir que não havia nada absurdo no contrato, assinei-o prontamente, entregando-o à produção.

Os organizadores e funcionários tinham o dever de manter minha identidade secreta. Estava no contrato. Se um participante quisesse participar sob algum pseudônimo, era permitido contanto que a produção soubesse o nome verdadeiro.

E não havia nenhuma restrição a máscaras. Então, eu não estava quebrando nenhuma regra.

Alguns minutos se passaram e todos foram chamados para o salão de eventos do hotel, onde fariam comunicados importantes.

Vários membros da equipe apareceram, inclusive Stuart Camp e o tal George que quis expulsar Sasori e Sasuke no dia em que eles brigaram no aeroporto. Eu não gostava nem um pouco deles.

Eles avisaram que iríamos nos apresentar amanhã com uma música, seguida da entrada do artista que nos indicou, para um dueto.

A votação seria aberta logo após as apresentações. E o corte ocorreria à noite, após a contagem dos votos.

Também deixaram claro que estaríamos sem contato com o exterior.

Fizeram até com que entregássemos nossos celulares.

Um pouco mais tarde, quando eu já estava no quarto tentando compor algo decente para minha primeira apresentação, dois membros da equipe entraram no quarto para revistar minhas coisas, em busca de algo que pudesse ir contra as regras. No meu caso, não encontraram nada.

Tranquei a porta retirando minha máscara. Eu precisava compor uma música realmente boa.

"Apenas cante uma canção que mostre a todos que há uma pessoa real por trás da Lümina." As palavras de Shizune ecoaram na minha cabeça.

Uma canção que faça o público vê a pessoa por trás de Lümina, mesmo sem conhecer meu rosto.
Como escrever algo assim?

Tudo que há por trás de Lümina é uma garota medrosa, com sonhos e vontade de ir além. Com vontade de enfrentar tudo que a segura.

Espera... É isso!

Sorri, pegando o teclado que Gaara tinha me dado.

Eu já tinha uma ideia do que compor.

*

*

*

À noite, o resultado final dos audicionados saiu.

Sem maiores surpresa, Sai e Sasori estavam entre os cinquenta finalistas.

Fiquei extremamente nervosa.

Cada vez mais se aproximava a hora em que eu teria que subir no palco.

Tinha que conseguir. Não podia ter medo.

Sobressaltei-me quando ouvi batidas na porta.

Recoloquei minha máscara e olhei pelo olho mágico. Era Temari.

"Eu só vim te entregar esses cds que o Gaara mandou." Ela falou, rápido, assim que abri a porta, empurrando os discos em minha mão. "Eu não posso ficar. Não podem ver a gente conversando."

E então ela saiu rapidamente, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

Tranquei a porta e encarei os cds em minha mão. Um deles tinha o nome da música que nós compomos, e o outro, de uma desconhecida.

Como eu não tinha muito tempo, resolvi ouvir só o que continha o arranjo da canção que compomos juntos, e guardei o outro cd para ouvir quando não estivesse ocupada. Provavelmente era alguma música que ele queria que eu desse opinião. Gaara adorava tocar suas composições novas para mim, pra que eu dissesse o que achava.

Então, assim que coloquei o cd no aparelho de som, impressionei-me com a batida forte.

A voz de Gaara cantava as letras da música. O que era ótimo, pois assim eu saberia o tempo exato de cantar.

Procurei a folha com as marcações das minhas partes e passei a ensaiar.

E ainda precisava de tempo para me dedicar à canção que cantaria sozinha, pois necessitava de alguns ajustes.

Respirei fundo.

Eu tinha muito trabalho a fazer.

*

*

*

O dia da performance havia chegado.

O tempo inteiro eu estava nervosa.

Assim que o dia amanheceu, fomos levados ao teatro onde ocorreria as apresentações.

Eu já tinha noção de como o lugar era, por vê-lo na TV, nas apresentações dos audicionados. Mas nada se comparava a ver pessoalmente.

Era muito maior do que eu pensava.

Alguns de meus concorrentes vinham me perguntar por que eu usava máscara.

Apenas respondia, educadamente, que era para me dar mais confiança.

Os participantes se dirigiam ao setor de maquiagem, mas eu havia preferido fazer minha maquiagem sozinha. Era mais seguro, já que estava fora de cogitação tirar a máscara no meio de todo mundo só para ser maquiada. E eu não era ruim. Ino tinha me ensinado alguns truques nas diversas noites que passou em minha casa. Então, marquei bem meus olhos e usei um batom cor de vinho.

