A carta escrita por magalud


Capítulo 1
Entrega Especial


Notas iniciais do capítulo

Esta fic faz parte do SnapeFest 2004, uma iniciativa do grupo SnapeFest
Alerta: Isto é um AU (Universo Alternativo) Tem gente viva que deveria estar morta e outras inconsistências, mas eu quis fazer assim. Eu também quis usar alguns nomes no original, mas me disseram que as pessoas não iam saber de quem se tratava. Quero registrar aqui meu protesto! O nome do pai do Harry não é Thiago, o nome da mãe não é Lílian, mas eu tive que usar assim! Buá!



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Petúnia Dursley não sabia quem estava tocando a campainha de sua porta na rua dos Alfeneiros número 4, naquela tarde de terça-feira quente e úmida de verão. Mas assim que abriu a porta e olhou para baixo, sentiu as pernas ficarem trêmulas e seu coração bater descompassado. Afinal de contas, não era todo dia que um duende engravatado, de orelhas muito pontudas e com um ar muito oficial, batia à sua porta.

- Harry Potter? – pediu o duende.

Tia Petúnia soltou um gemido e desmaiou. Ao ouvir o barulho, Harry Potter parou de passar a roupa na sala de estar e foi à frente ver o que estava acontecendo. Seus olhos verdes se arregalaram:

- Tia Petúnia!

O duende indagou de novo:

- Harry Potter?

- Sim, mas –

- Carta registrada do Banco Bruxo Gringotts – O pequeno ser entregou uma prancheta nas mãos de Harry – Assine na linha pontilhada, por favor.

Assim que Harry assinou o papel de entrega, ele entregou uma carta volumosa, dizendo:

- Carta registrada para Harry Potter, entregue. Bom dia.

O duende estalou os dedos e desapareceu, provavelmente indo de volta para Gringotts.

Harry enfiou a carta dentro do bolso e correu a acudir sua tia desmaiada. Afinal, não havia mais ninguém ali. Duda estava no quarto, jogando videogame com sua patota, e ele não ouvia nada do que se passava na casa. Tio Válter estava no trabalho, e Harry estava servindo de elfo doméstico para os tios – como fazia todo o verão. E em pleno aniversário. Sim, porque aquele era o dia que ele completava 17 anos. Segundo as leis da Inglaterra, ele já completara a maioridade. No verão seguinte, Harry teria se graduado de Hogwarts, e poderia viver onde ele quisesse, provavelmente com Sirius no largo Grimmauld, onde ficava a Mansão Black, sede da Ordem da Fênix – onde o padrinho vivia escondido das autoridades do Ministério da Magia.

Harry colocou a cabeça de tia Petúnia no seu colo e deu tapinhas no rosto dela:

- Tia Petúnia! Tia Petúnia, acorde!

- Ah... O quê? O quê? Que houve?

- A senhora desmaiou.

Parece que a memória de Petúnia voltou, porque ela repentinamente gritou, levantando-se quase que de um pulo:

- AAAHHH! Onde ele está? Para onde ele foi?

Harry achou melhor fingir que não sabia de nada:

- Para onde foi quem, tia Petúnia?

- A-aquela... aquela *coisa*! De orelhas pontudas.... pequeno...! E ele estava procurando por você! – A expressão dela mudou, e ela apontou um dedo muito magro e fino direto no rosto de Harry – Era uma das aberrações da sua gente, eu aposto! Você tinha que estar metido nisso!

Harry continuou se fazendo de desentendido:

- Metido em o quê? Eu não sei do que está falando!

Tia Petúnia apontou o dedo para cima:

- Já para o seu quarto!

- Mas por quê? Eu não fiz nada!

- Porque eu estou mandando!

- Eu ainda não terminei de passar a roupa!

- Deixe que eu me preocupe com isso! Agora suma da minha frente! Vá para o seu quarto e não saia de lá até eu mandar!

Droga, pensou ele, enquanto subia as escadas para seu quarto. Ele estava numa encrenca, com certeza, e as coisas só iriam ficar piores quando tio Válter chegasse em casa.

Aquilo ia ser castigo para uma semana.

Se ele pudesse usar mágica fora da escola, ele teria modificado a memória dela. Só que ele não tinha aprendido como fazer isso ainda – era matéria para o sétimo ano. E ele ainda tinha um mês inteiro antes de voltar a Hogwarts.

Mas uma coisa ele não entendia: por que um duende de Gringotts tinha deixado o banco no Beco Diagonal para entregar uma carta? Não parecia ser coisa de um duende.

Ele enfiou a mão no bolso e tirou a carta – o pergaminho era velho, o que significava que era uma carta antiga. O que poderia ser aquilo?

