Entro em casa pensando em tudo que aconteceu, Castiel acabou de ser bonzinho comigo? Uau, gostei deste lado dele. Minha mãe aparece na sala e me olha furiosa e preocupada, ela cruza os braços e faz uma cara de quem está esperando explicações.

– Mãe, desculpa... Eu fiquei... Hum... Fazendo trabalho no colégio, esqueci de avisar. Meu colega me trouxe em casa. - explico rapidamente e tento passar por ela e ir ao meu quarto, mas ela me barra na porta e meu pai aparece atrás dela. Coisa boa não é, meu pai deveria estar trabalhando hoje, porque ele está em casa ainda? A expressão da minha mãe vai de furiosa, pra triste e o meu pai fica totalmente branco quando bota os olhos nos meus.

– Pi... - começa meu pai, quando ele me chama de Pi é porque algo ruim aconteceu - nós sabemos de Jake, eu sinto muito. Já fomos na delegacia sem você, achamos melhor dar o depoimento para te poupar, mas eles disseram que você tem que ir de qualquer jeito. Não se preocupe, ele não vai incomodar você. - ele fala. Merda!Como ele sabe sobre Jake? A escola deve ter ligado... Agora eles vão ficar preocupados 24 horas... Não queria dar este peso pra eles carregarem, eu queria ter poupado-os de preocupações, eu ia ir na delegacia amanhã dar queixa.

– Mãe... Pai... Eu não queria que vocês soubessem... Queria evitar que vocês ficassem preocupados, viemos para cá para ter paz... Não queria deixar vocês nervosos com os problemas da minha vida, desculpa. - lágrimas começam a brotar em meus olhos, arrumo o cabelo para trás da orelha e fungo. Minha mãe me abraça, um abraço reconfortante que só ela sabe dar e então, em seus ombros eu começo a chorar como uma criança.

* Flash Back On*

Era 2 horas da tarde de terça- feira, eu estava com minhas amigas no colégio, rindo e conversando.

– Pitrey, você tem que vir conosco nesta festa! Vai estar todo mundo, e quando eu digo todo mundo eu quero dizer, T.O.D.O mundo mesmo. - diz Katy, rindo.

– Pitrey, aquele ali não é o Jake? - fala Vicky, espantada. Olho na direção que ela estava olhando e vejo ele parado, me olhando furioso, com aquele olhar... Aquele olhar me dá arrepios por todo corpo. Ele vem caminhando na minha direção e para na minha frente.

– O que você está fazendo aqui Jake? Já disse pra me esquecer. - cuspo estas palavras com nojo dele. Jake sorri e me agarra pelos cabelos, fazendo eu cair, ele me arrasta até o banheiro masculino e minhas amigas nos seguem, tentando afastar ele, mas claro, ele era mais forte. As outras pessoas não se metiam, ninguém gostava de se meter em confusão, no banheiro, ele me solta e empurra Vicky, que acaba dando com a cabeça na parede.

– Meninas, saiam daqui, chamem ajuda. Eu cuido dele. - digo, me levantando do chão desajeitada. Katy faz que não com a cabeça, mas logo em seguida, sede e sai do banheiro carregando Vicky que estava meio tonta. Jake sorri para mim e senta na pia, me olhando sempre com aquele olhar esagradável.

– Minha Pitrey... Que bom que você tirou suas amigas chatas daqui, elas iam acabar me enfurecendo. - ele diz com um sorriso malicioso, sinto vontade de vomitar, fico com gosto da bile em minha boca, eu o observo de canto a canto, sem deixar passar nenhum movimento dele, pra caso ele tente me bater.

– Jake, acabou. Supere. - digo, cautelosamente

– Não, e vou te dar uma chance pra voltar pra mim neste momento. É só confessar que me ama. - as palavras dele me atingem como um soco na barriga e fico um pouco tonta, isto é uma ameaça?

– Jake... Acabou. - quando termino de falar, ele consegue me dar um soco na costela e uma joelhada na barriga, eu tentei desviar, mas ele era mais rápido, caio no chão e agonizo de dor. Ele se afasta um pouco e a porta do banheiro se abre, três seguranças e a diretora entram e o seguram, levando-o pra longe de mim. A diretora me ajuda a levantar, mas as minhas costelas gritam de dor. A ambulância, meus pais e a polícia são chamados. Quebrei uma costela, e, infelizmente, os pais dele, que são podres de ricos, retiram todas as acusações contra Jake comprando os policiais. Merda de capitalismo. Fiquei um pouco traumatizada por um tempo, mas logo me recuperei e voltei para o colégio, infelizmente outros momentos como este aconteceram, até meus pais decidirem se mudar para uma cidadezinha pequena.

* Flash Back Off*

Minha mãe me beija, me leva pro chuveiro e depois pra cama.

