You again? escrita por Sunshine


Capítulo 3
Capítulo 2 - A boate


Notas iniciais do capítulo

Yay! Esse foi rapidinho, rapidinho. Quero agradecer àqueles que deixaram seus comentários e chamar os leitores fantasmas para comentar porque, GENTE, teve muita visualização. *0*
Enfim, espero que gostem e que tenha valido o esforço!



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O clima no carro se tornou terrível assim que eu me sentei no banco de trás. Kate pareceu não notar nada e continuou tagarelando com Liam de uma forma boba apaixonada. Meu corpo todo agora era puro gelo, meu estômago se revirava em ânsia e eu sentia que poderia vomitar a qualquer momento. Santo Deus, onde eu fui me meter.

Kate mantinha o cotovelo apoiado no banco e fazia carinho na nuca de Liam com a ponta dos dedos enquanto falava. Vez ou outra ele respondia ou abria um sorriso com o canto dos lábios. Seu cabelo cacheado estava da mesma forma que eu me lembrava, bagunçado de uma forma charmosa e meu coração martelava no peito dolorosamente, como se precisasse rasgar minha pele e pular para o colo dele mais uma vez, como um pequeno cachorro que reconhece o dono que o abandonou a tanto tempo.

Tive que me controlar para não ficar encarando, me sentei no banco atrás de Kate e virei o rosto pela janela, tentando me concentrar nas ruas e nas pessoas que passavam como um borrão. No carro, “Snap out of it” tocava como música de fundo e respirei fundo para conter toda a bagunça que minha cabeça fazia. Como era possível? Depois de tantos anos, de tanto tempo… Ele não deveria me afetar mais. Não era mais aquela garota boba de antes e ainda assim minha pulsação estava acelerada.

— Não acha, Lia? — Kate virou o rosto para trás e ergueu as sobrancelhas para mim. Virei o rosto para ela e tentei me situar na conversa rapidamente. Não fazia ideia da pergunta, por isso apenas sorri e concordei como uma idiota. Se fosse algo como “Cocô é uma delícia”, eu realmente passaria vergonha. Por um momento, sem nenhum motivo, meus olhos se desviaram para o retrovisor. Talvez eu só quisesse ver aqueles olhos castanhos mais uma vez ou algo estúpido assim, mas minha respiração congelou nos pulmões quando vi que aqueles olhos me encaravam. Lutei contra a vontade de manter o olhar e virei o rosto mais uma vez para a janela, fechando os olhos e respirando fundo mais uma vez e mordo o canto da bochecha me ligando a conversa para pelo menos conseguir responder suas perguntas.

— Liam também me disse que adora dançar. Vai me mostrar tudo isso hoje, não é, amor? — meu estômago se contraiu mais uma vez e ouvi Liam murmurar um “Uhum”. Pelo vidro da frente consegui ver Kate sorrir com todos os dentes.

Depois de quinze minutos, o carro parou em frente a uma boate iluminada com luzes coloridas. A placa “Neon Club” piscava em letras luxuosas e vivas. Kate bateu palmas animada e abriu a porta do carro. A segui logo depois, colocando a alça dourada da bolsa em meu ombro esquerdo e ajeito o cabelo. Kate passa o braço pela cintura de Liam e ele deixa o braço por cima dos ombros dela.

— Lia, hoje a noite vão cair aos seus pés. — Kate disse animada e abri um sorriso torto para ela. Os dois caminharam a frente e quando chegamos à porta da boate Liam pagou nossas três entradas. Agradeci com um sorriso direcionado ao segurança e entrei na boate.

“Mama” tocava em um volume ensurdecedor e todas as pessoas dançavam. Meninas desciam até o chão, um grupo competia por quem virava uma dose de bebida mais rápido e todos pareciam se divertir como nunca. Com uma dose de coragem, dei um tchauzinho para Kate e Liam, junto com o meu melhor sorriso e caminhei para o bar. De agora em diante, nunca mais ia me abalar como me abalei no carro. Eu já provei para mim mesma que poderia viver sem ele, e o que seria mais trabalhoso que isso? Agora era a parte mais simples, provar que não precisava dele para ele. Hoje eu iria me divertir, mostrar que ele não me atingia mais de forma alguma, mesmo que isso fosse uma mentirinha de nada.

Ao chegar ao bar, me apoiei nos cotovelos e o barman me deu um sorriso.

— Uma dose de… Vodka. — penso por um segundo, falando a primeira bebida que me vem a cabeça e sorrio para ele. Mesmo depois de realmente poder beber nunca me interessei muito. Bem, hoje isso ia mudar. O barman não demorou nada para me trazer um shot glass cheio de um líquido transparente. O analisei por dois segundos e, entrando na parte mais animada da música, virei tudo de uma vez. O líquido desceu queimando na minha garganta e pude sentir tudo caindo em meu estômago e espalhando chamas pelo lugar. Ótimo, pensei, meu estômago estava mesmo gelado, preciso de mais disso aqui. Pedi mais uma dose e virei novamente, dando uma risada com a forma meio dolorosa e incômoda com que queimava minha garganta.

