P.o.v Jacob

Pela milésima vez naquele dia eu olhei para o relógio na parede da sala de aula. O ponteiro parecia se arrastar, eu batucava os dedos  freneticamente na mesa, o que já estava irritando Sheylla (a garota que sentava atrás de mim).

Ainda faltava muito para o sinal tocar e eu não conseguia me concentrar de jeito nenhum na aula de literatura.

O professor pediu que formássemos duplas, e eu continuei ali rabiscando no caderno qualquer coisa.

— oi – Lauren se pôs ao meu lado e passou a me encarar.

Olhei por um segundo para ela e depois assenti, desviando minha atenção novamente para meu caderno.

— Então.. você tá jogando muito bem – Puxou assunto e vi pelo canto do olho que ela estava se esquivando para meu lado – Quer dizer.. você tá jogando muito, com certeza é o melhor jogador do time.

— Tem melhores – Dei de ombros.

— Eu não acho! – Ela deu um sorriso largo, - Hum.. então.. eu estava pensando sê você não tá a fim de sair hoje a noite, você sabe.. é.. sexta feira .. poderíamos pegar um cinema e quem sabe depois poderíamos ir no..

— Foi mal Lauren – Me virei a ela – Não to afim, deixa pra próxima.

Seu sorriso se desfez, mas logo ela se recompôs.

— Ah.. claro, claro. – Riu envergonhada – Sem problemas, a gente marca pra depois sim.

Dei um ultimo aceno, querendo que ela entendesse que aquilo era um sinal de que eu não queria mais conversar.

— Quero os exercícios da página 23 respondidos e um resumo do que entenderam do texto da pagina 66, pra hoje – O professor murmurou – Podem começar.

Dei um longo suspiro, desejando apenas que essa aula terminasse.

                                                                       *

Emmett e Quil conversavam animadamente enquanto caminhávamos em direção ao refeitório, a única coisa que eu conseguia me concentrar era em chegar até lá.

Por que eu estava nervoso ? sentia meu coração começar a palpitar.. mas pelo que ? Não haveria nada demais ali.. apenas ela. E só de pensar em vê-la novamente, meu estomago se contorcia em uma ansiedade filha da puta.

Quando chegamos lá a primeira coisa que vi foi Renesmee sentada do outro lado do refeitório, ela conversava com as meninas, mas assim que seus olhos se encontraram com os meus eu senti... uma mistura de tudo. De tudo mesmo.

Ia fazer uma semana que havia acabado, simplesmente acabado. Eu senti tanta coisa naquelas suas palavras.. e pensar naquilo novamente era remexer na ferida. Ainda doía.. doía como se tivesse sido ontem.

‘’eu to cansada desses talvez .. eu quero certezas Jake. E você não é certeza ‘’

Engoli em seco, querendo que essa raiva maldita passasse, para mostrar que eu ainda a amava como nunca.

— Jake ? – Ouvi a voz de Emmett ao longe.

Foi só então que eu percebi que estava parado no meio do refeitório enquanto a encarava. Virei o rosto e assenti rapidamente indo até o meu lugar, sem olhar dessa vez para trás. Fomos para uma mesa mais ao fundo e eu evitei a todo custo olhar para Renesmee, podia sentir seus olhos queimando em mim.. e aquilo  estava me irritando, embora ao mesmo tempo estivesse me dando uma esperança absurda.

Sentia raiva daquela garota.. pelo simples fato de eu não conseguir odia-la tanto como eu queria odiar. Pelo simples fato de eu ama-la mais do que amava a mim mesmo. Pelo fato de eu nunca conseguir odia-la por mais de um segundo. Odiava o fato de eu não conseguir suportar ficar longe e em como era uma coisa de louco ficar longe dela. Era mais do que saudade.. era como se fosse uma.. necessidade. No fundo eu estava desesperado, sim eu estava desesperado por ela. Chegava a ser uma dor física de tanto que eu a queria.. já não conseguia lidar mais com essas vontades absurdas.

Comi algo rapidamente, só sentindo a comida rasgar pela garganta. Assim que terminei simplesmente levantei  e segui em direção para a aula de matemática. Não tinha sentido olhar para trás e encontrar seus olhos em mim, aquilo não mudaria o fato de ela ter me deixado. Não fazia sentido eu pensar diferente, que seria diferente caso ela me olhasse. Por isso eu teria que manter distancia dela.

