Death Memories: Operação Marshall escrita por Nael


Capítulo 17
A vs B


Notas iniciais do capítulo

Feliz Natal galera!
Estou em love com esse capítulo, embora saiba que alguns vão me odiar, mas whatever!
♥ ♥

Bom, tá uma dificuldade só postar esse capítulo, tive que abrir guia anônima e foi tudo desformatado... Quase desisti de postar. Então se encontrarem erros, palavras faltando ou qualquer coisa do tipo, avisem e especifiquem nos comentários ou MP, por favor!!



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"Em um jogo a melhor estratégia é fazer seu maior rival apaixonar-se por você."

(Blair Waldorf)

 

P.O.V ‘A’

Não é certo fazer isso, mas classifico as pessoas da seguinte maneira: aquelas que temem a morte; aquelas que temem a velhice e aquelas que temem a vida. E eu me encaixo na terceira opção.

Bom, tudo começou numa manhã de inverno também o dia em que nasci. Onde? Nunca soube. Meus pais? Também não. Na porta do orfanato apenas um bebê, seu nome e sua data de nascimento.

Não, não era a Wammy’s House, era um orfanato católico qualquer de um lugar qualquer da Escócia. Foi lá que me chamaram de bruxa pela primeira vez, foi lá que conheci a maldade humana, mas também foi lá que encontrei Beyond Birthday e por mais contraditório que pareça este me ensinou as virtudes da humanidade.

Detectada com uma doença glandular rara e sem explicação eu não envelheço no ritmo normal das pessoas. Aos dez anos de idade parecia uma criancinha de cinco de modo que Beyond me tomou como sua querida irmãzinha caçula. Ele vagava por perto do orfanato uma vez que sua família o ignorava tanto quanto as outras crianças no orfanato me ignoravam. Encontram um no outro alguém que nos entendesse.

Não se trata apenas de tal doença, o que nos une vai além de afeto, amizade ou qualquer amor. Nós dois possuímos uma dádiva, uma maldição. Se é obra de anjos ou demônios nós nunca saberemos.

♕♚♕♚

— Você... Você acredita em mim? – ele ergueu o rosto com os olhos vermelhos marejados e a respiração pesada.

— Claro. – me sentei no balanço do lado. – Você não teria motivos para mentir para mim. Teria? – ele se acalmou e ficou me encarando.

— Você só diz isso por conveniência. – ele cerrou os olhos adquirindo sua expressão maligna que todos temiam, mas surpreendentemente não me afetava nenhum pouco.

— Está errado Bey eu...

— Se você não está debochando de mim então quer o que todos querem, não é? – ele se alterou, levantou do balanço e me encarou aos berros. – Vamos Ali, pergunte então, é só isso que importa certo?

— Não B. Eu não desejo saber sobre a minha morte. Eu nunca conseguiria viver com uma informação dessas. Peço por favor, que nunca me conte. – falei

— Ali... – ele relaxou os ombros. – O que é você afinal?

— Digamos... Que eu sei melhor do que você o que é ter que encarar a - Aonde quer chegar? – ele deu um passo na minha direção, os cabelos escuros sempre cobrindo seus olhos.

— Você vê o tempo de vida das pessoas e eu... Eu vejo a morte.

O fato que me levou tão facilmente a acreditar e comprovar que Beyond podia ver o tempo de vida das pessoas era simples, assim como ele eu tinha olhos especiais. Ele possuía olhos de shinigami, como nasceu com eles nunca descobri. Mas com eu sabia disso? Simples, os meus olhos são capazes de ver os shinigamis e as almas das pessoas que eles roubam.

♕♚♕♚

— Talvez seja por isso que eu não... – Beyond murmurou quando lhe mostrei um desenho de um shinigami que tentei fazer. Era difícil eles aparecerem e eram sempre tão diferentes e distantes que não podia visualizar e memorizar bem sua aparência.

— O que?