– Boa noite minha pricesinha... Nós te amamos, conte SEMPRE seus problemas pra nós... Aqui nesta família, cuidamos um do outro certo? - as palavras dela me acalmam

– Sim, mãe. - ela me beija na testa e sai do quarto, e eu logo pego no sono.

No outro dia...

Acordo com o despertador tocando, levanto tomo banho e me arrumo. Hoje, decidi deixar o passado no passado, me arrumo mais que o normal para me sentir bem comigo mesma. Boto uma blusa baby look preta, o short jeans que eu mais gostava e minha bota de salto preta. Me maquio, e tento fazer um penteado no cabelo, mas, meu cabelo é muito liso e nunca para com nenhum penteado que eu faça. Tomo café com meus pais e recebo elogio dos dois, meu pai me oferece carona pro colégio, mas prefiro ir caminhando para conhecer a cidade e tomar um ar, eles hesitam antes de deixar, estavam nervosos com a possibilidade de eu encontrar Jake, mas ele não ia fazer nada na rua.

Na escola, Shirley vem falar comigo, toda cautelosa.

– Pitrey, como está?

– Bem Shirley, obrigada. - sorrio calorosamente para ela, logo o meu bom humor a contagia e ela fica contando fofocas sobre celebridades. A aula passa, sem nada de especial, a não ser os elogios, quando estou saindo do último período, Lysandre aparece na porta da sala e eu acabo tomando um susto, dando um salto para trás.

– Lysandre! CARALHO! - ponho a mão no peito e sinto meu coração acelerado, ele sorri e pisca para mim.

– Vai ter uma festa este findi, você vem?

– Festa? Onde?

– Hum... Na verdade, não é bem uma festa, é um evento que o colégio faz. A minha banda vai tocar. - ele sorri, Lysandre tem uma banda? Uau, esta é nova

– Banda? Não sabia que você tocava.- debocho

– Na verdade, eu não toco. Eu canto. - ele pisca e me acompanha até meu armário

– Quem mais está na sua banda? - pergunto, um tanto quanto curiosa, será que Castiel está na banda também? Espera... Porque estou pensando em Castiel?

– Eu, o Castiel, a Li e o Ken. Você não os conhece ainda.

– Eu canto. - as palavras pulam da minha boca antes que eu possa impedir, os olhos dele brilham e a expressão dele fica muito sorridente.

– Você podia cantar com nós. - ele faz uma pausa, pensando - vou ter que perguntar para os outros, claro, mas tenho certeza que vão concordar. -ele termina e eu recuso, morro de vergonha. Eu e a minha boca grande...

– Vamos novata, agora fiquei com vontade de ouvir você cantar... Está rolando ensaio hoje no porão. Venha. - diz Castiel assustando eu e Lysandre.

– N-não, obrigado. - gagueijo

– Quem disse que você tem escolha? - ele me puxa e vamos à escadaria do colégio, ouço um barulho de guitarra, bem baixinho, quase não dá pra ouvir se não prestar bem atenção. Castiel abre uma portinha que eu não tinha reparado e desce as escadas, Lysandre me ajuda a descer e, chegando lá em baixo, vejo tudo escuro, o ambiente era iluminado apenas por algumas luzes coloridas e, uma menina ruiva baixinha tocava bateria frenéticamente enquando outro menino com cabelos pretos tocava guitarra. Não me notariam se Castiel não tivesse me apresentado.

– Esta é a novata que falei para vocês. - ele diz. Ambos param de tocar e me olham, sorrindo, simpáticos.

– Você falou de mim? - pergunto sorrindo para Castiel, ele fica um pouco sem jeito mas logo volta ao normal.

– Se você acha que é coisa boa... Vá sonhando. - ele diz, reviro os olhos e cumprimento Liz e Ken.

– Ela canta, podemos ouvir ela? - pergunta Lysandre, Li logo concorda e lá estou eu, em cima de um mini palco, com um microfone na mão, o microfone não funcionava, era só pra "me deixar mais precionada", segundo Castiel, que pelo visto, estava se divertindo muito com meu nervosismo.

– Cante uma música lenta Pitrey. - pede Lysandre. Eu começo a cantar minha música favorita, Just The Way You Are, do Bruno Mars, no começo eu me atrapalho um pouco e Castiel ri de mim, mas depois eu consigo deixar a vergonha de lado e canto normalmente e todos ficam surpresos. Termino de cantar e os fico olhando, esperando alguém falar alguma coisa, mas então Li começa a bater palma e todos a acompanham. Fico sem jeito.

– Nossa, não esperava que você cantasse tão bem. É tão... natural. - diz Lysandre.

– É novata, não foi ruim, a não ser a escolha da música. Podia ter cantado um rock. - fala Castiel

– Castiel e seus comentários inconvenientes... - suspiro ao dizer

– Mas devo acrescentar novata, você fica muito gata quando canta.