Quando a Terra move escrita por Angélica Chibis


Capítulo 2
Capitulo 02




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"Quando a terra move!"

Nota do autor: Obs: Só para relembrar, Tora maru é o lutador de sumo que Kaoru ajuda na primeira parte do anime. ^^x

^^x

O som suave de água pingando, foi a primeira coisa que Kaoru notou ao acordar, ela foi puxada lentamente das profundezas de sua inconsciência.

A morena piscou os olhos, a escuridão na caverna não estava muito diferente do vazio do inconsciente.

O brilho opaco dos cogumelos transmitia uma luz azul suave, iluminando uma pequena piscina de água que tinha se acumulado em um canto da caverna, apenas alguns centímetros de distância.

Kaoru sabia que se isso acontecesse em qualquer outra situação, ela teria pensado que a caverna era muito bonita.

O ar em seu rosto estava frio, mas a pele de suas costas estavam surpreendentemente quente. A morena notou que estava acomodada em algo macio.

A mão de Kaoru derivou para as costelas extremamente doloridas, foi quando a jovem notou a sua não era a única mão ali.

Duas mãos, maiores que as suas, rodeavam seu tórax aplicando uma pressão gentil, ai estava sua fonte desconhecida de calor.

Kaoru colocou as mãos sobre aqueles que já estavam ali, sentindo cada dedo, cada calo, já sabendo quem era o dono daquelas mãos.

A shihandai estava enrolada pelos braços seguros e quentes de Kenshin.

Se isso tivesse acontecido em qualquer outro momento, Kaoru poderia ter pensado que tinha acordado no paraíso.

A morena sentiu o hálito quente em seu pescoço e os movimentos de seu peito conforme Kenshin inspirava e expirava.

...Ele está dormindo...

Kaoru observou os padrões de respiração de Kenshin.

...O sono deve ser realmente profundo, até mesmo meus pequenos movimentos já o teriam lhe acordado caso contrario. Kenshin normalmente tem um sono tão leve...

Kaoru tomou ciência de sua situação. Ela estava presa em uma caverna com Kenshin em suas costas, ambos tinham muitas lesões. Imediatamente não eram fatais, mas poderiam tornar-se sem um tratamento adequado.

A morena ainda não conseguia sentir as pernas, esse fato a aterrorizava mais do que ela jamais deixaria alguém saber.

Mas Kaoru era uma garota racional e sabia que não havia nada que pudesse fazer sobre isso agora. O que ela podia fazer era evitar entrar em pânico, para o bem dela e de Kenshin.

Suas costelas eram grande fonte de preocupação, sua respiração, parecia mais fácil agora, já que ela não estava mais de bruços, mas ainda era muito dolorosa, e ela quase teve de lembrar-se de que precisava enfrentar a dor, pois necessitava respirar para sobreviver.

"Estou com medo..."

Kaoru confessou para si mesma.

Os cortes e contusões não lhe interessavam. Agora seu ferimento no ombro por outro lado...

... Espere um minuto, não havia uma grande estalactite encravada no ombro? ...

A morena percebeu que Kenshin havia cuidado disso depois que ela desmaiou.

Kaoru agradeceu aos deuses por ter lhe permitido dormir durante o procedimento.

...Deve ter sido difícil para Kenshin ...

A shihandai fez uma pausa, percebendo que agora tinha a oportunidade perfeita para checar em feridas de Kenshin.

Ela sabia que assim que seu Rurouni acordasse, ele ficaria ocupado demais a mimando ao invés de cuidar de si mesmo.

Com lentidão, a morena gentilmente tirou as mãos do ruivo de sua cintura. Quase doeu, afinal Kaoru poderia ter ficado em seus braços para sempre.

Kaoru tinha esperança de ambos saíssem dessa vivos, para ter a chance dormir abraçados novamente.

Por amor e não por necessidade.

...Eu odeio quando sou racional... Kaoru resmungou para si mesma.

Ela não sabia exatamente quando caiu de amor por Kenshin, a única certeza que tinha, é que o sentimento era realmente profundo.

Talvez fosse a maneira como Kenshin sorri para as coisas mais simples,

Ou o "oro", o ruído adorável que o ruivo fazia, tão diferente de qualquer outro som nesta terra.

Talvez fosse o jeito como ele sempre protegeu sua família adotiva.

Ou o modo como ele protegia inocentes aleatórios, até mesmo arriscando sua própria vida por um estranho.

Tudo isso combinado com os inconcebíveis traços maravilhosos que o faziam um homem de boa aparência. Cabelos ruivos, olhos azuis violeta rajados com dourado...

...Kenshin é a prova concreta de que uma pessoa pode ter um bolo e comê-lo...

...Ele tem tudo... A deriva dentro de sua própria imaginação, Kaoru quase riu em voz alta.

Só Kenshin para fazer isso dentro dela, até mesmo na pior das situações ela consegue sorrir, por ele, para ele.

A morena parou de se rir antes que acordasse Kenshin. Ela olhou para seu rosto por alguns momentos.

...Não seria maravilhoso se Kenshin sentisse da mesma maneira ao meu respeito?... Kaoru suspirou tristemente.

Para Kenshin, Kaoru provavelmente era apenas uma amiga, uma irmã, talvez. Isso é tudo o que ela era. Uma menina mandona que sempre entrava de cabeça nos problemas e não podia cozinhar para salvar a própria vida.

Kaoru balançou a cabeça. ...Pare de se enganar...

A morena repreendeu-se asperamente, ela estava apenas sonhando. Provavelmente alucinando por causa dos machucados.

...Depois de alguém como Tomoe, por que ele poderia me querer?...

Kaoru precisava sair desse estado miserável. Sacudindo a cabeça, apesar da sensação ruim do cérebro balançando dentro do crânio, a morena notou que Kenshin estava sem o gi de cor magenta.

"Oh!" Kaoru corou, compreendendo que estava nos braços de um Kenshin sem camisa.

Um sorriso ligeiramente perverso se espalhou em seu rosto. ... Megumi ficaria muuuito ciumenta...

Kaoru sentiu a tontura piorar.

Ela lembrou-se de que o objeto de seu afeto poderia acordar a qualquer momento, e se queria cuidar dos machucados de Kenshin precisava parar de alucinar...

A morena usou os braços, descobrindo que ainda havia algum uso para seu braço esquerdo apesar do ombro ser empalado por uma pedra.

Ela balançou sobre seu próprio quadril. Usando o braço direito, puxou suas pernas adormecidas, que infelizmente recusaram-se a se mover por conta própria.

Agora, em uma posição semi lateral Kaoru poderia olhar melhor para ele.

Kaoru percebeu uma grande quantidade de sangue na lateral de seu rosto, mas na penumbra não podia dizer exatamente se o sangue escorria do ferimento ou se estava seco.

O peito de Kenshin parecia ileso, mas estava manchada de sangue, assim como a curva do pescoço dele e a barriga, mas não havia ferimento nele. ...Meu ombro o manchou de sangue...

Kaoru olhou para o forro branco do gi despedaçado... Então foi isso que ele usou como curativo...

Sua mão foi para a cabeça de Kenshin, encontrando a substância pegajosa. ...Droga...

Ela limpou o sangue em seu Hakama e acrescentando a pancada na cabeça a lista de injúrias dele.

