As Crônicas de Vaerda escrita por Mandyland


Capítulo 4
Não, não é uma resposta


Notas iniciais do capítulo

Olá! Então era por capítulo ter saído ontem ele estava quase pronto até que o Word decidiu me trolar, sumir com meu texto e me fazer reescrever. Fiquei com raiva mas até que estou agradecendo porque na minha opinião ficou melhor do que o capítulo feito antes. Continuando a apresentação de personagens na capa, a capa de hoje é Alice Lima! Boa leitura.



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As chamas eram lançadas e destruíam tudo que estava em seu caminho. Ariel fazia questão de andar por seu reino lançando fogo para tudo que é lado e mostrar para todos que estava furiosa. Ace vinha logo atrás fazendo o possível para minimizar os danos e acalmando aqueles que viam a cena.

Ela adentrou o templo e com um soco derrubou uma das pilastras que caiu no chão em pedaços, nessa hora o teto tremeu um pouco.

– Senhora, assim o templo cairá sobre nossas cabeças. – Ace exclamou.

– QUE CAIA! QUE CAIA TUDO, PRINCIPALMENTE O CÉU QUEM SABE ASSIM AQUELE MALDITO TENHA UMA LIÇÃO! – Ariel gritava em fúria, era possível que todo o reino tenha ouvido seus berros.

Ela lançou uma rajada de chamas em seu trono que começou a pegar fogo e sentou-se nele logo em seguida. As chamas do trono misturadas com as do próprio corpo da Deusa dava a impressão de que ela e o objeto tinham se fundido em um só. Os olhos de Ariel mudaram de um tom de vinho para vermelho sangue e Ace estremeceu. Não era nada bom quando sua mestra ficava de mal humor.

– Ele vai me pagar, vai pagar por ter a língua enorme. E Elza? Como ela ousa falar daquele jeito comigo?

– Senhora, agora precisamos nos focar em fazer o reino crescer, mostrar para eles que também somos fortes. Vamos ajudar o povo...

– ACE, CALE-SE! – Ela gritou interrompendo-o. – Está falando um monte de asneiras, vamos fazer melhor do que isso. Quero que recrute todos os homens e mulheres que controlam o fogo do reino, monte já um exército!

– Mas, isso vai quebrar o acordo...

– ESQUEÇA O ACORDO! EU NUNCA MAIS VOU DEIXAR AQUELE ANJO DE TANGUINHA ME HUMILHAR! – Ela gritou levantando-se do trono, agora seus olhos começaram a pegar fogo a imagem de Ariel em um momento de fúria era assustadora.

– Sim, senhora.

– VAMOS ACE, POR QUE AINDA NÃO FOI CUMPRIR MINHA ORDEM?!

Sem discutir, Ace fez uma reverência e deixou a sala. Caminhou pelo longo corredor apagando o restante das chamas que Ariel havia deixado quando percorreu aquele caminho. Ele sentia um peso enorme em suas costas, quebrar o acordo era praticamente uma declaração de guerra, não que ele achasse uma guerra ruim adorava estar em batalha e não fazia isso há muito tempo, não fazia desde...

Sua batalha contra Lílian.

Deu um pequeno sorriso ao lembrar-se daquele dia. Tinha ficado esgotado naquela batalha, mas Lílian ficou pior, totalmente destruída. Nesse momento a memória veio em sua mente.

“Ace estava parado com as mãos apoiadas no joelho, seu cabelo estava todo desgrenhado, seu rosto tinha cortes feios e o restante do seu corpo também estava ferido com cortes maiores e mais profundos que os do seu rosto. Estava sem camisa, ela já não existia mais e seu short também havia ficado bem danificado. Ofegava e mal conseguia puxar o ar para dentro dos pulmões e sua visão estava bem embaçada.

Caída no chão no à sua frente estava Lílian, o vestido branco da ruiva estava sujo e rasgado, sua pele apresentava queimadura horríveis algumas criando bolhas cheias de secreção, metade do rosto estava deformado e agora ela chorava sua derrota. Por um momento ele se sentiu horrível por aquilo, até três dias atrás eram amigos e agora quase se mataram.

