Into the Unknown escrita por Wirt


Capítulo 2
A filha do Lenhador


Notas iniciais do capítulo

Obrigado a todos que estão acompanhando mesmo sem dar o ar de sua graça -q
espero que gostem.



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Meu corpo dói... No momento que abri os olhos estava com a visão turva, o que me impedia de examinar o local que estava, mas a luz fraca ajudava a recuperar o foco. Aquele lugar tinha um forte cheiro de orvalho ou de qualquer madeira que possua uma exercia forte e adocicada. Talvez esse cheiro estivesse apenas nas cobertas que cobriam meu corpo.

Estava com um pouco de calor. A coberta parecia feita com o pelo de algum animal selvagem, um lobo talvez, mas junto com a pele o calor da fogueira esquentava todo o ambiente e também o iluminava.

Aos pouco minha visão foi voltando ao seu normal e percebi que o local que estava era uma velha cabana de lenhador, todos os moveis talhados à madeira, isso explicava aquele cheiro. O lugar já era escuro por si próprio já que as janelas estavam fechadas e parecia não serem abertas há anos.

–Onde estou? –perguntei na esperança de uma resposta, não me importava se alguém brotasse do chão para me responder.

–Na cabana de meu pai. –respondia uma voz feminina que surgia das sombras.

Aquela voz pertencia a uma jovem de longos cabelos castanhos e cheios. Seu rosto era fino e seus olhos grandes e negros. Um manto marrom cobria seus ombros, deveria ter uns 23 anos, sua pele branca brilhava conforme a luz da lareira batia em sua pele.

Acho que estava tão distante que não tomei um susto, mas fiquei questionando quem era aquela garota e como havia me encontrado, será que tinha me arrastado até aquele lugar? Não, ela não parecia assim tão forte...

–Pode me chamar de filha do lenhador. –respondeu a garota como se lesse minha mente. –Foi um pouco difícil arrasta-la, mas não a deixaria caída no meio daquela floresta, ainda mais com aquela besta vagando por ai.

Fiquei alguns segundos estática sem saber se aquela garota havia realmente lido minha mente ou já estava acostumada a responder esse tipo de pergunta com tanta frequência...Pisquei os olhos algumas vezes até perceber que estava com uma expressão boba no rosto. Fale algo Oliver! Sacudi a cabeça e pude ver o prato com um conteúdo liquido dentro.

–Hmm... Sopa quente. –essa foi à única coisa que pude pensar enquanto pegava a colher que estava ao lado do prato e a afundava no liquido amarelado. Não me importei em falar daquela tal besta que havia comentado, era uma garota do interior a besta deveria ser algum lobo ou algo desse gênero, nada preocupante.

Levei a colher até minha boca e esperei para sentir aquele calor interno que a sopa de minha mãe fazia... Meu tio odiava sopa, ele tinha gostos estranhos para comida, já meu pai tinha um gosto meio... Hum... Chato para comida, ele gostava de coisas chatas, a única comida de diferente que gostava era hambúrguer, no geral era chato. Na verdade, apenas ele comia as sopas, meus irmãos e eu ignorávamos, mas era a única coisa que tinha e queria um pouco de nostalgia daquela família. Mas a nostalgia teve seu fim ao sentir um gosto amargo e o caldo frio. Que droga! Cuspi o liquido de uma única vez junto com um pouco de minha saliva, na esperança de tirar aquele gosto da minha boca.

–O que é isso? –perguntei erguendo meu olhar para a garota que tinha um olhar meio triste, não a culpa, havia ‘’vomitado’’ a comida dela.

–Caldo de aspargo. –respondia a garota voltando seu olhar para janela. -Só restou isso, meu pai disse que voltaria com mais comida... Mas ele não voltou, estou preocupada com ele.

Limpava minha boca com a manga de minha blusa e via a preocupação tomar conta dos olhos negros da jovem.

–Quanto tempo ele está fora? -perguntei na esperança de uma resposta como ‘’duas horas’’ mas levei um susto ao escuta-la.

–Trinta e cinco anos.

