Antes Que Você Me Deixe... escrita por umaasgardiana


Capítulo 4
Capítulo - 3 - Querido Amor Verdadeiro...


Notas iniciais do capítulo

Hello my loves! Deeeesculpa a demora, esse capítulo era o único que ainda não estava pronto, então precisei de um tempo a mais pra poder escrever exatamente o que eu queria, acho que consegui. Esse e o próximo capítulo, são os que mais me deixaram chorosa kkkkkkkk espero que tenha ficado bom, e que vocês gostem... me desculpem qualquer errinho :)
Música do cap. ~~> https://www.youtube.com/watch?v=-9MxXArsZN8 lembrando que a letra da musica nesse cap, não esta na ordem certa.
Boa leitura :D



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"Eu sei que você amava ela, e eu te entendo, eu sei como é. Mas o que me irritava é que você não entendia que ela não sentia o mesmo, talvez ela seja uma boa pessoa, de verdade. Mas ela não te amava, eu acho que você devia saber disso desde o início, e eu tive que ver tudo isso sabe? Eu amando você que não me amava, e você amando ela que não te amava, uma coisa em comum pelo menos, não?

Mas quer saber? Felicidades. E que você realize todos os seus sonhos, e que tudo que for belo e grandioso nesse mundo seja direcionado a você, você merece...bom, eu acho que você merece, afinal eu não te conheço... e no final das contas você também não me conhece."

– Autora.

Dois meses haviam se passado, e eu estava em casa, ia ao hospital todos os dias ver Henrique, mas já havia começado a voltar pra casa, me sentia um pouco melhor... mas ainda parecia que eu tinha caído numa depressão profunda e sem volta, ainda doía. Eu não assinei os papéis, claro que não.

Eu não ia matar o amor da minha vida, ele ia continuar aqui...

Tomei um banho, comi alguma coisa, e estava indo em direção a porta quando ouvi a campainha tocar.

Estranhei, ninguém vinha aqui em casa desde... desde o acidente.

Abri a porta e me surpreendi ao ver Gustavo ali.

– Gustavo? Oi... é, eu tava indo pro hospital agora, você quer uma carona? – eu disse meio desconcertada ainda surpresa por vê-lo ali.

Ele me deu um sorriso amigável.

– Oi Angel, tem um minuto? Eu preciso falar com você... – ele disse mais sério.

Deixei-o entrar, e lhe ofereci uma cerveja que ele não aceitou.

– Então... sobre o que você quer falar? – perguntei me sentando ao sofá de frente a ele.

– Como vai a faculdade? – ele perguntou, e eu percebi que ele não queria ir direto ao assunto.

– Meio complicada, eu faltei durante dois meses, mas os professores sabem da minha situação, terei que fazer as provas nas férias, e então acho que vai ficar tudo bem. – disse tentando sorrir, e me lembrando de que tenho que estudar as matérias que os professores me enviaram por email.

– Espero que sim, você é uma boa aluna, se dedica bastante na arquitetura, Henrique vivia elogiando você. – ele disse sorrindo. – As vezes era até irritante. – ele continuou.

Sorri também, mas Gustavo dizendo o nome de Henrique por algum motivo me deu uma sensação estranha.

– Gustavo? – eu disse ficando mais séria.

– Que? – ele perguntou parando de sorrir.

– O que você veio me falar? – perguntei, e não tinha certeza se queria ouvir a resposta.

Gustavo sorriu fraco, e abaixou a cabeça para fitar o chão, como se estivesse escolhendo as palavras certas. E eu fiquei mais apreensiva ainda.

– Sabe, ele me mataria se eu contasse pra você... – ele falou voltando a me fitar.

– Contasse o que? – perguntei, curiosa.

– Eu não ia contar, mas... já se passaram 5 meses que ele não acorda Angel, e pra ser sincero, não acho que ele vá acordar. – ele respondeu, me deixando irritada.

– Gustavo, da pra ser mais claro? Vai direto ao ponto. – disse séria, e ele assentiu.

Levou a sua mão até o bolso do seu casaco, e retirou um papel dobrado. Ele ficou fitando o papel em suas mãos pelo que me pareceu muito tempo, como se não tivesse certeza do que estava fazendo. E então ele estendeu sua mão com o papel, e eu demorei mais ainda para finalmente pega-lo.

Desdobrei lentamente, e senti meu coração acelerar em cada movimento. Quando o papel foi todo desdobrado, tive vontade de chorar por reconhecer a letra esfarrapada e quase sempre ilegível de Henrique. Olhei para Gustavo uma ultima vez, como se estivesse pedindo permissão ou algo assim, ele assentiu, e eu comecei a ler.