— Nada. – ele retrucou. – Bom, você já falou com alguns, não é? – estávamos na biblioteca da Wammy’s House escondidos durante a noite. O gentil Quallisy Wammy havia me oferecido a oportunidade de estudar lá em uma visita ao meu orfanato e eu pedi para levar Beyond junto, pois ele me disse que sua mãe morreria em pouco tempo.

— Sim, há muito tempo um shinigami me disse que não sabe como é possível que eu os veja sem o caderno. Já sobre você afirmaram que se um shinigami é idiota pra deixar cair seu caderno também pode deixar cair seus

— O caderno... É o que eles usam pra matar as pessoas?

— Interessante... – ele mordeu o polegar.

— Também acho. Nunca vi os cadernos de perto, só sei que são pretos. Mas... Se eles podem cair no nosso mundo... – os olhos de Beyond brilharam. – que efeitos devem ter? – sorri de canto.

Nossa obsessão por respostas nos levou a caminhos obscuros e por fim eu mergulhei na tentativa de suceder o L. A cada dia que se passava eu enlouquecia mais e mais. Ver a alma das pessoas também me possibilitava ver sua verdadeira natureza, saber sempre seu estado emocional, quando mentiam e isso era aterrorizante. Não posso colocar em palavras, as almas não mudam necessariamente de cor ou forma como os humanos conhecem. É algo diferente que apenas quem vê pode entender. De qualquer modo aliando a isso a pressão de ser o L e a promessa que fiz a mim mesma de nunca deixar nada, nem mesmo os shinigamis machucarem Beyond fez com que eu lhe causasse a maior dor de todas. 

♕♚♕♚

— Eu nunca poderia te dizer mesmo se quisesse. – ele falava tímido. — Eu não posso ver, A. Não posso ver seu tempo de vida e isso me enlouquece. Mais do que não ver o meu. Quer dizer... É como as pessoas normais, certo? Nunca sabem quando as outras vão morrer. Mas... Para mim que sempre pude prever não saber quando vou te perder me faz querer socar as paredes até quebrar meus dedos.

Devia ser uma festa de natal na Wammy’s, mas parados ali na cozinha o clima não poderia ser mais tenebroso.

— Eu nunca me apeguei às pessoas, mesmo que elas tivessem muito tempo no relógio. Talvez por não ver o meu próprio tempo de vida tendo a supor que elas morrerão e eu ficarei para trás. – continuou. – E o fato é que... Se você morresse amanhã eu não saberia o que fazer.

— Bey... – tentei sorrir convincentemente. – Eu não tenho medo de morrer, eu tenho medo de viver. Principalmente em um mundo que eu não passe de uma bruxa de olhos estranhos. Então se preocupe em manter-se vivo e eu farei o mesmo. E caso um de nós morra amanhã, ou depois, ou depois teremos a certeza de que ainda somos seres humanos, se não normais pelo menos dignos da morte.

Aquela foi a noite em que ambos ganhamos nosso primeiro beijo. E quando julgou minha aparência madura o suficiente Beyond aceitou se unir a mim de todas as maneiras mesmo que lutássemos bravamente para superar um ao outro.

♕♚♕♚

— O que nos somos? – ele perguntou enquanto eu o fitava deitada de bruços na cama.

— Como assim? – ele se sentou no colchão, terminando de empurrar a coberta pro lado, frio seria a ultima coisa que nos perturbaria.

— Nós dois, aqui, juntos assim... O que somos? – suas íris vermelhas me encararam serias.

— Bom... – eu me ergui e me sentei de frente a ele com os cabelos, na época, compridos caído sobre os seios. – Somos dois amigos e rivais.– ele se espantou com a resposta. – Somos dois gênios, somos dois amantes... Mas acima de tudo, somos dois tipos de monstros únicos, certo? – ergui o dedo mindinho pra ele.

— Certo. – ele cruzou seu dedo ao meu. – Que alivio. Então quando sairmos daqui não preciso te chamar de minha namorada, bancar o romântico nem nada do tipo. Tão pouco deixar de lado nossa corrida ao pódio.

— Bey... Você acha mesmo que eu sou adepta do romance? – cruzei os braços.