Minha cabeça girou levemente por nunca ter bebido daquilo antes e dei um gritinho animado. Pediria mais uma daquela mais tarde. Dancei até a pista de dança, jogando os braço para cima e rebolei os quadris no ritmo da música eletrônica. O remix era ótimo, animado e completamente hipnotizante. Já estava na quinta música, quarta dose e “Lights” me fazia dançar e cantar junto, com o estômago queimando mas tanta energia que era o suficiente para me manter dançando. Um homem alto, realmente bem mais alto que eu se aproximou. Nas luzes piscantes seu cabelo parecia ser verde, depois rosa, depois… Abri um sorriso largo e ele retribuiu se aproximando. Ah, como a vida era mais gostosa aqui dentro. Ele passou uma mão na minha cintura, dançando comigo e fechei os olhos, balançando a cabeça no ritmo da música.

— Você parece muito feliz aqui dançando. — o homem gritou em meu ouvido para que eu pudesse escutar por cima da música e dei uma risada, sentindo sua barba arranhar minha bochecha e me fazer cócegas.

— Minha vida está uma merda! — gritei ainda mais alto e ri mais uma vez ao ouvir sua risada. Coloquei uma mão em seu ombro para me apoiar e abri os olhos de novo. Encontrei o desconhecido me encarando e percebi que quando as luzes se afastavam seu cabelo parecia ser de um loiro claro. Sorri mais uma vez para ele e Sr. Desconhecido se aproximou novamente. Pensei que ia me beijar e, sinceramente, esperava que o fizesse, mas ele apenas voltou a falar comigo.

— Meu nome é Kendric. — ele gritou em meu ouvido mais uma vez e por ele ter se abaixado, não tive que ficar nas pontas dos pés.

— Cecília! Como aquela princesa da Grécia e Dinamarca. — gritei de volta e ele afastou o rosto rindo. Sorri mais uma vez e a música mudou. Um remix de “We’re young” começou a tocar e eu mais uma vez balancei a cabeça no ritmo. Finalmente, quando olhei para Kendric-não-mais-desconhecido, ele parecia pronto para me beijar. Ele se aproximou e eu fechei os olhos. Por mim, o beijo seria ótimo, a coisa mais feliz que me aconteceria na noite, mas algo agarrou meu braço e me puxou para longe do Kendric-coisa-mais-feliz-da-noite. Fiz um biquinho desapontada e virei o corpo bruscamente para aquele que me agarrou. Ergui o dedo indicador acusadoramente mesmo que agora a boate toda parecesse girar e dei de cara com Liam.

— O que você pensa que está fazendo? — ele gritou por cima da música e sua expressão parecia brava, como se eu tivesse roubado o seu doce. Franzi a testa, mantendo o dedo indicador esticado e balancei a cabeça.

— Eu não roubei seu doce. — disse como se fosse óbvio, me virando para Kendric que encarava Liam incomodado, parecia pronto para me proteger se fosse necessário. — Você é… Muito fofo. — disse a ele, dando um sorriso e um passo em sua direção. Mais uma vez fui puxada para trás e gritei um “Ai!” lerdo. Liam não me encarava mais e sim Kendric, os dois pareciam ter estufado o peito e suspirei ao notar que as pessoas olhavam. — Eles acham que eu tenho cara de doce. — disse apontando os dedos para os dois e me explicando para aqueles que olhavam a cena. — Eu tenho cara de doce? — Perguntei a Kendric com a testa franzida e não recebi nenhuma resposta porque ele provavelmente não havia me escutado.

— Vamos, Cecília. — Liam me apoiou e eu travei os músculos, negando com a cabeça. O ouvi xingar.

— Não… Liam. — disse lentamente, bolando meu raciocínio e dei uma risada divertida, como se ele tivesse contado uma grande piada. — Não vou a lugar nenhum com você. — cutuquei seu ombro com o dedo ao dizer “você” e empinei o nariz — Cadê a sua namorada, Liam? Porque você — o cutuquei com o indicador mais uma vez, fazendo um biquinho —, você tem uma namorada. Kate! KATE! — gritei o mais alto que eu consegui e ele me puxou mais uma vez. — Kate! KAAAATE! SOCORRO, KATE! — gritei me debatendo e tudo aconteceu muito rápido. Um murro voador apareceu do nada e a mão que segurava meu braço afrouxou o aperto. Dei um passo a frente e alguém me amparou com delicadeza. Ergui o rosto e Kendric deu um sorriso torto para mim. — Oi. — disse docemente e meu estômago se contraiu dolorosamente, me fazendo curvar para frente e assim que o fiz, vomitei algo ácido e doloroso, que pareceu sair queimando dez vezes mais do que queimou ao entrar. Kendric colocou meu cabelo para trás e ouvi pessoas rirem, resmungarem e um monte de coisas barulhentas. A música agora fazia minha cabeça doer e tudo girava. — Kendric… — sussurrei me apoiando nele e suspirei baixo — Você está girando rápido demais. — murmurei a última parte bem baixo e por fim tudo apagou.

