Segredos de Da Vinci escrita por Lucas Nascimento


Capítulo 3
Paganismo


Notas iniciais do capítulo

Oi, Oi gente. Baixou a Kéfera aqui, eu sei rs.

Bom, estou em São Paulo outra vez, acabou o mochilão. Foi lindo, maravilhoso, perfeito, e eu enriqueci muito intelectual e culturalmente fazendo essa viagem. Foram os melhores 20 dias da minha vida, garanto.

Escrevi esse capítulo no avião voltando para São Paulo, nada melhor que as nuvens para nos dar inspiração rs.

Vou responder todos os reviews que vocês deixaram agora mesmo. Vocês são o máximo. Obrigado por tudo.

Vamos ao que interessa? Boa leitura!



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A igreja é um órgão controlador. Ela manda no governo e em tudo o mais que ela acha necessário colocar a mão. O papado é uma forma de defender a soberania do clero e de impôr regras que, muitas vezes, são inexistentes religiosamente. Eu, Leonardo Da Vinci, sei bem disso.

Constantino em 312, ainda era o imperador de Roma. Um homem de conquistas, de poder e sobretudo pagão. Um dia antes de ir para uma guerra em busca de mais poder ainda, ele sonhou com uma cruz aonde estava escrito.

In hoc signo vinces - Sob esse símbolo vencerás.

Ele passou a acreditar que Jesus, o soberano Deus dos cristãos, havia mandado essa mensagem para ele, e então supostamente se converteu ao cristianismo, adotou a religião e a impôs para o seu povo. Ele usou à partir de então o título de Pontifex Maximus - também conhecido como Papa.

Constantino, junto com a liderança católica da igreja, criou o grupo que, até hoje, elege os papas: os cardeais. E com ela, ele buscou e juntou os livros escritos pelos profetas e deu origem a Bíblia. Mas, ele escondeu segredos do livro. Nem tudo que foi escrito e nem todos os evangelhos foram inseridos no projeto final do livro sagrado.

A igreja escondeu a importância da mulher na história da humanidade. Segundo eles, a mulher era inferior por ter sido a raça que trouxe ao mundo, por sua fraqueza, o pecado. Um absurdo, já que sou um dos detentores do segredo. Na bíblia não há o evangelho de Maria Madalena, por exemplo. E garanto, ela foi muito mais que uma amiga de Jesus. Ela deu origem ao Sangrial.

Eu sou atualmente o grão mestre do Priorado de Sião, uma ordem secreta, criada com o intuito de defender o segredo do Sangrial dos olhos da Igreja. Desde o início dos tempos os religiosos perseguem e matam àqueles que não satisfazem suas vontades, por isso somos ocultos, escondidos, adorando o sagrado feminino, que nunca deveria ter sido reduzido a nada.

Por Ísis, como podem esconder a verdade sobre Jesus? Hoje os homens fazem questão de se abster de suas necessidades sexuais naturais, como se relacionar sexualmente com mulheres, por acreditar que serão impuros e que o celibato agradaria o seu Deus, já que Jesus nunca se corrompeu assim.

Ledo engano. Jesus não apenas se relacionou sexualmente com Maria Madalena, como teve um filho com ela. Maria Madalena é o Sangrial, ou Santo Graal. Ela carregou dentro de si o sangue real de Jesus. E, é o dever do priorado de Sião defender esse segredo, ou ele morrerá.

– Você está tão pensativo hoje. - disse Mon Salai, me abraçando por trás. - Está acontecendo alguma coisa?

– Não. Estou apenas pensando no Santo Graal, no segredo, e em como poderei passar isso adiante. - falei, tranquilizando-o. - Acho que já sei como, mas é loucura.

– Leonardo, você já quase foi morto por bruxaria exumando corpos dos cemitérios. Não se meta em mais confusões. - ele alertou. - Qual é a sua ideia?