A luta dos dois abriu uma enorme cratera no chão rochoso, onde agora se encontravam bem o meio. Ele olhava para ela com pena e estendeu a mão. Lílian utilizou suas últimas forças para dar um tapa na mão de Ace.

– N-Não olhe para mim c-com esse olhar d-de pena... – A voz dela saía baixa e fraca, seus olhos estavam cheios de ódio. – Vá embora.”

A lembrança fugiu da mente de Ace quando sentiu uma mão em seu ombro. Ele olhou para o lado e viu um rapaz alto, loiro com o cabelo liso e curto jogado para trás, olhos vermelhos perto do tom de Ariel e aparentava ter a mesma idade de Ace.

– Ouvi os berros de minha mãe, o que houve?

– Ah, oi para você também Lúcio. – Ace cumprimentou cansado. – A reunião com os outros deuses não foi boa. Ela discutiu com Ciel e agora quer montar um exército para arrancar as asas dele.

– Opa! Demorou mas finalmente ela tomou jeito. – Lúcio falou empolgado e com um sorriso no rosto. – E quando você vai começar a recrutar o pessoal?

– Hoje mesmo, e preciso da sua ajuda. Vamos precisar ensiná-los a controlar o fogo, você sabe muito bem que tipo de estragos nós fazemos quando não temos controle.

– Sim e como, acho que Lucas quer me matar ainda pelas florestas que queimei lá no Reino Terra.

– Sim, sim. – Ace apenas assentiu sem dar muita corda para o assunto. Lúcio às vezes lhe irritava. – Vamos logo começar o trabalho.

###

Nada de sonhos ou ilusões dessa vez, a escuridão reinava na mente de Connor e já estava na hora dele sair dela. Seus olhos abriram lentamente e sua visão estava levemente embaçada, conseguia enxergar aos poucos os detalhes do quarto. Levantou-se da cama e se sentou, esfregou os olhos e agora conseguia enxergar direito. Ficou tentando se lembrar do ocorrido e sentiu uma leve pontada na cabeça. Lembrava-se apenas de Alice gritando de dor e caindo e naquele momento ficou preocupado, precisava saber se a loira estava bem.

Decidiu se levantar, estava morrendo de sede precisava beber alguma coisa. Olhou para o lado de sua cama e tinha um jarro de água com um copo e sua sede parecia ter se intensificado mais, ele continuou mantendo o contato visual com a jarra e quando decidiu que ia beber a água a jarra se ergueu sozinha no ar.

– AH, MAS O QUE É ISSO?! – Ele gritou assustado e a jarra caiu no chão se quebrando e espalhando toda a água.

Ele não havia reparado na presença do Dr. Lima na porta. Connor continuava distraído olhando os cacos de vidro no chão, até que os cacos foram se erguendo no ar deixando o garoto mais assustado.

– Olha só você já está tendo os primeiros contatos com o seu poder. – Lima dizia revelando sua presença.

– Eu que fiz isso? – Connor perguntou surpreso. – Então é só isso que eu posso fazer? Erguer as coisas no ar? – Agora ele parecia desapontado, esperava ficar superforte, ou invisível, ou qualquer outra coisa mais legal.

– Já está se subestimando? Esqueceu o que fez com minha filha?

Ele parou por uns segundos para pensar e novamente a imagem de Alice gritando de dor veio a sua cabeça.

– Fui eu quem fez aquilo? Eu a torturei daquele jeito? – Connor não conseguia acreditar que tivesse sido sua culpa e sentiu-se mal pelo ocorrido.

– Sim você fez e pelo visto pode fazer coisas terríveis se não tiver controle, seus olhos inclusive mudaram de cor, estavam cinza.

– Nossa, que legal!

– Legal nada sua peste podia ter matado minha filha! – O Dr. Exclamou zangado dando um leve soco na cabeça de Connor.

– AI! DOEU! – Connor reclamou fazendo massagem na própria cabeça. – Eu não queria matar ela... Mesmo sendo chata pra caralho.

