Paredes de pedra cheias de musgo e umidade, o chão não era diferente, não havia janelas, a iluminação vinha das frestas que havia entre as pedras o que deixava o lugar inteiro na penumbra com apenas alguns pontos iluminados. Um desses pontos era grande o suficiente para que eu conseguisse fazer minhas palavras cruzadas.

As barras de ferroa que me prendiam nessa cela era grossas e aparentemente muito resistentes, duvido que até mesmo um nobre tenha chance de quebrá-las. Isso era deprimente.

Ouvi que alguém se aproximava, quando parou na frente das grades pude ver que era Stephen. Um ponto de luz iluminava o canto do seu sorriso debochado.

-Se divertiu com as palavras cruzadas? – ele perguntou rindo.

-Nem tanto, eu sem querer comprei as difíceis ao invés das expert – retruquei rindo sarcástica e vi o sorriso dele se desfazer - o que quer?

-Só vim avisar que seu cavaleiro chegou sozinho num gol vermelho – ele riu da própria piada – mas ele não virá te visitar tão cedo.

-Por quê? – perguntei por impulso, saber que Vincent estava aqui me fez sentir mais segura.

-Mamãe o convenceu a ficar quieto no canto dele, ou melhor, no quarto que ela decorou especialmente para ele – ele debochou afinando a voz para ‘imitar’ debochadamente Isabella.

-Não importa, ele vai vim me salvar – garanti confiante, claro que as chances disso acontecer eram uma em um milhão, mas a esperança é a última que morre.

-Não garanto, ele nunca conseguirá chegar perto de você enquanto estiver aqui.

-Porque fazem isso com ele? Ele é da família, isso não é justo com nenhuma das partes.

-Acontece, caçadora, que ele é um dos maiores responsáveis pela morte do vovô - Stephen parou e me encarou sério – apenas alguém da família poderia ter contado além da passagem secreta para o quarto dele seu ponto fraco. E Vincent entregou isso de bandeja para a sua mãe. Ela contou para o seu pai e junte dois com dois.

-Meu pai matou o pai dele – murmurei. Será que o Vincent foi mesmo capais de algo tão... Cruel, como conspirar contra o próprio pai? Não é possível não é do feitio dele. O Vincent teve problema com os pais, mas isso não prova nada.

-Exato, mas o problema maior que meu pai tem contra ele é que meu Tio – ele disse tio com a maior quantidade de desprezo que conseguiu – ajudou na fuga do filho do papai e o levou para a Associação.

-Como? O Vincent não faria isso ele é um nobre, um vampiro. Ele não faria algo tão difamante assim – isso não parecia algo que o Vincent faria. Se bem que eu não sei exatamente do que ele é capaz. Ele sempre parece ser mais perigoso e calculista do que aparenta, mas trair não só sua família, como fazer algo que seria tido como uma traição para todos os vampiros não parece ser algo que o Vincent faria.

-Negue o quanto quiser – Stephen se aproximou mais – mas tenha isso em mente. Só irei falar uma vez, então ouça bem. Vincent Richards é o maior traidor que já existiu na história dos vampiros. Porém ele é o nobre que tem além do maior exército, o mais poderoso. Isso sem contar que ele sozinho é muito poderoso. Nenhum nobre conseguiria enfrentá-lo, nem mesmo meu pai, não sozinho – mas mesmo assim suas feições sérias deram lugar a uma longa risada – até agora, pelo menos.

-O que? – o ar estava começando a faltar e isso estava ficando preocupante. Não só porque descobri algo sobre o passado de Vincent que eu não sabia, mas também pelo tom que Stephen falou “até agora, pelo menos.”

-Pobre tio, veio sozinho para a casa de seu irmão salvar a donzela em perigo – ele fez uma voz debochada e fina – você acha mesmo que se meu pai não conseguir o que quer algum de vocês vai sair vivo daqui?

Engoli em seco. Estou perdida. Ou melhor, morta. Tudo graças a minha idiotice, mas o Vincent não sai impune dessa não. Não acredito que ele veio para o covil do inimigo sozinho. Todo esse tempo ele previu o que o irmão faria, mas mesmo sabendo que era uma armadilha, ele veio. E eu piorei tudo, se não fosse por mim, não estaríamos aqui. Não coloquei só a minha vida em perigo, como a dele também.

-Sou uma idiota- sussurrei baixinho de cabeça baixa, mas depois olhei para Stephen – por que está me contando isso?

-Só quis te por a par da sua situação e também fazer um pouco de terror psicológico – ele deu de ombros.

Ao longe ouvi o ranger de uma porta se abrindo – Senhor Stephen, é para levá-la para o salão – uma voz alta grossa e ecoou.

-E a diversão já vai começar ele bateu uma mão na outra animado e se virou para mim – se levante caçadora.

Antes que eu realmente entendesse o que ele queria e antes de me levantar por completo ele abriu a cela entrou e me segurou pelo braço.

-O que você está fazendo? – ele não respondeu nada, apenas me puxou com força pelo braço me guiando pela masmorra – para onde está me levando?

Ele deu um sorriso de lado, um sorriso sádico demais para o meu gosto – se eu contar, caçadora, vai estragar a surpresa.