Yu-gi-oh! GX Duel Academy - Chapéu Vermelho escrita por Kingdom of the Saints


Capítulo 7
Capítulo 7 - Algoz


Notas iniciais do capítulo

Cheers!



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O telefone emitia uma nota constante, indicando que havia uma linha de conexão. Eu hesitei por um momento, dando um suspiro. O sol preguiçosamente se erguia na manhã de Domingo, tingindo todo o cais de laranja. As ondulações no mar emitiam milhares de lampejos brilhantes, e volta e meia o som de ondas se quebrando contra a estrutura de concreto feita por mãos humanas enchia os ares. A academia inteira era uma zona de sombra para recepção telefônica. A única forma de fazer ligações era pelos orelhões acoplados a uma das paredes do farol, que eram os únicos —bem, pelo menos de acesso aos estudantes— que se comunicavam com o mundo exterior.


O ar ainda estava frio da noite. Todas as criaturas da floresta ao longe pareciam estar somente prestes a despertar, ainda. O cais estava, para todos os efeitos, abandonado, exceto por mim que agora punha uma moeda na máquina e discava os botões metálicos. Era assim que eu tinha necessidade que ele estivesse. Não queria arriscar que um ou dois idiotas proativos estivessem lá para me ouvir ali. Não. O conteúdo da minha conversa teria um teor íntimo demais. E eu nunca me senti confortável sendo vulnerável.

As memórias dos últimos dias vinham à tona com uma temível intensidade, invadindo meus pensamentos, queimadas em minha mente a ferro e fogo. Essas contrastavam com memórias mais doces. Memórias que, mesmo tendo-se passado apenas alguns dias, já me pareciam distantes por pelo menos o tempo de duas vidas.

O telefone tocava notas intermitentes, sinalizando que tinham encontrado o aparelho desejado. Eu hesitei por um momento, pondo o dedo no gancho. Lá se ia uma das minhas poucas moedas. Com um “tsk”, eu liguei de novo. Eu devia demais a ele. Praticamente tudo. Ele que se sacrificou diariamente para que eu pudesse estar aqui. Se eu achava que estava estragando tudo, de todas as pessoas, ele tinha o direito de saber.

— Alô? – A voz dele veio pelo aparelho, exatamente como eu me lembrava. Onde quer que ele estivesse, parecia estar acontecendo uma festa ou um desastre, tamanha era a balbúrdia que servia de plano de fundo para a ligação.

— David? – Eu falei, hesitante.

— Maninho?! Solomon! – A voz dele transmitia uma alegria impossível de conter. – Como vão as coisas ai na ilha? Me conte tudinho! – Ele sempre teve esse hábito de ser super entusiástico sobre absolutamente tudo. Era, francamente, a coisa mais reconfortante do mundo para mim. Tudo que eu precisava naquele momento. Ele não me deu tempo de responder, porém: — Vê só. Como tu sabe, nosso pagamento atrasou aqui no banco... E eu não pude te mandar ainda... Mas vai chegar, tá? Te preocupa não. Só segura as pontas ai por enquanto. E a partir do próximo mês acho que vai ficar melhor por aqui, então você pode sempre esperar receber no dia... Primeiro do mês... Talvez no segundo. Ou o terceiro. Enfim, do quarto não passa, tá certo?

— Mano... Não tem problema. Eu me viro aqui. Você não precisa fazer isso.

— Maninho. – Ele me falou com uma voz séria, que não aceitava contrariedade. – Você sabe que desde que o velho morreu, eu tive que cuidar da família. Eu nunca deixaria você e sua mãe desamparados. — E deu ênfase na palavra — Nunca. Ouviu bem?

— David...

— Só um momento, Solomon. – A voz dele ficava mais baixo. Parecia estar conversando com outra pessoa. Eu ouvi um “Aham”, um “O que?” e um “Okay, só um momento, eu tenho que terminar isso aqui primeiro”. – Eu vou ter que desligar, maninho ent-...

— Espera! – Gritei. Eu sabia que ele provavelmente tinha muito o que fazer. Mas eu precisava falar com ele. Meu coração acelerou, pronto para falar de um milhão de coisas que estavam me incomodando. Ele pareceu anuir com o comando, permanecendo na linha, em silencio. – Maninho, eu... Não sei se aqui é meu lugar. Desde que cheguei aqui, eu não ponho uma para dentro...

Ele suspirou.

— Você vai se dar por vencido agora? Depois de tudo que você fez? Você deu o sangue, o suor e as lágrimas para estar ai onde você está.  Nós dois sabemos o quanto. Ergue a cabeça, Solomon. Luta. Dê o máximo de si e o resto é resto. Tenha fé e tudo vai dar certo.