Deixei o prato com aquele caldo frio cair no chão tamanho o espanto. Fiquei com meus olhos fichados na garota sem acreditar no que era dito, era impossível seu pai ter sumido há tanto tempo. Ela não tinha essa idade, se ele sumiu a trinta e cinco anos seria impossível que conhecesse o homem.

A filha do lenhador ficou me olhando assustada sem entender o motivo de ter deixando o prato cair no chão. Ela esticou seu braço para limpar a sujeira que havia feito e pediu desculpa, não entendi ao certo porque daquilo.

–Seu pai sumiu a trinta e cinco anos? –questionava incrédula. –Quantos anos você tem?

–Eu? –perguntava a garota enquanto erguia o rosto. –Tenho dezenove.

Afundei-me no sofá e a fiquei fuzilando com o olhar, era impossível isso, ela não podia ser tão jovem assim e se lembrar do pai. O que está acontecendo nesse lugar.

–Oh! Não se assuste. –disse a garota sorrindo e voltando a ficar de pé. –Isso é normal no desconhecido, na verdade todos estão acostumados com isso. Há muito tempo o tempo não passa no Desconhecido.

Permaneci a olhando sem compreender o que era dito pela garota que agora desviava seu olhar para lareira.

– Você é nova aqui então não sabe a lenda que é contada. –murmurava a jovem sem tirar seus olhos do fogo.

–Que lenda? –começava a mostra certo interesse no que era dito, afinal estava presa num lugar onde ninguém envelhecia, precisava saber mais sobre isso.

Um suspiro saiu da boca da garota então ela começou a contar enquanto mexia no fogo com uma fara metálica.

–Há alguns anos atrás um par de garotos se perderam no Desconhecido, assim como você está agora... A Besta os seguia para todos os cantos, não importava onde estivesse a Besta estava lá. –de novo essa Besta, começo a achar que não é um simples lobo. –Meu pai tentou salva-los, mas foi acusado de ser a própria Besta, claro que era uma mentira que a própria criatura criara para todos do Desconhecido. Claro que aquele monstro não era único atrás dos garotos, mas eles fugiram bravamente de tudo e de todos, até que o irmão mais novo foi capturado e teria o mesmo destino trágico de todos que foram atraídos pela criatura. Mas seu irmão o salvou e assim fugiram do Desconhecido. A única forma de sair é derrotando a Besta, mas a Besta odeia perder em seu próprio jogo. Ela jurou que traria os garotos de volta e para ter certeza que nada mudaria deixou a todos num circulo sem fim que se repete todos os dias, não importa o que seja feito.

Acho que parei de ouvi-la no momento que disse como escapar daquele lugar, eu preciso encontra essa criatura e sair daqui. Não deve ser difícil derrota-lo se duas crianças fizeram isso.

–Eu preciso ir. –disse por fim enquanto me colocava de pé e caminhava até a porta.

–Não pode ir! –gritou a garota estendendo a mão para agarrar meu braço, mas consegui me esquivar dela.

–Eu preciso ir. –respondia com um sorriso no rosto. –Tenho que voltar antes do jantar para casa, se não fizer isso meu pai vai me matar. Acredite em mim quando meu pai quer pegar no pé de alguém ele faz isso muito bem. –brincava enquanto abria a porta e via a floresta que parecia bem mais macabra que antes, não tinha nenhum tipo de luz que ajudasse.

A garota ficou atrás de mim um pouco sem jeito, em suas mãos uma lanterna velha e com a cor negra.

–Não vai sobreviver uma noite... -comentava a garota.

–Eu aguento. –respondia sorrindo. –Pode me empresta essa... -enquanto falava estendia minha mão para a lanterna, mas para minha surpresa a mesma a afastou e disse num tom alto e rígido que não.

Confesso que me assustei com essa reação dela, mas talvez só estivesse confusa ou assustada. Uma boa ideia seria passar uma noite naquela casa, mas tinha alguma coisa na garota da cabana que me causava calafrios. A floresta parecia mais segura que ela.

–Bem, eu vou indo. –comentava enquanto saia da cabana e andava na direção da floresta. –Nos vemos por ai Garota da cabana.

–Sim... -murmurava a garota, ela disse mais alguma coisa mais não consegui escuta-la por causa de uma forte rajada de vento.


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