Lonely Star escrita por Menthal Vellasco


Capítulo 24
Superman


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi inspirado na música Superman, do grupo Fruto Sagrado. Espero que gostem! Ah muito, muito tempo, eu tenho esse capítulo na minha mente e anotado em um caderno. Sofreu algumas alterações, mas o principal ainda está aí.

Música: https://www.youtube.com/watch?v=0yvqIXfh9O4



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N: Ninguém

 

Quando Julia despertou em sua cama, o sol ainda não havia nascido. Ela demora um pouco à se erguer. Seu pai ainda não havia acordado e ela tinha que se preparar para sua viagem ao Rio de Janeiro. Não havia mais volta. Sua pós graduação estava trancada temporariamente, as passagens estavam compradas, malas prontas e seu tio a encontraria as seis da manhã na entrada da Torre.

***

Nessas horas que eu me lembro

Que o sofrimento é um megafone

É Deus pra mim gritando que eu não sou o super-homem

Que eu sou de carne e osso que eu vou passar sufoco

Vou fazer o quê? Não vou esconder meu choro

***

Julia encontra seu tio e o recebeu com um abraço. Ao longo de sua vida, a garota teve algumas figuras paternas além do pai de sangue. Os dois principais eram Steve e seu tio Derek. E talvez, se sua mãe, Lilian, ainda fosse viva, sua maior figura materna ainda seria Pepper, e Natasha, para sempre seria sua querida irmã mais velha.

— Está pronta? - perguntou Derek à sua sobrinha.

— Sim. Vamos logo. - Julia respondeu séria.

***

Às vezes é mais fácil fingir, eu sei

Fazer de conta que tá tudo bem, que tá tudo zen

Disfarçar que não tem nada dando errado

Mas eu não sou o superman

***

Eles entram no carro e seguiram seu caminho. Tempos depois dela ter deixado a Torre com seu tio, no seu quarto, Tony acorda atordoado. Sua filha estava o deixando. Isso o deixava deprimido e frustrado. Ah, se ele tivesse cumprido melhor o seu dever como pai, talvez ela não fosse. Bom, se bem que sua preocupação era maior em deixa-la ir com raiva dele.

Após se levantar com cuidado para não acordar Pepper, Tony caminhou até a cozinha, ainda zonzo, sem fazer a higiene matinal, em busca de algo que o fizesse esquecer de seu fracasso. Queria poder não se culpar pelo que ele chamou de "rebeldia" de sua filha, mas ele sabia que o egoísmo dele tinha causado isso. Se ele tivesse permitido que sua filha fosse com seu tio, eles não estariam com raiva um do outro.

— Tony, está duto bem? - perguntou Pepper à ele, enquanto o mesmo tomava um gole de café.

— Parece que está tudo bem? - a pergunta veio com o mínimo de sarcasmo e isso surpreendeu a ela.

— Conversei com ela ontem a noite. Julia se despediu de mim. Eu pedi que ela se acertasse com você, mas ela...

— Me deixe adivinhar: ela acha que a culpa é minha?

— Você nunca cedeu. Não pediu desculpas nem quando admitiu que foi um péssimo pai quando ela tinha oito anos! Eu falei que um dos dois precisava furar seu ego para vocês voltarem, mas ela já faz isso! E você? Quando você reconheceu um erro e pediu desculpas?

***

Se não fosse por Você eu jogava a toalha

Tenho visto tanta coisa errada nesta estrada

Muito falso herói se achando o tal

Iludido com aplausos, elogios... com o pedestal

Até eu já vacilei, dei bobeira, viajei

Esqueci que levo tombo como qualquer um

Esqueci que levo tombo, esqueci que sou normal

Alguém aqui é normal?

***

Zoe escova seus dentes, penteia seu cabelo, lava o rosto e prepara o café da manhã para dois: ela e Sam. Ainda de pijama, mas não ligava para o fato. Sam estava zonzo e com dor de cabeça. Na bandeja de café da manhã posta encima da mesa para ele, Zoe colocou algumas torradas, geleia de uva, um copo de suco de laranja e um analgésico para a dor de cabeça que ela sabia que ele teria ao acordar. Nunca teve uma ressaca, mas imaginava como era.

— Bom dia, passarinho. - ela cantarolou, parecendo ter bom humor.

— Eu devo ter pagado o maior mico da história.

— Foi sim. Mas ninguém precisa saber. - respondeu, voltando para a cozinha, que não ficava longe da sala.

