Herdeira do Trono - Parte I escrita por NandaHerades


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Oieee outro capítulo!
beijos!



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Entrei em casa e fui direto para meu quarto. Olhei para minha cama e venci a vontade de me esconder debaixo do cobertor. Ao invés disso fui para o banheiro e tomei um banho quente. Coloquei uma roupa confortável e fui para cozinha comer algo. Fui à geladeira e peguei um pedaço de pizza da noite passada, esquentei no micro-ondas e comi devagar. Um barulho na sala fez eu me assustar, sai da cozinha e percebi um cheiro de fumaça que se espalhava por toda sala. Em cima do tapete uma pequena chama crescia, corri para cozinha e peguei um balde com água para jogar no fogo, mas quando cheguei não havia mais nada queimando. Coloquei o balde no chão e dei uma olhada por todo o cômodo.

Havia um homem parado em frente à janela. Ele olhou para mim e logo percebi que não se tratava de um anjo, era um ser que fazia eu me sentir mal.

— Então é você, a grande Saraí — ele tinha uma voz aveludada.

—Quem é você? — fiz a pergunta mais óbvia.

— Sou um enviado de Sheol — ele respondeu —Ansiávamos te conhecer, senhorita — ele ria.

— Pode ir embora agora — falei nervosa.

—Não vou fazer mal a você. O que ganharíamos com isso? Você é importante.

— O que você é? — perguntei com medo da resposta.

— Desculpe a indelicadeza — ele riu — Eu sou Neur, um demônio.

— O que você quer? — perguntei.

— Vim dizer suas opções — ele respondeu — Sei que os anjos não te disseram que pode escolher o meu lado também. Eles não querem que você saiba.

— O seu lado?

— Sim. Você pode ficar do meu lado e se vingar de todos os humanos que te fizeram mal. Eu sei de seus segredos Saraí...

A forma como ele dizia meu nome fazia com que eu me arrepiasse. O encarei sem entender e lembrei-me de meus segredos, que não eram somente meus. Flashes da minha infância passaram por minha cabeça, dos abusos que eu sofria no orfanato, das noites mal dormidas com medo deles voltarem, do meu choro escondido com receio de que alguém escutasse...

— Os anjos também sabem, mas em nenhum momento eles pensaram no que você sentiu quando aqueles homens abusavam de você. Eles só querem vencer a guerra — Neur continuou — Você pode se vingar de cada um deles, pode vê-los queimando no fogo eterno. Basta que escolha Sheol.

Eu comecei a chorar.

— Lembre-se Saraí. Aquelas pessoas não merecem sua misericórdia — ele se aproximou e me entregou uma pedra vermelha — Pegue isso, quando se decidir é só segurar essa pedra com força e dizer sua decisão. Agora tenho que ir... Sinto cheiro de anjos no ar — ele soltou uma gargalhada e sumiu, deixando apenas um cheiro insuportável de queimado.

Guardei a pedra no bolso, sequei as lágrimas e esperei até que os anjos chegassem. Lukiel apareceu na sala imediatamente.

— Você está bem? — ele se aproximou — Senti a presença de demônios por perto. Saraí, eles são perigosos, não querem o bem de ninguém.

— Por que vocês não me disseram que posso encolher um lado?

—Foi para seu bem. Você estava tão confusa, não queremos que você tome uma decisão precipitada — Lukiel disse.

— Vocês não querem que eu escolha o outro lado, é isso?— falei irritada — Vocês são egoístas, pensam só em vocês.

— A sua raiva por algumas pessoas não deve fazer você decidir o destino de bilhões de outras pessoas. É você que está sendo egoísta.

— Estão você supõe que eu vá escolher Sheol? Por que está aqui então? — gritei e tive uma vontade imensa de encarar os olhos dele.

— Eu não disse isso. Só quero que você saiba a consequência de suas escolhas, não é a sua vida que está em jogo, é a de toda humanidade. E se você não se lembra, seus pais fazem parte dela.