Kenshin apresentava contusões profundas em torno de suas costelas.

...Parece que nós estamos na mesma situação Kenshin...

Kaoru procurou por mais machucados, o resto parecia bem, com exceção do tornozelo inchado.

"Ah!" Kaoru suspirou aliviada. ...Eu certamente pensei pior...

De repente, a visão de Kaoru ficou turva e a caverna parecia virar de cabeça para baixo.

Seu equilíbrio se foi completamente, a palma da mão se abriu, buscando qualquer forma de estabilização.

Infelizmente, a mão de Kaoru acabou parando no rosto de Kenshin.

Assustado, Kenshin tentou se levantar, esquecendo-se de duas coisas. Seu tornozelo, e o teto baixo da caverna. A cabeça colidiu contra o teto baixo, imediatamente o ruivo colocou a mão no lugar ofendido.

"Oorroo .."

Kenshin choramingou esfregando a cabeça, esquecendo temporariamente da sua situação.

Quando ouviu um suspiro, abriu os olhos cor de violeta, percebeu Kaoru lutando bravamente para ficar em uma posição reta.

"Kaoru-dono!" Kenshin estendeu sua mão agarrando o ombro de Kaoru mais próximo, tentando estabilizá-la.

Infelizmente, na escuridão da caverna, Kenshin parecia estar esquecendo um monte de coisas. Kaoru se encolheu, afastando-se de Kenshin, deixando escapar um absurdo grito de dor.

A jovem perdeu o equilíbrio completamente, e desistiu de reconquistá-lo, deixando seu corpo dolorido cair de qualquer maneira.

...Eu estou sentada de qualquer maneira, não tenho muito a fazer...Kaoru racionalizou, à espera do impacto contra o chão.

O impacto nunca aconteceu. Kenshin a apanhou pouco antes da morena bater a cabeça um travesseiro de pedra.

Sem entender o que tinha acontecido, Kenshin a sentou delicadamente e a puxou de volta contra seu peito, encaixando-a consigo no nicho relativamente confortável que ele tinha encontrado.

O ruivo notou que Kaoru não fez nenhuma tentativa de mover suas pernas. Elas simplesmente seguiram o resto do seu corpo como um peso morto.

Kenshin puxou seu hakama novamente sobre os dois e encaixou a cabeça de Kaoru na curva de seu pescoço.

...Mais uma razão para Kaoru não se movimentar, deve haver uma lesão na coluna vertebral, ela deve evitar todos os movimentos possíveis...

O ruivo colocou a mão na testa de Kaoru e empurrando-a suavemente para trás.

O calor que encontrou o chocou.

Kaoru estava com febre! Febre alta.

Todas as razões para uma febre voaram imediatamente através de sua mente. Desesperado, Kenshin tentando encontrar algo que se encaixasse.

Infecção foi o que me veio à mente em primeiro lugar. Uma mão agarrou o pulso de Kenshin, ele nem tinha percebido que ainda estava verificando a temperatura da morena.

Kaoru puxou a mão de Kenshin, tirando-a de sua testa. Mas o contato entre os dois continuou... A shihandai apertou-a mão do ruivo, tranquilizando-o, e de certo modo a si mesma. Afinal, os dois ainda estavam vivos.

"Eu estou bem Kenshin, apenas me movimentei demais e senti tontura, é só isso."

Kaoru sorriu um pouco para provar. A morena precisava que Kenshin dissesse alguma coisa positiva para ela, qualquer coisa.

Ela sentiu falta de palavras e sons.

O vazio tomou conta da caverna, apenas a escuridão e o silêncio horrível. Kenshin lhe apertou a mão, verificando novamente o pulso da morena.

"Kaoru dono, como você se sente?" Kenshin notou que o pulso de Kaoru estava mais raso do que ele gostaria, ao menos estava constante.

O ruivo podia sentir a temperatura da caverna caindo, afinal estava com o peito nu, ele empurrou a sensação para longe, não era importante no momento.

A voz de Kaoru soou baixa e fraca. "Kenshin eu estou bem, realmente! Apenas acordei antes. E queria ter certeza de que você estava bem, porque eu sei que você não vai verificar seus próprios ferimentos tão cedo. Você é muito teimoso, sabia?" A shihandai lhe ofereceu um olhar severo, mesmo com a escuridão aumentando, Kenshin pode enxergar.

O ruivo balançou a cabeça e olhou para Kaoru com a mesma seriedade. O espadachim parecia até um pouco bravo. "É claro que este servo está bem! Não fui a pessoa que recebeu um deslizamento de rochas sobre as costas. A senhorita sempre se preocupa com as outras pessoas e nunca com si mesma." Kenshin jogou as mãos para cima em frustração.

Para sua grande surpresa, Kaoru começou a rir.

A morena lutou para controlar o riso pois estava machucando seus ossos quebrados.

Kenshin olhou para Kaoru chocado. "O que poderia ser tão engraçado Kaoru dono?"

O ruivo não podia acreditar em seus olhos. Ali estava eles, presos dentro de uma caverna, ambos seriamente lesionados, e ela estava rindo?

"Você." Kaoru disse claramente, sua risada dolorida desacelerou para um sorriso.

"O quê?"

"Você acabou de descrever a si mesmo Kenshin." A morena fechou os olhos por um segundo, em seguida, os abriu para encontrar Kenshin lhe olhando de um jeito estranho.

"Hei!" Ela o cutucou.

"Não olhe para mim desse jeito Kenshin. Você se preocupa com todos o tempo. Se preocupa comigo o tempo todo... Nem se atreva a negar".

Balançando a cabeça, Kenshin negou mesmo assim.

O ruivo estava feliz pois a conversa tinha um tom um pouco mais leve, mas com grande pesar ele sabia que tinha que ser sério novamente.

Kenshin puxou o hakama de Kaoru para cima, para examinar as pernas da morena mais uma vez. Ele levantou uma sobrancelha, como se estivesse fazendo uma pergunta silenciosa para si mesmo.

Kaoru mordeu o lábio, ficando séria novamente.

O ruivo não era um médico, mas sabia o suficiente sobre o corpo humano. Como hitokiri ele tinha de saber muito sobre isso para que seus golpes fossem mais eficazes.

A perna de Kaoru precisaria de cuidados especiais com certeza, mas quais cuidados estavam além de seu conhecimento.

Kenshin estendeu sua mão e a beliscou com força, um pouco acima do joelho. Kaoru nem sequer pestanejou, na verdade ela nem parecia sentir o toque.

O ruivo apoiou sua cabeça contra a parede, seus olhos fechados.

"Kaoru-dono, você pode sentir suas pernas?" A voz quase um sussurro suave.

Ela não fez contato visual com Kenshin, em vez disso, Kaoru o ignorou completamente. A morena pegou o gi magenta de Kenshin, dobrou-o em seu colo, e olhou para a peça de roupa com preocupação.

"Kenshin, você acha eu posso salvar isso? Todo mundo pode me provocar na cozinha, mas ninguém pode reclamar da minha habilidade como costureira." Kaoru sorriu pensativa. "Você sabe quantas vezes eu tive que costurar esta coisa? Todo bandido inventa de rasgar esse gi! Costurei tantas vezes que mais parece um emaranhado de cicatrizes"

Kaoru forçou a visão para enxergar a última costura que tinha feito. Desejando que Kenshin parasse de pensar em suas pernas imóveis. A shihandai começava a se sentir deprimida e emotiva, e a última coisa que ela queria é que Kenshin percebesse isso.