Ele não entendia. Como poderia? Eu nem tinha entrado nos detalhes. Essa era apenas a filosofia dele. Era assim que ele lidava com todos os problemas. E sempre que alguém precisava de ajuda, era sempre esse o credo que oferecia. Ainda assim, eu sabia que ele não era incapaz de empatia. David sempre fora sábio além de sua idade, e mais inteligente do que provavelmente cabia-lhe ser dada sua criação. David era, sem sombra de dúvidas, o meu herói. Meu ídolo. Provavelmente já tinha entendido absolutamente tudo que estava se passando comigo. Provavelmente já tinha decidido que tudo o que eu estava passando era insignificante. Talvez não. De qualquer forma, eu queria ouvi-lo. Eu precisava ouvir sua opinião.

— Não é isso, David. Eu... Deixei todo mundo com raiva de mim. Até as pessoas por quem eu tinha mais simpatia. Eu fiz umas burradas... E agora pago as consequências, eu sei. Mas eu acho que não vou aguentar a pressão. Eu não quero antagonizar ninguém. Nunca quis.

— O problema é uma menina, não é? – Ele apenas se limitou a dizer.

Alexis veio à minha mente. Mais precisamente, aquele incidente em que nos desentendemos acerca do meu comportamento violento na praça de alimentação da Academia.

—... Também. Tem algumas outras pessoas. Tá todo mundo com raiva de mim. Me chamam de arrogante. Não toleram a minha atitude. Eu não sei o que fazer.

— E dai que ela ficou com raiva de você? Foda-se! Eles não entendem. Eles não sabem o perrengue que a gente passou. Não deixe esse bando de almofadinhas te olharem com desprezo. Eles não teriam chegado aonde você chegou se estivessem nos seus sapatos. Ei... – Ele fez uma pausa. – Cabeça erguida, maninho. Cabeça erguida.

— Ainda assim...

— Maninho, só mais um instante. – Ele parecia falar com a mesma voz de antes. — Eu tenho que desligar. Lembre-se sempre: Eu te apoio cem por cento. No que você precisar, pode me chamar. Eu te amo, pirralho.

Aquelas palavras ressoaram pelo meu corpo todo, provocando uma sensação simultânea de calor e de desespero acerca da situação.

— Eu te amo também.

Era como eu temia. David não fazia noção do que estava realmente acontecendo. Toda a vida ele passou achando que todos os nossos problemas se resumiam à diferença entre nossa classe social e a de outrem. Era essa a preocupação número um dele, não deixar que nos olhassem com descaso. Se somente ele tivesse mais tempo... Se somente ele estivesse perto... Talvez ele pudesse me dar os conselhos quais eu precisava ouvir. Naquele momento eu entendi que eu estava inteiramente só para desembaraçar toda aquela situação. Mas, falhando ou logrando êxito... Eu devia a ele viver com as consequências e vê-las até o fim.

O Domingo era um dia particularmente solitário. Meditei sobre isso enquanto deixava marcas da sola do meu sapato sobre a areia da praia. As palavras de Zane ecoavam na minha cabeça, enquanto eu tentava entendê-las. Enquanto eu tentava internalizá-las.

Não havia sequer uma alma por lá. Jaden, Syrus e Chumley, como também a maioria dos Slifers, pareciam ser possuídos por um enfado ou preguiça que os deixavam pouco propensos a saírem do dormitório e arriscar se perder na mata. Blair se não estivesse com eles, era de outra forma impossível de localizar, tal era a sua astúcia. Mover-se-ia por ai sem seu disfarce usual, talvez, sem a mínima preocupação de encontrar olhares indesejados. A única forma de entrar em contato com ela, por minha parte, seria se ela quisesse que eu a encontrasse. Alexis e Zane... Não. Quer queira, quer não, eu tinha queimado essas duas pontes. Pensá-lo me cortava o coração, mas era a mais pura verdade. Mas que maldição, Solomon. Se somente você soubesse ou pudesse cortar seus próprios excessos...

Mas mesmo se eu soubesse ou pudesse, haveria uma forma de regenerar tudo? De mostrar para Zane o respeito que na realidade eu tinha por ele? De mostrar para Alexis que eu não era, por necessidade, uma pessoa violenta ou pedante? Suspeitava que não. Ah, mas um homem podia sonhar...

Meus pés me levavam por caminhos aleatórios. Por pequenos córregos e por debaixo das densas copas da floresta. Por chão humoso e chão gramado. O sol erguia-se cada vez mais altivo no céu. Pequenas criaturas farfalhavam as plantas enquanto davam continuidade ao círculo da vida. Antes de sequer me dar conta, encontrei-me nas sombras da enorme estrutura da academia de duelo. A entrada estava sendo guardada por instrutores fardados de preto, mas era óbvio que aqueles estudantes que se reclinavam nas pilastras e olhavam com olhares predadores para qualquer movimento, por menor que fosse, dos arredores, não estavam lá com o intuito de socializar. Anteriormente, os fins de semana eram dias em que os estudantes se encontravam na academia com o propósito único de duelar, e as únicas alas da academia que permaneciam abertas eram aquelas que davam suporte a essa cultura.

