O Rebelde escrita por Sereia Literária


Capítulo 19
Breves Ilusões


Notas iniciais do capítulo

Que vergooonha! Que catástrofe! Vinte e oito dias sem nada! Como assim, dona Autora? Que tendes em vossa mente???
Bom, muita coisa, kk. Apenas peço que me desculpem, eu quis muito postar o capítulo antes, mas vocês sabem, não? Final de ano, trabalhos, provas, essa coisa linda ehin! E pode parecer mentira, mas eu tentei mesmo postar umas duas semanas atrás! E o que aconteceu? Na hora que eu clico em ´´Veja como Ficou``... Ha há! Acaba a energia!
Mas, o que importa, é que aqui estamos! Obrigada pela paciência, desculpem pela demora...

Obrigada pelos comentários Eleanor Liesel Grey e Gabi Jackson ❥! E mais alguém favoritou ❤ Muito grata Letiiciabriefs!



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Os dias pareciam meses e as noites, anos.

Todos percebiam as mudanças na herdeira legítima do trono. Seus sorrisos voltaram, ela agora se alimentava melhor. Voltara a ler e a distribuir palavras doces e afáveis por onde passava. Ela passara a visitar a mãe mais vezes, passando horas e horas ao lado dela – fosse lendo, cantando... Dizendo como sentia a sua falta.

Os criados e empregados percebiam seus risos mais vivos e a ouviam cantarolar enquanto ela girava e dançava pelos corredores do palácio. Pensavam que ela finalmente estava voltando a ser como antes, que estava finalmente se recuperando.

O Rei voltara a ver nos olhos castanhos da filha algo que há muito tempo ele havia esquecido, e que por pouco não perdera por completo – a esperança.

Seu noivo, pobre Natan... Ele sabia, via nos olhos de sua noiva algo que ele bem conhecia - amor. Pensava ele, que era os reflexos de seu amor por ela o brilho em seus sorrisos e o mel em suas palavras, e realmente eram. O que ele não sabia era que esse amor não era por ele....

Suspirei, os dedos ainda entrelaçados aos da Rainha America, minha mãe... Ela estava cada vez mais magra e fraca, os cabelos menos brilhosos. Era claro que cada vez mais a vida se esvaía de seu frágil corpo.

–Ah, mamãe...-murmurei, encaixando minha cabeça em seu ombro com delicadeza, como se a um toque mais grosseiro ela fosse se desmanchar.

–Queria que estivesse aqui... Tenho tanto a lhe dizer... Tanto...

Após alguns segundos, levantei a cabeça um pouco, vasculhei com os olhos todos os cantos do quarto, me garantindo privacidade. A porta estava fechada. Voltei meus olhos para ela e toquei uma mecha de seus cabelos ruivos, que há pouco começaram a tornar-se grisalhos.

–Eu sei agora como é amar... E não vou abrir mão disso. Me perdoe- e beijei suas têmporas, me sentindo culpada, mas aliviada pela minha confissão – se é que isso valeu como uma.

Levantei-me rapidamente depois disso e saí em passos curtos e ágeis em direção à porta do escritório de papai – que era ligado ao quarto deles, tal como este era ligado ao corredor de quartos.

Joguei-me em sua poltrona, passando os dedos pelo couro cabeludo e puxando brevemente os fios. Os olhos fechados, blindados... Como uma tentativa de silenciar minha culpa.

Após vários minutos de autoflagelação mental e psicológica, abri os olhos, e de maneira instintiva e lenta, meu olhar voou em direção a um porta retrato na escrivaninha de papai, uma foto que eu sempre admirei – queria aquilo para mim um dia.

Era uma foto dele e de mamãe, a mais de 18 anos atrás. Ela estava grávida, e ele beijava com amor e ternura sua barriga – beijava a mim. Eles eram mais jovens, mas seu amor continuava tão vivo quanto naquela época. Se olhavam com a mesma cumplicidade, confiança e beleza de sempre. Os cabelos de mamãe brilhavam em uma trança cor de cobre, os olhos azuis e os cílios longos revelavam tanta alegria quanto o sorriso em seu rosto. E papai, bom, era como sempre. Cabelos dourados de um tom incompreensivelmente natural, olhos bondosos e repletos de todo o seu amor – olhos que eu via sempre que vislumbrava um espelho. A diferença é que eu estava sendo egoísta e covarde, como tenho certeza que ele nunca seria. Senti vergonha de mim mesma.

Levei a mão ao retrato e toquei seus rostos.

–Tudo o que eu quero é encontrar um amor assim quando crescer- disse uma pequena menina, uma princesa, sentada ao colo da mãe, doze anos atrás.

–É tudo o que eu quero que você tenha também, querida- respondeu-lhe a mãe, enquanto beijava o topo de sua cabeleira loura.