A aula passou lentamente, assim como as outras que se seguiram. Estava cansado e com muito sono, queria minha cama e dormir sem ter hora pra acordar.

— Você precisa sair – Quil murmurou no finalzinho da aula. – Precisamos, na verdade.

— Beber como se não houvesse amanhã – Emmett Completou.

— Eu preciso dormir, muito – Revirei os olhos.

Quil e Emmett trocaram um olhar.

— Você tá bem Jake ? – Quil me olhou preocupada – Cara, você tá parecendo um zumbi.

— Estou bem Quil, não enxe – Fingi prestar atenção na aula.

Na verdade eu só queria mesmo era sair daquele assunto embaraçoso, não queria que ninguém soubesse que eu estava um caco.. embora.. bem, realmente tudo mundo devesse saber que eu estava.

— Você quer enganar quem ? nós ou a você mesmo ? – Indagou.

— Eu não estou enganando ninguém Quil, qual é o seu problema ? – Estava começando a me irritar.

— Qual é o SEU problema – Rebateu.

— II... – Emmett nos interrompeu – Cara.. hoje é sexta feira, a gente podia sair, beber uma gelada, encher a cara..

Quil bufou, mas acabou concordando com Emmett.

— Pode ser então, eu também to precisando sair mesmo – Deu de ombros.

— Isso ai – Emmett deu um soco de leve em seu ombro – E você Jake ?

Suspirei e no mesmo instante tocou o sinal.

— Vou ver, qualquer coisa ligo pra vocês – Suspirei recolhendo os livros e indo em direção a saída.

A verdade é que eu estava sem animo pra tudo, estava sem animo pra sair, pra me divertir, pra treinar. Eu realmente devia estar ficando louco, ou talvez só estava cansado demais para fazer qualquer coisa.

Fui até meu armário onde guardei meus livros de biologia, quando virei para ir embora trombei com Renesmee, derrubei sem querer seus livros e ela me olhou com os olhos arregalados.

Sua respiração parecia estar acelerada assim como a minha estava. Seus olhos estavam presos nos meus, eu fui o primeiro a desviar e abaixei para recolher suas coisas, ela fez o mesmo que eu.

— Deixa, eu pego – Sussurrou com a voz tímida enquanto tentava organizar tudo.

— Foi eu que derrubei – Me fiz de indiferente, mas no fundo.. a história era outra.

— Mas foi eu que.. – Ela se silenciou quando ao mesmo tempo fomos recolher o ultimo livro e sua mão quente tocou na minha.

Suas grandes orbes cor de esmeraldas me encararam ansiosas. Retribui  o olhar me sentindo o maior idiota do mundo. Por que eu continuava a criar expectativa ? por que eu continuava sendo esse idiota toda vez que a via ? e pior ainda, eu era idiota POR ela.

Idiota pela pessoa que havia me abandonado no momento em que mais precisei, idiota pela pessoa que eu implorei para ficar, pra não desistir de tudo aquilo que lutamos.

Tirei minha mão rapidamente da sua, levantei entregando seus materiais. Meu olhar era duro, não podia demonstrar o quanto estava desmoronando por aquela garota.

Ela percebeu pois abaixou a cabeça.. visivelmente magoada.

— Jake – Sussurrou quando voltou a me olhar nos olhos

— O que ? – Minha voz saiu amargurada.

— Não faz isso comigo – Ela engoliu em seco.

Dei um passo em sua direção, meus olhos nos seus.

— Por que ? – Não consegui conter a minha voz, que saiu tremula.

Como ela tinha coragem de pedir que eu não a ignorasse ? quando a mesma me abandonou quando eu mais precisei.

— Não quero que me ignore! Por favor Jake, não faz assim. – Seus olhos estavam começando a ficar marejados.

Engoli em seco.

— Você fez a sua escolha Renesmee, eu também fiz a minha.

— Nessie, Jacob. Quero que me chame de Nessie! É o meu apelido, lembra ? –  A constante suplica estava em sua voz, me sentia pior a cada segundo que passava.