Agora que os duelos estavam banidos para além do solo da Academia de Duelos ela mesma, aquele bando de tubarões farejando presas não tinha ninguém para predar exceto eles mesmos. Mas eles possuíam algum tipo de código de honra que os mantinha longe uns dos outros.  Talvez fosse a conclusão lógica de que, caso só um deles possuísse decks alterados com cartas raras, a vitória era garantida, mas que a bilateralidade dessa condição faria o duelo se aproximar de uma competição mais ou menos paritária. E uma batalha justa era tudo que essa escória não queria. Portanto, só ficavam ali, entediados, esperando que algo diferente acontecesse.

Tomei um momento para pensar em quão repulsivo isso tudo era.

Gente que merece a vitória é gente que trabalha por ela. Não há duas formas de pensar sobre isso. Se você não tem coragem para jogar com o deck que tem, se não tem coragem para perder, você é um ninguém. Na minha cidade, montávamos nossos decks carta a carta, vencendo-as de duelistas muitas vezes melhores que nós mesmos, arriscando perder as nossas próprias. Nossos decks, antes de ser fortes em razão do poder cru e não adulterado das cartas que os compunham, eram, muito antes, mais do que a soma de suas partes. Meses e meses de vitórias e derrotas o faziam construir um entendimento acerca do jogo e de suas limitações que, não consigo imaginar, possa ser possível da forma como aqueles duelistas predatórios se conduzem. Duelistas de verdade sabem arriscar. Duelistas de verdade não reclamam das derrotas, antes, aprendem com elas. Duelistas de verdade duelam contra aqueles que respeitam a arte de duelar, e procuram sempre um duelo melhor. Um duelo em que todos os seus conhecimentos, toda a sua tenacidade, toda fibra do seu ser, seja testada. Esse é o meu credo.

Um burburinho começou a se formar ante aqueles duelistas de araque, e eles todos se levantaram, indo em direção da silhueta de outra pessoa. Eu me aproximei para ver o que estava acontecendo, movido por curiosidade. Eles adotavam poses agressivas, então achei que tinham encontrado uma pobre alma para atormentar. Um duelista fraco. Talvez um dos meus companheiros de dormitório.

Mas eu estava enganado. A pessoa que estavam admoestando era a bochechuda mulher da loja de cartas. Isso me pareceu estranho, uma vez que eu sabia por fato que a loja fechava aos fins de semana. Lá estava ela, porém, com os braços pelancudos segurando uma pilha de caixas que atrapalhavam sua visão. Pareciam pesadas. Mercadorias? Ela utilizava um macacão jeans e roupas cor-de-rosa, e vestia preocupação e angústia por trás de seus óculos fundo-de-garrafa. Eles atiravam insultos a ela. Coisas terríveis. A conversa seguiu mais ou menos assim:

— Você não vai a lugar algum, vaca. Nós sabemos do seu joguete. Você está mancomunada com os contrabandistas! É por sua culpa que a Academia está indo ralo abaixo. Aposto que essa caixa daí tá cheia de cartas raras que você vai vender pra eles a preço baixo. – Identifiquei o interlocutor imediatamente. Era um dos meus atormentadores habituais. O que fiz o nariz sangrar.

Ela nada falava. Apreensiva e boquiaberta, ela mal entendia o que estava acontecendo. Provavelmente não era acostumada a ser tratada de forma tão canhestra como estava sendo agora. Ela tinha idade, parecia estar no fim dos seus cinquenta. Sua face transbordava uma gentileza que eu já vira em várias das senhoras que populavam os parques da minha cidade a alimentar os pombos, ou ainda trabalhavam como costureiras e confeiteiras que sempre nos davam de graça a borra da massa da torta ou as camisas que saiam muito erradas para os padrões da alta sociedade. Eu podia ver em seus olhos. Ela não parecia capaz de qualquer tipo de joguete.

Portanto lá estava eu, observando por trás de uma pilastra enquanto um círculo de rapazes do Obelisco se aproximava, passo a passo, da mulher da loja. Ela vacilava para trás, tentando olhar para eles por trás da pilha de caixas pesadas que carregava nos braços. Parecia prestes a fazer o carregamento cair no chão e sair correndo. A entrada da academia estava a pelo menos vinte metros de distância de onde ela se encontrava, e ainda havia uma figura vestida com o azul dos Obeliscos, com os braços cruzados contra a parede. O ar estava completamente parado, e a situação se tornava cada vez mais sufocante. Não havia dúvidas. Eu estava prestes a ser testemunha de um crime.

Portanto eu intervim.