A carta estava endereçada a ele, e dizia simplesmente: "Harry Potter", numa letra que ele nunca tinha visto, mas era elegante e bonita. Ele a abriu com cuidado e começou a ler, sem ter idéia do que se tratava.

"Meu amado Harry,

Aqui quem escreve é sua mãe Lílian. Se você está lendo essa carta, é porque eu morri antes de você completar 17 anos. Espero que tenhamos tido algum tempo juntos, pelo menos, mas no momento as coisas estão ficando cada vez mais complicadas para Thiago e para mim. Não sei quanto tempo mais conseguiremos fugir de Voldemort. Estamos a ponto de fazer o Feitiço Fidelius para assegurar um pouco mais de tranqüilidade à nossa família, já que você é apenas um bebê.

Mas eu escrevo principalmente para lhe dar uma coisa a qual você tem total direito: a verdade. Se eu e Thiago morrermos, você não terá quem lhe diga isso, e você merece saber de tudo. Ninguém sabe da verdade a seu respeito, Harry. Thiago e eu fomos muito cuidadosos para escondê-la de todos.

A verdade é que Thiago não é seu verdadeiro pai. Provavelmente todos lhe disseram que Thiago o amava muito, e isso é verdade. Eu também sou legalmente casada com ele, mas antes dele, eu era apaixonada por um homem que se tornou um Comensal da Morte. Eu tentei dissuadi-lo de seguir Voldemort, mas ele sofria muita pressão para se unir aos Comensais. Por isso, afastou-se de mim e juntou-se ao Lord das Trevas. Comecei a namorar Thiago uns meses depois, e descobri que estava grávida daquele homem que me abandonara. Eu não podia procurá-lo, não com Voldemort tentando tão desesperadamente nos matar, portanto nunca pude falar com ele e contar a verdade. Jamais fiquei tão apavorada em minha vida, nem quando descobri que era bruxa numa casa cheia de trouxas.

Foi Thiago quem ofereceu a salvação, casando-se comigo e criando você como se fosse filho dele. Assim que você nasceu, nós colocamos diversos feitiços para fazer você ficar muito parecido com Thiago. Aposto como as pessoas dizem o tempo todo para você o quanto você é parecido com Thiago, mas isso é tudo obra de feitiços. A partir desse ano, eles devem começar a perder a força e você deverá ficar gradualmente cada vez mais parecido com seu verdadeiro pai. Não sei se ele estará vivo, pois vivemos em tempos difíceis, meu filho. Mas acho que você deve saber o nome dele. Ele é Severo Snape, um homem a quem amei muito, mas que tinha muitas cicatrizes emocionais. Você agora tem 17 anos, e é um adulto, portanto pode fazer o que quiser. Se quiser procurá-lo, caso ele esteja vivo, lembre-se de que ele escolheu o caminho das Trevas, e provavelmente nunca ouviu falar de você. Não é culpa dele.

Para que você soubesse ao menos sua verdadeira origem, Thiago e eu resolvemos deixar essa carta no banco Gringotts, para ser entregue no dia em que você completar 17 anos. Também resolvemos abrir um cofre para você. O dinheiro é de Thiago, e ele lhe deu de coração. Ele o ama como um verdadeiro pai, e você sempre terá um lugar no coração de Thiago Potter.

Perdoe os atos de uma mãe desesperada, mas tudo que eu fiz foi pensando somente no seu bem-estar. Eu te amo muito, Harry, e faria qualquer coisa por sua felicidade. Espero que sua vida seja cheia de sucessos, mas acima de tudo, espero que você seja muito feliz em qualquer coisa que resolver fazer.

Sua mãe,

Lílian"

Harry leu e releu a carta mais de cinco vezes, às vezes com lágrimas que escorriam por suas bochechas, às vezes com uma raiva que parecia querer explodir dentro de seu peito. E depois releu mais tantas vezes, sempre experimentando emoções diferentes.

Ele ignorou as corujas que traziam presentes de seus amigos e o tradicional bolo de aniversário de Hagrid. Ele guardou tudo aquilo no buraco escondido pela tábua solta do assoalho de seu quarto.

Ele não tinha o pai que pensava ter e seu verdadeiro pai era a última pessoa que pensava que poderia ser.

Como aquilo poderia ser possível?

Ele olhou para o relógio e viu que estava trancado no seu quarto já fazia mais de três horas. Três horas desde que sua vida tinha mudado de cabeça para baixo

Edwiges voou para dentro do quarto e pousou de maneira gentil no ombro dele, dando-lhe bicadas afeiçoadas na orelha. Harry estava com os olhos vermelhos de tanto chorar e a cabeça doendo de tanto pensar. Os seis anos de Hogwarts lhe passaram pela cabeça. Todas as vezes que Snape o tratara mal, todas as vezes em que ele o tinha humilhado...