“Angel, eu sei, você sabe, o mundo sabe, o quanto eu sou horrível para me expressar. Expressar tudo o que eu sinto, principalmente expressar o que eu sinto por você. Acho que todo mundo é ruim nisso, você também não é lá essas coisas, certo? Você é difícil e ao mesmo tempo incrível com as palavras, difícil porque quando você as diz, quase sempre tropeça em meio a elas, fica nervosa, e com aquele tique de ficar tremendo a perna que você tem, e que eu amo. E incrível porque descobri recentemente, não me mate por isso, que você escreve textos, maravilhosos por sinal...


Caro amor verdadeiro

Eu sou um escritor sem palavras

Eu sou uma história que ninguém ouviu

Quando estou sem você

Gelei e levei a mão livre a boca, surpresa. Não acredito que ele leu meus textos, textos que eu escrevo desde meus 15 anos, textos que eu falo sobre tudo, inclusive sobre ele, sobre minhas frustrações e sentimentos confusos em relação a ele, meu deus que vergonha alheia, como ele descobriu?

Olhei para Gustavo e como se ele estivesse ouvindo meus pensamentos, ergueu as mãos pra cima, rindo, como se estivesse se fazendo de vítima.

– Não tenho nada com isso Angelina, você deixou seu email aberto um dia, Henrique foi fuçar... viu que tinha uma pasta, clicou e abriu. – ele disse ainda rindo, e eu sorri envergonhada.

– Mas não se sinta envergonhada por isso, ler seus textos só o deixou ainda mais apaixonado por você... – ele disse sincero, e eu assenti, voltando a ler o papel.


Eu sou a voz

Eu sou uma voz sem som

Eu sou um mapa do tesouro que ninguém encontrou

Quando estou sem você

[...] e se expressa tão bem neles, fiquei apaixonado pela sua voz muda Angel, aquela voz que ninguém conhece, aquela voz que existe apenas nas suas doces palavras escritas, e eu te amo um pouco mais por saber que essa voz existe.


Caro amor verdadeiro

Sou uma lanterna sem luz

Eu sou um boxeador, com muito medo de lutar

Quando estou sem você

E por isso, eu decidi que iria arriscar fazer o mesmo, quem sabe eu não consiga me expressar melhor se ler algo que fiquei dias escrevendo pra dizer em voz alta á você...


Eu sou uma memória

Eu sou uma memória fora de forma dobrada

A infância já machucada com a idade

Quando estou sem você

Eu te amo, amo suas manias, amo seus defeitos, amo suas qualidades, principalmente aquelas que você ainda não sabe que tem. Amo o jeito que você sempre reclama do seu cabelo, e eu amo seu cabelo, mesmo ele sendo rebelde e sem controle, acho que o amo porque ele me lembra você. Eu amo quando você tenta ser má, quando você tenta ser durona e insensível, amo isso porque é nessas horas que eu percebo o quão boa você é, sei disso pois quando você é grossa ou fria, seus olhos me dizem que você se arrepende na hora. Eu amo seus olhos também, amo a sensação de mistério negro que eles dão, a sensação de não saber a profundidade, de dar um passo no escuro, de nunca saber o que vai acontecer no próximo instante.


Caro amor verdadeiro

Eu sou um artista sem pintura

Eu sou o acordo que todos breaks

Quando estou sem você

Eu amo a pessoa que você era quando eu te conheci, e amo mais ainda a pessoa que você se tornou com o passar do tempo. Me orgulho de cada passo que você deu sozinha, e de cada empurrãozinho que eu dei pra você também.


Eu sou um sussurro

Eu sou um segredo que ninguém mantém

Eu sou um sonhador de sonhos de outra pessoa

Quando estou sem você

Amo o jeito que você me ama, o jeito que você ainda me ama, desde o tempo em que eu não sabia disso. Acho que seus textos me ajudaram a entender melhor o que você sentia por mim, e eu sei agora, que era um sentimento muito forte pra alguém de 15 anos sentir, e eu me sinto honrado por ter sido amado por você naquela época.

E eu amo seus textos, mesmo sabendo que nem todos são sobre mim, ah... eu também amo aquele seu texto que você manda eu me foder, eu e todos os homens do mundo. A questão é que eu vou te amar onde quer que eu esteja, não tenha duvida disso.

Mas vamos ao que interessa...

Comecei a rir em meio as lágrimas, e eu não sabia o que eu estava sentindo naquele momento, sabia que era forte, muito forte, e doía também... porque queria que Henrique tivesse a chance de me falar tudo aquilo, queria que ele estivesse aqui...

– Ele ia... – eu disse, não completando a frase, não consegui. Mas Gustavo entendeu o que eu iria perguntar, pois assentiu com a cabeça.