Meus passos ecoaram pelo chão de ardósia, e eu me estabeleci entre os atacantes e ela. Assumi uma posição de combate, mas eu sabia que, sendo um estudante, só havia uma saída daquela situação para mim. Vencê-los em um duelo. Com decks alterados, eu temia minhas chances de vitória. Mas eu não podia deixa-la para trás. Que tipo de homem eu seria se deixasse? Além do mais, esses patifes provavelmente não sabiam o que fazer com as cartas que receberam. Eram cegos.  Cegos armados com metralhadoras, mas cegos de qualquer forma. Talvez eu pudesse pegá-los desprevenidos.

Um momento se passou em hesitação. As sombras das árvores lentamente escorriam pelo chão de grama, até o caminho esculpido por humanos que dava caminho até a Academia de duelo.  Os rapazes do Obelisco pareciam apreensivos. Ainda não sabia o que iriam escolher. Eu estava tão pronto para dar um gancho de esquerda quanto para sacar cartas. Alguns deles assumiram poses de combate também, e pareciam estar me avaliando. Davam pulinhos no lugar e trocavam de lado. Coisa de lutador amador. O momento foi quebrado, porém, quando nós ouvimos passos vindos da direção da Academia. A figura de um estudante do Obelisco saiu das sombras, de onde estava reclinado de braços cruzados, e apresentou os cabelos negros e a pele pálida para o sol. Ele tinha feições agressivas, e seu cabelo era penteado numa espécie de topete ou franja que apontava para frente como um punhado de lanças, e desciam-lhe a cabeça e o pescoço como cristas.

— Ó, glória. Olha só que horas são! – Ele falou. Sua voz era ríspida e continha doses fartas de escárnio. Seu andar era confiante, mas a forma que ele levantava as mãos e encenava o que falava lhe denunciava como alguém absorvido demais em si mesmo. O jeito como suas sobrancelhas estavam travadas em um cenho a séculos contrastavam com seu sorriso lateral. Fazia-o parecer um delinquente. - É hora de duelar com vermes!

— Chazz, tá tranquilo. A gente acaba com a raça dele. – O meu agressor de outrora exclamou. Chazz não pareceu mudar de ideia.

— Embora eu concorde que vermes devam duelar com vermes, meu caro, eu estou no clima para esmagar pequenos idiotas que pensam demais de si mesmos hoje. – Ele tornou a olhar para mim. Eu pensei em retrucar “então você está no clima para esmagar a si mesmo?”, mas decidi que o orgulho precede a queda, e quanto mais alto ele tentasse se colocar, mais alto teria de cair. – Solomon Bane! Bancando o herói! Quem diria. Tentando fazer um controle de danos depois da humilhação? Hmm? Tentando pagar de bom moço? Isso não cola.

“Esses palermas ficaram me enchendo o saco durante toda a sua ‘semana de debutante’, sabia? Sobre ‘Ai, como que um Slifer pode ser tão bom? Como que uma pessoa que está aqui essencialmente por bondade do reitor possa ser tão bom duelista? Ai, mas ele saiu do nada, como que ele pode competir assim?’. Mas eu vi através da sua farsa, Solomon. Ah se vi. Desde o princípio. Bem, por um momento eu hesitei. Por uma fração de tempo bem pequena. Mas quando você perdeu para um incompetente tal como o Zane, eu entendi que você simplesmente deu sorte. Caso seu segundo oponente tivesse sido Chazz Princeton, nós não teríamos que estar convivendo com cartas contrabandeadas ou com rumores de uma ‘rebelião Slifer’. Estaria tudo nos conformes, como a natureza demanda: Os vermes, fracos e incompetentes como você, como o palerma do Jaden e a sua trupe, todos vestindo vermelho e servindo de saco de pancada para aqueles que merecem o topo; Eu.”

Eu não quis responde-lo. Na verdade tentei não ouvir. Ele não merecia que eu o dignasse com uma resposta. Suspeitava que tudo o que ele queria era atenção. Ou os abraços que a mãe não lhe deu enquanto criança. Mas algo tinha me incomodado. Uma pequena fração de seu monólogo derrogatório:

— Minha culpa pelas cartas contrabandeadas? Eu perguntaria se você está louco, mas “lunático” parece ser seu estado natural.

— Oh, você não sabe? Claro. Você não saberia. Você não tem amigos ou uma pessoa que lhe respeite nessa ilha inteira, não é Solomon? – Ele fez um beicinho, e imitou a voz de uma criança, curvando-se e fazendo gestos com os dedos para mim. Era algo que se encaixava muito melhor nele que em mim. – Pobre Sowomon não tem amiguinhos com quem conversar? Pobrezinho do bebezinho Sowomon se sente sozinho?

Ele riu como um maníaco. Eu nunca admitiria para ninguém, mas mesmo através dessa demonstração patética, ele tinha tocado na minha ferida.