Qual era a da Nessie ? por que ela sempre fazia isso comigo? Todas as malditas vezes em que pensei em esquecer tudo isso e seguir em frente ela sempre me olhava daquela maneira que fazia com que eu jogasse tudo pro alto. Ela fodia com o meu psicológico.

— O que você quer de mim ? – Grungi, não estava sentindo raiva dela, estava sentindo raiva de mim mesmo por estar sendo afetado pelas suas palavras. – Me diz o que você quer Renesmee ? me deixa em paz, você já escolheu o seu caminho, só me esqueça.

A cada palavra via sua expressão morrer, pouco a pouco.

Virei as costas para ir embora de uma vez, mas ela segurou o meu braço, fazendo com que eu virasse para ela novamente. Olhei para ela.

— Podemos ser amigos ? – Sussurrou com a voz embargada e seus olhos cheios de lagrimas.

Naquele momento eu senti uma vontade arrebatadora de agarra-la e puxar para um abraço. Queria enxugar suas lagrimas e poder dizer a ela como eu a queria mais do que qualquer outra coisa no mundo. E isso, pensar assim me fazia de idiota

Idiota, por que ainda desejava imensamente aquela garota, por que a amava com todas as minhas forças e estava sendo fraco demais para lidar com tudo isso.

Pisquei algumas vezes ainda atordoado, me livrei do seu aperto e me afastei sem olhar para trás.

                                                                *

— Se for menina eu quero tudo lilás.. mas se for menino..

— Eu gosto de verde – Sarah disse animada.

— Ah.. eu prefiro azul! – Leah rebateu rindo.

— Podemos intercalar as cores, que tal ? – Sarah propôs.

— Eu acho ótimo! – Sorriu radiante – Ah.. deixa eu te mostrar esse catalogo de enxovais, olha só é um mais lindo que o outro e ..

Leah e Sarah se encontravam na sala, esparramadas no tapete, cercadas por revistas. Elas falavam sobre o bebê e faziam planos. Eu estava sentado no sofá enquanto fingia me concentrar no meu celular, mas minha cabeça estava longe.

Eu simplesmente não conseguia sentir toda essa felicidade que elas duas estavam sentindo, não me imaginava sendo pai, não me imaginava pegando um bebê no colo, trocando fraldas, acordando de madrugada ao ouvir seu choro, não me imaginava sendo pai de uma criança, do qual a mãe não fosse a Renesmee. Estava tudo tão confuso, eu não estava raciocinando direito.

Havia planejado uma vida inteirinha com ela.. e agora estávamos bem aqui, tudo acabou saindo tão errado.. como se tivessem dado um banho de água fria em nossos sonhos.

Eu seria pai! Leah seria mãe! Só tínhamos 18 anos, como iria ser a partir de agora ? eu não estava preparado para isso.. talvez não agora.

— E você Jake ? – Leah me chamou e foi só então que eu sai do transe.

A olhei mal humorado. 

Não conseguia disfarçar a tristeza, a raiva.. a angustia que eu estava sentindo. Não conseguia me conformar ainda que Leah havia escondido aquilo durante quatro meses de mim! Talvez.. se ela tivesse me contado antes, fosse tudo diferente.. eu poderia dar um jeito de ..

— Hey! – Ela sorriu me chamando novamente – Está ai ?

— O que você quer Leah – Cuspi.

Simplesmente não conseguia me entender com Leah.. quem dirá um dia voltar com ela, como era o sonho da minha mãe.

— Tenha modos Jacob! – Sarah me olhou brava.

Leah pareceu não ter se abalado, talvez já estivesse se acostumando com as patadas que eu vinha dando nela. Fazia quase uma semana que o tratamento era o mesmo, ela falava comigo, eu sempre respondia curto e grosso.. as vezes a ignorava, mas isso não impedia que ela continuasse no meu pé.

— Tem uma cor preferida se for menina, ou menino ? – Sorriu – Quer dizer, se for menino eu tenho certeza que você vai querer a cor Verde, você ama verde ! Mas se for menina.. bom, você terá que me dizer uma cor que gosta pra eu poder..

— Tanto faz Leah, faça o que quiser – Suspirei me levando do sofá, ela se levantou num salto também e segurou meu braço.

