Um mês se passou e Mara já se encontrava atolada de matéria. Ela tinha de ser totalmente organizada para equilibrar a faculdade com o trabalho. Até agora estava a conseguir. Cada vez gostava mais do curso e cada vez tinha mais certeza que aquela era a profissão perfeita para ela.

O trabalho também estava a correr muito bem. Durante este mês não teve qualquer problema, sempre conseguiu ultrapassar todas as tarefas que lhe eram impostas. O único problema era Alexander que não a deixava em paz. Cada vez que a via, Mara já previa mais uma discussão com ele. Não sabia porquê mas era inevitável esta finalidade em cada encontro deles pois se havia uma coisa que Alexander era, era ser persistente.

Hoje era o aniversário de Anthony e Mara tinha sido convidada para o jantar e festa que ele estava a organizar na casa dele. A relação entre os dois neste mês tinha evoluído muito e Mara já podia considerar Anthony um amigo. Tanto a ele como a Elinor que na faculdade os acompanhava para todo o lado como verdadeiros amigos.

Rose também havia sido convidada para a festa e Mara via nisso uma oportunidade para descobrir se Ezra sentia alguma coisa por Rose. Mara sabia que Ezra era alguém que, como Alex, gostava de se envolver com mulheres nas noites que passava nos bares mas algo lhe dizia que uma possível relação entre ele e Rose poderia resultar.

Benjamin, que durante este mês acabou por conhecer Anthony foi convidado apenas para a festa pois o jantar era apenas para pessoas próximas ao aniversariante.

Após o trabalho e de aturar mais uma vez Alexander, Mara seguiu para casa de Rose. Para sua sorte Alexander não sabia que ela iria até sua casa porque se não já sabia o inferno que ia ser.

Ao chegar lá, Mara foi recebida por Rose e imediatamente seguiram até ao quarto de Rose.

O quarto de Rose era simples. As paredes eram de um rosa tão clarinho que facilmente podia ser confundido com branco. Depois tinha apenas uma cama, uma secretária, um armário e uma estante cheia de livros. Tinha também uma janela pela qual dava para ver o imenso jardim que a mansão da família House tinha.

Rose e Mara começaram a preparar-se para o jantar e festa em casa de Anthony. Mara trouxera um vestido de casa para usar naquela noite. Já Rose ainda não sabia o que vestir. Estava extremamente indecisa.

–Eu desisto Mara. Não vou. – disse Rose decidida.

–Nem te atrevas Rose. Tu vais áquela festa nem que seja a última coisa que eu faça na minha vida. – falou Mara e Rose percebeu que ela não estava a brincar – Aliás Rose, tu precisas de sair, de te divertir e nada melhor do que esta festa para o fazeres. E, além do mais, vai estar lá o Ezra.

–Pois vai e provavelmente vai estar a esfregar-se em alguma vadia. É só isso que ele sabe fazer e eu não quero ser humilhada.

–Mesmo ele estando como costuma estar nessas festas, o meu plano continua de pé. Hoje teremos a certeza se Ezra Phelps sente alguma coisa por ti ou não. – Rose ia interrompe-la mas Mara não deixou – Não te atrevas a dizer mais nada. E já agora, será este o vestido que vais levar para a festa. – pegou num vestido azul escuro rendado e entregou-o a Rose.

–Esse vestido é demasiado curto e decotado.

–Ideal para a ocasião. – disse Mara maliciosamente – Temos de provocar o Ezra ao máximo. Não te estou a dizer para te comportares como as vadias com quem ele anda mas sim para aproveitares a noite como adolescente que és.

–Está bem. – concordou Rose vendo que não tinha outra hipótese.

Decididos os vestidos, Mara e Rose passaram à maquilhagem. Aliás à pouca maquilhagem porque se havia uma coisa que Mara gostava era de parecer natural e não uma barbie. Como Rose não costumava usar maquilhagem, Mara colocou-lhe pouca como fez a si própria. No cabelo, Mara colocou uma coroa de flores. Já Rose manteve os seus caracóis soltos.

Prontas, Mara e Rose desceram, preparadas para sair. Mara ia abrir a porta quando Rose a interrompeu.

–O Alex também vai e leva-nos. – disse Rose timidamente pois já sabia qual seria a reação de Mara.

–O Alexander? – perguntou Mara incrédula.

–Eu mesmo boneca. – disse Alex assustando Mara – Aposto que já estavas cheia de saudades minhas. Já agora esse vestido assenta-te mesmo bem. Pareces um anjo. – galanteou Alex.

–Vai à merda. – bufou Mara saindo para o jardim.

–Já tu maninha. – voltou-se para Rose – Esse vestido está curto demais.

–Só podes estar a brincar. – falou Rose incrédula – Tu és inacreditável.