— Nem um pouco. – ele se lançou feroz sobre mim e repetimos a dose. Acho que foi aí que começamos a ser realmente masoquistas.

♕♚♕♚

Então arriscando mesmo a teoria de que ele não podia ver meu tempo de vida eu simulei minha morte, desisti de tudo e me isolei para que Beyond não sentisse mais medo, para que não ficasse dependente e para que pudesse em fim ser livre e assumir o lugar do L, pois eu estava convicta de que não poderia mais exercer tal papel. Mas eu o julguei mal, eu o pressupus errado e principalmente mesmo vendo sua alma não pude entender por completo seus sentimentos. Assim como eu era a exceção de Beyond ele era a minha.

Após fugir, acreditando que eu estava morta, ele se tornou incontrolável. Não que ele fosse uma pessoa calma e pacifica, mas sem mim seus surtos pioraram, ele se tornou um assassino cada vez mais frio e quase se matou desafiando o próprio L num jogo peculiar que repercutiu pelos jornais como Os Assassinatos de Los Angeles. Se eu já havia desistindo de ser o L agora eu não podia detestar mais tal cargo.

Entretanto Ryuuzaki mesmo que não acreditasse completamente fingia bem entender nossas capacidades e a pedido dele eu revelei que estava viva para Beyond que sei que nunca me perdoará. Também voltei para a Wammy’s por segurança com o codinome de Alice afinal minha aparência ainda é de uma adolescente. Assim voltei a ser uma das melhores alunas de lá, mas isso apenas até outro garoto chegar, este era Mello que em pouco tempo se mostrou muito promissor.

Pensei que assim estava tudo bem, que havia enfim um sucessor a altura do L e que poderia continuar vivendo ali mais alguns anos. Afinal aquele lugar era o único que eu tinha, mesmo saindo de lá não havia futuro para mim, não saberia o que fazer exatamente principalmente sem Beyond. Eu era uma existência puramente vazia uma vez que não possuía desejo de me tornar o novo L. Aliás, não possuía desejo nenhum.

Então ele apareceu... Near. As coisas ficaram deveras mais interessantes. Eu comecei a gostar de estar ali só para assistir eles. Dos pitis de Mello as provocações de Near, a disputa pelo poder... Me lembrava um pouco como eu e Beyond éramos, pois apesar de amigos costumávamos ter o mesmo objetivo de suceder Ryuuzaki. Pelo menos é o que eu acho ainda me pergunto se mesmo dentro da Wammy’s, mesmo eu estando a frente, ele já pensava em superar e humilhar seu primo.

De qualquer forma não muito tempo depois Matt chegou. Estava claro para mim, L jogava com todos nós. Mas claro ele também teme que o mesmo destino de A e B aconteça com sua nova geração de gênios. O que posso dizer é que assim como os shinigamis eu resolvi ficar e assistir. Encontrei algo para me divertir. Encontrei em Matt alguém capaz de me aliviar o tédio e mesmo que de forma indireta desabafar; encontrei em Mello a raiva que nunca consigo expressar, em nossas discussões e até mesmo brigas físicas eu me sentia realmente viva, afinal eu ainda sou masoquista. E encontrei em Near serenidade e tranquilidade que sempre tento transparecer e alcançar, mas também o vazio que sou.

Não, não vou me tornar o L. Mas enquanto Beyond estiver vivo eu também devo ficar. Não posso ver meu futuro, não posso formular um, mas garanto que ele sempre terá Beyond na equação mesmo que me odiando. E enquanto for assim tudo bem, eu não me importo. Nossos laços não são feitos apenas de amor e amizade uma vez que assim são facilmente cortados, então nos o revestimos com correntes de vinganças, ambições e rivalidades. E isso não pode ser destruído tão facilmente, não em nós dois. Pois nós somos filhos da morte.

E essa é toda a verdade sobre os primeiros sucessores do L.

♕♚♕♚♕♚♕♚

Era tarde da noite, estava no meu quarto. A fumaça do cigarro tomando conta do local. Nunca tive nenhuma colega de quarto então me acostumei a fazer o que bem entendesse no cômodo. Ao fim de mais uma maço me ergui da cama e caminhei até outro prédio.

