Acordei e a primeira pergunta que passou por minha mente foi onde eu estava. Porém não quis abrir os olhos, as vezes a perspectiva sobre os olhos fechados acaba sendo melhor.O que imaginamos, algumas vezes é melhor que a realidade.

Meu pescoço ardia onde os dedos dele apertaram, provavelmente havia deixado marcas e meu fôlego não voltou cem por cento ao normal.

Eu estou deitada num lugar duro, úmido e frio, sem a menor vontade de me levantar. E muito provavelmente esse lugar é o chão. Estar deitada no chão após ser seqüestrada, não me trás perspectivas boas.

Alguém está vindo, estou ouvindo o barulho de seus passos ritmados se aproximando, não irei abrir os olhos, o melhor é continuar a fingir estar desmaiadas. As pessoas falam mais quando o ouvinte está desacordado. E, pelo barulho dos passos e a força, provavelmente é um homem, talvez Stephen ou Allex.

Os passos atingiram o que provavelmente era o ponto mais próximo que poderiam e cessaram. Meu corpo tremeu involuntariamente, provavelmente é pelo vento frio que passou rapidamente por mim.

-Inteligente o plano de vocês – um homem falou e eu reconheci como sendo a voz de Allex, já que parecia demais com a voz do Will – mas não me convenceram. Meu irmãozinho sempre foi previsível.

Fiquei em silencio esperando que ele se convencesse que eu não estava o escutando, ele deus alguns passos, mas depois retornou para onde estava – sem contar que ele sempre fica patético quando está apaixonado.

Apaixonado? Desde quando o assunto gira em torno de amor? Eu estou aqui por um erro bobo. Nada relacionado com amor, alias, o Vincent não pode de maneira nenhuma estar apaixonado por mim.

-Ele sempre faz escolhas erradas e toma atitudes sem pensar muito, quando está apaixonado. Sem contar que ele tem muito azar – ele deu uma longa risada – claro que você também, com seu orgulho maior que você mesma também sempre é um bônus.

Qual é a intenção dele? Não parece que ele está realmente disposto a me matar e seu tom debochado, muito parecido com o de Vincent, parece que ele está jogando e não com intenções assassinas.

-Pobre Vincent, sempre sendo um brinquedinho do destino. Primeiro foi a Isabella, que é sua ancestral, a irmã dela era bisavó do avô da sua avó. Vocês duas tem muitos pontos em comum. Mas é claro que ela estava destinada a mim – ele deu uma risada arrogante e sádica – alguns séculos depois ele se encantou por sua mãe. Tão habilidosa e inteligente, mas o destino dela era ser de seu pai e agora, você – ele deu uma pausa e se aproximou mais. Ouvi o ruído de sua pele atritando contra algo metálico, provavelmente barras, eu devia estar numa cela – minha grande pergunta é: Você está destinada a quem?

Tive de me controlar para não engolir em seco. Ouvi ele se afastar lentamente. Ele com toda certeza era maluco, mas algo de razão ele tinha. Mas Vincent não poderia estar apaixonado por mim. Ele nunca me viu antes daquele dia no Castel San Angelo. O pelo menos eu nunca o vi.

Mas por que ele insistiu em dizer que havia mais alguém, alguém por quem eu estivesse apaixonada e destinada a amar. A única pessoa que me vinha à cabeça que poderia ser essa pessoa era William.

Nós tivemos um passado, e com toda certeza ele sempre me encantou, nunca consegui tirar meus olhos dele, nem nunca consegui me irritar de verdade com ele. Will sempre esteve lá para mim, menos quando eu fui demitida. Menos nos momentos mais complicados da minha vida. Quem me acompanhou foi Vincent.

Foi o Vincent que me protegeu, que cuidou para não sermos mais caçados que sempre pensou na minha segurança, mas nunca me impediu de seguir meus objetivos.

Mas mesmo assim, pensar no William não era doloroso, especialmente quando me lembrei do que esqueci. Ele só agiu como agiu pois não se lembrava do passado. Se ele lembrasse, seria ele que estaria do meu lado nessa viagem.

Minha cabeça está doendo, eu estou confusa, não sei em quem pensar, no que lembrar. Não sei mais quem amar.

-Hey garota, abre o olho, você finge estar dormindo muito mal – ouvi a voz de Stephen.

Abri os olhos e me vi numa cela de pedra, provavelmente numa masmorra e as barras deviam ser de um metal resistente demais até para um vampiro poderoso quebrar.

Stephen estava parado na frente da cela me encarando divertido, como se fosse algo extremamente bom me ver presa.

-Vincent está te procurando feito um doido, papai o despistou, mas logo ele estará aqui – ele deu uma longa risada – as coisas vão ficar bem interessantes, não acha?

-A cada vez que te vejo, mas sádico e louco te acho – retruquei, no fundo até gostei de vê-lo, pelo menos posso parar de pensar no que Allex me disse.

-Papai disse que plantou a semente da discórdia na sua cabeça – ele comentou – e pela cara melancólica que você estava fazendo tenho certeza que ele conseguiu.

-Porque eu estou aqui? Vocês vão me matar ou algo assim?

-Calma senhorita EX-caçadora, só faremos algumas perguntas, mamãe quer resolver um assunto que está á muitos anos pendente.

-E sobre o que serão essas perguntas? E porque são tão importantes que tem de me seqüestrar para perguntar? – eu já estava cansada disso. Quero saber as intenções de Allex.

-Desculpa, não posso falar que é sobre o filho deles que fugiu – ele falou dando uma piscadela – você deve o conhecer ele é muito parecido com o papai, exceto pelo olhos, que são iguais os da mamãe – e com mais um piscadela ele começou a andar em direção a saída.

Apenas um nome veio, apenas uma pessoa poderia se ajustar no que ele falou, havia apenas um vampiro, ou ex-vampiro, mestiço que pode ser o filho deles. E o nome dele é William.

-Quase me esqueci – Stephen voltou com um sorriso sarcástico e comentou colocando a mão no bolso e tirou minhas palavras cruzadas, jogou-as no chão à minha frente junto com uma caneta – agora sim, xau, xau, caçadora.