Recomeços escrita por Vi Salvatore Cullen


Capítulo 1
Capítulo 1 - Recomeços


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :)



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Suspiro ao observa a pequena igreja quase vazia. Somos quantos? Dez no máximo? Emett, eu e pouquíssimos amigos da pesca e da delegacia. É triste. Charlie – meu pai – merecia algo melhor que isso e tento acreditar que agora está em algum lugar melhor, encontrando enfim a paz que perdeu nos últimos dois anos. Tudo por culpa dela. Nunca a odiei, mesmo quando foi embora e me deixou, mesmo quando deixou claro que eu havia sido um erro e durante dezesseis anos, um fardo. Isso não me abalava, mas a perda do homem que eu mais amava, sim.

Renée Dwyer nasceu em Londres e cresceu lá até os quinze anos, ela sempre nos contava história sobre os melhores anos da sua vida, todos lá. Também contava como odiou quando seus pais, bem mais velhos e antiquados, decidiram que valia a pena deixar Londres para viver em uma cidade pacata e morta como Forks, nos Estados Unidos - palavras dela. Aqui, ela viveu um romance tórrido com meu pai ‘’o sonhador chefe de polícia que entendia melhor de peixe do que de mulheres’’, acabando grávida um ano depois, aos dezesseis. Com a vinda de Emett seus pais ''velhos e antiquados'' obrigaram-na a se casar.

Ela permaneceu em Forks e teve meu irmão, sempre sobre os olhos vigilantes de meus avós, que a impediam de ir embora. Ela mesma, com toda a sua frieza, dizia que sempre imaginava o dia em que eles partiriam e a deixariam em paz. Isso aconteceu, quatro anos depois e alguns meses depois, eu a impedi. Nunca foi escondido o quanto ela sempre me odiou e talvez, quando eu nasci, esse ódio apagou, mas nunca morreu.

René pareceu se conformar enquanto eu e Emett crescíamos, quase se podia dizer que ela era feliz com a vida que tinha. Mas, quando eu tinha quinze anos e Emett – um ótimo jogador – foi escolhido por um dos olheiros para ir até a faculdade, o sonho de René pareceu voltar a ganhar força. Eu sabia naquela época que um dia ela nos deixaria, mas meu pai não. Um ano depois Emett saiu de Portland para ir a Atlantic City, em Nova Jerséi e nesse mesmo ano, pouco antes do meu aniversário de dezesseis, René sumiu sem deixar rastros.

Depois de alguns meses de ‘’busca’’, até os colegas mais próximos de Charlie foram claros ao dizer ‘’não se dá para encontrar quem não quer ser achado’’. A partir dai Charlie foi definhando dia a dia...Até hoje, pouco mais de dois anos depois.

Nesta manhã cinzenta todos parecem desolados e todos sabem que meu pai morreu de tristeza. Ele dormiu e simplesmente não acordou, segundo os médicos uma parada cardíaca. Fico feliz que René nunca vá saber sobre isso, não tenho estômago para vê-la outra vez. Nunca mais. Emett segura à mão de meu pai e chora, o que me dói o coração. Sei que ele se sente culpado por não ter estado tão presente nos últimos anos, mas quando me aproximo, não é mentira o que vou dizer.

– Você era o maior orgulho dele. – Emett ergue os olhos para mim e me abraça.

Emett Swan é um cara grande, forte e uma eterna criança. Ele sempre foi meu maior herói e é desolador vê-lo sofrer tanto, seu sorriso de covinha nunca deveria ser banhado por tantas lágrimas.

– Eu deveria ter estado aqui.

– Não, você deveria ter ido, exatamente como nosso pai disse pra você fazer. Você é tão bom no que faz, sabe que fez certo.

Emett vai se formar esse ano na faculdade de engenharia, mas já tem um ótimo trabalho, graças aos Cullen - segundo ele. Como eu disse, ele sempre foi o nosso – meu e de Charlie – maior orgulho.

– Ele não vai nem estar na minha formatura. – E lá estavam as lágrimas novamente. Geralmente, elas me deixariam desconfortáveis, mas sei que meu irmão precisa de mim.

– Ele vai, ele nunca perderia isso. Comprou até as passagens adiantadas. – Digo e meu coração aperta com a lembrança mas Emett sorri.

– Pelo menos posso cuidar de você, tenho dinheiro pra isso.