Kaoru precisava desesperadamente que Kenshin pensasse que ela poderia lidar com qualquer situação. Que ela era valente.

...Por favor, Kenshin... Ela implorou silenciosamente.

"Kaoru dono ..." Kenshin não gostou de ver a maneira como suas mãos tremiam.

Ela balançou a cabeça.

"Eu realmente vou ter que costurar um novo revestimento, mas vai ficar como novo, pode deixar. Sabe como eu sou teimosa, quando eu cismo com alguma algo..."

"Kaoru, por favor..." Kenshin implorou, sua voz masculina falhando com a emoção que sentia.

O ruivo colocou sua mão cheia de calos por cima dos dedos trêmulos da shihandai.

Kaoru puxou a mão fora do alcance de Kenshin, cobrindo sua boca. Tentando desesperadamente parar as emoções que afluíam à superfície.

Um soluço travou sua garganta e as lágrimas encheram seus olhos.

Kenshin inclinou-se e puxou-a para perto.

Kaoru sentiu que dessa vez, nos braços de Kenshin não exista um sentimento de culpa, mas de aceitação.

E, pela primeira vez, Kaoru soltou toda sua dor, toda sua preocupação, toda a solidão instalada no fundo de seu coração ao longo dos anos.

Kaoru estava nos braços deste homem, seu rurouni, seu espadachim errante.

No entanto presa no abraço de Kenshin, Kaoru se sentiu livre.

E ela chorou...

Infelizmente a dúvida só aumentava. Estavam perdendo a esperança de que serem resgatados antes que fosse tarde demais?

^^X

O sol havia se posto há algum tempo e com a escuridão de uma noite de lua nova havia se tornado impossível enxergar qualquer coisa.

Sanosuke, ainda dentro da caverna estava contando com a intuição para obstruir a caverna.

Ele não conseguia entender por que estava demorando tanto para encontrar Kaoru e Kenshin. "Qual a profundidade dessa porra de caverna?!" Ele se perguntou, irritadíssimo.

O lutador não conseguia fazer qualquer progresso, e conforme o sol foi se pondo o desespero foi aumentando.

Megumi entrou na boca da caverna desviando das rochas retiradas por Sanosuke

"Sano, você precisa parar um pouco. Está enterrando a si mesmo! As rochas que você está movendo são pesadas demais para mim te ajudar..."

A médica implorou, Sanosuke olhou para a boca da caverna, agora só era capaz de enxergar o contorno do corpo de Megumi.

Megumi não se surpreendeu com a reação que essa sugestão causou em Sanosuke.

"Claro que não! Está louca? Eu não vou fazer pausa nenhuma. Não enquanto meus amigos podem estar feridos ou morrendo lá dentro. Eu não sou o tipo de pessoa que desiste tão facilmente! Não acredito que você quer que eu desista da Jou chan e do Kenshin! COMO PODE SER TÃO FRIA?" Sanosuke retrucou.

O olhar da médica brilhou no escuro, e fez Sano lamentar instantaneamente.

"Como você ousa?!" Megumi gritou, dando um passo na direção dele.

"Você é um bastardo egoísta Sanosuke Sagara! Você acha que eu não estou preocupada também? Eles são meus amigos, a minha FAMÍLIA. Eu me sinto da mesma maneira que você, e sei que a cada segundo que é desperdiçado poderia ser o segundo que vai salvar a vida deles! O que eu estou dizendo é você está se matando assim...E de maneira descuidada! Se você remover uma pedra errada essa caverna vai desmoronar em cima do teu corpo. Como isso poderia ajudar Kenshin e Kaoru? "

Tremula, Megumi perguntou, absolutamente furiosa por Sanosuke pensar que ela não se importava.

A médica ficou chocada com a falta de uma réplica imediata. Normalmente Sanosuke estaria gritando de volta... Talvez a situação fosse tão grave que estava acabando com todos eles.

"Olhe Raposa, eu sei que você se importa! Me desculpa, tá? Só entenda que eu preciso que estar fazendo alguma coisa. Eu não posso parar! Se tudo cair sobre mim eu vou tirar, e começar de novo até que encontrá-los."

Ele ignorou qualquer reação de Megumi. Pegou uma pedra enorme, jogou sobre seu ombro e continuou.

Megumi agarrou seu braço e o puxou para encará-la.

"Ouça seu teimoso, se você quer ser um idiota descuidado, muito bem. Mas não se atreva a fazer isso as custas das vidas de meus amigos! Se tudo desmoronar em cima de você vai desmoronar em cima deles também! " Megumi gritou no rosto de Sanosuke, não se lembrando de quando esteve tão zangada assim com ele.

Suspirando, a médica olhou para fora da caverna, o céu estrelado agora estava estrelado iluminando um pouco a escuridão.

"Por favor, Sano, me escute uma vez na vida, não faça tudo sozinho! Espere por mais ajuda." Ela rezou para que ele a ouvisse, Sanosuke estava com as mãos, os braços e o rosto ensanguentados, pois as pedras tinham cortado sua pele. "Não deixe que seu ego atrapalhe seu bom senso."

Megumi ouviu Sano suspirar na escuridão.

"Tudo bem, eu vou fazer uma pausa e esperar que Yahiko traga mais gente". Sano argumentou, deixando a Raposa vencer dessa vez.

Megumi conteve as lagrimas.

O lutador tinha que reconhecer, ela estava certa de qualquer maneira. Suspirando novamente, ele sabia o que tinha que fazer.

"Olha Megumi, meu humor esteve horrível durante todo o dia, e eu não tinha direito de insinuar que você não se importa com eles... Nós vamos encontrar a Jou chan e o Kenshin, ok? Ninguém mais vai se machucar, eu prometo!"

Sano esperou pela reação da médica. "Me desculpe..."

"Hai!" Emocionada Megumi suspirou, uma lágrima escorreu.

"Gente! Eu trouxe ajuda!"

Yahiko gritou de repente surgindo na boca da caverna.

Uma tocha brilhante em sua mão enviou luz para dentro da caverna, suor e sujeira manchavam seu rosto.

Sano não sabia se ele queria abraçar o garoto ou estrangulá-lo pela demora, o olhar no rosto de Megumi dizia que ela sentia o mesmo.

O lutador levantou uma sobrancelha. "Wow, uma tocha." Ele levantou o polegar fazendo sinal de positivo. "Boa ideia Yahiko-Chan".Com o espirito um pouco mais elevado, Sano afirmou sarcasticamente.

Para sua surpresa, Yahiko o ignorou.

"Nah seu Cabeça de Porco Espinho, eu trouxe também uma galera."

Yahiko acenou com as mãos e várias tochas emergiram na entrada da caverna.

Toro-Maru e toda a equipe de sumo Sen-Ryu-Yamma estavam ali. A ajuda que eles precisavam em força total.

^^X

Kenshin colocou seu gi de volta sobre Kaoru que agora estava dormindo

Ele já não sabia dizer quanto tempo a tinha segurado.

Poderia ter sido minutos, ou poderia ter sido horas.