— Sim é sua culpa. – Ele prosseguiu. – Ou você acha que um Slifer pode chegar, abalar todas as tradições da ilha, e só ser parado pelo que as pessoas acham que é um duelista da mais alta categoria... Desculpe, acho que quase vomitei dizendo isso... E não deixar os Ras idiotas apreensivos? – Ele imitou uma voz desesperada. – “Ãn? O quê? A presa morde, agora? Eu vou precisar fazer um módico de esforço para vencer dos Slifers ? Oh não! Minha vida ruiu! Oh, céus, tenham piedade de minha incapaz pessoa!” – Ele se recompoz de sua atuação dramática.

“E essa é minha imitação de uma escória Rá Amarelo. E embora nada me fizesse mais feliz do que ver esses outros otários na pior, o fato é que você só deu sorte. Você é apenas um ponto que eu estou prestes a fazer voltar para a curva. De novo. E de novo. E de novo...”, ele fez uma pausa, enquanto seu rosto era tomado por um sorriso maligno, nefasto, cheio de uma luxúria maliciosamente sadística. “Todos os dias, uma humilhação diferente. Até que você ceda. Até que você não aguente mais. Eu seria seu torturador pessoal, Solomon. E você deveria me agradecer por ter minha bota em cima de você, por perder meu tempo com um nada como você. Até que você me implore para parar. Até que você implore para retornar ao patético brejo que você chama de cidade, de onde nunca deveria ter saído!”

Seus olhos estavam arregalados, e grandes como duas bolas de golfe. O seu sadismo tinha aumentado um nível, e até os outros Obeliscos pareciam estar borrando as calças por conta de seu discurso cheio de peçonha. Eu tentei o melhor possível não parecer intimidado. Eu sabia que ele era só algum adolescente revoltado com a vida, que tinha tido uma infância das mais desastrosas, que precisava ventilar todo esse ódio em algo ou alguém. Sabia que ele era patético por isso. Que valentões como ele geralmente ladram e não mordem. Mas à despeito de mim mesmo, minhas mãos estavam trêmulas. A forma que ele se referia ao Zane... mas era impossível. Zane era o estudante mais bem colocado no ranking da Academia. Se ele realmente estivesse falando o que pensava acerca dele... Não. Ele estava blefando. Era óbvio.

— Diga olá para o resto da sua vida, Solomon! – Chazz esbravejou, enquanto reajustava-se numa pose confiante, dobrando o braço à sua frente e mostrando seu disco de duelo que se abria na sua configuração de combate.

— Você fala demais. – Eu retruquei, simplesmente, com a expressão mais estoica que eu tinha vestindo meu rosto. Meu disco emitiu o som de vários pequenos motores elétricos.

 Eu estava pronto para ativar o módulo de cara ou coroa do disco e aceitar o desafio, quando ouvi passos atrás de mim.

— Espere, Bane! – Falou uma figura com feições sérias. Seu rosto parecia ter sido esculpido em pedra. Seus cabelos negros eram penteados para trás, quase como se fosse uma turbina de ar que o fizesse todos os dias de manhã. Ele vestia o fardamento do Ra Amarelo. Era Bastion Misawa.

Apressadamente ele correu até mim, com uma carta de Monstros de Duelo nas mãos. Era uma carta rara. O “Levia-Dragão – Daedalus”. A imensa criatura aquática que serpenteava as profundezas do oceano encarava-me. Sua carapaça rígida era adornada por esmeraldas e rubis. Seus dentes eram tão afiados e tão protuberantes quanto suas garras. Consigo estava toda a imponência de uma criatura mítica, mas mais do que isso de uma intervenção divina que trazia consigo o apocalipse.

— Falando em palermas do Ra... Eis um. – Chazz intrometeu-se.

— Por que está me ajudando? – Perguntei para Bastion. Podia ser uma pergunta idiota, dadas as circunstâncias. Na minha cidade natal, me diriam para “não olhar os dentes do cavalo que me foi dado”. Mas Bastion... Bastion havia assistido meu duelo contra Zane. Bastion... Era um dos que, eu achava, tinham desistido de mim por completo.

— Nos falamos depois. Por enquanto, você precisa desta carta para ganhar. – Ele disse com uma calma gélida. – Na verdade eu só tomo ofensa pessoal quando atacam o orgulho do Rá Amarelo. – Ele se posicionou perto da senhora da loja de cartas. – Acabe com ele, Solomon, e os lacaios dele não terão coragem de lhe enfrentar. Ai poderemos passar desimpedidos.

— Tsk. Você está provavelmente certo. – Disse Chazz a Bastion. Olhando para o bando de Obeliscos que tomavam seus lugares como espectadores passivos do duelo. – Nem sequer um par de bolas entre todos eles!

