Oblivion escrita por Raura


Capítulo 3
Broken String


Notas iniciais do capítulo

Bom... Heis que quase um mês depois lhes apresento o último capítulo!
Não queria voltar para as aulas sem terminar essa história, confesso que demorei por causa das maratonas de séries em que me envolvi e do livro A Tormenta de Espadas, mas como a procrastinadora altamente funcional que sou, terminei junto com o prazo das minhas férias hahaha
Anyway... Procrastinações e funcionalidades a parte, espero que vos agrade o quanto me agradou escrever,

boa leitura!



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“ The greatest thing you'll ever learn is just to love and be loved in return.” – Moulin Rouge.

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Leves batidas na porta desviaram seu foco – só podia ser uma pessoa – a única que ela não queria ver ou ouvir naquele exato momento.

— Vá embora!

— Molly, o que aconteceu? – Sherlock perguntou do outro lado, mais lágrimas escorreram por seu rosto ao ouvir a voz dele.

— Sherlock me deixe em paz!

— Não vou sair daqui até que abra a porta.

Molly respirou profundamente, nada fazia sentido, até então não carregava mais no peito aquele sentimento que passou a nutrir por Sherlock como se tivesse sido arrancado de si, e de repente como um passe de mágica esse sentimento volta, sentia-se um caco por dentro, mas perfeitamente capaz de pensar em uma única explicação lógica para isso, seu peito doía com o que tinha assimilado.

— Por que Sherlock?

— Por que o quê?

— Não se faça de idiota, não combina com você. Por que você me fez lembrar?

— Eu... – Sherlock estava do outro lado sentado encostado à porta. Então ela se lembrou de tudo, pensou. Isso explicava ela estar chateada — Não tive intenção de magoá-la Molly. Deixe que eu me explique, abre a porta por favor.

— Não Sherlock! Cansei dos seus caprichos!

— Que caprichos? Pelo amor de Deus Molly!

— Você é uma pessoa cruel Sherlock, porque sabe exatamente o que faz e tem consciência do dano de seus atos. Não conseguiu conviver com o fato de eu simplesmente não sentir mais nada, então por puro capricho deu um jeito de fazer eu me lembrar, claro.

A voz de Molly pingava ressentimento, Sherlock ponderou se caso ele arrombasse a porta deixaria as coisas piores, optou por permanecer onde estava, não tinha tanta experiência nesse tipo de situação, porém apesar de tudo tinha um pingo de bom senso.

— Só me deixa tentar me explicar. – ouviu passos se distanciando da porta, não podia deixar as coisas como estavam, ela devia estar pensando o pior do pior dele e isso com certeza era possível, ela não iria ouvir. Suspirou e levantou-se, encarou a porta alguns segundos antes de sair dali.

Molly desabou no sofá, estava com a cabeça cheia de Sherlock. Num instante ela não sentia nada por ele e no outro, tinha sido engolida por uma avalanche de sentimentos. Deixou que as lágrimas caíssem na tentativa de aliviar um pouco o caos que estava por dentro, aquele era seu limite, nunca imaginou que apesar de tudo Sherlock pudesse chegar tão longe.

Abraçou uma almofada que logo ficou gelada pelas lágrimas que caíram, entendia porque as pessoas comparavam as dores emocionais às físicas, se pudesse e por mais que doesse teria arrancado de si tudo o que sentia, aos poucos foi cedendo à inconsciência e adormeceu no sofá.

Sherlock nunca demorou tanto para voltar pra casa, ficou andando pelas ruas sem propósito e quando chegou à Baker Street já estava amanhecendo. Subiu as escadas silenciosamente, entrou em seu apartamento e se jogou em sua poltrona.

Não voltaram a se falar depois do ocorrido.

– - - - - - -

A primavera se aproximava, fazia mais de um mês que não via Sherlock e tampouco ele apareceu no hospital, Molly aproveitou esse tempo para organizar seus sentimentos.

John aparecia às vezes na Baker Street para conversar um pouco com o amigo, já que ele raramente saía de lá e também não se dava ao trabalho de responder suas mensagens. Tinha ficado sabendo do que aconteceu entre Molly e Sherlock pela esposa, gostaria que os dois se acertassem, mas decidiu não interferir, eles que se acertassem no tempo deles.