Era impossível medir a passagem do tempo, neste mundo em que se encontravam.

Seus ombros e mãos estavam enrugados, tanto de frio quanto das lágrimas secas de Kaoru em sua pele.

O ruivo fechou os olhos, lembrando os sons horríveis dos soluços arrancados de seu coração.

Ele já tinha ouvido um choro assim antes, foi seu próprio choro em uma noite de inverno... Mais de uma década atrás, no pior momento de sua vida.

Os momentos de sua juventude que ainda assombravam seus sonhos.

Kenshin esfregou os braços energicamente tentando trazer algum calor. Com seus olhos fechados, ele respirou fundo testando o ar gelado.

Tinha algo errado.

...Não acredito! Mais essa agora?...

"Oh Deus..." Ele aceitou silenciosamente.

Dentro da caverna lacrada o ar estava se esgotando.

O medo estava chegando em seu estomago como se fosse uma fome lancinante.

O medo, no entanto, não era por ele, mas por ela.

Kenshin abriu os olhos, deixando seu olhar cair sobre a coisa mais importante do mundo. "Kaoru...Minha Kaoru..." Seus olhos cor de violeta estavam cheios de lagrimas.

O tempo estava acabando...

Às vezes Kenshin se perguntava sobre quando e como Kaoru se tornou tão importante para ele.

Kenshin pensou naquela noite... Na viela em que ela o acusou "Pare Hitokiri Battousai!"... Foi a melhor coisa que aconteceu em sua vida.

Depois daquela noite, Kaoru nunca mais o acusou novamente, por nada...

Mesmo com todas as batalhas, toda a dor e medo que seu passado lhe causou, Kaoru permaneceu firme em sua lealdade. A morena nunca vacilou...

E Kenshin a amava por isso.

O ruivo sorriu.

Ele amava tudo sobre ela, sua bravura, sua bondade, e o jeito que ela encontrava alegria nas menores coisas e, e o modo como ela era determinada em compartilhar alegria com o mundo.

Droga, Kenshin amava até mesmo o jeito horrível como ela cozinhava.

...Enfrente a realidade Kenshin, você a ama. Como um homem ama uma mulher...

Seu coração sussurrava a verdade o tempo todo, mas ele tinha muito medo de deixar Kaoru saber.

Ele tinha medo de sonhar sobre isso. Kenshin tinha medo de que Kaoru não pensasse nele dessa forma, apenas como um amigo querido. E se ele se arriscasse e prejudicasse a amizade deles?

Suspirando, Kenshin resolveu explorar a pequena câmara. O ruivo deitou Kaoru um pouco na pedra, enrolada no seu gi magenta.

Ele se levantou e deu alguns passos mancando.

A sakabattou caída no chão era um lembrete trágico da grande ironia. Uma espada não tinha serventia alguma para salvar a vida do maior hitokiri do Bakumatsu agora...

Kenshin parou de olhar para sua espada e continuou a explorar a caverna.

A câmara de pedras que se formou ao redor deles não era muito grande, na verdade era menor do que o tamanho do seu quarto no dojo.

Kenshin colocou a mão contra a pedra fria. ...Gostaria de saber se aquela outra mulher ainda está viva?... Ele duvidou, ela estava apenas alguns metros de distancia do outro lado do muro de rochas, e se o seu ar estava se esgotando, lá deveria já ter acabado.

O ruivo virou-se para uma pequena piscina de água que tinha acumulado no canto ao lado de onde Kaoru estava.

Mancando, ele chegou até a água, Kenshin mergulhou sua mão na poça de água limpa. Elevando-a para seus lábios ele provou. A água tinha um gosto mineral forte, e estava bem fria, e deslizou suavemente garganta abaixo sem problemas.

Kenshin voltou para Kaoru, colocou a palma da mão na testa dela, achando mais quente que antes.

A febre estava piorando.

A pequena pressão foi suficiente para acordá-la de seu sono superficial. Seus olhos azuis se abriram, vermelhos de tanto chorar.

"Ei .." Kaoru falou, sua voz quase um sussurro.

"Ei!" Kenshin ofereceu um sorriso tranquilizador.

Ela fechou os olhos por um segundo e respirou fundo, a respiração sibilando.

"Estou uma bagunça não estou?" Kaoru afastou a franja do rosto e fez uma pausa quando sentiu o calor que irradiava da própria2 sua testa. "Ah, e uma febre também? Como a vida é maravilhosa!"

A morena gemeu sarcasticamente.

O sorriso de Kenshin desapareceu, ele rasgou uma tira de pano de seu hakama, mergulhou na água fria, e foi colocando sobre a cabeça da shihandai.

Kaoru fechou os olhos suspirando com satisfação de sentir a água fria, ela inclinou para trás contra a rocha. Com os olhos fechados, a morena pediu. "Kenshin... Fala comigo...Não se feche agora, por favor! Fale qualquer coisa..."

"Não, este servo só está preocupado." Kenshin virou suas costas para a parede e encostou-se a ela, em paralelo com Kaoru.

"Por que o ar está acabando?" Kaoru perguntou calmamente.

As sobrancelhas de Kenshin levantaram. "Você sabe?"

Ela assentiu com a cabeça.

"Sim, notei que quando respirei mais fundo. Eu noto um monte de coisas Kenshin, só porque eu não digo nada não significa que eu não sei." Kaoru fez uma pausa, falar demais fazia sua cabeça latejar, mas ela precisava conversar um pouco com alguém, ou então ficaria louca.

"Você acha que a mãe do garotinho sobreviveu?" Kaoru olhou para ele.

Ele balançou a cabeça negativamente.

"Acho que não... A parede é bastante espessa e ela tinha apenas alguns centímetros de distância de onde eu caí. Muitas rochas caíram bem no lugar... E o ar lá já deve ter acabado..." O ruivo admitiu esfregando os braços novamente, a temperatura estava caindo ainda mais.

"Está ficando mais frio aqui dentro. Você acha que anoiteceu lá fora?" Kaoru sabia que Kenshin estava com frio, e ela não podia deixá-lo ficar doente também.

...Eu vou convencê-lo de alguma forma a pegar esse gi de volta. Sim, boa sorte na tentativa Kaoru. Ok, só há uma maneira de faze-lo ficar quente...

"Sim, deve ser. Estamos apenas no início da primavera, faz muito frio à noite." Kenshin fez uma pausa, pois Kaoru começou a se mover. "Kaoru, o que .."

O ruivo começou a reclamar, mas Kaoru o silenciou com um olhar.

"Não comece, eu sei que está com frio, não posso deixar que congele até a morte. E se você morrer congelado vai fechar com chave de ouro meu dia horrível! Vem cá!"

Kaoru não disse mais nada, apenas encostou a cabeça de Kenshin contra o ombro direito. "Eu não vou deixar você congelar, pelo menos minha febre vai servir para algo, não é?"

Kenshin riu baixinho e colocou seus braços ao redor de Kaoru puxando-a para um abraço.

A morena inclinou sua cabeça contra Kenshin. Puxando o gi esfarrapado sobre os dois. O ruivo sentiu o calor se espalhando por seus membros novamente.

A pele gelada de Kenshin serviria para conter a febre de Kaoru. A febre de Kaoru serviria para aquecer Kenshin.