– Olha a boca suja. – Dizia o doutor o repreendendo. – Eu quero que fique um mês aqui no mínimo treinando essas habilidades, não vou te dar alta antes disso.

Os olhos de Connor se arregalaram, como assim um mês? Ele não tinha tempo, precisava sair logo dali e ir para a superfície.

– Um mês? Eu não tenho esse tempo...

– Vai ter sim, eu não vou permitir que você saía por ai fora de controle torturando mentes alheias.

– Tudo bem. – Connor dizia para encerrar aquela discussão chata.

– Vou trazer algo para você comer. – O Dr. Dizia saindo do quarto.

O moreno revirou os olhos, apesar de dizer que estava tudo bem é lógico que não ia ficar ali mofando um mês inteiro, daria seu jeito de sair o quanto antes agora que já havia conseguido o que queria não tinha mais razões para ficar ali.

Continuou a observar os cacos no chão, o doutor devia chamar alguém para limpar aquilo ou na pior das hipóteses faria Connor limpar. Ele se concentrou nos cacos no chão e eles foram se erguendo no ar um por um, e o garoto simplesmente foi direcionando calmamente o olhar para a lata de lixo ao lado da porta. Os cacos foram seguindo a direção de seus olhos e quando todos estavam sobre a lata de lixo Connor se desconcentrou e deixou que eles caíssem dentro dela.

Nessa hora um pequeno sorriso tomou seu rosto.

###

O fauno caminhava tocando sua flauta pela parte terrestre do Reino Aqua que por sinal era tão bonito quanto à submersa. As ruas eram de paralelepípedo, e havia verde para todos os lados e para Lucas era como estar em casa. Várias plantas e árvores de todos os tipos, as construções eram quase tão boas e modernas quanto às do Reino Aer, e um pequeno riacho cortava toda a extensão do reino. Bem no centro havia um parque com banquinhos, mesas para jogar xadrez, e churrasqueiras comunitárias com grandes mesas de pedra próximas onde às famílias se reuniam para fazer almoços ao ar livre. Bem no meio do parque havia uma grande fonte jorrando água com uma estátua de Elza no centro. Foi ali que Lucas se sentou, tocando ainda a calma e bela melodia que todos paravam para olhar e ouvir melhor, ela transmitia paz e tranquilidade para as pessoas, mas às vezes o som mudava no meio da música e deixava as pessoas aflitas.

Aquela era a preocupação de Lucas sendo expressa em sua melodia, era por isso que ele estava ali precisava falar urgentemente com Elza. Nesse momento a água da fonte começou a se mover rapidamente e algo submergiu. Era Elza em sua forma aquática, as escamas de sua calda agora estavam num tom azul escuro bem brilhante, seus seios estavam à mostra, e o longo cabelo liso escuro jogado molhado totalmente para trás. Seus olhos verdes brilharam ao ver Lucas.

– Olá, senti que você estava aqui...

– AH MULHER QUE INDECÊNCIA É ESSA?! – Ele se levantou assustado e agora tampava os olhos. – E QUE SUSTO, VOCÊ FICA SE TELEPORTANDO PRA QUALQUER LUGAR QUE TENHA ÁGUA, NEM AVISA, QUASE ME MATA!

– Hã? Lucas você não pode morrer. – Elza dizia segurando o riso. – E pare de berrar.

– Ah? É verdade eu não posso morrer e você já se cobriu? – Ele dizia ainda tampando os olhos.

– Não e nem irei, sabe que não gosto de roupas por mim não usava nem em forma humana.

A voz de Elza era tão doce e melódica que ele simplesmente tirou as mãos do rosto como se pudesse admirar a voz com os olhos. Não que Elza não fosse bonita, na verdade existia todo um conjunto. Beleza exterior, interior, boa voz, Lucas poderia ficar o dia inteiro falando das qualidades da Deusa. Ele voltou a se sentar a beira da fonte, precisava conversar com ela.

– Você disse que sentiu minha presença, pois bem eu vim conversar com você sobre os maus presságios que os espíritos da natureza me avisaram. – Lucas agora parecia preocupado.