Sempre admirei tamanho amor, e foi nesse momento que percebi – se ela estivesse aqui, iria querer que eu optasse pelo amor! Ela iria compreender, e ficar aqui sabendo que nunca seria feliz, seria como ir contra seu mais claro desejo sobre mim!

Mamãe e papai continuariam me amando se eu fosse embora, mas eu não poderia fazer o mesmo se ficasse. Nunca me perdoaria por isso.

Levantei-me em um salto, mas antes de sair da sala, pequei o porta retrato e o abri, retirei sua foto e a guardei no bolso da calça. Essa seria uma de minhas únicas lembranças.

_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_

Quando cheguei ao meu quarto, encontrei apenas uma carta sobre a minha cama, bem no centro, com meu nome escrito em uma letra cursiva e caprichada.

´´Esteja pronta às 23:40. Uma mala, quatro mudas de roupas – as mais simples das quais despuser. Um calçado fechado.

Sem aparelhos eletrônicos ou coisas de alto valor.

Lembranças, recordações... Isso é o mais importante.

Seja discreta, ninguém pode saber.

Sempre seu,

C.``

Meu coração pulou em meu peito, e logo comecei a correr de um lado para outro no quarto. Peguei uma mochila simples e minhas roupas mais simples. Peguei um livro – O Sonho de uma Noite de Verão. Não o havia voltado a ler desde retornara. Talvez por não ter mais tempo, ter perdido o interesse... Mas acho que foi pelo fato de mamãe tê-lo me dado, e estar lendo algo que ela compartilhou comigo enquanto ela está em coma me parece uma ideia egoísta – como se fugir no meio da noite para sabe-se lá onde não fosse. Abri o livro e toquei sua dedicatória;

´´Com muito amor, para a princesa amada, amiga estimada e filha amada. Te amo, querida.

– Mamãe``

Folheei o livro um pouco e coloquei entre suas páginas a foto que pegara no escritório do Rei. Fechei o livro e coloquei-o na mala.

Peguei um par de brincos meus, que papai me dera em meus quinze anos e mais o anel. Guardei-os com zelo.

O que queria fazer agora podia ser visto como roubo, furto, mas não se importariam. Queria pegar alguma coisa de mamãe, papai, Danny, tio Aspen... Natan.

Corri até o quarto de mamãe, abri seu armário e tirei de lá o xale azul, que combinava com seus olhos da mesma maneira como o canto dos pássaros combina com o entardecer. De papai, peguei uma de suas muitas câmeras, uma que ele me prometera dar um dia.

De Danny, peguei uma das medalhas de honra e de tio Aspen uma foto com toda a família.

Quando entrei no quarto de Natan... Que culpa. Era densa, pesada... Não por estar lhe roubando um avental de cozinha, mas por estar o deixando. Ele era muito bom e me amava muito, mas eu não poderia deixar Conor, e muito menos prender-me a alguém de quem eu não merecia amor! Ele merecia alguém que o amasse de verdade, tão intensamente quanto ele me amava! Tão intensamente quanto eu amava Conor!

Olhei o relógio. Eram 22:50.

Olhei a sacada mais uma vez. Vestia um moletom verde musgo, uma calça cinza jeans e uma bota de cano estilo ¾ sem salto. Prendi meus longos cabelos e deixei uma boina a mão para cobri-los assim que saísse do palácio. Por cima, para qualquer inconveniente, vesti um roupão de banho bem largo para disfarçar as roupas incomuns.

Ajeitei-me e fiquei parada na frente da sacada, a mão segurando a mala apressadamente. As luzes do quarto estavam apagadas. Após alguns minutos, que me pareceram horas e horas, ouvi um barulho de vidro.

´´Tac!``

Corri para a sacada e abri a porta. Lá embaixo, uma sombra me olhava de volta.

–Conor ?...-murmurei, e alguns segundos depois ouvi um sussurro, quase um suspiro de volta.

–Jogue a mala- respondeu-me Conor. Logo, apoiei a mala no balaústre.

–Cuidado com a cabeça!- e logo depois soltei. Não ouvi o baque esperado quando caiu no chão.

–Agora você.

–O que??- falei um pouco alto, a voz apavorada.

–Apenas cofie em mim- pediu ele. Alguns segundos depois, passei a perna direita e depois a esquerda pelo balaústre. Virei meu rosto para o quarto novamente – o vento leve da noite e as cortinas esvoaçantes me imploravam para ficar...

–Amo vocês... Para sempre- imaginei minha voz baixa chegando aos ouvidos de papai, em sua reunião; aos ouvidos de Natan, que agora dormia imaginando que sua noiva o amava; a mamãe, tentando assim penetrar seu inconsciente.

Fechei os olhos e...

–Katherine?

Senti-me todo o meu corpo ficar tenso ao mesmo tempo que um choque frio subia de meu estômago até minha garganta, produzindo um chiado baixo e rouco, fino e levemente desesperado:

–Natan...


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