Meu pai me odeia.

E como isso tudo tinha sido escondido dele?

Ele tinha tanto que pensar, tanto que pensar...

Pensou em escrever para Rony e contar tudo, mas ele já podia ver a resposta. Rony faria cara de nojo e escreveria: "Ew! O babaca seboso é teu pai? E você vai ficar parecido com ele? Ew!"

Harry arregalou os olhos e foi se olhar no espelho que ficava dentro de seu guarda-roupas. Olhou para seu rosto e não viu nada mudado. Talvez sua mãe estivesse errada... Talvez ele não fosse filho de Snape, afinal... Ele não queria ser filho de Snape!

Quem sabe ele poderia escrever para Hermione. "Harry, você tem que se aproximar dele e esquecer tudo o que aconteceu... Ele é seu pai", diria Hermione, sabendo direitinho que tudo que Harry queria era a maior distância possível entre ele e o Mestre de Poções.

Não, ele não estava nem um pouquinho a fim de escrever para Hermione sobre isso.

Mas ele tinha que contar para alguém! Alguém tinha que falar com ele sobre isso, se não ele iria explodir.

Quem sabe Sirius? Sirius era seu padrinho, ele iria ajudá-lo.

"Desculpe, Harry, mas se o Ranhoso é seu pai, então isso significa que você não é mesmo meu afilhado. Provavelmente Lúcio Malfoy é seu novo padrinho E já que estamos falando disso, poderia devolver aquela Firebolt que eu te dei?".

NÃO!

Como ninguém sabia disso? Como eles conseguiram esconder isso de todo mundo?

Não. Alguém tinha que saber.

Dumbledore. Sim, Dumbledore! Se é que tinha alguém que sabia de tudo o que se passava, era Dumbledore!

Ele se sentou na sua escrivaninha, pegou um pedaço de papel e disse:

- Edwiges, pronta para dar uma voltinha antes do jantar?

Ela abriu as asas ruidosamente e foi para o seu poleiro.

- Então espere um pouco.

Harry começou a escrever.

"Professor Dumbledore,

Acabo de ter uma surpresa no meu aniversário. Meu verdadeiro pai não é Thiago Potter, mas sim Severo Snape. O senhor já sabia disso, não sabia? Por que nunca me contou?

Gostaria de uma resposta o quanto antes, por favor,

Harry Potter"

Harry sabia que era um bilhete danado de curto, mas ele não sabia o que mais poderia escrever sem despejar uma avalanche de insultos contra o diretor de Hogwarts. Dumbledore tinha escondido dele a verdade sobre a profecia que o ligava a Voldemort, e Sirius quase tinha sido morto por causa disso. Desde então, Harry tinha uma mágoa profunda em relação ao velho bruxo.

Ele dobrou o papel e aproximou-se de Edwiges, dizendo:

- Espero uma resposta rápida, Edwiges. Fique puxando a barba dele até ele responder!

A coruja piscou os grandes olhos amarelos e alçou vôo graciosamente, atravessando a janela e rumando para o norte. Harry ficou acompanhando-a e olhando para a tarde que começava a morrer em Little Winghing, sem ter sua mente fixa em nada específico. Ele ainda estava um pouco em choque com tudo que acontecera.

Naquela noite, ele não conseguiu nem comer nem dormir. Primeiro por causa de tudo que estava martelando em sua cabeça. Segundo porque Duda tinha resolvido comemorar seu aniversário usando todos os presentes ao mesmo tempo – inclusive instalando seu terceiro computador. Harry, claro, não tinha nenhum: nem os computadores antigos, nem os PlayStation antigos. Terceiro porque tia Petúnia aparentemente tinha se esquecido de chamá-lo para jantar. Ele terminou comendo o bolo de aniversário que Hagrid lhe mandara.

Passar a noite em claro não era das experiências mais agradáveis do mundo, especialmente com a notícia de que seu verdadeiro pai era um babaca seboso, mal-humorado e sem coração chamado Severo Snape. Harry não conseguiu pregar o olho e para piorar tudo, sentiu sua cicatriz arder.

*Hoje não, Voldie. Harry está com muitos problemas*, pensou, mas por via das dúvidas resolveu praticar os exercícios de Oclumência que finalmente, depois de um ano, ele tinha conseguido dominar – graças à insistência de Snape. Pensou que aqueles exercícios eram mais necessários do que nunca. Tudo que ele precisava agora era que Voldemort soubesse da sua mudança de paternidade.


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