Sam consegue se sentar e apoiar suas costas no encosto do sofá enquanto Zoe tomava café. O cardápio era o mesmo para os dois. O celular com capa de teclas de piano vibra e emite um sim. Ela então procura a mensagem que acaba de receber e encontra fotos de vestidos de noiva vindas de Steve, que mostrava as opções que Katrina tentava decidir no dia anterior, pedindo ajuda à albina. A mesma riu e voltou a comer.

— Obrigado. - ele favou, e Zoe assentiu - É sempre assim?

— O que? - ela perguntou.

— Você acorda sorrindo da vida e de tudo?

— Quando se vive o tempo que eu vivi, se aprende à ter gratidão.

— Você devia fazer palestras motivacionais! - ele comentou, e logo o celular da mulher toca – Quem é?

— Ninguém. Só o homem de lata de O Mágico de Oz. - ela atende de forma engraçada, com um sorriso debochado – Lanchonete Ratos e Cia, posso anotar seu pedido? - Sam ri da mulher, com um semblante cheio de luz – O que é tão serio?... Decidiu mudar de ideia na última hora?!... - seu bom humor se vai aos poucos – E se eu disser "não", Stark? O que vai fazer?... É, só não é pior que o de Moscou ou São Paulo... Tá eu escuto... - agora, Zoe parece surpresa – Uau, eu nunca ia esperar isso de você... vou, relaxa, já estou indo, tá? Me encontre na entrada da Torre. Tchau.

Ela desliga, preocupando Sam.

— O que aconteceu?

— Fique aí que eu já volto. - ela corre para as escadas – Tenho que promover uma reconciliação de pai e filha.

Sam tinha que admitir: amava Zandaia em toda a sua confusão. Ela era o que afinal? Uma mulher madura e responsável ou uma brincalhona quase sem limites? Mas era isso que ele mais amava nela. Zoe vestiu a primeira coisa que viu e pegou sua moto. O aeroporto não ficava muito perto. Ela tinha que ser rápida... e Sam, assim que ela saiu, voltou atrás em uma decisão arriscada que já tinha tomado há muito tempo.

***

Eu sou diferente, igual a todo mundo

Sem Você eu não sou ninguém

Eu sou igual a todo mundo

Não existe Superman

***

Tony esperava inquieto Michell chegar em sua moto. A mesma chega e sequer sai da moto. Ele monta e eles saem assim que ele põe o capacete que ela lhe entrega.

Enquanto isso....

Derek e Julia esperavam para entrar na área de embarque. Rome estava dentro de sua gaiola-de-gato, mas sua dona sentia-se tentada à liberta-la, sabia que não podia confiar. Rome podia amar Julia, mas era uma felina enérgica, que com toda certeza se perderia no aeroporto, mesmo que tentasse voltar. A mão de Julia é pousada sobre a gaiola-de-gato e Derek a segura, passando a ela a confiança de que tudo ficará bem.

— Acha isso certo? - perguntou a loirinha.

— Eu só quero você segura. - respondeu o tio.

— Não respondeu minha pergunta.

— Se eu não achasse certo, não estaríamos aqui.

— Então por que me sinto tão errada fazendo isso?

— Você se acertou com seu pai antes de vir?

— Eu nem me despedi! Não queria nem olhar para ele.

— Respondida a sua pergunta?

Agora tudo era mais claro. A questão não era ela ir, e sim o assunto mal resolvido que ela deixou para trás. Tal como Samuel Wilson também tinha. Um assunto mal resolvido diferente, mas um assunto mal resolvido. O mesmo assunto o fez deixar a casa de Zoe e procurar a forma mais rápida de ir ao aeroporto. Não podia espera se quer mais um minuto.

***

Eu vou insistir em Te acompanhar

Haja o que houver, acredite quem quiser

Mesmo tropeçando eu tô aprendendo

Tô descobrindo que pra tudo existe um tempo

Por isso eu tô na luta, tô sobrevivendo

São nessas horas que eu me lembro

Que às vezes eu machuco, às vezes me machuco

Explodindo por fora, explodindo por dentro

Mas eu tô aprendendo, tô aprendendo

***

Sam estava muito desesperado. Um taxi não chegaria a tempo. O mesmo não se despediu de Julia, que era tão amiga sua quanto os outros, mas não era o principal motivo dele estar correndo pelas ruas de Nova York em busca de um meio rápido de chegar até sua amada. "Sam, seu idiota! Não basta esperar ela chegar em casa?", ele pensava. Mas o mesmo não sabia o motivo de estar fazendo isso. Apenas queria. Ele corria para esfriar a cabeça e podia correi tanto quanto Forrest Gump, e quem sabe ele não encontrava com Zandaia propositalmente por acaso?