Eu havia vestido um dos conjuntos que Shizune separou: corpete preto, calça colada preta e as mesmas botas de cano curto do dia anterior. Completando com alguns acessórios, já estava pronta para subir no palco.

Então, apenas fiquei sentada, esperando por novas instruções.

Temari e Karin, infelizmente, não estavam presentes.

Aparentemente eu era a única participante genuinamente asiática dos indicados.

Como os artistas da gravadora eram, em sua maioria, ocidentais, os indicados tendiam a serem ocidentais também.

E como eu, a única indicada asiática, sabia falar inglês, as tradutoras não tinham por que virem.

Não demorou muito para a produção anunciar um sorteio para definir a ordem das performances.

Cinco membros da equipe ficaram parados em frente ao palco com sacos pretos em suas mãos.

Pediram-nos para fazer filas em frente a eles. Podíamos escolher qualquer fila. Eu entrei na que estava mais próxima de mim e esperei minha vez. Assim que ela chegou, retirei um papel do saco com o número 84.

Fui instruída a entregar o papel para alguém da produção com 'organizador' escrito nas costas.

Abordei o primeiro que encontrei.

"Nome?" O homem gorducho e barbudo perguntou.

"Lümina." Respondi.

O homem digitou algo no tablet que carregava. "Lümina, você fará a apresentação 84 de 113."

Informou, saindo em seguida, apressado.

Respirei fundo.

Era um bom número.

Não era no começo, ou seja, o público ainda poderia se lembrar de minha performance ao final das apresentações.

Os mais sortudos, definitivamente, eram os que se apresentariam por último.

Fomos informados de que como os audicionados começaram com um número bem maior, eles tiveram que passar o dia inteiro na televisão. Mas que como nós, indicados, éramos em número bem mais reduzido, as apresentações só começariam ao meio dia.

Se eu contasse com o meu número, provavelmente me apresentaria lá para as cinco da tarde.

Deus! O tempo parecia de arrastar.

*

*

*

O momento se aproximava.

Eu estava a apenas duas pessoas de subir no palco e prestes a correr daquele lugar.

Impossível! Essas pessoas são talentosas demais!

Como eu poderia sequer competir? É ridículo!

A indicada de Adele havia acabado de sair do palco.

A garota era talento puro! Linda, curvilínea e com uma voz arrasadora, assim como sua mentora.

A apresentação que as duas fizeram juntas foi humilhante de tão incrível!

Eu não conseguiria!

Todas aquelas câmeras... Todas as luzes... A multidão... Era demais para mim.

Perdida em meus pensamento nem percebi quando a apresentação de System of a Down e seu indicado roqueiro terminou. Eu só sabia que eles haviam estremecido o teatro.

Até que achava injusto o fato dos indicados poderem se apresentar com seus mentores, quando os audicionados não tem esse trunfo. Mas eu sabia que tudo era sobre marketing, e o concurso não perderia a chance de trazer quase todos os artistas de seu catálogo para uma apresentação com seus pupilos.

Por outro lado... Os audicionados tiveram três dias a mais de aparição que os indicados. E o público já tinha carinho por eles.

Fui tirada de meus pensamentos quando uma moça da produção me abordou. "Número 84, o número 83 está subindo ao palco. Você é logo em seguida. Acompanhe-me."

Levantei da cadeira em que eu estava com a perna tremendo. Eu nunca estive tão nervosa em minha vida.

A moça me conduziu até a parte do lado do palco, escondida das câmeras.

Meu coração se iluminou quando eu avistei Gaara.

Corri até ele, aliviada por vê-lo.

Ele estava tão lindo! Usava uma bela blusa azul e calça preta. Mas também parecia bem nervoso.

Gaara segurou em minhas mãos e de repente parecia que eu tinha ficado um pouco mais corajosa.

"Não tenha medo." Ele disse. "Você vai conseguir."

Eu assenti, como o coração batendo rápido.

O momento estava chegando.

Gaara acariciava minha não, dando-me forças.

De algum jeito maravilhoso ele me acalmava.

Eu estava tão concentrada em me controlar, que só percebi a presença de Lea Michele quando ela passou do meu lado, seguindo para o palco, para se juntar ao seu indicado.