...Kaoru ainda estava relativamente segura.

... Por favor, continue assim...

Kenshin implorou.

Tê-la em seus braços novamente parecia tão certo.

"Viu, você me obedeceu. Não foi tão doloroso , foi?" Kaoru perguntou, ficando confortável ao compartilhar calor com o ruivo.

"Não." Kenshin admitiu, segurando-a um pouco mais apertado.

...Missão cumprida... Com um sorriso. Ela parabenizou a si mesma.

Ela realmente gostava da sensação dos braços do ex hitokiri em torno do seu corpo. Kaoru sentia como se estivesse no lugar mais seguro do mundo.

Sentindo sono chamando novamente, ela lutou, queria ficar acordada, apenas mais um pouco. "Kenshin?"

"Humm?"

"Você acha que eles estão procurando por nós, Sano e os outros?" Ela perguntou, seus olhos fechando de modo insuportável.

... Por que me sinto tão cansada?...

...Perda interna de sangue ? Ou só a febre mesmo...

"Conhecendo nossos amigos, eles provavelmente estão trabalhando desesperadamente para cavar-nos para fora daqui." Kenshin ofereceu um sorriso amigável, mas ela já estava dormindo.

Ele empurrou alguns fios negros de cabelo da frente do rosto de Kaoru. E fechou os próprios olhos, o ar que respirava cada segundo mais pesado.

... Por favor, se você vai nos resgatar, se apresse...

^^X

As luzes das tochas brilhavam sobre o pequeno acampamento de resgate.

Uma linha de homens se esticava da parede de rochas até a boca da caverna. Rochas passando de mão em mão.

Yahiko e Megumi, não tinham força para levantar as rochas, apenas se sentaram em uma rocha grande e observaram as pessoas se ajudando. A médica estava ansiosa pelo momento que pudesse começar a agir e socorrer os feridos.

"Você fez um trabalho maravilhoso, Yahiko. Estou muito orgulhosa de você... A Tanuki também vai ficar, tenho certeza! " Megumi sorriu e colocou a mão no ombro do garoto, dando-lhe um aperto suave.

Yahiko olhou para ela, corando um pouco.

"Obrigado, eu não consegui pensar em ninguém tão forte quanto Sano!" O garoto abaixou a cabeça "Comecei a pensar que se não conseguisse ajuda, eu nunca mais comeria a comida horrível de Kaoru...E..."

"Oh Yahiko..." Megumi sabia o quanto a Tanuki significava para esse garoto.

"Ah esqueci!" Mesmo cansado das três viagens de ida e volta que já tinha feito, Yahiko não conseguia ficar parado sem ajudar e sentindo pena de si mesmo... Ele puxou uma grande cesta de trás da rocha. E colocou em seu colo. "Aqui estão as coisas que você pediu."

"Tae enviou um pouco de comida e água." Yahiko acrescentou.

O menino olhou para a caverna que estava sendo escavada.

"Quando meus pais ainda estavam vivos, minha mãe costumava me trazer aqui para pegar cogumelos." Lembrou-se apontando para o lugar. "Mas era a caverna da direita... Meu lugar favorito quando criança. Eu não entendia o porquê, mas alguns cogumelos que crescem lá dentro brilham e..."

Megumi agarrou Yahiko pelos ombros e olhou-o diretamente nos olhos.

"O que você disse?!" Ela praticamente gritou.

Yahiko parecia chocado, mas respondeu com firmeza.

"Sim, todas as crianças chamam aquela caverna de 'Caverna brilhante'. Por que?" Ele apontou para a outra entrada.

Megumi lançou os ombros de Yahiko tão rapidamente que o garoto caiu com o traseiro na rocha dura, a médica correu para a entrada da caverna

"Sanosuke!" A médica passou pelos lutadores de sumô.

"O Quê?" Sano perguntou soando um pouco irritado por estar sendo interrompido.

Ela ignorou seu tom, este foi mais importante.

"Estamos cavando na caverna errada! A entrada certa é a da direita! . Lembre-se que Tae disse que a criança falou da "caverna brilhante?" Yahiko diz que a caverna que tem cogumelos brilhante é a da direita" Megumi gesticulou furiosamente com as mãos.

"Merda! Você tem certeza?"

Sanosune amaldiçoou, deixando cair uma enorme rocha que estava segurando.

Um brilho de suor escorreu por sua testa ensanguentada.

Taru-Maru assentiu com a cabeça vigorosamente. "Sim, eu me lembro. Já entrei na caverna que brilha há muito tempo, é muito bonita!" O lutador acrescentou.

Sano saiu da caverna onde encontrou a mexa de cabelo negro, Megumi e os outros o seguiram até a outra entrada.

Existia um grande pedregulho na frente da caverna que brilhava. Sano olhou com convicção. "É AQUI!" O lutador estalou os dedos, nada ficaria entre Sagara Sanosuke e seus amigos.

"VAMOS LÁ!"

^^X

Não havia nenhum inimigo aqui.

Nenhuma batalha em que ele pudesse lutar e proteger seus entes queridos.

Aqui era o destino.

...e você fez o que pôde...todos esses anos... você fez o que pôde...

Kenshin estava começando a se convencer de que o destino estava jogando sujo.

Ele esfregou sua bochecha contra o cabelo de Kaoru, respirando-a. Tentando encontrar conforto.

Ele começava a se perguntar se existia mesmo alguma ajuda vindo.

Como Kaoru tinha dito, poucos sabiam exatamente qual era a entrada da caverna que brilha.

Existiam pelo menos meia dúzia de sub entradas, e se a entrada toda da caverna desabou? Poderia levar semanas para remover as rochas que pesavam centenas de quilos.

Também algo poderia ter acontecido com eles no caminho até as cavernas. Afinal o terremoto aconteceu em todo lugar.

Não, Kenshin tinha que acreditar que eles estavam procurando por eles.

Sem rumo, por falta de qualquer outra coisa para fazer, Kenshin olhou em volta da caverna.

As luzes dos cogumelos anexados às paredes da caverna começava a ficar fraca. Definitivamente havia uma correlação com a falta de oxigênio.

Kaoru estremeceu em seus braços, seus dentes rangendo, batendo com força. ...Como ela pode estar tão quente ainda assim agir como se estivesse congelando?...

O ruivo podia sentir o calor irradiando prejudicialmente da cabeça dela para o rosto dele

Kaoru estava morrendo.

Ela estava morrendo em seus braços, e não havia uma única coisa que Kenshin poderia fazer.

O desamparo estava rasgando Kenshin no meio. O ruivo apertou Kaoru mais forte com seus braços. Sua garganta apertando dolorosamente.

Uma lágrima solitária escapou de seus olhos, deslizando pelo seu rosto. Kenshin enfiou-se na cabeça febril de Kaoru.

A última vez que derramou lágrimas, foi quando... Foi quando...

...Enishi...

Era melhor não lembrar.

Antes disso Kenshin havia se entristecido, mas em toda sua vida nunca derramou muitas lágrimas.

Ele sempre visionou sua morte de maneira diferente.

Muito provavelmente nas mãos de um velho inimigo, ou talvez um jovem candidato que tivesse a sorte de tirar a vida do maior hitokiri do Bakumatsu.