— Você está me ameaçando? — fiquei furiosa e o encarei. Olhei para os olhos brancos dele e percebi que nada aconteceu, eu não estava toda queimada. Lukiel desviou o olhar, mas viu que estava tudo bem — Eu estou olhando para você...

— Eu não entendo — ele ficou confuso — Nenhum humano olhou para mim sem enlouquecer.

— Talvez eu não seja humana — falei de brincadeira, minha irritação estava se dissipando após a descoberta.

— Como sou tolo — ele disse — É claro! Você é uma mestiça.

— O quê? — perguntei.

—Sua mãe era humana, mas você não tem pai. Você é metade anjo.

— Anjo? Eu sou como vocês?

— Não. Você é neutra, isso não significa que você seja um anjo de Shamayim. Tudo depende da sua escolha. A partir do momento que você escolher um lado, a sua parte não humana se transformará em anjo ou em demônio. E só depois disso eu poderei te atacar, é claro se você escolher Sheol...

Não conseguia imaginar Lukiel me atacando, isso me amedrontava. Como eu lutaria contra um anjo tão poderoso? Contra Merl e os outros? Nunca seria capaz de fazer isso.

— Você vai perceber que é mais poderosa do que imagina — ele falou.

— Não gosto que invadam minha mente — retruquei.

— Isso é involuntário. Talvez um dia você faça isso também — ele respondeu com delicadeza — Voltando ao assunto, eu não estou ameaçando seus pais. Mas tenho certeza que Sheol não poupará humanos, mesmo que esses sejam importantes para a Salvadora.

— Eu não vou me decidir agora — disse olhando para o rosto dele.

— Infelizmente não temos muito tempo — ele disse preocupado — Você será convocada em algumas semanas.

— Convocada? Pra quê?

— Um conversa com o Chefe dos Anjos, ele certamente exigirá sua resposta. A guerra está durando demais, queremos o fim!

— E se eu não escolher?

— Mais inocentes morrerão. Eu sinto muito!

— Vou me decidir até lá — eu falei mais para mim do que para ele.

— Confiamos em você — Lukiel esboçou um sorriso — Tenho que ir, Merl chegará para cuidar de você.

Ele acenou e desapareceu na luz. Sentei no sofá e tirei a pedra vermelha do bolso, fui para o quarto e a guardei na minha caixinha de joias. Depois peguei o telefone e liguei para minha mãe dizendo que não estava me sentindo bem e que não iria ao casamento. Merl apareceu meia hora depois, ela não disse nada, apenas me abraçou.

— Merl — eu a chamei — Você é minha anjo da guarda?

— Sou — ela sorriu — Fui anjo da guarda de sua mãe e de sua avó também — ela falou.

— Como elas eram? — fiquei curiosa para saber sobre a mulher que me gerou.

—Lina, sua mãe, era uma garota maravilhosa — ela parecia emocionada — Conseguia enxergar a pureza nos olhos dela, a bondade, a delicadeza. Órfã, como todas da sua linhagem, ela tentava superar isso com todo o amor do mundo. Quando descobriu que seria mãe, sem ao menos conhecer um homem, ficou tão feliz por não ser mais uma mulher solitária.

— Ela morreu no parto, não é? — perguntei com lágrimas nos olhos.

— Era o destino dela e de todas as outras. Mas ela teve tempo de te ver e de te dar esse nome, Saraí — Ela completou — Depois Lukiel e eu te levamos para o orfanato e...

— Vocês me levaram para o orfanato? — fiquei indignada.

— Saraí, nós não fazíamos ideia do que acontecia ali. Estávamos com centenas de tarefas e não era certo interferir no seu destino. Quando vimos o tanto que você sofria, a levamos para o outro orfanato, onde você foi bem tratada e adotada.

— Eu sempre chorava e rezava pedindo ajuda e vocês não fizeram nada! Que tipo de anjo da guarda você é?

Merl não respondeu. Ela ficou quieta e com o olhar triste. Saiu do quarto e me deixou sozinha. Deitei em minha cama e dormi.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ter lido!
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