– Maus presságios? O que lhe disseram?

– Disseram que um mal há muito tempo reprimido está para se reerguer em busca de vingança, e que se não for controlado Vaerda irá queimar de volta ao pó. – Ele repetiu a mensagem exatamente como haviam lhe falado.

– Queimar de volta ao pó? Será que tem ligação com Ariel? – Elza dizia pensativa.

– Pode ser que sim, pode ser que não, não dá para termos certeza, mas eu não descartaria a possibilidade ela saiu furiosa da reunião.

– Acha que devemos falar com Ciel?

– Ainda não, alguns presságios acabam não acontecendo porque as pessoas podem alterar suas escolhas no meio do caminho fazendo o futuro mudar. – Lucas explicou paciente. – Não acho que devemos aborrecer Ciel com isso agora, devemos esperar.

– Tenho medo pelo meu povo, não quero que ninguém se machuque. – Ela dizia abaixando a cabeça um pouco triste.

– Eu também, e acredito em você, tem um coração muito bom Elza. Você é a melhor de nós quatro.

Elza olhou para ele sorrindo e depois seu olhar foi desviado até a flauta nas mãos do fauno.

– Pode tocar aquela música novamente?

– Claro! – Lucas assentiu empolgado, se tinha algo que ele adorava mais do que tocar era quando lhe pediam para tocar.

Ele levou a flauta aos lábios e retomou a canção, essa estava serena e tranquila novamente. Elza apoiou os braços na beira da fonte e descansou a cabeça sobre eles aproveitando a música. Sua calda agora mudava de azul escuro para vermelho bem vibrante.

###

O antigo quartel estava bem empoeirado uma pessoa alérgica se daria muito mal ali. Algumas armas no arsenal estavam quebradas, velhas e cheias de poeira todas esquecidas com o passar dos anos. Os móveis estavam cobertos por lonas brancas, as janelas e portas rangiam, algumas tinham até os vidros quebrados aquele lugar definitivamente parecia ser mal assombrado. Era questão de tempo até tudo estar arrumado, Ace colocaria todos para trabalharem nisso.

A área externa estava tomada por homens e mulheres com idades entre dezoito e quarenta anos, e ao todo eles eram aproximadamente duzentos todos aprovados na seleção de Ace e Lúcio. Os reprovados foram mandados de volta para suas cidades e àqueles que não desejavam se envolver em guerras também foram dispensados. Ace achou melhor dessa forma, uma pessoa que não está disposta a batalhar poderia ter resultados horríveis no campo de batalha podendo gerar baixas e consequências enormes, porém Lúcio discordava, acreditava que se a pessoa tinha habilidades satisfatórias deveria se alistar independente da sua vontade. A divergência de opiniões causou uma pequena discussão entre os dois até Ace lembrar a Lúcio quem estava à frente de tudo ali.

O humanoide pouco se importava para o fato de Lúcio ser filho de Ariel, ela nunca foi uma mãe muito amável mesmo.

– ATENÇÃO, FORMAR! – Ace gritou para seus soldados que logo entraram em forma alinhados. – Bom.

– Precisa explicar a eles porque estão aqui. – Lúcio dizia.

– Farei isso agora. – Ele dizia se posicionando a frente de seus soldados. – Meus amigos, nosso reino existe a quase setenta e dois anos e vocês possuem idade inferior a esse tempo. Receberam a dádiva de nascer com a magia do fogo, podem controlar o elemento de nosso reino um dos mais poderosos entre os quatro. O fogo tudo devasta, pode queimar as florestas, transformar a água em vapor, e manter suas chamas vivas graças ao oxigênio presente no ar. Vocês sofrem a pena de não poderem utilizar e nem aprimorar essa grande habilidade para garantir a liberdade da nossa mestra de seu exílio. Mas Ariel não está mais disposta a ficar a mercê desse injusto acordo. Não vamos mais nos deixar ser humilhados por Aer ou qualquer outro reino. Vamos unir nossas forças, aprimorar nossas habilidades e mostrar para todos a devastação que o fogo pode causar. Vamos lutar contra aqueles que se opuserem contra nós nem que seja preciso morrer ou trazer Vaerda de volta ao pó!

