– E então, você aceita?
Horas antes:
– Vamos mamãe! Papai tá aqui! – Grita meu filho do andar de baixo
Como se fosse fácil organizar duas malas assim, de última hora. Fazem exatas duas horas que Lucca me mandou a seguinte mensagem:
Lucca: Estou indo passar o fim de semana na praia, estou passando aí para buscar vocês! Beijos.
Eu estava mesmo precisando de uma folga de São Paulo, mas odeio fazer as coisas na correria, sempre acabo esquecendo de algo. Quando acho que já está tudo pronto, desço as escadas com um pouco de sacrifício e Lucca logo vem me ajudar.
– Caraca, é só um fim de semana! Para que tanta coisa? – Pergunta colocando as malas no carro.
– Primeiro: Você me avisou que iriamos viajar bem em cima da hora, então coloquei tudo que vi pela frente. Segundo: Quando se tem um filho pequeno, nada é demais. – Explico me dirigindo ao banco da frente.
– Desculpe, da próxima vez aviso com um mês de antecedencia... – Murmurou dando partida no carro
A estrada em direção ao litoral estava totalmente limpa, a viagem foi totalmente agradável, estávamos em um clima de família feliz, nada poderia estragar esse fim de semana. Pelo menos é o que eu espero.
Quando Lucca estaciona o carro no meio fio, minha boca abre e forma um perfeito O. Nunca tinha visto uma casa tão bonita, é menor e mais rústica do que a de São Paulo, mas é perfeita. A entrada toda em caminhos de pedra, um jardim totalmente bem cuidado e uma piscina gigantesca, poderia morar aqui fácil, fácil.
O interior da casa também é de deixar qualquer um de queixo caído, é toda mobiliada com móveis antigos, um estilo todo vitoriano que nunca imaginei ver em uma casa de praia. Vejo que a família de Lucca era bem simples.
– Isso aqui é lindo! – Exclamo ainda hipnotizada pela casa.
– Pois é, meus pais tinham um belo gosto para decoração. – Concorda enquanto deixa as malas na entrada da casa.
– Mamãe, vamos pra praia! – Pede com os olhos brilhantes.
Nunca tive a oportunidade de traze-lo para praia, ele vai ficar encantado.
– Claro, só vamos arrumar as coisas antes. – Explico e ele concorda.
– Deixa isso para depois, não podemos perder esse dia incrível. – Lucca fala
– Então tudo bem. Vamos para a praia! – Exclamo e meu filho começa a pular de felicidade.
Estou passando protetor solar em meus braços quando alguém se aproxima e resmunga em minha orelha.
– Quer que eu passe em suas costas? – Questiona próximo ao meu ouvido com uma voz totalmente sexy, e todos os pelos do meu corpo se arrepiam. Olho para trás, e claro, Lucca.
– Já disse para parar de jogar seus encantos para cima de mim.
– Já disse que é natural, não tenho culpa se não resiste.
– Tudo bem, pode passar. – Cedo entregando o pacote de protetor.
Ele passa o protetor por toda a extensão de minhas costas, ele demora uma eternidade, passa com uma calma, é quase como uma massagem, o que colabora para que eu perca um pouco de minha sanidade, se ele demorar mais um pouco eu irei agarra-lo aqui mesmo.
– Prontinho, já está devidamente protegida do sol. – Comenta me entregando o protetor e deposita um beijo no canto da minha boca.
Ok, já entendi Deus, o senhor quer que eu realmente agarre ele aqui no meio da praia, né?
– Lucca! – O repreendo com o olhar e ele solta uma risada.
– O que foi? – Pergunta se fazendo de desentendido.
– O Lucca está aqui na nossa frente! Se ele tivesse visto iria começar a encher a gente de perguntas! –Explico
– Mas ele não viu, e isso não foi nada demais.
– Papai, vamos. – Pede Lucca vindo em nossa direção e puxando Lucca consigo até o mar.
Observo os dois de longe, tentando tomar um pouco de coragem e entrar também, mas nunca fui muito fã de mar e outra que está parecendo um freezer de tão gelada a água.