Ele sempre pensou que estaria sozinho em seus momentos finais, cuspindo seu último suspiro com a boca cheia de sangue.

Mas Kenshin nunca imaginou morrer assim, preso em um mundo escuro, tendo a vida sendo roubada, com o seu amor, tremendo de febre, morrendo em seus braços.

Ele tinha pesadelos, sim, de sua morte porque alguém queria se vingar dele. Usando-a como alavanca, ou como um exemplo assim como Enishi... A morte de Kaoru por causa de seu passado sombrio tinha se tornado seu maior medo. Mas neste lugar, Kenshin não tinha ninguém para colocar a culpa, nem a si mesmo.

No escuro, emoções indesejadas podiam furtar a esperança de uma pessoa. Como um ladrão, perseguindo você em um beco. Como o imenso desespero que ele sentia agora.

Surpreendentemente sob o cheiro pesado de sujeira e sangue, ainda existia o leve cheiro de jasmim e lavanda.

Kenshin lembrou-se de outro cheiro, um perfume tão antigo, ameixas brancas.

Por um tempo, breve demais, o rapaz ruivo tinha encontrado paz com Tomoe. Mesmo assim foi uma falsa paz... Até seu mesmo seu primeiro amor foi produto de um esquema. De confiança e traição...

Quando Tomoe se foi, Kenshin andou e andou...

Dez longos anos de solidão, sem um único amigo.

Não que ele tivesse muitas pessoas em quem confiar... Ele nunca teve. Apenas aliados... talvez.

Até encontrar Kaoru, Kenshin nunca teve verdadeiramente um amigo.

O ruivo levantou a cabeça e olhou para essa menina tremula aninhada em seus braços.

Menina não, mulher!

Kaoru entrou em sua vida oferecendo-lhe um lugar para comer, viver, e pertencer. Pertencer.

Ela desejou para Kenshin ficasse não por causa de suas habilidades como um espadachim, mas por preocupação genuína com seu bem-estar.

Desde aquela noite fatídica em uma ruela de Tóquio, Kenshin conheceu muitas pessoas, pessoas que ele tem o prazer chamar de amigos.

No final todos órfãos como ele, unidos por esse vínculo e tantos outros.

Juntos, eles formavam uma família, que cada um deles sabia disso. Uma família que nunca tiveram a oportunidade de ter.

E Kaoru era o pilar. Ela era a cola que iniciou e que manteve esta família estranha e maravilhosa junta.

E ele a amava.

Oh Deus como ele a amava.

Kenshin sabia que eles eram incompatíveis. Ele 10 anos mais velho que ela, tão marcado, tanto no sentido físico, quanto no mental.

Kaoru era inocente para os terrores e horrores que ele próprio já tinha causado e vivido.

Mas era justamente essa inocência, bondade e lealdade que o atraia toda vez.

Kaoru era muito mais que força, ela tinha um fogo vivo que ardia com beleza.

Ela era adorável, Kenshin só podia se render.

Toda vez que Yahiko a chamou de bruxa, Kenshin queria dar uma pancada no garoto, pois certamente Yahiko não estava raciocinando bem.

De todas as coisas que Kaoru era, uma bruxa certamente não se encaixava.

Seus olhos eram a sua melhor qualidade, piscinas infinitas de azul puro. Tão expressivos que você poderia ver sua alma.

E doía tanto no peito de Kenshin perceber que aqueles mesmos olhos estavam fechados, se apagando, cheios de febre e dor.

"Kaoru..."

Ele morreria por ela em um instante.

Ah como Kenshin queria poder aliviar sua dor, mas não havia nada que ele agora.

E nenhuma tortura poderia ser pior do que essa. O ruivo a abraçou, ele sentiu outra lágrima cair, e mais uma, e mais uma...

Kenshin perdeu a conta de quantas foram.

Quanto arrependimento em não ter dito antes o quanto que Kaoru significava.

Quanto anos de dor e solidão Kenshin já tinha vivido até aqui. Sua infância escura e curta, uma adolescência ressentida, o início da vida adulta marcado pela dor, pelo arrependimento e uma sensação constante de dormência.

Kenshin chorou as lágrimas de Shinta. Uma criança que tinha sido esquecida há muito tempo atrás dentro do seu coração.

"Está chorando?" Perguntou a voz fraquinha.

A mão esbelta de Kaoru alcançou seu rosto na escuridão e traçou o caminho de lágrimas até a bochecha marcada pelo x.

Kaoru fez uma pausa na cicatriz, sentindo lentamente cada polegada das duas fendas, como uma criança faria em fascínio.

Kenshin não se preocupou em esconder, o ruivo não sentiu nenhuma vergonha em chorar na presença dela, o ex hitokiri sabia que a shihandai entenderia seus sentimentos.

Kaoru sempre entendeu.

Kenshin estendeu a mão e agarrou a mão dela e segurando-a na bochecha, sentindo conforto com pequena pressão dos dedos dela.

Kaoru tentava ver seu rosto, mas a escuridão agora tinha dominado. "Kenshin?"

"Shh, este servo...EU estou aqui. Voltar a dormir, está segura." Sentiu-a movimentar a cabeça lentamente. Ela estremeceu, um nó de emoções pulsando em sua garganta.

"Está tão escuro agora." Ela sussurrou.

"Você está com medo?" Kenshin perguntou em voz baixa, seu hálito morno no rosto da morena.

"Eu estava. Agora passou, me sinto quente e segura com você. Já não estou mais com medo da morte. É como dormir...e..." A voz de Kaoru estava se apagando.

Kenshin estava chocado.

Ele chacoalhou Kaoru, colocando seu rosto a centímetros do rosto dela, seus narizes se tocando.

"Você não vai morrer!" O ruivo sussurrou laconicamente. Ele não tinha a intenção de soar tão irritado, mas simplesmente nunca teria esperado que Kaoru desistir assim. "Você não vai morrer aqui!"

Kaoru tossiu um pouco, sem forças para lutar contra Kenshin agora. Ela pôs a mão de volta no rosto do ex hitokiri.

"Kenshin, não é um jeito ruim de ir afinal de contas... Podia ser bem pior... Eu já vi mortes antes, e os deuses sabem você também. E como sabem..." A cabeça de Kaoru rolou para o lado, pois seus olhos já estavam desfocados. Ela não conseguia mais enxergar nada. "Eu me sinto tão quente .." A voz dela Kaoru foi sumindo. Fraquinha... "É apenas como dormir..."

"Não, Kaoru, por favor!" Kenshin gritou, suas mãos freneticamente esfregando o rosto da shihandai, fazendo-a voltar para ele. "Você não pode morrer!" Ele ordenou, bravo, imperativo.

A respiração de Kenshin aumento, exigindo mais oxigênio. O ruivo tossiu um pouco.

O ar estava quase no fim.

"Por quê? Eu sou apenas uma Tanuki chata que não sabe cozinhar." Kaoru sorriu, as pálpebras pesadas. "Por que não me deixa dormir?"

Kenshin estava furioso agora, ele chorava como nunca chorou antes. O ruivo puxou seus rostos ainda mais perto, testas se tocando, suas mãos de cada lado do rosto da morena.