Eles começaram a cantar excelentemente bem uma canção que eu desconhecia. Meu nervosismo aumentou. Eles eram muito bons.

Senti as mãos de Gaara apertarem as minhas.
Encarei-o.

"Esquece eles." O ruivo disse. "Esquece o mundo. Esquece tudo. Seus medos, suas frustrações... Nada disso existe. A única coisa que existe é a música. Sua música. Você vai entrar naquele palco e vai cantar com sua alma. Esquece todo o resto."

Assenti para Gaara, sentindo-me consideravelmente mais corajosa.

Fiquei presa em seu olhar, buscando forças por poucos minutos infinitos.

E então, a moça da produção me chamou. "Número 84, prepare-se para entrar."

Meu coração perdeu uma batida.

Gaara apertou minhas mãos mais uma vez, soltando-as em seguida.

"Respire fundo, Maluquinha. Vai dar tudo certo."

Eu fiz o que ele disse, tomando um longo fôlego e esperando o apresentador anunciar minha entrada.

A voz de Ryan Seacrets soou, animada. "Agora... Uma indicada que todos estavam esperando conhecer! Ela é uma garota misteriosa e indicada por um dos maiores superstars mundiais." A multidão fez barulho. "Soul Talent, cantando 'The climb', uma música totalmente de sua autoria, e em seguida 'Never give up', composta e performada em parceria com seu mentor, conheçam Lümina, a indicada de Gaara no Sabaku!"

Com o coração em polvorosa, e obrigando minhas pernas a me obedecerem, segui o caminho do palco.

Não me atrevia a olhar para a cima. Tudo que via eram meus pés. Eu precisava obrigá-los a andar.

Ouvi a multidão aplaudindo e gritando em incentivo enquanto eu andava.

Parei em frente ao pedestal com o microfone e ao teclado, posicionados exatamente do jeito que eu havia pedido para a produção.

Finalmente, olhei para cima.

Meu corpo tremeu.

Eu sentia como se estivesse em um sonho.

Nada daquilo parecia real.

Milhares de luzes estavam todas direcionadas a mim. Em todo lugar havia uma câmera apontada em minha direção.

Em minha frente, quatro grandes estrelas mundiais me encaravam com um sorriso amável.

Todas as atenções estavam em mim.

Assim que se entrava, não havia conversa. Não devíamos falar nada. Apenas cantar. Como eu havia dispensado banda, tudo dependia de mim.

A multidão fez silêncio, em expectativa.

Fechei os olhos.

Nada existe.

O mundo não existe.

Só a música.

Como se eu entrasse em uma bolha, tudo que eu conseguia ouvir era minha respiração.

Só existe música.

E então, levei minhas mãos ao teclado, iniciando a canção.

Esse é meu momento.

Abri os olhos.

Eu quase posso ver

O sonho que estou sonhando, mas...

Há uma voz dentro da minha cabeça dizendo:

"Você nunca vai alcançá-lo"

Cada passo que eu estou dando

Cada movimento que eu faço parece...

Perdido, sem direção

Minha fé está abalada

Mas eu... Eu tenho que continuar tentando

Tenho que manter minha cabeça erguida

Eu ouvia minha voz tomando conta de todo o ambiente, soando limpa e clara. Era como se o mundo inteiro estivesse em silêncio e só minha voz fosse ouvida.

Cantei com meu coração. Eu podia estar vestida de Lümina, mas naquele momento eu era Sakura — a pequena garota com sonhos grandes demais, medos e inseguranças.

Sempre haverá outra montanha

Eu sempre vou querer movê-la

Sempre será uma batalha trabalhosa

Às vezes eu terei que perder

Não é sobre o quão rápido eu chegarei lá

Não é sobre o que está esperando do outro lado

É a escalada

Todas as luzes estavam em mim.

Pela primeira vez em minha vida, eu me senti ouvida e vista.

Em minha frente, havia um mar de pessoas, e a minha música era a onda que atingia cada uma delas.

As lutas que estou enfrentando

As oportunidades que eu estou tendo

Às vezes podem me derrubar, mas...

Não, eu não estou quebrando

Algo me diz que estes serão os momentos que eu vou lembrar mais

Só tenho que continuar

E eu... Eu tenho que ser forte

Apenas continuar insistindo

A chance de uma vida. Eu estava tendo a chance de uma vida.