Naquele momento eu observei a relação de subserviência que havia ali. A hierarquia tinha sido bem estabelecida. Chazz era o açoitador que havia ganhado o respeito daqueles outros valentões por ser o peixe maior do lago. Ninguém ousaria desafiá-lo. E qualquer um que o destronasse provavelmente era outro que eles gostariam de manter longe. Bem longe.

A grande moeda holográfica descreveu várias revoluções nos céus. Quicou e rolou quando caiu no chão, apesar de sua natureza intangível, e acabou dando o direito de escolha para Chazz Princeton. Chazz escolheu agir em primeiro lugar. Nós dois sacamos nossas cinco cartas e eu pacientemente esperei pelo movimento adversário.

— Draw! – Falamos simultaneamente. Logo mais, Chazz faria seu primeiro movimento. – Eu invoco a carta mágica “Base da Linha de Frente”! – Ele fez uma pausa, enquanto uma enorme fortaleza erguia-se atrás de si, com vários cavaleiros negros montados em temíveis criaturas aladas de mesma coloração a vigiá-la. – O efeito especial da minha carta me permite invocar de forma especial qualquer “Monstro União” de nível menor do que quatro diretamente da minha mão, uma vez por turno!

Ao momento a expressão “Monstro União” não fez muito sentido para mim. Mas só a ideia de deixa-lo invocar dois monstros no mesmo turno me traziam memórias desesperançadas de minhas batalhas com Zane. Minha apreensão só aumentava. Olhei para o rosto de Bastion. Pelo menos ele estava calmo como uma geleira gigantesca.

—... Mas, infelizmente, isso só se aplica a partir do próximo turno. Por ora, terei de me contentar em pôr mais duas cartas viradas para baixo. – E assim, concluiu Chazz seu turno.

Logo de cara eu já me sentia em desvantagem. Ele tinha uma poderosa ferramenta que poderia, se deixada em campo, enxamear o campo de batalha. Eu tinha algumas caras poderosas no meu deck, mas poderia eu conter tantos monstros? Se somente eu tivesse algum recurso que me permitisse atacar duas vezes no mesmo turno, como o “Dragão Gêmeo Cibernético” de Zane, eu me sentiria bem mais seguro em fazer minhas jogadas.

No meu turno, eu coloquei a “Mãe Ursa Parda” de cabeça para baixo no campo de Monstros. A Mãe Ursa Parda poderia ajudar-me a me defender contra os monstros de Chazz, mas não por tempo indeterminado. Eu apenas possuía três cópias dessa carta, e mesmo que seu efeito especial pudesse invocar mais outra “Mãe Ursa Parda”, logo mais eu já teria as enviado todas para o cemitério. Eu coloquei mais duas cartas viradas para baixo no meu campo de magias. “Trovão do Governante” e a carta “Onda Pequena e Onda Grande”. Na minha mão se encontravam a “Manta do Destino Assombrado” e uma de minhas três cópias do “Pinguim Soldado”. Eu concedi o turno ao meu oponente.

— E agora minha carta mágica faz efeito, Solomon. Usando-a, eu posso invocar, direto da minha mão, a “Catapulta Asa W”, em modo de ataque! - Um avião à jato em formato de letra “W” pairava no ar, com linhas de mísseis esperando para ser disparados olhando diretamente na minha direção. – Mas eu ainda posso invocar um monstro. Portanto, eu escolho invocar a “Cabeça de Canhão X”!

Um grande robô humanóide com duas enormes peças de artilharia acopladas aos ombros surgiu no campo de batalha. Sua couraça era amarela e azul, e seus cotovelos protuberavam como dois enormes espinhos. Suas mãos eram punhos cerrados, e era a única coisa que o mantinha em pé, uma vez que não possuía pernas. Ao invés dos membros inferiores, havia apenas uma base redonda com um círculo de espinhos adornando-a. Seus olhos mecânicos vermelhos olhavam diretamente para mim. O robô emitiu um barulho, uma citação em voz eletronicamente gerada: “Alvo adquirido. Esperando ordens.”.

— E por fim eu virarei minha carta virada para baixo! Apareça, “Jato Tigre V”! – Chazz tinha uma das mãos estendidas, como um comandante que dá ordens à soldadesca.

Uma fusão estranha entre caça à jato e um tigre robótico sobrevoou o campo de batalha, voltando a planar baixo no chão perto das outras duas criaturas que Chazz havia invocado. Sua cabeça mecânica abriu as mandíbulas cheias de dentes afiados de aço, e emitiu um rugido intimidador. Agora meu oponente tinha três criaturas em campo. Meu oponente agora tinha mais de quatro mil pontos de ataque, e havia declarado sua Fase de Batalha. A “Catapulta Asa W” possuía mil e trezentos pontos de ataque em seu nome, mil e seiscentos pontos de ataque tinha o jato com a frente em formato de tigre, e sua “Cabeça de Canhão X” possuía alarmantes mil e oitocentos. Era esta última que eu temia mais, pois em termos de monstros que não demandavam tributos, apenas Gagagigo poderia competir com ela. E Gagagigo não estava em minhas mãos ainda.