(...)

Me estiquei, bocejando e imediatamente desejei dormir novamente. Minha cabeça doía tanto que parecia prestes a explodir e meu corpo todo reclamava com meus movimentos. Abri os olhos devagar, resmungando com a pouca claridade que ultrapassava as cortinas e cobri os olhos com os braços. Respirei fundo, soltando o ar pela boca em um suspiro e me sentei lentamente, ainda de olhos fechados. Esfreguei as têmporas com as pontas dos dedos, orando intimamente para que a dor incômoda cessasse.

Por fim abri os olhos e nessa leve mudança consegui concluir três coisas: 1- eu não estava na casa de Kate, 2- eu não sabia onde estava e nem 3- como eu havia chegado ali. Olhei para baixo e no lugar do meu vestido estava uma camisa gigante onde se lia em um círculo “JackJass comandam!”. Contei até dez fechando os olhos de novo e comecei minha terapia intensiva de “Não surte”. Milhões e milhões de possibilidades voaram na minha cabeça lerda em tanta velocidade que chegou a doer mais ainda. Eu poderia ter dormido com alguém e agora estar grávida, poderia ter sido abusada, poderia estar na casa de um psicopata, poderia ter sido sequestrada… Abri os olhos de uma vez, tentando afastar todos os possíveis “e ses” da minha cabeça. Me concentrei em saber onde eu estava.

Analisei o quarto. Era grande, branco e com detalhes em um azul acinzentado. O cobertor que cobria minhas pernas era macio e a cama era agradável. No criado mudo ao lado da cama, uma cartela de comprimidos para ressaca e um copo de água gelada que parecia ter sido posto a pouco tempo já que não havia nenhum suor pelo copo. Me estiquei, peguei um comprimido e o copo. Fosse um assassino ou um psicopata, foi muito gentil em se preocupar com a minha dor de cabeça. Bebi metade da água e meus olhos se desviaram para uma poltrona cinza ao lado. Meu sapato e minha bolsa estavam ali; nada do meu vestido. Me levantei devagar, sentindo um arrepio subir meu corpo pelo contato dos pés descalços com o chão frio e caminhei até a bolsa, pegando meu celular. Apertei o botão algumas vezes e a frase “Sem bateria” piscou na tela. Xinguei baixinho, me virando para analisar o resto do quarto e levei um susto com o armário espelhado de cima a baixo que ficava em frente a cama. Minha cara estava deplorável. O cabelo escuro caia nos ombros, sem nem metade do volume glamouroso da noite e cheio frizz, a maquiagem dos olhos se desbotou um pouco e agora parecia um círculo escuro ao redor dos meus olhos, a única coisa que se manteve fofinha foi a boca, o batom desbotou mas me deixou com os lábios corados.

Ao lado direito do armário havia a porta do banheiro, resolvi começar por ali. Entrei e me apoiei na pia por alguns segundos, tentando repassar todos os acontecimentos da noite anterior em minha cabeça. Tudo veio rápido demais e mesmo que minha cabeça estivesse parando de doer, a velocidade do choque me assustou. Okay, então eu sabia que vomitei, que briguei e depois desmaiei. Talvez não nessa ordem, mas isso era detalhe. Mordi o lábio, voltando a me olhar no espelho e abri a torneira. Coloquei água na boca, fiz uma limpeza bem fajuta na boca e em seguida lavei o rosto, tirando o máximo da maquiagem que consegui. Fiquei um pouco mais apresentável depois de prender o cabelo em um coque frouxo e passar uma água na nuca.

Sai do banheiro, indo em direção a outra porta, que dava a um corredor. Mais duas portas fechadas faziam parte do corredor e bem no final conseguia ver o início de uma sala de tevê. Os sofás eram de um material aveludado e cinza bem claro, os móveis eram clássicos e neutros, de aparência cara e refinada. Parecia tudo muito moderno e ao mesmo tempo antiquado. O próximo cômodo foi uma sala de jantar pequena, com um lustre baixo e ao fundo uma sacada que tinha uma vista linda de Nova Iorque. Parecia alto.

Virei o corpo para continuar a observar e separada por uma muretinha clássica estava a cozinha. Nem pude absorver a decoração porque meus olhos se focaram na figura masculina que se encontrava de costas, virando panquecas. Respirei fundo, balançando a cabeça abismada e atirei os braços para cima, os deixando cair ao meu lado logo depois.

— Você só pode estar de brincadeira com a minha cara! — resmunguei apertando os lábios e os cachinhos castanhos de Liam se bagunçaram ainda mais quando ele se virou para mim no susto, segurando a frigideira com uma mão e uma espátula com a outra. Ele sorriu ao me ver. Aquele… Maldito sorriso.

— Bom dia!


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Notas finais do capítulo

Quem tão shippando, agora? Eu tenho minhas preferências mas vou me manter neutra. q
Até o próximo capítulo! Beijos de amora.



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