— Hey.. Espera – Ela sorriu sem graça, seus olhos estavam ansiosos – Queria dizer que.. ér.. amanhã vou fazer a ultrassom pra descobrir o sexo do nosso filho.. e eu gostaria que você fosse comigo.

Ela abriu um sorriso torto, e eu fiquei a encarando com uma cara de taxo. Olhei para Sarah que sorriu quando seu olhar pousou nas mãos de Leah segurando meu braço.

— Eu não s...

— Por favor, Jake.. eu gostaria muito que você fosse, é importante pra mim – Seu olhar que estava tão penetrante no meu, se desviou por um segundo, olhou por cima dos meus ombros e voltou a fixar seu olhar no meu , ela guiou minhas mãos até a sua barriga – Nosso bebê..

Ela sorriu largo, e eu fiquei intercalando olhares em seu rosto e em sua barriga, que já aparentava estar de quatro meses..

— Se é tão importante pra você, eu vou – Murmurei firme, e ela guiou minha mão novamente, fazendo com que eu acariciasse a sua barriga.

Ouvi alguns passos atrás de mim, e quando virei para trás, Nessie estava estática encarando nós dois. Alice estava ao seu lado, e a mesma sorriu quando me viu. Sorri fraco pra ela e antes de voltar a atenção a Leah, olhei para Nessie que engoliu em seco.. podia jurar que ela estava prestes a sair correndo.

— Então tá bom! Você passa lá em casa as oito! – Sorriu animada e pulou em meus braços me sufocando em um abraço. – Obrigada Jake!

Eu não retribui o abraço, e nem ao menos tive tempo. Ouvi passos firmes se lançarem até a porta da frente e logo Nessie e Alice haviam saído, deixando Sarah, Eu e Leah a sós novamente.

Minha mãe sorriu pra mim e puxou Leah novamente para que ela visse alguma coisa no notebook. Fiquei alguns segundos encarando a porta por onde Nessie havia saído, minha cabeça girou. Passei a mão pelo rosto e peguei o celular alguns segundos depois.

Disquei o numero e esperei que atendessem.

— Fala Jake!

— Quil, o convite pra hoje a noite ainda tá de pé ? – Murmurei.

Eu precisava beber, eu precisava beber muito.

P.o.v Nessie

— Vamos garota, você tem que levantar ! – Alice murmurava preocupada.

— Me deixa em paz – Me virei para o outro lado da cama, onde estava largada e queria continuar daquele jeito.

Era sexta feira a noite. Quase sete horas, e eu estava jogada na minha cama.Claire, Rose, e os outros provavelmente deveriam estar na farra, mas eu estava bem aqui. As duas praticamente me obrigaram a ir, mas eu não estava a fim de sair pra beber, ou para fazer qualquer coisa que não fosse continuar aqui.

— Não acredito que você vai continuar ai Renesmee! É sexta feira a noite, todos os jovens da sua idade devem estar nas baladas da vida e você está afundada nessa cama, com essas olheiras horríveis e seu cabelo está deplorável! Está parecendo um zumbi, sabia disso ?

As suas palavras me acertaram em cheio. Me coloquei sentada na cama e olhei para ela séria.

— Estou tão horrível assim ? – Suspirei frustrada.

— Está horrível, Nessie – Ela me olhou solidária. – Você sabe que detesto te ver dessa maneira, por isso quero que vá tomar um banho bem demorado, se arrume, e nós vamos sair, quero que me conte tudo o que está acontecendo, certo ?.

Bufei.

— Não Alice. Eu não quero e eu não vou sair.

— Eu não estou pedindo, eu estou mandando! Ou você acha que eu vim aqui atoa? Não mesmo, agora vá ! fiz reserva em um restaurante de Port Angeles as oito e meia.

Resmunguei mais uma vez e me levantei indo em direção ao banheiro ainda xingando.

— Chata! – Resmunguei quando bati a porta.

E pela primeira vez em uma semana eu finalmente parei para me olhar no espelho. Deus! Como eu estava um caco! As olheiras profundas e quase roxas, eram super visíveis em meu rosto pálido, meu cabelo estava sem vida e amarrado em um coque bagaçado, eu tinha uma expressão cansada. Estava parecendo um zumbi.