Alex ia responder mas foi interrompido por uma terceira pessoa que surgiu no cimo das escadas.

–Chega de discussão. A diva chegou. – disse Rowena começando a descer as escadas como uma verdadeira estrela de Hollywood – Realmente a melhor coisa que eu fiz foi ter-te dado esse vestido. Estás linda nele, Rose. – voltou-se para Alex e prosseguiu – Já tu, Alexander, deixa a tua irmã usar o que ela quiser, ela é uma mulher livre. Assim como tu, os outros homens também gostam de ver um bom par de pernas. – concluiu Rowena abandonando o hall sem dar hipótese para que qualquer um dos irmãos se pronunciasse. No jardim, passou por Mara com os seus belos cabelos negros a abanar de um lado para o outro, murmurando um mero boa noite.

O caminho até casa de Anthony foi tudo menos silencioso. Alex continuava a implicar com os vestidos que as irmãs tinham escolhido para a ocasião. Rowena, cuja personalidade fazia com que ela sempre fosse a última a ter a palavra numa discussão, criticava o irmão sem parar. Rose preferiu ignorar os comentários do irmão e manteve uma conversa com Mara.

Em meio a tanta discussão, os quatro ocupantes do carro chegaram ao seu destino. Rowena saiu mal o irmão parou o carro dirigindo-se ao namorado e dando-lhe um beijo digno de Hollywood. Alex saiu logo em seguida deixando para o fim Mara e Rose que preferiram ser mais discretas na sua chegada.

Tal como a família House, também a família de Anthony vivia numa mansão embora um pouco mais pequena que a primeira. O jantar realizar-se-á na sala de jantar enquanto que a festa será no jardim.

Mara entrou na sala de jantar e viu que realmente seriam poucos para o jantar, cerca de dez pessoas. Ela, Anthony, Rose, Rowena, Alexander, Ezra, Elinor e mais três rapazes que ela não conhecia. Provavelmente seriam amigos do secundário de Anthony.

Mara sentou-se à direita de Rose e, antes que pudesse impedir, Alexander sentou-se na cadeira vazia ao lado da sua. Mara bufou para demonstrar o seu descontentamento enquanto que Alex apenas sorriu. Naquela noite, Alex queria a atenção de Mara só para si. E, se tivesse sorte, ainda conseguiria tocar em todas aquelas curvas que Mara apresentava. Alex concordava plenamente com a escolha de roupa de Mara. Curta e justa como ele gosta de ver numa mulher, exceto nas irmãs.

O jantar, para espanto de Mara, correu bem. Em ocasião alguma Alexander a perturbou e isso era algo inacreditável, ver Mara e Alex no mesmo local sem acontecer trocas de ofensas e palavras entre os dois. Mara conseguiu perceber que talvez Alexander pudesse ser um pouco suportável.

No fim do jantar, todos os presentes dirigiram-se para o jardim onde ocorreria a festa. Todos, exceto Mara e Alex. Mara tinha ido à casa de banho e Alex, aproveitando que ela estaria sozinha, ficou à espera dela. Quando Mara voltou nem queria acreditar em quem é que tinha ficado à sua espera.

–Só podem estar a brincar comigo. – bracejou Mara.

–Quem te ouvir falar até parece que eu sou tão detestável assim.

–E não és? – perguntou Mara arqueando a sobrancelha – Eu bem estranhei que tinhas ficado muito calado durante o jantar. De certeza que estavas a tramar alguma coisa.

–Eu só quero perceber o porquê dessa tua implicância comigo, Mara. Eu queria ser teu amigo. – disse Alex tentando soar o mais angelical possível.

–Tu queres ser meu amigo? – perguntou Mara sem conter uma gargalhada – E desde quando é que tu consegues ficar amigo de alguma mulher sem segundas intenções.

–Só amigos Mara. – pediu Alex.

–Veremos. – disse Mara saindo em seguida e deixando Alex plantado na sala. Ao menos não foi um não, pensou Alex.

De seguida saiu também para a festa e visualizou algo que não queria. Ao pé de Mara encontrava-se o mesmo homem que a levara no dia em que ela estava bêbada. Será que ele era, realmente, o namorado de Mara? Alex decidiu tirar essa história a limpo e aproximou-se dos dois.

–Mara queres dançar? – perguntou Alex chamando a atenção de ambos. Benjamin quando se voltou, reconheceu imediatamente Alex.

–Tu outra vez? – perguntou retoricamente Benjamin – Ainda não desististe?

–Eu nunca desisto de nada. – disse Alex orgulhando-se de si próprio – Mas parece que não sou o único.

–Vocês os dois acalmem as hormonas. – repreendeu Mara – Benjamin, este é o Alexander, o filho do meu patrão.

–Só podia ser um riquinho – disse Benjamin ironicamente.