– E eu tenho minhas próprias economias, nada de me bancar!

E cá está a nossa mais recorrente discussão: Minha ida para Nova Jerséi.

Sempre quis sair de Forks, não da maneira ambiciosa de minha Renée, eu apenas queria novas oportunidades. Pessoas novas, lugares novos, faculdades... Eu sonhava com todas essas coisas desde os quatorze – quando comecei a trabalhar juntar meu próprio dinheiro. Mas, após a ida de René, deixei tudo isso para trás e aceitei que Forks era realmente meu lar. Agora ir embora não parecia empolgante mas sim assustador.

– Você vai, Bella. Precisa ir. Nós sempre falávamos sobre isso, lembra quando discutimos quando eu ia vir te buscar?

Emett sempre foi meu melhor amigo, também. Passávamos horas conversando sobre como seria sair de Forks e quando ele enfim conseguiu ir, todos os dias nos falávamos ao telefone, todos os dias planejávamos a minha ida também.

– É diferente agora...

– Você já esta formada, tem dinheiro de quatro anos guardados...Somos só nós agora, é a sua chance!

– Eu estou bem onde estou, com meu trabalho com as crianças e também na lanchonete. – Emett revirou os olhos com a menção da lanchonete.

– Você odeia aquele lugar!

– Mas amo as crianças!

Emett parece prestes a me responder quando uma voz conhecida me chama.

– Bels! – Ali está Jacob, meu melhor amigo a anos. Ao seu lado estão Jessica e Angela, também minhas amigas desde o jardim de infância.

Todos me abraçam, assim como a Emett – Jess e Ang demoram mais do que o necessário, o que me faz quase sorrir. As meninas vão embora rápido e apenas Jacob fica, mantendo um braço protetor sobre meus ombros.

Jacob Black é um ano mais novo do que eu , mas seu porte o faz parecer ser mais velho. Ele é atlético, com uma pele bronzeada do sol e olhos castanhos acolhedores e mora na aldeia – onde fazemos trabalho voluntário com as crianças. O conheci graças a amizade de meu pai com Billy Black, seu tio que o adotou quando os pais foram embora.

Billy Black morreu no início do ano passado e é por isso que sei que Jacob sabe o que estou passando. Ele sabe como é ser rejeitado – como eu fui - e também conhece a dor da morte. Quando eu tinha quinze anos e René foi embora demos cerca de cinco beijos e conseguimos rir disto até hoje. Jacob é ótimo, mas também parece querer me ver longe de Forks, o que me irrita.

– Eu não quero te deixar aqui. – Tento.

– No fim deste ano estarei zarpando Bels, com ou sem você. Você sabe disso. – Bufo, descontente.

– O pai gostaria que você fosse. – Ali está, o aperto no coração novamente.

Eu, melhor do que ninguém, sabia o quanto aquela frase era verdadeira. Todos os dias meu pai me falava ‘’essa cidade é pequena demais para você, Bels. Você nasceu para ser grande’’. A lembrança trás lágrimas aos meus olhos e Jacob me abraça.

– Ele tinha razão, você está destinada a ser grande.

No fim da tarde, Charlie foi enterrado e as lágrimas – tão bem contidas até então – derramaram-se sobre mim. Pensei que fosse desmaiar, mas aguentei a dor até o fim.

Agora, alguns sanduíches depois, eu, Emett e Jacob estamos arrumando as coisas de meu pai. Resolvemos doar grande parte das roupas, guardando apenas aquilo que era realmente especial.

– Você acha que ela vai saber? – Jacob pergunta, quando Emett sai. Emett mal suporta a menção daquela mulher.

– Se souber fará questão de ignorar. Não há um coração ali, Jake.

Ele suspira, enquanto eu fecho a última caixa e suspiro.

– Estou exausta, tudo dói.

– Você precisa de um banho, deixe que eu e Emett cuidamos do resto.

Concordo mas sei que nem um milhão de banhos fará a dor passar. Tudo dói, até mesmo meu coração, é como se cada batida fosse uma guinada de mais e mais dor. Enquanto retiro minha roupa e entro na ducha quente, faço uma prece baixinha esperando que um dia isso alivie, apesar de duvidar.

Estou, derrotada e amedrontada, fazendo as malas. Jessica e Angela estão me ajudando, apesar de no momento eu não me sentir sociável.