Não demorou para um dos seguranças me mandar voltar para o quarto, mas eu passei por ele dizendo que era um assunto urgente. Ele então me acompanhou até a porta do quarto de Roger. Eu bati violentamente na madeira e o homem abriu apressado.

— Alice? O que houve?

— Avise a ele que eu mudei de ideia. – Roger me encarou aliviando sua expressão.

— Sobre o que?

— Sobre tudo.

Naquela mesma madrugada eu conversei com L pelo computador de Roger. Ele já estava no Japão, o primeiro jogo seria em breve e ficou decidido que eu apenas observaria tudo.

— Um shinigami pode não querer matar alguém com pouco tempo de vida então no caso, se eu vir algum pode significar que os garotos estão seguros. – L permaneceu calado. – Mas claro que quando alguém morre, eles também aparecem para pegar sua alma...

— Alice... – ele falou baixo. – Nossas conclusões são a mesma porque continuar tentando achar outra solução?

— Certo. – murmurei. – Mas... Não dá tempo de ir para os Estados Unidos.

— Vou conseguir uma transmissão. Descanse um pouco, amanhã voltamos a nos falar.

— Entendido.

Contudo não consegui pregar os olhos, comecei a sentir algo que a muito não sentia: ansiedade. Quando por fim o cansaço me venceu sonhos e mais sonhos tomaram conta da minha mente me impossibilitando descansar. Em todos eles havia Beyond.

Assim quando o dia nasceu já estava na sala de Roger. Este preparou os equipamentos e me deixou sozinha no cômodo.

— Você tem certeza disso? – a letra na tela apareceu com sua voz

— Não era você que estava louco para eu mudar de ideia Ryuuzaki? Pois bem, já vim até aqui, não vou voltar. – tinha um bloco de folhas rabiscados e um lápis junto ao notebook em cima da mesa.

— Certo. Vou transferir agora mesmo então. – uma barra de carregamento apareceu na tela, os segundos nunca pareceram tão demorados e então a vídeo chamada foi feita.

Na minha frente o homem de roupas alaranjadas tinha os punhos algemados a mesa de metal. O cabelo negro estava bagunçado, com algumas falhas no couro, mas ainda sim cobriam boa parte do seu rosto que agora era uma mistura de pálido e avermelhado devido às cicatrizes e pele queimada. Então a figura que eu quase não reconhecia ergueu a cabeça e me encarou fixamente. Os olhos vermelhos me desarmaram de qualquer coisa e tiraram toda a estranheza quanto a sua imagem.

— O-Olá B.

— Alice, não é? – ele murmurou abrindo um sorriso de canto, mas não um sorriso feliz ou mesmo maligno que oferecia a suas vítimas, era o sorriso que ele destinava apenas a mim. Um sorriso triste.

Ficamos assim nos encarando. Eu na minha presa não havia nem me olhado no espelho ou me tornado apresentável. Devia estar com os cabelos embaraçados, os olhos cansados e com olheiras, a boca ressecada e o cheiro de cigarro começou a me parecer tão forte que poderia chegar até ele mesmo pelo computador.

Mas então ao me deparar com essas preocupações bobas eu também sorri. Beyond entortou a cabeça para o lado perante isso e então riu baixo, como se lesse minha mente,fazendo com que as correntes tilintassem.

— Você... Estou surpreso. – ele disse por fim. – O que posso fazer por você Ali?

— Eu... – havia muitas coisas que precisávamos e gostaríamos de dizer, porém pareciam sempre travar em nossas gargantas. Dessa vez eu estava disposta a libertá-las – Eu estou encrencada Bey.

— E qual a novidade? – ele cruzou as mãos sobre a mesa.

— Eu preciso de um favor. – fiquei mais a vontade, apesar da aparência totalmente diferente ainda estava falando com meu Beyond.

