Nós dois entramos em casa, ele colocava a mão constantemente em cima dos ferimentos.

— Dói muito? - Perguntei.

— É... um pouco. - Ele responde.

— Pode se sentar ai. - Digo e aponto para o sofá. - Eu vou procurar os curativos.

— Luka, você não precisa fazer isso.

— Eu sei, mas é minha forma de agradecer.

— Agradecer? Pelo que?

— Como pelo que!? Por ter me ajudado e fugir daquele cara.

— Ah! Isso... não precisa agradecer... 

— Preciso sim, sente. - Falo pra ele e entro na cozinha, em um dos armários menores fica o quite de primeiros socorros, pego, abro e levo até ele. - Você quer que eu coloque?

— Não, eu posso fazer isso. Obrigado. - Ele diz, abre os curativos e coloca sobre os ferimentos.

— O seu rosto está muito machucado, se quiser lavar pode ir no banheiro.

— Onde fica? – Ele pergunta, ainda colocando os curativos.

— No segundo andar, terceira porta a direita.

— Volto já.

Ele sobe os degraus enquanto eu fico sentada no sofá. Meu Deus, o que os pais dele vão pensar quando ele chegar em casa? Droga, isso é tudo culpa minha, para começar eu não devia ter mentido sobre saber aonde ficava a minha casa... O telefone começou a tocar, será que aconteceu alguma coisa? Ignoro a ligação e vou até a cozinha beber um pouco de agua, assim que o Len sair do banheiro eu vou me desculpar. Com relação ao que sinto por ele... acho que tudo ocorreu pela emoção do momento, mas realmente é impossível ele me amar tendo me conhecido agora, talvez ele apenas se sinta atraído, não sei, mas amor é uma palavra muito forte para essa situação.

É, tenho certeza que não o amo, ele é apenas um amigo, um bom amigo e vamos nos dar bem, porque nos entendemos desde o começo. Nesse momento Len desceu as escadas e me disse:

— Luka, me desculpe por ter dito aquilo, eu não sei, na verdade o que sinto por você, eu fui muito precipitado, vai ver foi pelo momento ou porque eu me senti mais confortável com você do que com qualquer outra pessoa. Sinto muito.

— Então somos dois, eu estava pensando nisso agora mesmo, não temos nenhuma experiência com relacionamentos e pode ter sido isso que influenciou a nossa precipitação. – Complemento.

— Exatamente, então, nós podemos fingir que isso não aconteceu? – Ele me perguntou ao mesmo tempo que pegava a sua bolsa.

— Sim, porém, você precisa me desculpar por ter te envolvido nisso.

— Se você insiste tanto nisso é claro que eu te perdoo, mas, você não precisava se desculpar afinal como saberíamos que aquele cara iria te atacar!?

— Tem razão, mas mesmo assim eu peço desculpas, porque você tentou me proteger e acabou assim...

— Ei! Não está tão ruim assim, não está muito inchado, além disso eu tirei todo o sangue seco, agora só tem alguns cortes, viu!?

Ri e ele fez o mesmo.

— Você tem que ir, está ficando tarde, seus pais vão ficar preocupados se não for logo, obrigada por tudo.

— Ok, estou indo. Só para reforçar isso não aconteceu.

— Isso não aconteceu. Somos colegas de classe que por coincidência tem um mesmo lugar secreto. – Digo seriamente.

— Fico feliz que tenha gostado de lá. Até amanha, Luka.

— Até amanhã, Len, tenha cuidado no caminho.

— Terei.

Esperei ele se distanciar e corro para dentro de casa, pego o celular e disco o número que estava me ligando anteriormente.

— Oi, Luka. – Ela começa.

— Oi, mãe. – Respondo.