Era como ele se referia à Zoe em sua mente as vezes. Houve uma vez em que eles foram à um parque de diversões. Comeram algodão doce, foram à montanha russa, jogaram jogos de tiro ao alvo (e como dois ex espiões, fizeram inveja em muitas crianças). Logo ao sair da roda gigante, pediram que uma desconhecida tirasse uma foto deles: a favorita de Zoe, em que ele a ergueu e ela acariciou seu rosto e o beijou. Logo depois, conversas foras resultaram em revelações loucas. Uma delas, o nome verdadeiro da albina. Sam sempre ignorou, mas naquela noite, o nome Zandaia não saia de sua cabeça. Era um dos nomes mais estranhos e incomuns que ele já ouviu, mas tratava com tamanha naturalidade.

Enquanto isso...

É feita a chamada para a área de embarque todos os passageiros que tinham como destino o Rio de Janeiro. Derek e Julia se levantam e seguem, mas Julia parece receosa. O que será que se passa na mente dela em um momento tão encima da hora? No meio de uma viagem sem volta? Ela pode até voltar, mas sabia que precisava daquilo. E nós sabemos que Julia é inteligente o suficiente para saber que chegou ao seu limite. A final, ela é só uma humana!

— Tio Derek, eu...

— Você o que? - perguntou preocupado.

Julia agarra a gaiola de Rome com força. Sua decisão foi tomada. Ponto final. Ela não podia e nem queria voltar atrás. Mas sabe aquela sensação de que você deixou uma luz acesa ou a comida no fogo? Que algum item que deveria estar em sua mala foi esquecido? Era o que ela sentia.

— Nada. Esquece. Vamos.

Para Rhodes, Pepper, Bruce e Natasha, todos precisam de férias de Tony Stark. Para Steve, você pode salvar o mundo quantas vezes quiser, mas uma hora, você precisa parar e descansar um pouco antes de prosseguir. Para Clint, o ser humano tem naturalmente a necessidade de se sentir normal de vez em quando. Para Wanda, Zoe e Visão, Julia merecia uma folga daquela vida corrida, afinal, era só uma adolescente!

Nem criança e nem adulta, apenas adolescente.

Eram poucos os que acertavam.

***

Eu vou insistir em Te acompanhar

Haja o que houver, acredite quem quiser

Mesmo tropeçando eu tô aprendendo

Tô descobrindo que pra tudo existe um tempo

Por isso eu tô na luta, tô sobrevivendo

São nessas horas que eu me lembro

Que às vezes eu machuco, às vezes me machuco

Explodindo por fora, explodindo por dentro

Mas eu tô aprendendo, tô aprendendo

***

— Cléo disse que está tudo uma loucura. Ela está em um castelo onde uma tecnologia primitiva vai conseguir abrir um portal para o outro lado do universo. Se eu não fosse de outro mundo, não ia acreditar. - Katrina comenta, abraçando seu noivo por trás.

— Só espero que dê tudo certo. Cléo fala muito de Simmons, só não mais do que Skye...

— Dasye agora, Stee. Se esqueceu? - ela pergunta, pegando uma fruta na geladeira do apartamento dele.

— Sim, eu sempre me esqueço. - ele riu, se debruçando na mesa que ficava quase colada à parede de tão apertada a cozinha.

— Não se preocupa com a possibilidade de Julia não voltar mais?

— Ela vai voltar. Conheço essa garota há bem mais tempo que você.

— Quero ela no meu casamento nem que venha arrastada.

— Julia virá com certeza. - falou Rogers rindo – Ela prometeu. Uma das coisas mais difíceis que existem é Julieth Heimond Stark quebrar uma promessa.

— E já temos uma data? - perguntou a ruiva, jogando seus braços ao redor do pescoço dele, ainda segurando uma maça na qual deu apenas uma mordida.

— Estou pensando ainda. - respondeu, depois deu um rápido beijo em seus lábios e continuou – Mas a última coisa que eu quero é que demore.

— Estou contando com isso. - a asgardiana sorri.

***

Agora eu tô sabendo

Que o sofrimento é um megafone

É Deus pra mim gritando que eu não sou super-homem

Que eu sou de carne e osso que eu vou passar sufoco

Agora eu não esquento não vou esconder meu choro

Afinal eu sou um cara comum

Que também leva tombo como qualquer um

Que tropeça, levanta mas não sai da dança

Tropeça, levanta e não sai da dança

***

Quando o Sr. Lee acordou naquela manhã, não imaginava que receberia uma visita tão inusitada em sua loja de aluguel de bicicletas. Era uma manhã normal para Stan, até um cara negro e suado perguntar de forma desesperada:

— Senhor... eu preciso... de uma bicicleta... rápido...