Muitos desejam cantar para um grande público, mas poucos têm a oportunidade.

E eu tive. Aqui estava eu, em cima do palco, vivendo um momento surreal.

Eu não podia fraquejar.

Porque sempre haverá outra montanha

Eu sempre vou querer movê-la

Sempre será uma batalha trabalhosa

Às vezes eu terei que perder

Não é sobre o quão rápido eu chegarei lá

Não é sobre o que está esperando do outro lado

É a escalada

Eu não estava com medo ou assustada.

Na verdade, nunca havia me sentido melhor na minha vida

Era um sabor viciante. Eu sentia como se pudesse ser ou ter qualquer coisa que quisesse.

Como se pudesse voar.

Era o sentimento mais maravilhoso do mundo. E eu só queria me entregar mais e mais à música.

Porque, sempre haverá uma outra montanha

Eu sempre vou querer movê-la

Sempre será uma batalha trabalhosa

Às vezes eu terei que perder

Não é sobre o quão rápido eu chegarei lá

Não é sobre o que está esperando do outro lado

É a escalada

A plateia se levantou, aplaudindo-me... Incentivando-me. Em minha frente, os jurados sorriam para mim, com uma espécie de encantamento no rosto.

Mas, naquele momento, tudo que me importava era a música.

O sentimento exorbitante em meu peito. Minha voz clamando por ser ouvida. Meu coração explodindo.

Estava vivendo um sonho.

Continue em movimento, continue escalando

Mantenha a fé

É tudo sobre...

É tudo sobre a escalada

Até aquele momento eu não havia percebido...

...Que estava desesperada para libertar minha voz.

Eu queria ser ouvida.

Mantenha a fé

Mantenha a sua fé

Finalizei a música, com meu coração vibrando.

No instante em que toquei a última nota, a melodia que Gaara e eu compomos se iniciou.

O público gritava muito, quase me deixando surda.

Mas eu não podia me distrair.

Não importa o que eles estavam pensando de mim, ou se estavam gostando ou não.

Só a música importava.

Afastei-me do teclado, tirando o microfone do pedestal.

A parte forte da melodia chegou, indicando que eu deveria começar a cantar.

E então, entreguei minha voz à música.

Eu acredito, eu acredito

Não cairei de novo

Eu acredito, eu acredito

Não haverá mais lágrimas

Você também sabe que amanhã o sol irá nascer

Nunca desista

Eu cantava com toda a minha potência, entregando minha alma aos versos que escrevi.

E então, Gaara fez sua entrada no palco, levando o público à loucura.

Quão longe eu cheguei?

Onde você está?

O medo que desconheço

Está em pé na minha frente

Estou procurando por suas mãos na escuridão

Então, quando te sinto,

Finalmente, voo no céu

Gaara cantou seu rap, aproximando-se lentamente de mim.

Quando, em minha vida, eu poderia imaginar que estaria dividindo um palco com Sabaku no Gaara?

Isso não parecia com a vida real! Isso não era o tipo de coisa que acontecia na vida de garotas como eu.

Pinte o sonho no seu coração

Quando está difícil, apenas aceite isso

Meus ombros largos e meu coração irão te abraçar quando estiver cansada

Assim, você não tem nada a temer

Você não tem nenhuma razão para chorar

O mundo inteiro canta para você

Gaara chegou perto de mim, continuando com seus versos.

Seu olhar me reafirmava cada palavra cantada.

De alguma maneira, eu sabia que com ele ao meu lado eu não tinha nada a temer.

Ele era a pessoa mais maravilhosa do mundo.

Com meus olhos nos seus, eu voltei a cantar.

Eu acredito, eu acredito

Não cairei de novo

Eu acredito, eu acredito

Não haverá mais lágrimas

Você também sabe que amanhã o sol irá nascer

Nunca desista

Eu não queria desistir.

Minha vontade de ir até o fim só aumentava a cada segundo que se passava.

Eu queria secar minha lágrimas.

Eu queria ser alguém que luta por seus sonhos.

Gaara sorriu, com um brilho de orgulho nos olhos.

Ele respirou fundo, antes de cantar sua parte.