– HEY! – Todos gritaram de volta, menos um.

– VIVA A IGNIS! – Lúcio gritou erguendo o punho no ar.

–VIVA! – Todos responderam, com exceção de um e claro que Lúcio notou novamente.

– Você, o de cabelo castanho claro ai atrás um passo à frente.

O rapaz veio para frente revelando sua silhueta. Ele era bem alto e forte, tinha cabelo castanho claro liso com uma franja caindo sobre seu rosto e uma barba por fazer.

– Apresente-se! – Lúcio ordenou.

– Noah Strauss, vinte e três anos, cidade Central.

– Você foi o único que não comemorou com seus colegas, explique-se.

– Senhor Lúcio, eu não acredito que quebrar as regras do contrato seja a melhor maneira de ganharmos nosso espaço, nosso povo só tem a perder com guerras, precisamos encontrar novas fontes de renda e melhorar a qualidade de vida da população. Montar um exército e começar uma guerra ao meu ponto de vista não é adequado. – Noah dizia calmamente tomando bastante cuidado com o tom de voz, mas a cabeça dele pensava diferente.

“Vocês são dois imbecis, não estão vendo que vão matar todo mundo? Que burrice! Vamos todos morrer, e espero que esse loiro oxigenado marrento vá se foder!”

Sim, Noah por dentro é um poço de delicadeza e gentileza. Sua sincera opinião ficou guardada para si, se fosse expressa dessa forma ali ele estava morto.

E pela cara de Lúcio, nem a forma delicada agradou.

– As ordens de Ariel serão seguidas a risca, estamos a tantos anos vivendo da forma como descreveu e o que ganhamos com isso? – Lúcio dizia arrogante, Noah preferiu manter-se em silêncio. – Como imaginei.

Ace ficou calado todo esse tempo apenas observando a situação. Queria berrar que Noah tinha razão e que ele também pensava dessa forma, mas não estava em posição de fazer isso. Por mais que tivesse seus próprios pensamentos ele fora criado parar ser totalmente leal a Ariel, mesmo querendo fazer diferente não conseguiria se tentasse. Os soldados também estavam inclusos nessa regra, todos os humanos que nasciam com o dom do fogo eram leais a sua terra, não importa o que Ariel gritar eles vão obedecer era um laço quase impossível de ser quebrado.

– Volte a sua posição senhor Strauss. – Ace ordenou e Noah voltou ao seu posto. – Senhores eu gostaria de avisar que o recrutamento ainda não acabou. Temos mais pessoas para avaliar. Lúcio e eu dividiremos as tarefas, precisamos transformar esse lugar novamente em um quartel. Eu preciso de um grupo que vá para fora do reino, temos dominadores de fogo do lado de fora também. Vamos trabalhar juntos!

– HEY! – Eles gritaram de volta e Ace sorriu.

Os grupos foram divididos e começaram suas tarefas. Lúcio parecia bastante satisfeito pelas supostas batalhas que estavam por vir, a única coisa que incomodava era Ace no comando de tudo, mas era apenas questão de tempo, daria um jeito de tirar o humanoide de seu caminho.

###

Já era bem tarde, de acordo com o relógio do moreno quase duas horas da manhã. Todos deviam estar dormindo ele só precisava pegar suas coisas e sair de fininho sem fazer barulho nenhum. Tinha uma mochila e dentro dela havia poucas mudas de roupa, uma garrafa para carregar água, uma caixa de fósforos e alguns itens de higiene. Após conferir tudo ele pegou um último objeto que faltava na mala, era uma adaga prateada com o cabo marrom, no cabo era possível ler o nome Elizabeth nas letras quase apagadas. Connor segurou firme a adaga e ao invés de guardar dentro da mochila preferiu deixar presa dentro da calça, um lugar onde poderia retirar rapidamente caso precisasse.