Mas Chazz Princeton não tinha acabado ainda:

— E agora eu utilizo o efeito especial da minha carta “Catapulta Asa W”, equipando-a ao meu “Jato Tigre V”, aumentando seu poder de ataque e defesa em quatrocentos pontos cada!

Ao seu comando, a “Catapulta Asa W” se acoplou no topo da estrutura mecânica em formato animalesco do “Jato Tigre V”. A carta agora estava ocupando o espaço de uma carta Mágica no campo de batalha. Eu nunca havia visto algo do tipo antes.

Bastion achou por bem familiarizar-me com o conceito:

— A “Catapulta Asa W” pode ser equipada a qualquer monstro, Bane, uma vez por turno. Mas mais importantemente, se você tentar destruir o “Jato Tigre V”, agora, a “Catapulta Asa W” será destruída ao invés, deixando o monstro original intacto.

— Absolutamente correto! – Chazz falou, por vez. – Eu também posso desequipá-la a qualquer instante que eu assim deseje, uma vez por turno. Mas eu sei como você joga, Solomon Bane. Eu vi sua primeira derrota contra o Zane! Você têm truques na manga e eu não posso deixar-me ser pego de surpresa por um vagabundo que nem você! Ataque! “Jato Tigre V”, aniquile o monstro que está virado para baixo!

A “Mãe Ursa Parda” se manifestou em campo de batalha, agachada como um animal encurralado. O “Jato Tigre V” ergueu-se no ar, deu uma guinada para baixo e enterrou as mandíbulas no pescoço exposto do meu monstro. Eu vi o holograma da “Mãe Ursa Parda” destruído em vários pedaços, como uma chuva de pequenos cristais luminosos. Os mil pontos de defesa da “Mãe Ursa Parda” cobriam apenas a metade dos pontos de ataque do jato robótico de Chazz.

— Chazz, se você realmente estava prestando atenção no meu primeiro duelo, sabe que o efeito da minha “Mãe Ursa Parda” é que, quando destruída em batalha, me permitir invocar um monstro de mil e quinhentos pontos de ataque, direto do meu deck, de face para cima e em modo de ataque. E eu escolho invocar... O “Navio Yomi”!

Um barco, dirigido por quatro criaturas que vagamente se pareciam com pequenos mamíferos equipados de enormes varas que serviam como remos. Uma luz vermelha, como uma áura, acompanhava o navio que deslizava sobre as águas esverdeadas de um mitológico mundo dos mortos. A água que o circundava desaparecia subitamente a partir de um certo diâmetro, por efeito da tecnologia de hologramas. O Navio Yomi tinha apenas oitocentos pontos de ataque, e, portanto, não tinha a mínima chance contra o robô-canhão do meu adversário. Não em combate direto.

— Não me faça rir! – Chazz retrucou-me. – Não adianta quantas vezes você chamar para o campo de batalha essas patéticas coisas que você chama de criaturas! Quantas vezes vierem, quantas vezes eu as esmagarei como pequenos insetos! Vá! “Cabeça de Canhão X”! Dispare contra o “Navio Yomi”!

Os canos das peças de artilharia de cada um dos ombros do robô reluziram com uma claridade esverdeada, e pequenos arcos de eletricidade dançaram para lá e para cá. O barco fora estilhaçado por dois raios luminosos, e as criaturas que antes remavam agora se debatiam na água enquanto os escombros do navio emborcavam, antes de desaparecerem por completo. Logo após, a “Cabeça do Canhão X” brilhou com a mesma aura vermelha do navio, com várias figuras que pareciam caveiras feitas de névoa circundando-o. O robô punha as mãos no peito, virando-se para frente como se estivesse em agonia, e logo após também se estilhaçaria em pedaços. Chazz arregalou os olhos, e eu vi seu sorriso murchar no rosto, por um instante.

— Vejo que não estava realmente prestando atenção em todas as minhas partidas, Chazz, ou teria freado seu ataque. O “Navio Yomi” é aquele que leva as almas dos mortos ao submundo. Quem o destrói é amaldiçoado, e lhe é dado término imediato a sua vida de carrasco. A justiça, Chazz, sempre prevalece, e tudo que você dá voltará para você dez vezes mais. Assim é a vida. Aprenda agora e se arrependa, antes que eu dê um término à sua vida de chacina! – Eu esbravejei, confiante da verdade nessas palavras.

Eu vi os dentes de Chazz rangerem uns contra os outros.