Logo seria aniversário de Mary e combinaram uma pequena comemoração, como Sherlock não respondeu aos convites do amigo, a aniversariante foi pessoalmente até o 221B fazer o convite, bateu na porta do apartamento e ninguém respondeu, sabia pela Sra Hudson que ele estava ali.

— Sherlock, vou entrar e espero que não esteja usando somente um lençol! – disse empurrando a porta. O detetive estava deitado no sofá, virou para o outro lado dando as costas à Mary. — Olá pra você também! – entrou e sentou-se na mesinha de frente para o sofá. — Sherlock não sairei daqui enquanto não tivermos uma conversa, não sou John então trate de parar de fazer birra, que idade você tem? A mesma de Charlotte ou menos?

Mary suspirou, levantou-se e foi até a cozinha ver se encontrava algo para fazer um chá, desistiu quando abriu a geladeira e se deparou com um par de dedos, o melhor era descer até a cozinha da Sra Hudson, voltou para cima com o chá e Sherlock estava sentado com os pés em cima do sofá.

— Toma. – entregou uma xícara a ele.

— Não quero chá.

— O seu é café, preto com duas colheres de açúcar. – ele assoprou o líquido, Mary bebeu um gole de chá. — Você está um trapo, Sherlock. – comentou, ele deu de ombros. Seus cabelos estavam um caos e a barba por fazer. — Já vi que não vamos conversar muito, mas pelo menos arranquei algumas palavras de você. Saiba que é meu aniversário e hoje a noite você vai lá em casa, e não me olhe com essa cara! Você vai e ponto.

Mary deixou a xícara em cima da mesinha ao seu lado, levantou-se indo em direção a porta.

— Que horas? – o ouviu perguntar às suas costas.

— Ás oito. Chegue antes, Charlotte quer brincar com você.

— Como ela está? – Mary parou ao ouvir a pergunta, sabia de quem ele perguntava.

— Bem... – deixou escapar as próximas palavras depois de um segundo. — Você irá descobrir por si.

— Ah.

— Imagino que você pode chegar lá sem que tenham que te levar. – ameaçou-o antes de sair. Apesar de não gostar de se intrometer em assuntos alheios aquilo já tinha ido longe demais, ou colocavam um ponto final nisso ou encontravam um jeito de lidar com tudo.

Sherlock bagunçou os cabelos assim que a mulher do amigo saiu, mesmo Londres sendo uma cidade grande e movimentada, e a possibilidade de em algum momento ele encontrar-se com Molly ser grande – apesar de ter evitado isso nas últimas semanas – não estava muito disposto a sair de casa, mas entre ir de boa vontade e ser arrastado até lá, ficou com a primeira opção, e também não iria conseguir escapar de ir à casa dos Watson fácil.

– - - - - - -

Foi o primeiro dos convidados a chegar e se refugiou na companhia de Charlotte que o arrastou para o piano, pediu que o padrinho lhe ensinasse novamente a tocar My Fair Lady.

— Não é assim que se toca. – explicou para a menina onde estava seu erro.

— Mas eu quero tocar assim.

— Assim ficará errado.

— Fica nada.

— Fica sim.

— Fica nada!

— Sherlotte! – John repreendeu os dois de uma vez usando a junção do nome de ambos. Cada um apontou o dedo para o outro indicando quem era o culpado, o médico revirou os olhos. — Você devia dar o exemplo Sherlock.

— Ah sim, sou uma pessoa exemplar John. – disse sem olhar o amigo, depois cochichou no ouvido da afilhada. — Se eu der exemplos de vida para você, seus pais me matam e fazem parecer um acidente – piscou de lado para ela antes de voltar ao que faziam.

Estava tão ocupado em manter indiferença a tudo que se passasse ao seu redor – Charlotte era exceção porque cobrou sua atenção assim que abriu a porta – que nem percebeu a chegada de Lestrade e Sra Hudson, ou de Molly.

Ouviu os passos na direção do piano, eles hesitaram antes de parar.

— Charlotte querida, posso conversar com Sherlock um pouquinho?

