Oblivion escrita por Raura


Capítulo 2
Somebody That I Used to Know


Notas iniciais do capítulo

E sem demora vamos a mais um capítulo o/

boa leitura!



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“Estas alegrias violentas, têm fins violentos
Falecendo no triunfo, como fogo e pólvora
Que num beijo se consomem.” – Romeu e Julieta.

– - - - - - -

Sherlock voltou com o médico e deixou que ele fizesse seu trabalho, encostou-se na parede e ficou observando o médico examinar Molly.

— Como se sente Molly?

— Bem, me explique o que aconteceu? Por que estou aqui?

— Você esteve em coma por quase um mês, qual a última coisa que se lembra?

— Eu estava no laboratório...

— Não precisa se esforçar pra lembrar, fique com seu amigo um pouco que eu já volto.

— O que você está fazendo aqui Sherlock? – perguntou assim que o médico saiu.

— Vim lhe ver.

— Você? – ergueu uma sobrancelha em dúvida.

— Qual o problema com eu vir te ver?

— Não é do seu feitio fazer essas coisas a não ser que tenha interesse em algo, agora que já viu que eu estou bem, pode ir. – Sherlock não gostava do tom que ele usava consigo.

— Vou avisar que você acordou, Charlotte está com saudades.

— Molly! – Ethan entrou correndo no quarto. — Vim assim que soube que acordou, você não faz ideia de como fiquei preocupado! Você devia ter me ouvido quando disse para fazer mais exames após bater a cabeça.

Sherlock saiu do quarto e deixou os dois conversando, não ficaria ali para ser ignorado, principalmente depois do modo como ela lhe tratou ao acordar.

– - - - - - -

Depois de sair do coma, Molly ainda teve de ficar no hospital mais 48 horas em observação, Sherlock não voltou para vê-la nesses dois dias, Mary apareceu para acompanhar a amiga até em casa no dia que teve alta.

— Aconteceu algo de interessante enquanto estive no hospital? – perguntou à amiga enquanto preparava um chá para as duas.

— Nada de relevante, bom... Sherlock esteve no hospital quase todos os dias enquanto você esteve lá.

— Hm. – comentou assoprando o líquido na xícara.

— Ah Molly, vai dizer que seu coração não gostou de saber disso.

— E por que deveria?

— Oras, você... – a amiga estranhou a reação dela, será que...? Testaria a teoria que passou pela sua cabeça. — Não gosta mais dele? – Molly começou a rir.

— Eu? Gostar de Sherlock Holmes? – seu tom era carregado de descrença — De onde tirou isso Mary? Ele pode até ser atraente, mas é um cretino.

— Deixou de amá-lo?

— Eu nunca amei dele, pelo amor de Deus Mary! – se levantou do sofá para ir buscar alguns biscoitos. Mary acompanhou a amiga com o olhar, aquilo não fazia o menor sentido, mas Molly não parecia estar brincando ou mentido.

– - - - - - -

Aquela história de Molly não amar Sherlock deixou Mary curiosa, do mesmo jeito que não era de um dia para o outro que uma pessoa se apaixonava por alguém, deixar de amar alguém também não era repentino.

— John? – o marido parou de assinar uma receita e encarou-lhe. — Uma pessoa pode esquecer que sentiu algo por outra?

— Que tipo de pergunta é essa Mary? Explique-se melhor. – pediu se levantando para encarar a mulher.

— Digamos que hipoteticamente, uma pessoa ama outra, mas ela sofre um acidente e quando acorda não se lembra de que sentia algo por ela.

— Estamos falando de Molly? O que aconteceu?

— Ontem estávamos conversando, eu comentei que Sherlock esteve com ela no hospital e se saber disso não a agradava, o fato é que ela agiu como se nunca tivesse sentido algo por ele, até o chamou de cretino.

— Molly chamou Sherlock de cretino? – John não acreditava no que tinha ouvido.

— É sério John, você ouviu o que eu disse?

— Ouvi, mas Molly é a última pessoa que eu imaginaria chamando Sherlock de cretino.

— John, foco! Você acha que é possível ela ter esquecido?

— É possível sim que ela tenha esquecido, mas não acho que possa ser uma sequela do acidente, talvez uma consequência reversível.

— Então é melhor ficarmos atentos em como as coisas serão a partir de agora.

— Por que?

— Ah John... Você vê, mas não observa.

– - - - - - -

Após a conversa que teve com Mary, Molly voltou com sua rotina normalmente, tinha estranhado a conversa que teve com a amiga sobre ela supostamente ter gostado de Sherlock, apenas se lembrava dele, mas só.

Na verdade, ela se lembrava sim de conhecer ele, lembrava de todas as vezes que ele foi grosso não só com ela, mas com outras pessoas. Da vez que os Watsons arrastaram ele claramente drogado até o laboratório para que ela analisasse sua urina e seu sangue. Uma vez ouviu John dizer que Sherlock se denominava um sociopata altamente funcional, como se ele tivesse a sociopatia sobre controle, ela já o tinha visto simular sentimentos e manipular pessoas muitas vezes para duvidar.

Como John conseguiu conviver com uma pessoa assim? O que ela veria numa pessoa assim a ponto de supostamente ter se apaixonado?

— Molly?! – o chamado lhe tirou dos devaneios.

— O que foi? Ah é você. – encarou Sherlock Holmes e a imensidão do seu olhar.

— Preciso da sua ajuda, pode me mostrar o corpo da senhora que foi assaltada?

— É aquele ali. – apontou para duas mesas a sua frente. — Fique a vontade, vou voltar para o laboratório.