— Cale-se! Esse duelo apenas começou. Você pode ter destruído minha carta com essa criatura patética, Bane. Mas olhe seus pontos de vida. Um monstro em posição de ataque, quando destruído, não consegue proteger seu dono do excesso de pontos de ataque usados para lhe eliminar. Veja, Solomon! Como seus pontos de vida agora diminuíram! – Era verdade. Uma vez que a “Cabeça de Canhão X” possuía mil e oitocentos pontos de ataque, ao atacar meu navio Yomi, eu sofreria o excesso do golpe. Por aritimética simples, meus pontos de vida tinham ido de quatro mil para apenas três mil.

Chazz então sorriu, antes de prosseguir:

— Além do mais, você tem muito para sofrer ainda antes que esse duelo acabe! Você pode estar achando que eu não tenho mais ataques a declarar nesta Fase de Batalha. Mas estaria errado nessa suposição. Pois eu ainda devo lhe mostrar o verdadeiro poder do meu deck. – Ele me mostrou a última carta que estava em suas mãos. – Eu invoco o efeito da minha carta mágica “Ataque Combinatório” em meu “Jato Tigre V”! Ela me permite desequipar automaticamente meu Monstro União, mesmo que seu efeito já tenha sido usado este turno, e além do mais... Ela me permite atacar mais uma vez com o mesmo monstro! Diga adeus aos seus pontos de vida, Solomon Bane!

Chazz riu descontroladamente, enquanto a “Catapulta Asa W” retomava seu lugar no posto de combate, enquanto o “Jato Tigre V” mais uma vez tomava aos céus e fazia seu ataque contra mim. Sem monstros para me defender, meus pontos de vida diminuíram mais uma vez, e agora estavam na conta de mil e quatrocentos.

— Mas Solomon! Eu ainda tenho tantos truques na manga! Agora que não temos mais ataques a declarar, e estamos na segunda Fase Principal, eu posso finalmente lhe mostrar a verdadeira força do meu deck. – Eu olhei para ele, surpreso. – Sim! Aquela carta mágica nem sequer risca a superfície da flexibilidade que meu deck tem a oferecer. Agora que meu Monstro União está desacoplado, eu posso finalmente remover do jogo ambos meu “Jato Tigre V” e minha “Catapulta Asa W” para invocar, do meu deck de fusões... A “VW-Catapulta Tigre”!

Ambas as criaturas desapareceram do ar, sugadas por um portal para uma dimensão negra onde nada existia. Muito antes de terem sido eliminadas, mandadas para o “cemitério”, elas estavam, para todos os efeitos, banidas da partida, um destino muito pior e mais permanente. Do mesmo portal, a nova criatura apareceu. Para todos os efeitos, era o inverso do que tinha acontecido antes. Agora o jato com o cockpit em formato de animal mecatrônico estava inserido numa enorme aeronave em formato de W. Arcos de eletricidade saiam de seu corpo biônico. O seu poder de ataque e defesa não eram nada diferentes dos de antes, quando os monstros estavam combinados ao invés de fisicamente acoplados. Mas eu tinha aprendido a duras penas que monstros de fusão, mesmo reduzindo drasticamente quanto dano você pode infligir no oponente, poderiam ter poderes especiais temíveis. Todas aquelas eram cartas raras e novas para mim. Não saber as capacidades daquela criatura muito me preocupava. Eu podia sentir o desespero crescendo dentro de mim.

Bastion pareceu sentir minha apreensão:

— Não esmoreça agora, Solomon. Seu deck tem toda a capacidade de vencer desse patife! Acredite nas suas habilidades e no coração das cartas!

Eu não sabia como Bastion conseguia estar tão calmo. Será que era em função da carta que tinha me dado? Em um só turno, meus pontos de vida tinham sido reduzidos a pouco mais de um quarto do que eram. Que poderia aquela carta fazer para me salvar naquela situação? Meu coração palpitava alto. Chazz conseguia farejar meu medo.

— O que há, homem do campo?! Finalmente acreditando nas minhas promessas?! Você está acabado, Solomon Bane!

Eu estava começando a achar que ele estava certo.

[Continua]


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Notas finais do capítulo

Não muito a dizer sobre o capítulo. Talvez algo a dizer sobre como eu quero elongar o tamanho deles de agora em diante. Inicialmente eu queria escrever bem mais do que isso. Já é o maior capítulo que jamais escrevi para essa fanfic com duas mil palavras à mais que o antigo récorde, então talvez seja melhor incrementar o tamanho gradualmente. Ou talvez isso seja uma desculpa pelo meu maciço bloqueio de escritor no momento. Meh. Eu sinto muito por terminar em um "cliffhanger". Detesto eles tanto quanto qualquer outra pessoa. Mas eu pretendo postar o próximo capítulo em, no mais tardar, uma semana. Até lá.



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