– Ele tava empolgado sabe? Tava se sentindo um Shakespeare por escrever algo assim, eu disse pra ele que tava muito grande, mas ele não me ouviu. – ele disse sorrindo fraco fazendo sinal de negativo com a cabeça.

– Já tava tudo certo, ele tinha comprado as alianças e tudo o mais, tinha feito esse texto enorme, ele tava uma pilha... – Gustavo continuou, quando eu percebi que ele tinha começado a chorar... e soluçar.

– Gustavo, eu.. – disse, começando a me preocupar.

– Ele tava tão feliz Angel, ele te amava tanto! – ele disse e eu chorei mais ainda, assentindo. Eu sabia.


Caro amor verdadeiro

Eu sou um adeus que veio muito em breve

Eu sou um hand-me-down que sonha em ser novo

Quando estou sem você.

– Eu sei... – disse pra ele, que ficou mais calmo.

– Eu estava ajudando ele, na semana em que o acidente aconteceu. Enquanto você tava na faculdade eu vinha pra cá e tentava dar algumas ideias pra ele e tudo estava indo bem. No dia do acidente, ele tinha passado aqui em casa pra me mostrar o texto já pronto, e eu falei pra ele escrever no computador e imprimir já que era capaz de nem ele entender o garrancho da própria letra, e assim ele fez, óbvio que eu chamei ele de gay, e óbvio que ele me mandou ir a merda... – Gustavo disse e soltou um riso fraco.

– E então, quando era umas quatro da manhã, ele me ligou desesperado... disse que tava disposto a te pedir em casamento logo de manhã, que tinha percebido que era o momento certo, mas que ele havia esquecido o texto aqui. Eu quase o matei por ter me acordado, e disse que dava pra ele buscar de manhã, que não era o fim do mundo e você nem ia perceber, mas ele queria ir buscar aquela hora. Não discuti, disse que deixaria o texto na porta, e voltei a dormir. Eu ouvi quando ele pegou o texto, eu ouvi quando ele saiu... – ele disse e voltou a chorar de novo.

– Eu tinha uma chance Angel, não me custava nada ter esperado ele acordado e eu mesmo entregado o texto pra ele, eu podia ter abraçado ele e dito um ‘Boa sorte’, mas eu simplesmente continuei dormindo... ele era como um irmão pra mim, e eu nem pude me despedir. – Gustavo ia dizendo e a cada palavra que ele dizia eu chorava mais.

– Ele ainda não morreu... – eu disse.

– ESSA É A QUESTÃO! Você não percebe? Não é só você que ta sofrendo com isso, ele tem uma família, ele tem amigos! Já se passaram cinco meses Angelina, ta na hora de deixar ele ir... – ele disse nervoso, me assustando.

Eu não tinha percebido que mais pessoas estavam sofrendo, não tinha parado pra pensar na dor nos outros, porque pensar na minha própria dor já era horrível.

– Eu achei o texto a dois meses atrás, o verdadeiro, escrito por ele. Eu nem tinha percebido que ele havia deixado lá, achei que tinha jogado fora depois de ter passado pro computador e imprimido. Eu não sabia se devia te mostrar porque eu ainda tinha esperanças que ele voltasse, ele estava voltando pra casa quando sofreu o acidente, ele ia te pedir em casamento! Não seria legal eu te mostrar algo que ele mesmo ia te dizer... mas ele não vai mais voltar Angel, no fundo você sabe disso. – ele disse e eu fiquei na negativa.

– Eu não aceito isso. – eu disse e Gustavo levantou.

– Sei disso, por isso trouxe o texto... uma hora ou outra, você vai entender a razão de eu ter te entregado o papel. – ele disse como se estivesse cansado demais pra discutir, e foi embora.


Assim, com este anel

Que você possa sempre saber uma coisa

O pouco que eu tenho para dar

Eu darei tudo a você

Depois de ficar parada no mesmo lugar por pelo menos duas horas, reli o texto novamente, e de novo, e de novo... E como um baque, entendi o que Gustavo quis dizer, ele queria que eu visse o texto como uma despedida, como um adeus de Henrique, ele queria que eu visse, que estava na hora...

Decidida do que eu deveria fazer, voltei meus olhos pra ultima linha do texto, e sorri imaginando Henrique perto de mim.

[...] Angel, você quer casar comigo?”


Você é meu único e verdadeiro amor


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam?
Bad né? coitada da Angel... mas mesmo assim achei tudo o que o Henrique escreveu muito fofo, e vocês?
comentem e me digam o que acharam, o próximo capítulo sai na segunda, então...
See you soon, beijos da pequena