– A Mona Lisa, quero que ela seja considerada como a representação mais sublime da beleza feminina, quero homenagear você e quero passar meu segredo adiante. Você sabe que o lado esquerdo é vilipendiado por todos há muito tempo. Acordar de mau humor é sinônimo de ter se levantado com o pé esquerdo, os radicais políticos são considerados de esquerda. Enquanto isso, o direito é sinônimo de honra, felicidade e justiça. Quem impôs isso, foi Constantino ao decidir que a mulher não é importante, e sim fraca, inútil. O lado esquerdo representa a mulher. Enquanto o direito representa o homem. - expliquei, com calma.

– Outro fato, era que a Igreja havia iniciado há pouco tempo a caça as bruxas. Centenas de milhares de mulheres foram mortas, não por praticarem bruxaria em si, mas por serem mulheres diferentes. Se uma mulher fosse mais inteligente que um homem, era considerada bruxa; se fosse médica ou curandeira; era bruxa; se praticasse alguma outra religião que não o cristianismo; era bruxa. É uma perseguição brutal contra o ser que nos traz à vida.

– Espera, você quer dizer que eles menosprezaram a mulher à ponto de criar um simbolismo para inutilizá-la? - perguntou, Mon Salai.

– Sim. Por esse motivo, vou fazer o quadro em sfumato, destacando a sua beleza, Gian, só que no corpo de Lisa. A paisagem ao fundo com o lado direito mais baixo que o lado esquerdo. A Mona Lisa, em perspectiva, ficará com uma evidência maior sempre do lado esquerdo exaltando o sagrado feminino.

– Por Ísis, você é louco. - ele falou, espantado. - Se descobrirem isso, você morre!

– Vai gerar controvérsias até o fim dos tempos, mas nunca irão descobrir. - sorri, ao pronunciar essas palavras. Afinal, um gênio como eu, nunca levantaria essas suspeitas. - E tem mais, não podem descobrir que você é o homenageado da obra. Eu tenho uma explicação ainda melhor para deixar isso tudo ainda mais enigmático.

– Leonardo, você já está passando dos limites. O que você pretende fazer?

Na nossa cultura, às vezes, é melhor ser pagão assumido que homossexual. Ir à favor das mulheres na obra, já seria um perigo muito grande, retratar Mon Salai nele seria ainda pior, mas eu arriscaria. Teria que ser muito inteligente para entender minha jogada artística. Já que cometi vários crimes, vou usar também o paganismo.

O deus egípcio Amon, que é representado como homem com cabeça de carneiro, é conhecido como o deus da fertilidade masculina. O seu modelo feminino, a deusa egípcia que representa a fertilidade feminina é Ísis. Amon é casado com Ísis e representam o nascimento, fertilidade, casamento e amor. É disso que minha obra precisa.

– Caro, Gian. Eu sei que você conhece a história de Amon e Ísis, e que você é devoto à eles, assim como eu. - falei, após retornar dos meus pensamentos. - Você sabe que a deusa Ísis outrora se chamava L'ISA, correto?

– Sim, claro. O antigo pictograma com seu nome era esse mesmo. - ele afirmou. - Mas, o que eles tem a ver com a Mona Lisa?

– Tudo. Você não vê? Ou você pensou que apenas o seu apelido, em letras trocadas, consegue constituir o nome que darei a obra? - perguntei, estupefato que ele não tenha percebido a dica que lhe dei.

Rasguei outro pedaço de pergaminho, molhei uma pena na tinta que estava sob a mesa do ateliê e enquanto falava, escrevia o que eu queria lhe mostrar.

– Por serem casados, e por serem o símbolo de união. Se juntarmos seus nomes originais teremos isso.

AMON L'ISA.

Ele me olhou espantado com a audácia de usar o nome de dois importantes deuses na obra.

– Mona Lisa... Leonardo, estou sem palavras. - ele disse, boquiaberto.

– Caro, Gian. Meu Mon Salai, meu amor. Não precisa ter palavras, é preciso ter fé.


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Notas finais do capítulo

Um beijoooooo, até mais :)