— Arrã – a menina concordou com a cabeça e antes de sair dali se virou para o padrinho. — E depois vai me contar a história quando o papai era um hobbit e o tio um dragão? – pediu.

— Conto. – Charlotte saltou da banqueta e correu na direção da Sra Hudson, Molly sentou-se no lugar da menina e passou os dedos nas teclas do piano sem tocá-las.

— Se não se importa, eu preferia conversar lá fora.

— Mary? – Sherlock não precisava estar olhando para saber que ela estaria curiosa observando os dois.

— John também. – Molly comentou e soltou um suspiro.

Sherlock se levantou seguido por Molly e foram até a varanda. O detetive se encostou apoiando nas grades de costas para a noite, enquanto a legista estava na posição contrária a sua, olhando o céu estrelado.

— Sabe... – Molly começou, Sherlock tinha contado quase 240 segundos sem que nenhum dos dois dissesse nada. — Eu cheguei a imaginar essa conversa na minha mente e uma parte dela não acha uma boa ideia eu estar aqui, mas...

— Eu sei, não estou acostumado a lidar com certos sentimentos, mas imagino que temos alguns em comum. – Molly soltou um suspiro pesado.

— Sinceramente, não sei o que fazer.

— Veja bem, eu tenho algumas ideias de opções. – Molly virou o rosto para observar Sherlock, ele estava com os olhos fechados e a luz da varanda brilhava atrás de sua cabeça criando um halo, ele esticou sua mão e deixou em cima da de Molly que estava apoiada na grade.

— Estou ouvindo. – instigou-o a continuar o que dizia ao notar que ele tinha se calado, não pretendia dizer mais nada, porém antes que mordesse a língua continuou. — Mas antes que você me diga suas ideias de opções preciso dizer que apesar de ter ficado muito magoada com você, parece que não gostar de você é impossível para mim.

— Hmmm... – Sherlock abriu os olhos e encarou Molly. — Seria muito mais fácil fugir e simplesmente entorpecer esse sentimento, o que não deixaria de ser egoísmo de minha parte, mas... – o detetive se aproximou mais da legista — Decidi deixar os dados rolarem, meu irmão acha isso uma desvantagem, mas eu quero essa desvantagem, porque não tive vantagem nenhuma não tendo essa desvantagem. – ele estava falando rápido e em nenhum momento tropeçou nas palavras. — Eu sei que não sou de convivência fácil e tentei por muito tempo evitar coisas banais e corriqueiras, mas como disse, tenho algumas ideias de opções, e uma delas é que podemos dar um jeito juntos.

Molly sorriu, tinha cogitado essa possibilidade antes que se refreasse assim que ele falou sobre deixar os dados rolarem, no fundo era o que queria, não seria uma missão fácil, mas desde que Sherlock estivesse disposto a aceitar o que sentia já bastava.

— Bom... Imagino que já deve ter deduzido que não só concordo com a ideia que você disse, como também o que pretendo fazer a seguir. – Molly percorreu com os dedos a lapela do terno de Sherlock.

— Ah... – Sherlock segurou o rosto dela com ambas as mãos – e hesitou por um momento, o estômago da legista se agitou com a expectativa do que viria a seguir. — É elementar minha cara Molly. – e inclinou o rosto para poder beijar os lábios de Molly.

– - - - - - -

Mais tarde naquela noite, Mary já estava deitada na cama esperando o marido vir dormir, ouvia barulhos de algo sendo procurado.

— O que está procurando a essa hora John?

— Meu diário, o último que escrevi antes de começar a escrever minhas histórias no blog.

— Está na última gaveta.

— Obrigado!

John pegou o diário e o folheou até achar o que queria, tinha certeza que fora ali que fizera aquelas anotações quando passou a dividir o apartamento com Sherlock, estava quase na metade quando achou o que queria.

O título dizia: Sherlock Holmes – suas limitações.

Sorriu ao reler tudo o que escrevera sobre as habilidades do amigo, nada mudara muito, adicionou outro tópico abaixo do último escrito e escreveu:

Conhecimentos Amorosos – não mais tão limitado.


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Notas finais do capítulo

E então? Uma humilde e procrastinadora escritora merece saber suas opiniões?
Beijos cor de carmim :3



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