– Isso é demais, Bels. Você não pode ser tão contra ir embora. – Jessica diz, enquanto continua retirando e dobrando roupas.

– Acho que Forks é meu lugar.

– Não, não é. – Angela diz e pisca pra mim – Você sabe.

Finalmente terminamos e tenho ao todo duas malas grandes e uma de mão. Descemos as escadas e as levo até a varanda,as duas me abraçam apertado.

– Você vai amar, mande fotos! – Jessica diz e me joga um beijo estalado.

– Boa sorte, confie e vai dar tudo certo. – Angela diz e sorri.

As duas se vão e entro novamente na casa, me jogando ao lado de Jacob.

– Espero que você pelo menos sinta minha falta.

– Eu oficialmente irei sentir, prometo, mas não muita já que ano que vem nos veremos.

Tenho certeza que Jake vai sentir minha falta, mas não tanto quanto eu dele.

– Tente aproveitar, Bels. Esta na sua hora, pare de ser tão negativa sobre isso. Você nunca foi a garota que dá pra trás, você luta por aquilo que quer, não se esqueça disso. Uma criança amedrontada não combina com você.

Suspiro e sei que todos estão certos, eu sempre quis isso e agora é a minha melhor opção, mesmo assim o nervosismo é paralisante.

– Estou tentando Jake.

– Então pare de tentar e faça. – Ele me repreende mas ainda sorri.

Olho em volta e a casa esta praticamente toda mobilhada ainda, pela preferência do novo inquilino. Ele se mudará para cá amanhã a tarde, já eu e Emett estaremos embarcando ainda nesta madrugada.

*************

– Não esqueça das fotos, Bels!

– E das mensagens, todos os dias. – Completo enquanto o abraço novamente. Nunca achei que me separar de Jacob seria tão difícil.

– Pare de ser um bebê chorão, Isabella Swan – Ele diz enquanto o solto – nos veremos em breve.

Jacob abre a porta do carro e pisca enquanto fecha. Emett sorri para mim, com suas covinhas como se dissesse: vai dar tudo certo.

Um pouco depois do avião decolar, Emett e eu começamos a conversar.

– Você sabe que vou querer trabalhar, certo? – Ele sorri.

– Na verdade, eu já estive pensando em algo se você concordar, claro.

– O que? – Indago, curiosa.

– Você disse que gosta de crianças... Que tal um trabalho de babá?

– Babá para quem?

– Na verdade, é para um grande amigo amigo. Mais como um melhor amigo.

– Edward Cullen?

Emett já havia me falado dele, assim como de sua família. Até onde eu sei, foi graças a ele - seu colega de faculdade - e sua família que Emett tem um emprego tão bom hoje.

Emett concorda e me lembro de quando ele me falou sobre o filho de Edward, Anthony, a pouco tempo atrás. Meu coração aperta ao me lembrar que o belo menino de olhos verdes e cabelos cobres não consegue falar.

– A mulher e mãe de Anthony os deixou e agora o cara está perdido, ele realmente precisa de ajuda Bels.

– Mas não sei como será com uma criança que não sabe falar, não o conheço para entender suas vontades.

– Haverão cuidadoras extras, especializadas no caso de Anthony. Edward precisa de alguém de confiança e com horários flexíveis.

– E ele vai aceitar uma estranha?

Emett me olha feio.

– Não, vai aceitar minha irmã.

– Que ele não conhece. - aponto novamente. Eu nunca deixaria meu filho com alguém que não tem ao menos algum tipo de antecedente.

– Não crie neura, Bella. Ele está nervoso com tudo isso e me pediu ajuda. Será bom pros dois.

''Não crie neura''. Penso um pouco nessa frase e percebo que realmente, se encaixa comigo. Mas é como uma auto-defesa, eu preciso me preparar para qualquer coisa que possa vir.

– Pense menos, Bels. Vai dar tudo certo e se não der, a gente tenta de novo.

Encaro os olhos sérios de meu irmão e decido.

– Eu vou. - Emett sorri e suas covinhas infantis voltam.

– Está na hora de recomeçar!


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ter lido. Sei que é difícil comentar algo em um primeiro capítulo, então que tal eu deixar uma perguntinha aqui no final pra melhorar a comunicação? ;)Vocês preferem capítulos longos ou curtos? E, vocês conhecem alguém que poderia me ajudar com a capa da fic? Beijos, até o próximo :)