Estava ensaiando para entrar quando um homem de aparentemente trinta anos se aproxima de mim e tenta puxar papo.
– Sozinha por aqui? – Indaga se aproximando de mim.
Outra razão para eu não curtir muito praia, homens tarados.
– Não. – Respondo seca me afastando
– Calma aí, a gente poderia conversar um pouco – Insiste me puxando pelo braço e colando meu corpo ao dele.
Não penso duas vezes, dou um belo de um chute em suas partes baixas, opa, melhor não mexer comigo, querido.
O cara se contorce todo na areia, geme de dor, e em segundos Lucca e meu filho chegam até mim.
– O que aconteceu aqui? – Indaga Lucca confuso.
– Esse ser tentou se engraçar para o meu lado. – Respondo brava.
– Bem que você estava gostando. – Se intromete o ser nojento que antes estava estirado na areia.
– Cala a boca! – Ordena Lucca se aproximando do sujeito.
A última coisa que eu queria que acontecesse hoje é alguma confusão, então me intrometo.
– Deixa isso para lá, vamos. Lucca vai ficar assustado. – Sussurro em seu ouvido e vejo a tensão em seus braços sumir.
– Algum problema por aqui? – Questiona um policial se aproximando.
– Já está tudo certo, esse senhor quis fazer uma brincadeira muito sem graça comigo. – Respondo pegando meu filho no colo, ele estava todo perdido.
Ficamos exatas duas horas conversando com o policial, decidi não abrir uma queixa contra assédio, iria ser muita dor de cabeça e também estragaria o resto do fim de semana.
Almoçamos em um restaurante próximo à praia, o clima estava meio chato, Lucca ficou muito irritado com o tal sujeito, mas conseguimos esconder a tensão de nosso filho, não queria que ele ficasse chateado.
Quando chegamos na casa, fomos todos para a piscina, foi uma tarde incrivelmente agradável, a tensão toda foi embora e nos divertimos muito.
– Está com sono, amor? – Questiono me aproximando de Lucca que tirava uns pequenos cochilos dentro da boia.
– Sim. – Afirma esticando os braços em minha direção.
– Vou te levar lá para cima então. – Digo o tirando da boia.
Dou um rápido banho nele e em questão de segundos ele apaga. Volto para a piscina onde Lucca está deitado no colchão inflável, está perdido em seus pensamentos.
– Preocupado com algo? – Indago entrando na piscina e indo para seu encontro.
– Sim. – Responde olhando para o céu.
– Quer conversar?
– Acho que já passou da hora. – Comenta e desce do colchão, ficando de frente a mim.
– Hora de que? – Pergunto perdida em seus olhos.
– Disso. – Fala e me ataca com um beijo.
Ele me beija intensamente, como jamais havia beijado, o beijo transborda amor e um sentimento puro, do qual nunca havia provado antes. Ele para o beijo aos poucos e me leva até a borda da piscina.
– Acho que não podemos mais continuar com isso. – Fala e um aperto surge em meu coração.
– Você está querendo terminar isso de vez? – Questiono e sem querer, deixo minha voz falhar
– O que eu ando sentindo por você não pode mais esperar – Explica me olhando profundamente. – Aceita tentar algo mais sério comigo? Aceita ser minha namorada? – Questiona firmemente e eu fico sem ar, uma tontura preencheu todo o meu corpo e precisei segurar na borda da piscina para poder absorver o que acabei de escutar.
– E então, você aceita? – Pergunta novamente após minutos de silêncio. E agora é a minha vez de beijá-lo, beijo com toda a vontade que tenho de responder sim.
– Aceito. – Digo entre um intervalo de beijo e ele me segura contra si, me fazendo girar com ele.
Acho que esse é o segundo momento mais feliz de minha vida, ficar com ele me traz calma, e eu só poderia estar louca se respondesse que não.
Mas a história não acaba por aqui, imprevistos ainda virão, e não serão fáceis, será que o amor supera tudo mesmo?