Depois de um suspiro cansado, me despi e entrei debaixo do chuveiro. Me permiti ficar ali.. por várias minutos, a água quente escorria pelo meu corpo e tudo o que eu conseguia fazer era encarar o vazio. Fechei os olhos depois de um tempo, querendo poder escorrer até o chão e chorar feito uma criança, como todas as noites eu fazia. Mas eu estava tão cansada.. que talvez nem tivesse mais forças para fazer isso.

Quando Alice bateu impaciente na porta, eu finalmente sai do banho e me enrolei em uma toalha. Alice havia separado uma roupa pra mim, um vestidinho simples e uma jaqueta jeans. Sequei meu cabelo rapidamente e passei uma maquiagem leve, só para disfarçar a minha cara de derrota.

— Agora sim! – Alice sorriu e logo em seguida deu um beijo em minha bochecha.

Me olhei no espelho e dei um sorriso fraco, estava bem melhor do que antes.

— Certo, vamos então – Suspirei.

Alice sorriu segurando meu braço e saímos do quarto juntas, ela estava muito animada e queria eu estar assim também. Quando chegamos as escadas, quis instantaneamente voltar para trás, ou sair correndo dali.

Jacob acariciava a barriga de Leah, ele estava de costas para mim, e ela de frente. Ela tinha um sorriso Maravilhado no rosto e seus olhos brilhando intensamente. Jacob virou para trás no mesmo momento em que me flagrou com os olhos em sua direção. Ele sorriu fraco para Alice e antes de virar as costas novamente, me lançou um olhar que conseguiu abalar tudo dentro de mim.

Leah disse algo a ele e depois pulou em seus braços. Prendi a respiração e passei reto por eles, sem olhar para trás. Alice estava logo atrás de mim.

Quando cheguei em frente ao seu carro, fiquei andando de um lado para o outro enquanto lutava contra o choro, mesmo ali, com aquele vento gelado soprando em meu rosto, ainda sim.. senti a respiração fugir de mim.Estava sufocada de desespero.

— Hey.. Hey.. você está bem ? – Alice colocou uma mão em meu ombro.

— Estou. Vamos sair daqui – Sussurrei entrando em seu Porshe amarelo.

Ela assentiu e meio segundo depois também entrou. Deu partida e logo em seguida nos lançamos na estrada.

                                                              **

Quando chegamos ao restaurante, fomos a nossa mesa que Alice havia reservado, e em pouco tempo fizemos nossos pedidos e esperamos até que eles trazessem.

— Não adianta esconder de mim Nessie, sei que está acontecendo algo. – Murmurou quando fiquei em silencio – Olha.. se não quer me contar tudo bem, eu entendo, mas não adianta ficar se sufocando com o que sente, ficar se remoendo por dentro não vai te levar a nada.

— É o Jacob Alice ! – Respondi, e soltar aquilo, era como se estivesse soltando a respiração, depois de muito tempo estar segurando. – Eu não aguento mais.. e-eu só quero fugir daquela casa, fugir dele, da Leah, da minha tia.. de todo mundo.

Ela me olhou, não estava surpresa. Seu olhar era doce e compreensivo no meu.

— Não fuja. – Colocou sua mão sobre a minha – Fugir nem sempre é a melhor saída. Encare Renesmee, bata de frente, resolva tudo o que tiver para ser resolvido, ficar guardando para si.. certas coisas podem te destruir.

— Não posso – Sussurrei – O que eu mais queria era poder dormir ao menos um dia em paz, poder estar tranquila e sem o peso da duvida em minha cabeça, só queria ao menos um sinal de que as escolhas que eu estou fazendo são certas.

— Você o ama ? – Perguntou com os olhos atentos nos meus.

Assenti enquanto sorria fraco, as lagrimas estavam embaçando a minha visão.

— Sim – Sussurrei em meio ao riso. Eu estava chorando enquanto ria ? sim, eu estava. – Eu amo o Jacob, não queria que fosse assim Alice, queria que não houvesse tantos problemas, queria quer tudo fosse mais fácil.

— Se você o ama, porque está indo embora ? deveria lutar por ele Renesmee.