— Claro que precisa, caso contrário não me telefonaria. – uma sombra passou por seus olhos, eu não esperava mesmo que ele não tocasse no assunto, que não se irritasse e perdesse a calma. – A garota dos olhos tão amaldiçoados quanto os meus vem finalmente me suplicar.

—Bey...

— Vem finalmente me usar! – ele ergueu a voz. – Finalmente se tornou como todos eles, não é?

— Não! – foi minha vez de falar alto. – Nunca seremos como eles.

— Você... Você me traiu A e agora espera que eu a ajude? Que ajude ele?

— Tudo o que fiz foi pensando no seu bem, sabe disso. – cerrei as sobrancelhas.

Havia dito ao L para não deixar policias nem ninguém interferir, mesmo que ele explodisse. Era sempre em nossas brigas que eu conseguia chegar até ele, que eu conseguia arrancar algo dele, mas também era nas nossas brigas que ele conseguia me destruir com suas palavras.

— Sim, eu sei. Você se importa tanto comigo. Devia me sentir tão privilegiado. – ele zombou. – Acha que sou tolo ou o que? Logo você vai me subestimar A?

— Não vamos continuar com isso B.

— Não, está certo. Serei direito então. – ele se contorceu levantando da cadeira e jogando o corpo sobre a mesa ficando mais próximo da câmera. – Escute bem você sua desgraçada, você se aliou ao L, portanto eu não devo nenhum sentimentalismo a você. Agora não passa de mais uma da corja dele. Eu prefiro me queimar mil vezes novamente a te ajudar, a te dizer qualquer coisa, a te ver de novo! Esse é meu acordo com você sua vadia egoísta!

Bati as mãos na mesa me levando da cadeira, mas ele continuou.

— Se você quer jogar desse lado ótimo, mas pelo menos não seja hipócrita dizendo que não é como eles, você só pretende me usar. Quer o que todos querem! Mas eu nunca te darei informação nenhuma, você nunca se aproveitará dos meus olhos de novo! – ele gritou alto e eu só podia encará-lo. Sua respiração estava pesada e ele voltou a se sentar e começou a bater as mãos algemadas na mesa continuando.

— Eu te odeio! Odeio! Odeio ter te conhecido! Odeio ter te escutado! Odeio ter sido enganado! Odeio tudo o que você é! Sua mentirosa! Odeio... – ele começou a ficar sem ar. – Odeio... – ele abaixou a cabeça e eu voltei a me sentar.

— Continue, estou ouvindo atentamente. – falei irritada.

— Odeio não conseguir te odiar. – ele falou baixo e só então me dei conta de estava prendendo a respiração. – Por que... Você faz isso?

— Não sei, não planejei, não é de propósito. – uma lágrima sem aviso escorreu pela minha bochecha. Beyond me fitou enquanto a secava rápido.

— Eu meio que perdi as contas da sua idade. – ele voltou ao seu tom calmo. – Mas você continua bonita como sempre.

— Obrigada. – disse automaticamente e o silêncio pairou novamente.

— Quer que eu me desculpe? – ele perguntou.

— Você se arrepende do que disse?

— Não.

— Então deixe como está, você tem razão afinal.

— Mas você está magoada, não é?

— Sim, mas não com você. Comigo mesma.

— Entendi. Mas vou me desculpa de algum modo, o que você queria falar?

— Sobre isso... – mexi nos papeis. – Não posso te dar detalhes, mas em suma quero saber se essas crianças irão morrer no próximo mês. – mostrei para ele desenhos que havia feito de Matt, Mello e Near.

A regra para os olhos de Beyond eram simples, em um rosto desenhado ele só poderá ver o nome e tempo de vida se a pessoa que desenhou conhecer a pessoa do desenho, pois só assim os traços serão precisos e de certa forma verdadeiros.

— Não vou falar assim do nada. Conte-me algo.

— Eles são importantes para mim. – ele cerrou os olhos.

— De que jeito?

— Me tiram do tédio.

— E o que tem nesse mês que eles não podem morrer? L está usando criancinhas agora? Que medíocre.

— Algo assim. E eu concordo plenamente com você. Por isso estou me envolvendo.