— Calma, meu jovem! - pediu Stan, reconhecendo o Vingador – Escolha e pode voltar aqui e pagar!

— Um instante... – pediu Sam abrindo a carteira que cheirava à cerveja – Eu só tenho vinte dólares.

— A mais barata é cinquenta. - lamentou Lee – Um minuto: você é um Vingador, certo?

— É, mas isso não é impor...

— Abro uma exceção para você. Pode pagar mais tarde!

Sam pensou que poderia correr, mas em algum porto do caminho, ele se lembra da fala de Zoe: "Sam, você não é o Steve". Se considerava bom, mas não tanto quanto algumas pessoas. Enquanto isso, uma moto para na frente do aeroporto. Tony pula da moto e Zoe continua sua rota para estaciona-la em um lugar seguro. O aeroporto estava lotado, como de costume. Como Stark acharia sua filha?

***

Eu sou diferente, igual a todo mundo

Sem Você eu não sou ninguém

Eu sou igual a todo mundo...

***

— Tio, não. - falou Julia – Eu quero ir, mas eu tô com medo.

— Julia, não se preocupe, tá? Se o seu pai não quis nem se despedir, não vale a pena você desistir na última hora por ele.

— Não quero desistir! É que...

Enquanto isso, Zoe entra no aeroporto e tenta procurar Tony. Corria e tentava localiza-lo telepaticamente, o que era muito difícil em um lugar lotado. A cabeça já estava doendo quando ela os encontrou. Mas antes de sair, foi avistada por um homem e o mesmo a seguiu.

— É que...? - Derek pergunta.

— Queria uma chance para o perdoar... pessoalmente.

— Julia!!!! - uma voz grita ao fundo e ela se vira, avistando de longe um homem correndo.

— Papai!

***

Às vezes é mais fácil

Fazer de conta que tá tudo bem

Mas você sabe que eu não sou o Superman

***

Zoe assistia a situação esperançosa. Ela junta as mãos, entrelaça seus dedos e leva abaixo do queixo, esperando um futuro que ela não via, apenas queria que fosse real: o perdão. Uma mão toca seu ombro e ela se vira.

— Sam, o que faz aqui?

— Você estava certa. Eu não posso dizer o que você sente ou não por mim, nem se você ainda me ama, nem se você quer voltar ou não. Então eu trouxe isso. - falou, mostrando uma linda aliança dourada desenhos de quatro listras que rodeavam a mesma com, no centro, uma clave de Sol e outra de Fá formando um coração. Era a coisa mais linda que Zoe já tinha visto em sua vida (okay, acho que exagerei um pouco) - Quando eu vi, achei que era perfeita à ponto de não poder pertencer a ninguém, se não você.

— O anel existia! - cobriu o rosto e soltou uma risada. Era o anel que ela pensou que fosse imaginário? Muito provavelmente era - Está me pedindo em namoro ou casamento? - perguntou rindo, porém emocionada.

— Nenhum! Quero que você me peça! - falou, entregando o anel em sua mão de forma descontraída - É como você disse: eu não posso decidir isso! É com você! Se quiser, eu posso ser seu noivo, marido, namorado, mas também não precisa ser nada se você não quiser! Eu te amo Zandaia, mas eu não quero te forçar a nada.

***

Eu sou diferente, igual a todo mundo

Sem Você eu não sou ninguém

Eu sou igual a todo mundo

***

— Pai!

— Filha!

Eles gritavam um pelo outro no meio da multidão, se quer reparando na expressão chocada de Derek ou em Zoe, deslizando o anel em seu dedo e beijando Sam de forma apaixonada. Estavam ocupados voltado um para o outro. Uma multidão os separava, mas aquilo não era nada perante a ferocidade com que eles corriam um para o outro.

***

Eu sou diferente, igual a todo mundo

Sem Você eu não sou ninguém

Eu sou igual a todo mundo

***

Julia se quer repara em seu cadarço desamarrado. E que bom que estava. Ela tropeça, mas os braços de seu pai a seguram e eles caem de joelhos ao mesmo tempo em que os lábios de Sam e Zoe se afastam.

***

Não existe Superman

***


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! O resto será mencionado no próximo capítulo, então não vou responder muitas perguntas. Agradeço dês de já pelos comentários!



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