Assim que a legista saiu, deixando ele sozinho naquela sala, puxou o pano que cobria o corpo e em menos de um minuto viu o que precisava, digitou uma mensagem com os detalhes que seriam úteis a Lestrade para por um fim ao caso que o levara ali.

– - - - - - -

Uma melodia melancólica era ouvida no 221B da Baker Street, Sherlock tocava seu violino na tentativa de organizar um pouco as ideias. Depois do dia que comentara com John sobre Molly, o amigo desconversou e juntando isso as recentes atitudes dela...

Agora quando dividia o mesmo espaço com Molly, era como se estivesse sozinho na presença dela, ela agia como se não fossem nada além de duas pessoas qualquer num mesmo lugar, como se não passassem de dois estranhos que se encontravam eventualmente.

Recordou de como ela era antes do que acontecera e começou a comparar, eram parceiros no laboratório, antes que percebesse ela tinha ganhado espaço na sua vida, se tornado sua amiga, e talvez... Só talvez, ela tivesse mais importância do que julgou. Agora Molly agia de maneira diferente, mais fria. Via isso agora que parecia não conhecer mais Molly. Pegou o celular e digitou uma mensagem, podia ser bom em deduções, mas não era infalível.

“Já sei o que não quis me contar sobre Molly. SH”

Jogou a isca para o amigo e esperou que ele mordesse.

“Sherlock, um dia ela pode vir a lembrar que gostou de você, mas até lá não faça besteira, deixa ela em paz. JW”

Então é isso! Por causa do coma Molly se esqueceu do que sentia por mim, pensou. Isso explicava a mudança, algo dentro si se contorceu incomodando-o. Ela podia não se lembrar nunca.

Mas...

E se ajudasse ela a se lembrar?

Ou, o melhor não seria deixar as coisas como estavam?

Sabia que seria egoísmo querer fazê-la se lembrar do que sentia apenas por vaidade, mas e se essa vaidade fosse outro sentimento disfarçado? Um que não gostava nem de pensar porque era o mesmo que dizer em voz alta? Do tipo que só de admitir a possibilidade tornava tudo real?

Sherlock bagunçou os cabelos furiosamente, foi até a cozinha e pegou na gaveta seus adesivos de nicotina, colou dois em cada braço, voltou para sala e deitou no sofá.

– - - - - - -

— Molly, minha querida você é demais! – Sherlock ouviu ao abrir a porta do laboratório, e deu de cara com Ethan ‘sufocando’ a legista em um abraço.

— Demais é poder respirar. – comentou rindo, soltou-se dos braços onde estava envolvida e virou-se para ver quem entrava.

— Tem problema eu usar aqui?

— Pode ficar a vontade, vou com Ehtan tomar um café na cantina.

— Molly?! – chamou-a, ela parou no meio do caminho para porta e se virou encarando ele. — Prometi levar Charlotte no final de semana para patinar no gelo, você poderia ajudar me dando algumas aulas?

— Hm... – ela pensou por um momento. — Hoje saio mais cedo, se você quiser posse te ajudar hoje.

— Pode ser, onde você prefere ir?

— Prefiro ir na pista perto da Torre de Londres, te encontro lá as seis ok? Agora preciso ir.

Assim que ficou sozinho repassou mentalmente o que tinha planejado, iria descobrir até que ponto Molly não se lembrava. Sabia que ela gostava de patinar no gelo e também sabia que Charlotte o perdoaria por ter sido usada como pretexto, mas a necessidade de saber falou mais alto.

Chegou ao lugar no horário combinado e esperou, observou as pessoas na pista, era cada coisa que fazia para satisfazer suas inquietações.

— Pensando em voltar atrás? – ouviu uma voz às suas costas, Molly.

— Eu saltei de um prédio, lembra? – se virou para estudá-la.

— Sim.

— Então não vai ser água congelada que vai me intimidar.

— Vir aqui com a afilhada sem saber se equilibrar nos patins talvez intimidasse.

— Talvez.

— Vamos, estou com saudades de patinar no gelo.

Sherlock e Molly colocaram os patins e entraram na pista, até que se acostumasse no começo Sherlock se manteve próximo às beiradas caso precisasse se segurar em algo, Molly arriscou-se mais nos movimentos com pequenos giros, depois deu uma volta na pista e veio para seu lado.

— Me dê sua mão, vou te ensinar sem que precise se apoiar. – puxou o detetive para o meio das outras pessoas.

Depois de alguns quase tombos Sherlock conseguiu um desempenho razoável, até que patinação no gelo não era tão entediante, fez uma nota mental para não deixar de levar Charlotte ali antes do inverno acabar.

— Trouxe um para você. – Molly vinha na sua direção com dois chocolates quente, estavam voltando para casa.

— Obrigado. – aceitou a bebida de bom grado.

Conversaram pouco durante o caminho de volta, Sherlock se oferecera para acompanhar Molly até seu apartamento, pararam na entrada do prédio.

— Obrigado por não deixar que eu caísse. – Sherlock ia se despedindo, se inclinou e beijou-a na bochecha, como fizera em um natal passado.

— Não foi... – uma memória veio a sua mente, estava na Baker Street e o detetive pedia desculpa por ser rude, novamente. Assim que essa memória se foi, outras vieram, vários momentos que tinha partilhado com Sherlock, e junto o sentimento que tinha por ele. Aquilo não fazia sentido.

Molly afastou-se e entrou correndo, subiu as escadas o mais rápido que seus pés permitiram até finalmente chegar ao seu apartamento, fechou a porta atrás de si e encostou-se nela. Sua mente estava o mais puro caos, as memórias se misturavam enquanto lágrimas começavam a escorrer por seu rosto.


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Notas finais do capítulo

Quero opiniões sobre :3