— Certo. – ele se concentrou nos desenhos.

— Consegue ver? Fui eu quem desenhei.

— Sim, consigo. Seus desenhos são excelentes, quem será que te ensinou a desenhar tão bem? – ri perante tal infantilidade.

— É claro que foi você. Pode me responder agora?

— Ainda não. – ele piscou rápido. – Você ainda se lembra, não é? O tempo de vida não quer dizer que a pessoa não possa morrer antes.

— Sim, se a pessoa estiver fadada a morrer é quase impossível evitar. –

— Então do que adianta saber? Se eles forem morrer não pode fazer nada. - Quase impossível não é impossível B. Eu vejo os shinigamis então tentarei evitar a todo custo.

— Imagino no que os queridinhos do L podem ter se metido. E principalmente por que você se importaria com eles.

— Isso é por que... – pestanejei um segundo. – Eles me lembram você. – ele apenas me fitou com suas órbes.

— B eu não posso me desculpar mais com você, pois sei que fundo não há perdão para o que eu fiz, mas acredite em mim ao menos uma última vez eu nunca, jamais faria algo para te machucar por mais que competíssemos. Eu queria que você assumisse o cargo e queria estar ao seu lado quando isso acontecesse.

Pela primeira vez ele não me cortou ou me mandou calar a boca então continuei.

— Eu sei que enlouqueci com a minha obsessão de ser a melhor e que o arrastei pra isso também e sei que você nunca mais me verá do mesmo jeito ou mesmo acreditará em mim como antes, mas Bey esses garotos... – por um momento pareceu tão difícil conversar com ele. – Decidimos ser o L acreditando que nossos olhos nos foram dado para mudar o mundo então eu peço que não deixe a nossa historia se repetir, esses garotos podem de fato consertar as coisas. Sim, nós falhamos, eu principalmente, mas suplico a você agora que use seu dom para o que realmente deve ser usado.

— Não. – ele falou sorrindo e eu me sobressaltei na cadeira. – Não, nenhum deles vai morrer no próximo mês. – suspirei aliviada. – Sua vez de jogar.

— É. – sorri pra eles. – Obrigada Bey.

— Obrigada nada, não fiz de graça ou só por conta do seu discurso infantil pra me manipular. – ele riu. – Você sempre consegue me arrancar as coisas, consegue me fazer sentir uma criança e ceder a seus desejos e caprichos. Então agora ceda a um meu.

— Pode falar.

— Venha me visitar. – ele falou tão docilmente que eu estranhei. – Depois que tudo acabar, prometa que virá me ver.

— Bey... – esfreguei o rosto.

— Você que disse que seria melhor assim não - Você tem o dom de me fazer mudar de ideia... Algumas vezes. – rimos.

— Está bem.

—A?

—Sim?

— O que somos agora? – mordi o lábio inferior nervosa.

— O que sempre fomos. – me perdi no carmim dos seus olhos.

— Estarei esperando, A.

— Vou te levar um pote grande de geleia B.

Beyond Birthday, meu grande amigo, meu maior rival e minha melhor arma. L nunca nos conheceu de fato, nunca nos entenderá completamente e, portanto nunca compreenderá porque não posso, não quero e não devo ser sua sucessora.


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Notas finais do capítulo

BORA ESCLARECER AQUI!
Na one shot Another Note: Caso dos Assassinatos BB de Los Angeles, onde L trabalha com Naomi Misora, Beyond nos é apresentado. E ele tem olhos de shinigami... sem explicação aparente. E ele se volta contra o L depois da morte da primeira candidata denominada apenas de A. Sem querer dar spoiler, mas ele acaba se queimando, por isso a aparência dele.

No capítulo nove ela era o east egg do desafio, então esse capítulo foi pra responder isso e pegar essa one shot e fazer uma ligação, uma explicação e claro o porque da Alice ser tão incrível. (coisa que ainda vou explicar melhor mais pra frente).

Espero que tenham gostado, meu presentinho pra vocês.
Até ano que vem, boas festas!



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