- Como?! Eu...- pensei em me revoltar por ele chegar a ponderar sobre eu ser a assassina, mas percebi que ele tinha toda razão, como saber se eu não tinha ido parar ali enquanto fugia? – Mas como eu posso provar o contrário então? Se minhas palavras bastassem, eu poderia dizer com toda a certeza que eu não matei o Rafael.

- Tudo bem. - após dizer isso, apertou uns comandos e a grade subiu.

Sinceramente me surpreendi bastante. Aquilo fora suficiente pra provar? Definitivamente, esse rapaz era muito estranho.

- Agora resta saber se é útil pra me ajudar.- disse ele.

- Acho que sirvo, eu tiro as melhores notas em praticamente todas as matérias! – respondi confiante.

- Não quero saber se recebe boas notas, gostaria de saber se é inteligente.

Isso com certeza me irritou. Como é que ele conseguia importunar tanto? Um baka...

- Mas eu também não sei se você é realmente isso tudo que diz! Vai saber se pode mesmo solucionar este caso! – me revoltei.

- Então temos de provar um ao outro quem realmente é útil neste caso. – disse ele – Venha, sente-se e me conte o que você sabe da vítima.

Indicou-me uma cadeira e foi pra outra. Não posso dizer que ele se sentou, sei é que ele ficou empoleirado em cima dela. Na mesa entre nós haviam alguns petiscos que ele logo começou a comer. E eu comecei a falar.

- Pois bem, o Rafael era rapaz bem popular, simpático, brincalhão...seus melhores amigos eram o Pedro e o Thiago...se dava bem com quase todo mundo, só não gostava muito de um garoto chamado Rogério e seus colegas...era bonito e admirado pelas garotas...tirava notas médias...hmmm...que mais eu posso dizer?

- O que ele era seu?

- Ele? Bem...- não sei se fiquei vermelha, mas continuei – Olha, sinceramente, ele estava querendo namorar comigo...mas...bem... eu não estava muuuito afim não...

- Por que não?- me perguntou.

Mas que cara mais intrometido!

- Oras, eu não queria e pronto!

- Problemas de caráter dele ou mera escolha sua?

- Hmmm, creio que mera escolha minha. Mas não vejo em que esses detalhes podem ajudar na investigação!

- Quer saber se sou um bom detetive? - perguntou repentinamente.

- Ahn? Ah, eu quero sim...- perguntei meio em dúvida.

- Se tudo o que disse for verdade, Carla-chan é um tipo bem singular de garota. Gosta de ser a melhor em tudo o que faz... não gosta de depender de ninguém...nem é levada facilmente pela opinião alheia ... não liga muito pra aparência [dessa parte não gostei muito, ele disse isso baseado em que?!] ... tem autocontrole e pensa muito antes de fazer algo, pois a maior parte das garotas na sua situação ficaria ao lado da vítima lamentando e esperando ajuda, enquanto você foi até perseguir o assassino...não é muito delicada, pois subiu um muro e saiu correndo e rastejando pra chegar até aqui ... pelo jeito que está me olhando, nunca haviam descoberto tanto sobre você... gosta de ser diferente, assim como gosta de rapazes que sejam também, por isso apesar de todas outras meninas gostarem de Rafael-kun, você preferiria alguém diferente de todos que já conheceu, então deve gostar de garotos como...........eu.

- Hahahahahahah - não resisti. – Eu estava realmente surpresa com sua habilidade, mas essa última parte você errou feio!

- Que pena, tinha 95% de certeza de estar certo nessa parte...- disse ele olhando pensativo para o teto.

- Na verdade 95% foi o que você acertou de tudo, pois disse aproximadamente dez coisas sobre mim, mas errou metade da última. Aliás, a cada coisa que você falou você comeu um pedaço desse doce a sua frente, que pelo jeito você deve gostar muito, pois na sua lata de lixo havia vários papéis que envolvem esse doce. Além de que você estava provavelmente é me testando pra saber se eu era assassina, pois se isso que você disse não fosse verdade, a única explicação pra eu estar aqui é que eu me aproximei do Rafael para matá-lo e, ao ser quase descoberta, resolvi fugir pro interior da escola, porque em pleno sábado notariam alguém saindo da escola nesse horário. Ah! sim, você se balançou pra frente 20 vezes, sendo que 95% delas, ou seja, 19 vezes, foi enquanto falava, pois assim que eu comecei a falar algo que chamou sua atenção, você logo parou pra prestar mais atenção. – declarei triunfante.

- Incrível, Carla-chan! – disse e sorriu. – Você tem uma capacidade de observação invejável! Acho que já podemos trabalhar juntos neste caso.