— o amor exige sacrifício Alice. – Murmurei me lembrando da frase de um livro que li há um tempo atrás – Se eu pudesse eu ficaria e lutaria Por ele, mas.. ele tem um bebê agora, tem a Leah também.. e talvez, até quem sabe.. eles se acertem depois que eu for embora. Eu vou seguir minha vida, e pronto. Vou esquecer de tudo isso aqui.

Ela ficou alguns instantes em silêncio enquanto analisava a minha expressão. Funguei enquanto limpei uma lagrima idiota que acabou escapando.

— Não vou te obrigar e muito menos te dar motivos para ficar. Você é quem decide por você mesma, não posso fazer isso por você. Se você acha que isso a fará feliz, então.. vá em frente. – Sorriu e acariciou meu rosto – Só espero que esteja fazendo a escolha certa.

Abaixei a cabeça em meio a um sorriso.

— Eu também – Acariciei suas mãos.

Pela primeira vez desde essa confusão toda, me senti.. calma. Alice de maneira alguma estava me julgando Por tomar essas decisões, e isso era tudo o que eu precisava no momento.

O Garçom chegou com nossos pedidos e perguntou se pediríamos alguma bebida.

— Só um vinho branco, por favor – Murmurei.

— Eu não bebo, obrigada – Alice sorriu simpática a ele.

O garçom assentiu e se retirou dizendo que traria o meu pedido em poucos instantes.

— Você não bebe ? desde quando Alice ? – Ri.

— Hum.. desde sempre, - Ela abaixou a cabeça sorrindo.

Olhei desconfiada para ela. Ela me olhou de volta com os olhos ansiosos, e por alguns segundos ela abaixou a cabeça.

— Alice.. – Falei arregalando os olhos. Acompanhei seu olhar e foquei em sua barriga. – Não.. Nãoo..

— Sim ! – Disse tímida, seu sorriso largo e radiante já denunciava tudo.

— Você tá grávida ?????????? – Dei um pulo e fiquei em pé, algumas pessoas olharam para mim.  – AI MEU DEUS, AI MEU DEUS.

Comecei a dar mini pulinhos no meio do restaurante e todo mundo agora olhava para mim. Eu não conseguia controlar a euforia na minha voz enquanto o riso estampado estava presente em meu rosto.

— Estou ! – Ela riu enquanto levantava e se jogou em meus braços em um abraço de urso.

— Minha nossa... ai meu deus – Agora as duas retardadas davam pulinhos enquanto se abraçavam na frente de todo mundo.

— VIVA, VIVA, VIVA ! – gritamos juntas enquanto riamos.

Ouvi algumas pessoas aplaudiram. Quando enfim nos separamos olhamos ao redor, e várias pessoas nos encaravam com um sorriso no rosto, outras aplaudiam e algumas riam do nosso ataque de euforia.

Nós rimos ainda sem graças da cena que acabamos de protagonizar e por fim nos sentamos novamente.

— Como assim você não me contou isso antes ? – Tentei controlar minha voz, eu estava eufórica!  - Você tá de quantos meses  ? meu deus, é menina, ou é menino ?

Alice gargalhou.

— Respira Nessie.. – Murmurou e fiz o que ela pediu – Eu te chamei para sair porque eu ia te contar. Bom.. estou grávida de um mês só.. então não sei o sexo ainda, mas eu estou tão feliz!

— A família vai aumentar! – Lhei dei outro abraço – Estou tão feliz por você Alice.

— Estou muito feliz também! – Sorriu – Acho que já estava mais do que na hora de isso acontecer.

— Vai ser a criança mais paparicada desse mundo ! – Ri – Meu Deus, Bella vai surtar quando você contar!.

— Vai mesmo! – murmurou – Estou até imaginando..

— E os nomes ? já tem algo em mente? – Falei apressada.

Nós rimos do meu desespero e começamos a pensar em nomes para a criança. Alice gostava bastante do nome Marie, e também de Bryan. Ficamos tanto tempo ali, conversando, nos divertindo e até preparando o enxoval do bebê.

Aquela era uma das melhores noticias que eu havia recebido, senti que em uma semana, aquela foi a primeira vez que eu poderia me considerar viva e feliz. Em meio a tantos problemas, ainda sim, senti uma felicidade arrebatadora por Alice, por o seu sonho de ser mãe estar se realizando finalmente. Não havia palavras para descrever aquele momento.

Apenas, único e especial.