"Kaoru, você é a mulher mais linda que eu já conheci. Não apenas por fora, mas por dentro também. Por favor, Kaoru, você não pode me deixar. Não agora, não depois de tudo que nós passamos. Eu amo você. Eu amo você...Me perdoe nunca ter dito antes... Me diz que não é tarde demais, por favor... "

Kenshin declarou seu amor, e sentiu como se um grande peso tivesse sido tirado de seus ombros. "Kaoru..."

Um pequeno suspiro veio do escuro, em seguida, um som que parecia uma risada. ...Será que ela está rindo de mim?... Ele se perguntou com a esperança de ter acendido novamente uma fagulha em Kaoru.

De repente, Kaoru ficou em silêncio e se aproximou de Kenshin, colocando um beijo gentil em seus lábios.

"Eu não estava rindo de você, apenas da ironia. Kenshin, eu também te amo. É apenas um pouco triste que tenhamos esperado até agora para dizer um para o outro. Eu te amei desde o início, e sempre amarei."

Depois do beijo, depois da declaração, Kaoru aninhou a cabeça em seu pescoço de Kenshin.

Kenshin não podia acreditar no que ouvia.

Kaoru o amava!

Ele só tinha sonhado que ela retribuía seus sentimentos da mesma forma. Kenshin começou a ofegar, tentando conseguir ar suficiente em seus pulmões.

...Não, não agora, precisamos de mais tempo!... Oh Deus, por favor... Sua mente gritou em suplica.

Kenshin a abraçou, e percebeu que Kaoru já não estava mais se movendo, infelizmente sem respiração.

Seus pulmões também ardiam por ar. Kenshin ergueu o rosto e beijou-a suavemente nos lábios, antes de fechar os olhos, o ruivo esfregou seu rosto no dela. "Eu vou com você meu amor, onde você for...eu vou..." Kenshin fechou os olhos, e abraçou-a.

O hitokiri aceitou a escuridão finalmente e dormiu...

Ficaram assim.

Juntos até o fim.

^^x

O sol da manhã estava brilhante como sempre; os raios aquecidos eram filtrados pelas finas paredes de papel de arroz do quarto.

Lentamente o calor solar atingiu o rosto de Kenshin trazendo-o para fora das profundezas de seu sono exausto.

Quando ferido, ele normalmente demoraria um pouco mais de tempo para acordar, mas o curativo pesado que rodeava sua cabeça estava lhe fazendo suar. O que lhe causava uma coceira incomoda.

No entanto Kenshin não podia se mexer muito, caso contrario suas costelas quebradas começariam a protestar, vagarosamente ele se sentou.

O som dos pássaros atravessavam as paredes assim como a luz do sol fez, e Kenshin teve de sorrir.

Isso faria Kaoru feliz. Ela adorava acordar com o canto dos pássaros.

O espadachim fez uma pausa, os pensamentos encontrando com a realidade.

Ele havia se esquecido.

Kaoru não estava no dojo para desfrutar do canto dos pássaros.

E não poderia vaguear pelo dojo para encontrá-la. Ele mesmo não estava no dojo!

Ela não estava aqui a sorrir e oferecer seu "Ohayo" sorridente.

A shihandai não estava onde ela pertencia, no dojo que amava, com o homem que amava.

Ambos estavam na clinica do Doutor Gensai... Kenshin na enfermaria... Kaoru no...

Kenshin sentiu a onda de emoções inchar novamente seu peito.

Quatro dias atrás eles foram resgatados de dentro da caverna. Sua primeira memória foi a luz da manhã, luz tão intensa que cegava os olhos após tantas horas de escuridão e inconsciência.

Sanosuke estava lá, com mãos sangrando, unhas quebradas, cheio de escoriações, ajoelhado sobre ele, sacudindo-o de volta a vida. Massageando seu peito para que seu coração voltasse a bater. E ele voltou! "KENSHIN ESTÁ VIVO!" O jovem gritou.

Kenshin lembrou-se de confusão e da dor. Seu corpo dolorido. O cérebro latejante, os pulmões queimando ao receber oxigênio puro.

Mas tudo desapareceu quando Kenshin ouviu o grito desesperado de Megumi chamando o nome Kaoru sem cessar.

A médica que geralmente trabalhava sem extravasar sua emoção estava em um frenesi de pânico tentando fazer sua amiga morena respirar novamente.

E Megumi estava falhando.

De alguma forma que ele não tinha como explicar, usando as ultimas energias de seu corpo, Kenshin conseguiu chegar ao lado delas.

A visão que teve quase o matou.

O rosto de Kaoru estava branco, seus lábios drenados de cor, exceto um azul doentio.

Seus sentidos estavam perdidos, mas de alguma forma ele se viu chamando por Kaoru, pedindo para que ela voltasse.

Que voltasse para a vida... Mais uma vez.

Os olhos azuis permaneciam fechados, o corpo pequeno permanecia imóvel...

Então Kaoru começou a respirar de novo.

Uma respiração fraca, apenas um fio de vida, mas era vida.

Megumi chorou. Extremamente grata por ter conseguido trazer Kaoru de volta.

Durante aquele dia, apesar de cuidado intensos de Megumi, a febre de Kaoru aumentou, a ponto de causar delírios e alucinações e fazer Kaoru parar de respirar novamente. O pulmão tinha sido danificado.

Kenshin esteve lá o tempo todo, apesar de suas próprias injurias. Na escuridão da noite, o corpo de Kaoru decidiu que não aguentava mais a febre intensa, e ela entrou em coma.

Megumi disse que neste momento era uma coisa boa. Isso significava que Kaoru estava curando seu próprio corpo utilizando os seus mecanismos de defesa naturais.

Depois de dois dias, a febre desapareceu. Mas Kaoru não acordou. Ela permaneceu assim.

Passado o frenesi do resgate, Kenshin com a cabeça menos oscilante, deu uma boa olhada ao seu redor. Ele estava em uma sala na clínica dessa vez como um paciente.

Ele se lembrava de Megumi persuadindo-o a beber um pouco de chá e se alimentar, assim quando Kaoru acordasse Kenshin estaria vivo e saudável para cumprimentá-la.

...Megumi dono deve ter colocado alguma coisa no chá... O ruivo racionalizou.

Lentamente, ele levantou-se do futon e consciente de seu tornozelo e costelas machucados, se vestiu, sem se importar como ou quem tirou sua roupa em primeiro lugar.

Apesar de estar vivo e bem. Ele se sentiu tão vazio.

E na caverna, por alguns minutos ele se sentiu completo como nunca antes em sua vida. Kaoru agora sabia de tudo, sabia de todos os seus sentimentos. Seu coração tinha sido esvaziado de dúvida para ser preenchido com o amor dela. E com um futuro promissor que eles poderiam ter em conjunto.

Mas agora, e se ela morrer?

... Pare com isso!... Kenshin gritou para si mesmo. Irritado por deixar seus pensamentos a deriva nessa direção sombria.

Kaoru não vai morrer.

Ela estava lutando para viver, e eles viveriam uma vida inteira juntos.

Movendo-se devagar para fora da enfermaria, Kenshin podia ouvir o despertar de outros pacientes também internados ali.

O terremoto havia destruído muitos edifícios e muitas pessoas morreram soterradas em um dos maiores tremores de terra que o Japão já tinha sentido.