Sou uma estrela que brilha com mais intensidade em uma noite escura

Se eu cair apenas uma vez, vou me sacudir e me levantar

Tenho força

Está tudo bem

Estou bem aqui

Gaara caminhou até o lado do palco, interagindo um pouco com a plateia, mas não demorou a voltar sua atenção a mim.

Você é linda do jeito que é

Com um futuro brilhante e esplêndido através dos meus olhos

Ele cantou apontando para mim, olhando em meus olhos.

A cada passo que dou

A energia positiva envolve o meu corpo

Uma flor acabou de cair por causa do vento, antes que ela florescesse

Levante-se e enfrente isso

Gritando em voz alta

Gaara cantava caminhando por todo o espaço, dominando-o, enquanto eu fiquei meio do palco, mexendo-me ao som da música.

Sentindo a música.

Novamente a parte forte da melodia anunciou minha vez de cantar.

Só uma coisa, só uma coisa

Lembre-se disso

Não há mais, não há mais...

Não há mais tristeza

Mesmo que o mundo te machuque de propósito

Eu vou te abraçar

Cantei de frente para o público, ouvindo seus gritos.

Pelos meus sonhos

Me lanço completamente

Em direção ao mar aberto

Eu mergulho sem medo

Gaara se aproximou, rodeando-me, cantando para mim.

Não tenho medo

Não tenho medo

Não tenho medo

Cantei, olhando nos olhos de Gaara, querendo convencê-lo — e a mim mesma — que eu não tinha medo.

E naquele momento, não era mentira.

Eu me sentia voando. Mas não havia medo.

As lágrimas em seus olhos

Eu vou enxugá-las

Quando chover, serei seu guarda-chuva

Abra suas asas

Você tem que voar alto

Gaara acariciou meu rosto, suavemente. Seus olhos gritavam para mim que cada palavra era verdadeira.

A música, então, ficou mais calma, apenas com o piano.

Depois que o tempo e a tristeza passarem...

As feridas vão desaparecer

Cantei suavemente, acompanhado a melodia do piano.

E então, a música explodiu, em sua potência máxima, e Gaara e eu cantamos juntos.

Eu acredito, eu acredito

Não cairei de novo

Eu acredito, eu acredito

Não haverá mais lágrimas

Você também sabe que amanhã o sol irá nascer

Cantamos fortemente, com nossos corpos próximos, à distância de dois microfones.

Eu pensei que não poderia haver momento mais perfeito que aquele.

A melhor coisa que já acontecera comigo, havia sido conhecer Gaara.

Ele mudou a minha vida. Foi o amigo que eu nunca soube que precisava.

Poder olhar em seus olhos enquanto cantávamos nossa música para mundo inteiro ouvir, emocionou-me verdadeiramente.

Nunca desista

Nunca desista

De frente um para o outro, com meus olhos presos no dele, finalizamos a música.

O barulho da multidão foi ensurdecedor.

Meu peito parecia que ia explodir.

Eu estava sentindo algo que nunca — nem remotamente — havia experimentado.

Sorri deslumbrada para Gaara.

Havia orgulho em seus olhos, e eu não poderia estar mais contente com aquilo.

Sem que eu previsse, Gaara passou seus braços ao meu redor de minha cintura, puxando-me para bem perto.

Correspondi ao abraço, enlaçando seu pescoço.

Os gritos da multidão, se possível, aumentaram. Mas eu só sentia Gaara.

Eu podia morrer naquele momento.

Alguém já morreu de felicidade? Porque eu definitivamente poderia explodir de alegria e partir dessa para a melhor.

"Você conseguiu." Gaara sussurrou em meu ouvido. Sua voz estava emocionada.

Eu me afastei, para olhar em seus olhos. "Obrigada." Agradeci. Foi o agradecimento mais significativo e verdadeiro de toda minha vida.

Gaara tirou suas mãos de mim, sorrindo. "Disponha."

E então, ele fez uma reverência ao público e saiu do palco correndo.

Quando me virei para os jurados, surpreendi-me ao vê-los aplaudindo de pé.

Acho que foi naquele momento que eu comecei a lagrimar.

Isso era mesmo possível?

"Lümina!" Beyoncé chamou. Os jurados se sentaram, todos com sorrisos estampados nos rostos. "Caramba, garota! O que acabou de acontecer? Você destruiu as estruturas desse lugar! Que voz! Que músicas! Simplesmente fenomenal!" Ela riu. "Isso foi uma das coisas mais incríveis que eu já vi na vida! Eu nem consigo te dizer tudo que estou pensando no momento! Parabéns! Tenho certeza que ainda vou te ver muito por aqui!"