–Benjamin. – repreendeu Mara – Não vai haver confusões. Hoje é o aniversário do Anthony e ninguém lhe vai estragar a festa. Agora podes fazer aquilo que te pedi, por favor?

Benjamin saiu irritado deixando Mara e Alex sozinhos. Benjamin não gostava nada de ver Mara sozinha com outro rapaz.

A forma como Mara e Benjamin se trataram só deixava duas certezas, Benjamin não era namorado de Mara mas não se importava de o ser.

–E o que é que tu queres agora? – perguntou Mara cansada. Estava farta de ter Alexander sempre no seu encalço.

–Eu já disse Mara. Eu quero uma dança com a rapariga mais bonita da festa. – disse Alex sem se conseguir conter. Ele tinha que lhe dizer.

–Bem me parecia que essa coisa de amizade durava pouco…

–Entendeste mal, Mara. Eu só quero uma dança contigo. E amigos podem dizer às amigas que elas estão bonitas ou não? – perguntou Alex deixando Mara sem resposta. Sim, pela primeira vez, Alex conseguiu deixar Mara sem resposta. Isto sim é uma novidade, pensou Alex.

Alex levou Mara, pela mão, até à parte onde outras pessoas dançavam. Naquele momento, como obra do destino, a música que começou a tocar era lenta. Alex sorriu com aquilo, era mais uma desculpa para ter Mara nos seus braços. Puxou Mara lentamente encostando o seu corpo ao dela. Colocou os dois braços em redor da sua cintura e Mara, sem se aperceber, colocou os seus braços no pescoço de Alexander para que assim iniciassem a dança.

Dançaram calmamente, sem qualquer palavra trocada. A única coisa que ouviam era a música e o som da respiração um do outro. E aquilo estava a incomodar Mara, porque ela estava a sentir-se bem nos braços de Alexander e isso era a última coisa que ela queria. Queria afastar-se dele para que aquelas sensações desaparecessem. Mas Alexander não permitiu. Quando Mara tentou afastar-se, Alexander segurou-a. E assim continuaram a dança.

Mara só desviou a sua atenção daquelas sensações todas quando avistou, sentado num dos bancos do bar improvisado, Ezra. E podia afirmar que Ezra não estava nada bem-disposto. Estava sim chateado. Mara seguiu o olhar de Ezra e percebeu o porquê de ele estar assim. Ele visualizava atentamente a dança de Rose e Benjamin. Mara sorriu. Aquilo não significava que Ezra estava apaixonado por Rose mas significava que, de alguma forma, ela o afetava. Isso era um bom sinal. Era sinal que Rose ainda podia ter esperança.

Com tudo aquilo, Mara não reparou que a música tinha acabado.

–Há pouco querias fugir e agora já não me queres largar, boneca? – perguntou Alex chamando a atenção de Mara.

–Não sejas idiota. – disse Mara soltando-se imediatamente de Alexander – A última coisa que eu quero fazer é ficar agarrada a ti.

–Não é o que parece. – provocou Alex.

–Não me chateies. – disse Mara indo para longe de Alexander e aproximando-se de Elinor. A verdade é que ela tinha gostado de dançar com Alexander mas ele nunca saberia daquilo, isso ela tinha a certeza.

–Estás muito pensativa Mara. – disse Elinor quando a avistou.

–É impressão tua. Vamos dançar. – Mara puxou Elinor não deixando ela responder.

Do outro lado do salão, Rose e Benjamin mantinham uma conversa normal. Isto até Rose avistar Ezra aos beijos com uma rapariga qualquer. Não aguentando nem mais um minuto naquele local, Rose despediu-se rapidamente de Benjamin e foi ter com Mara para lhe dizer que iria embora.

–Eu vou embora, Mara. – disse Rose mas Mara notou que a sua voz estava fraca como se Rose estivesse à beira de um ataque de choro.

–Mas o que é que aconteceu? – perguntou Mara preocupada.

–Aquilo aconteceu. – Rose apontou para o local onde Ezra estava aos beijos com uma rapariga qualquer. – Eu vou embora, não aguento mais isto. – e assim Rose saiu a correr daquela festa sem que Mara tivesse tempo de a impedir.

Mara estava furiosa. Não conseguia acreditar que Ezra fora capaz de fazer aquilo. Num momento estava a olhar enciumado para Rose e no momento seguinte estava aos beijos com uma qualquer. Sem se conseguir conter, Mara dirigiu-se a Ezra. Afastou-o bruscamente da rapariga de cabelos claros.

–Tu és mesmo imbecil. – gritou Mara com Ezra – Ainda consegues ser pior que o Alexander.

–Mara, tu passaste-te?

–Não Ezra, tu é que te passaste. Como…

–Mara, és tu? – perguntou a rapariga que estava com Ezra. E Mara tinha a certeza que aquela voz lhe era familiar.