Kenshin caminhou, mancando para os aposentos de Megumi no fundo da clinica do Doutor Gensai. A médica tinha colocado Kaoru em seu próprio quarto para que pudesse manter vigilância constante sobre a shihandai durante a noite toda. Yahiko ajudava no revezamento.

O ruivo bateu de leve e Megumi disse-lhe para entrar.

Deslizando a porta aberta, o ruivo a fechou atrás dele, com dificuldade, o ruivo se sentou ao lado de Megumi e Kaoru, imóvel na cama.

Kenshin olhou para a médica cujos olhos estavam vermelhos e com olheiras pela falta de sono, e, em seguida, para Kaoru.

A cor em suas bochechas tinha retornado, mas Kenshin tinha aprendido a não ficar tão entusiasmado com pequenos sinais como esse.

"Alguma mudança Megumi dono?" Kenshin perguntou, não deixando transparecer afobação em sua voz. O ruivo estava com medo de alimentar a esperança só para tê-la esmagada em seguida.

"Não, mas o ferimento na cabeça está melhorando, disso eu tenho certeza. A infecção está chegando ao fim, assim como a febre." Ela fez uma pausa e sentiu o pulso de Kaoru.

"Seu coração é forte Kenshin, isso é um bom sinal. Ela é muito forte," Megumi estendeu sua mão até a mão do ex hitokiri e a apertou.

"Tenha fé nela, Kaoru nunca te decepcionou antes, não é ?" Megumi sorriu, reconhecendo a força e lealdade da Tanuki.

Ele balançou a cabeça positivamente. "Sim. A senhorita Megumi tem razão."

Megumi reprimiu um bocejo. "Eu vou dormir um pouco antes de fazer minhas rondas matinais. Volto para verificar Kaoru dentro de algumas horas." A médica se levantou e caminhou até a saída.

"Megumi dono."

"Sim Ken-san?"

"Obrigado por tudo." O ruivo fez uma pausa. "Até mesmo o chá..."

Megumi ofereceu um sorriso exausto.

"De nada Kenshinzinho." E ela se foi.

Quando a porta se fechou, Kenshin colocou a cadeira mais perto, procurando conforto. Ele manteve as costas retas para reduzir qualquer pressão sobre suas costelas.

E apertou a mão de Kaoru com um pouco mais de firmeza.

Estendendo a mão, ele traçou seus dedos sobre a sobrancelha escura de Kaoru, e a sutura do ferimento em sua testa.

Com sorte, a costura cuidadosa de Megumi não permitia que uma cicatriz marcasse as linhas perfeitas de seu rosto.

Kenshin não se importava, Kaoru era linda de qualquer forma.

Ele sentiu um aperto em seu coração. E se inclinou um pouco, tirando uma mecha de cabelo negro de cima do rosto dela.

"Kaoru por favor, volte para mim. Este servo...Eu não posso continuar sem você."

O ruivo trouxe a mão esguia de Kaoru até seu rosto, no lugar onde morava sua cicatriz em forma de x.

Kenshin fechou os olhos, deixando o calor de seu rosto aquecer a mão fria.

Ele ansiava por sentir o calor natural de Kaoru novamente. Uma lágrima solitária escapou de suas pálpebras fechadas. A lágrima causou cócegas em sua bochecha conforme escorregava para baixo, até a gota espirrar nos lábios silenciosos de Kaoru.

"Eu nunca mais vou sair do seu lado!" Kenshin estava tão perdido dentro de seus pensamentos, e quase não percebeu que Kaoru estava apertando sua mão de volta.

Seus olhos cor de violeta se abriram, apenas para encontrar com olhos azuis acinzentados por tantos dias dormindo.

Todas as palavras que Kenshin tinha planejado esse tempo todo para dizer quando ela acordasse, se perderam.

O alívio que inundou seus sentimentos fez todo o resto desaparecer.

Kaoru sorriu para ele. E que belo sorriso.

"Conseguimos." A voz da shihandai estava rouca por causa dos dias sem falar, mas foi o som mais maravilhoso que Kenshin já tinha ouvido.

...Você voltou... Mais uma vez você voltou...

Ele só conseguia acenar positivamente com a cabeça e sorrir, Até que de repente, sua voz embargada voltou.

"Sim nós conseguimos." Kenshin gentilmente deslizou a mão de Kaoru para o lado dela e se moveu.

Ele sabia que deveria chamar imediatamente por Megumi, para se certificar de que Kaoru estava bem.

O ruivo percebeu uma fração de pânico confuso surgindo nos olhos azuis de Kaoru. "Shh, fique tranquila Kaoru, eu só estou indo buscar a senhorita Megumi para se certificar de que você está bem."

Kaoru assentiu com a cabeça, o medo que sentiu naquele segundo já estava passando.

"Kenshin... Eu posso... Eu sinto minhas pernas... Eu sinto..." Ela suspirou baixinho!

Essa era uma grande preocupação. E o alivio que o ruivo sentiu foi indescritível. "Oh Deus! Oh...Este servo vai trazer Megumi dono agora!""

Quando Kenshin se levantou de forma nada graciosa sentiu dor, afinal a torção no tornozelo o fazia mancar, Kaoru pegou a barra do seu hakama e segurou firme.

"Sim?" Ele perguntou curioso.

"O que disse na caverna .."

Kaoru não se atrevia a terminar a frase, ela teve medo de que tudo não tivesse passado de um sonho febril.

Um sorriso enfeitou o rosto de Kenshin Himura, ele se abaixou sobre Kaoru."Não foi um sonho."

O ruivo acariciou a linha do queixo da shihandai. "Eu te amo Kaoru. O medo nunca mais vai nos manter separados..." Kenshin fechou os olhos. "Eu te amo!"

As palavras fluíram da sua língua tão facilmente, que Kenshin sentiu como se as tivesse dito por toda sua vida.

Ele sentiu o sorriso propagando-se no rosto de Kaoru. As mãos da morena agora mais quente, estenderam-se até o rosto marcado pelo x.

"Eu também te amo Kenshin Himura." Kaoru fechou os olhos, sentindo-se cansada novamente.

Mesmo com suas pálpebras fechadas Kaoru notou o olhar preocupado de Kenshin.

Ela sorriu. ...Está tudo bem agora...

"Eu vou trazer a senhorita Megumi, descanse enquanto isso!" Kenshin se afastou de Kaoru, a separação quase dolorosa.

Enquanto o ruivo corria atrás de Megumi, da maneira possível para uma pessoa lesionada no calcanhar, Kaoru já fechava os olhos, deslizando novamente para a escuridão do sono.

Sua respiração estava diferente, mas fácil e viva. E Kenshin que poderia deixar a esperança tomar conta de todo o seu ser, sem motivo de se decepcionar.

Kaoru estava viva.

Eles estariam juntos para sempre. Não importa qual desafio vinha pela frente, os dois juntos seriam capazes de superá-lo.

Kenshin estaria lá para Kaoru e ela por ele.

E para o espadachim ruivo o futuro nunca pareceu tão brilhante.

O Fim ... (Do início)

^^X


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Notas finais do capítulo

Obrigada pela leitura.

Reviews sempre são bem vindos.

Beijos

Chibis

Ehhhh agora vamos comemorar o niver do Kenshin (e da Kaoru, afinal ela tem o mês de junho todo como aniversário)



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