"Obrigada!" Falei, trêmula.

Eu não conseguia encontrar palavras.

Aquilo parecia um sonho louco. Não podia ser real!

"Lümina!" John Mayer começou. "Quando você entrou, com sua máscara... Olha... Eu juro como achei que fosse ver uma apresentação superficial, porque acho muito importante ver as expressões dos cantores. Mas então... O que você fez foi tão real... Tão verdadeiro... Você é de verdade. A música é sua expressão! Acho que não tem uma pessoa viva que não tenha ficado arrepiada ao te assistir! As duas músicas são incríveis! Minha maior preocupação agora é não poder colocá-las no repeat do IPod!" A plateia riu. "Sua química com Gaara é palpável, as vozes de vocês se encaixam perfeitamente! E que voz a sua, hein? Olha... Se eu tivesse que escolher uma única voz para ouvir pelo resto de minha vida, seria a sua!"

Ri, com lágrimas saindo de meus olhos. "Obrigada." Era só o que eu conseguia dizer.

"Lümina... Eu tenho certeza que todos aqui tiveram a honra de presenciar a primeira apresentação de um futura superstar mundial." Pharrell disse, arrancando gritos do público e mais lágrimas minhas. "Essa é uma das vozes mais lindas que eu já ouvi na vida. As músicas são... Geniais. Sinceras. Mesmo que você use uma máscara, nós conseguimos ver a sua alma! E esse concurso é sobre o talento que vem da alma. Parabéns!"

"Obrigada!" Agradeci com a voz falha.

"Lümina... Essa apresentação acaba de mudar a sua vida! Você não imagina a mágica que acabou de fazer nesse palco, não é?" Mariah Carey perguntou. "Você, minha linda mascarada, tornou-se a pura encarnação da música. Você é a música. Uma das melhores apresentações do concurso até agora — talvez a melhor. Eu não queria estar na pele de quem irá se apresentar depois de você! Parabéns, minha querida."

"Obrigada!"

"Lümina! Lümina! Lümina!" A multidão gritava para mim.

Não parecia real.

Não tinha como ser real.

Como se estivesse flutuando, caminhei para fora do palco.

Assim que fiquei fora do alcance das câmeras, desabei na primeira cadeira que encontrei.

Meu coração estava prestes a pular para fora de meu peito.

O que era isso que eu estava sentindo?

A adrenalina corria por cada poro de meu corpo.

Era como se eu estivesse sob o efeito de alguma droga alucinógena.

Algumas pessoas vinham me cumprimentar, parabenizando-me pela apresentação. Uma moça da produção informou que Gaara precisou sair, pois não podia mais ter contato comigo.

Mas eu não prestava atenção.

Sentia-me entorpecida.

Não parecia real.

Como poderia ser real?

Eu havia acabado de experimentar o momento mais incrível da minha vida.

E eu sentia que tinha acabado de ficar viciada.


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Notas finais do capítulo

IMPORTANTE: Acho que a primeira música do capítulo todos conhecem. É "The climb" da Miley Cyrus.

A segunda, acho que ninguém conhece! Rsrsrs! É um dueto feito para a OST de um dorama. A música não se chama "Never give up". Esse nome foi inventado por mim. O título original é "Return", canção cantada por Wendy (integrante da girlband Red Velvet) e pela rapper Yuk Ji Dam.

Se houve alteração nas músicas? Sim, porém super mínimas! Alterei só uma frase em cada uma.

Bom... No próximo capítulo vocês saberão como a galera reagiu à Lümina pelo ponto de vista do Neji.

[Link das músicas]

The Climb:
https://m.youtube.com/watch?v=NG2zyeVRcbs

Return:
https://m.youtube.com/watch?v=Si10sY53jBM

Postei uma nova one. É bem curtinha e não é grande coisa. Escrevi na madruga, seguindo o roteiro de uma música. Bom... De qualquer jeito vou deixar o link pra quem quiser conferir:

https://fanfiction.com.br/historia/657786/Levadapelovento/

XOXO ❤️

P.s.: Obrigada aos guerreiros que conseguiram chegar ao final desse MEGA capítulo! Rsrsrs! Vocês têm a força!