Ele usava uma camiseta branca, uma jaqueta de couro por cima, calça preta e um coturno, estava pronto para sair. Fechou a porta do quarto e andava calmamente pelos corredores vazios do laboratório até que chegou a entrada principal por onde tinha vindo com Arthur dois dias antes. A mão de Connor estava sob a maçaneta, mas não conseguia abrir a porta. Nesse momento a luz do recinto se acendeu e um pigarro foi ouvido, ele se virou e deu de cara com Alice.

– Onde o senhor pensa que vai? – Ela perguntou desconfiada.

– Embora, e se você tiver sorte nunca mais vai me ver. – Ele dizia ainda tentando abrir a porta. – Por que essa merda não abre?

– Porque apenas pessoas autorizadas podem abrir. – Ela respondeu com tédio, como se Connor fosse uma criança burra que não conseguia escrever o próprio nome. – Eu posso abrir a porta.

– Então abra logo!

– Fale mais baixo, ou pode acordar alguém e seu plano de fugir vai para o buraco não?

Connor rangeu os dentes, ela tinha razão e como ele odiava quando Alice tinha razão.

– Isso quer dizer que a anjinha vai me ajudar a sair?

– Talvez. – Ela estava brincando com ele.

– Eu só trabalho com sim ou não, e no momento não estou com paciência para a sua brincadeira. – Ele respondeu impaciente.

– Eu te ajudo com uma condição. – Alice dizia e Connor apenas assentiu esperando que ela dissesse a condição. – Me leve com você.

– Ficou louca!

– SHHHH! – Ela se aproximou e tampou a boca de Connor com a mão. – Connor, por favor, me deixa ir com você...

– Você só vai me atrapalhar.

– Eu juro que não!

– E por que essa vontade louca de ir comigo? Me ame menos.

– É por que... – Ela começou a falar, mas as palavras fugiram e a loira abaixou a cabeça. Connor ficou olhando ele era bem curioso e não ia conseguir ir sem ao menos ouvir a história dela. Alice sentou em um dos sofás. – Eu sempre quis subir, odeio viver aqui em baixo eu não sei nem qual e a sensação da luz solar batendo na pele porque a que temos aqui em baixo é artificial. Quero conhecer um lugar novo, saber o que tem lá em cima, como os outros humanos sobrevivem lá, eu quero conhecer o mar...

Ela simplesmente parou de falar apesar de ter outras razões. Alice tinha uma sede por aventura e queria conhecer o mundo em que vivia e Connor sabia exatamente como ela se sentia. Foi por isso que seu pai subiu, para explorar e encontrar um lugar melhor do que aquele subterrâneo para viver, e chegou a terrível conclusão de que se não a levasse ela daria um jeito de subir sozinha, o que era mais perigoso do que ir com ele.

– Pegue pouca coisa, apenas o essencial eu vou esperar aqui. – Connor cedeu.

Os olhos verdes de Alice brilharam e ela sorriu, por impulso se jogou em cima do amigo e o abraçou.

– Ah eu aprendi algumas coisas, você vai ver que eu posso ser útil lá em cima.

Ao terminar de dizer isso Alice entrou para buscar suas coisas deixando para trás um Connor curioso. O que ela aprendeu? Ele mais cedo ou mais tarde iria descobrir. Seu único receio em leva-la era o medo de machucar a garota novamente com a telecinese, ou então entrar em alguma situação de risco e não poder protegê-la.

Quinze minutos depois ela estava de volta.

– Vamos? – Ele perguntou.

– Sim.

Ela ficou na frente da porta e colocou seu polegar em uma pequena máquina ao lado da maçaneta, a porta instantaneamente se abriu. Eles atravessaram e foram embora sem olhar para trás.

Alice e Connor não sabiam, mas um dos dois nunca mais voltaria naquele lugar.


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Notas finais do capítulo

Aqui no final queria agradecer pelos poucos comentários que já recebi. Tenho sete pessoas acompanhando a história, quem ainda não se manifestou se possível gostaria de saber o que estão achando. Qual personagem gostam? Algum palpite sobre quem é Elizabeth? :3



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