Sob um olhar mais Severo escrita por Céu Costa


Capítulo 15
O Calabouço de Sophie


Notas iniciais do capítulo

Após a apuração dos votos, aí está o capitulo vencedor. Divirtam-se! Ah, e rewiews!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/624030/chapter/15

Pov Sophie

Harry sentou em uma cadeira na minha frente, de costas para mim, pensativo. Ele olhava para o chão, sem enxergar nada de fato, como se estivesse desligado. Desligado do mundo ao seu redor, do universo, de tudo o que poderia acontecer, de tudo o que havia acontecido, desligado até de si mesmo. Se ele ao menos estivesse pensando eu tenho certeza de eu saberia. Mas nem isto ele tinha vontade de fazer.

Eu então ergui meus olhos, notando a presença de outra pessoa na tenda. Hermione estava sentada em um degrau perto da cama. Ela abraçava os joelhos, olhando atentamente para um pequeno e antigo rádio AM/FM. Hermione estava triste. Estava mal. Estava com saudades.

Eu caminhei até o Harry, e me ajoelhei ao seu lado.

– Mione gosta de dançar... - eu sussurrei em seu ouvido.

Harry ergueu os olhos, parecendo notar somente agora a presença da amiga. A melodia que vinha do rádio era doce e nostágica, um tanto melancólica de se ouvir.

– Mione gosta de dançar... - Harry moveu os lábios, apenas repetindo minhas palavras.

Um sorriso involuntário se abriu no meu rosto. Pela primeira vez em muito tempo, Harry estava me ouvindo. E isso era bom. Caminhei até a frente dele, e me ajoelhei, olhando em seus olhos. Harry não olhava para mim. Eu sabia de alguma forma, que ele não podia me ver. Mas ele podia me ouvir.

– Dance, Harry.

Com a força do meu comando, ele se levantou da cadeira, e caminhou até ela. Hermione o olhou, esperando que ele dissesse o que queria. Harry estendeu sua mão direita para ela. Mione estranhou o gesto, mas não discutiu.

Eu me sentei na cadeira em que o Harry antes estava, e observei contente Harry puxá-la até o centro da cabana, e então, começar a conduzi-la. Hermione foi se soltando aos poucos, e logo todos estávamos rindo. Eu batia palmas. Eles dois dançavam. Felizes.

***

Minha cabeça zunia, eu sentia como se latejasse de dor. Na verdade, eu sentia dor em locais que eu nem sabia que poderia sentir. Meus cabelos, minhas mãos, meus pés, minhas pernas, meus olhos, meus dedos, meu ser, minha alma, tudo estava extremamente dolorido. Estava tudo tão confuso...

A dor e a tontura me permitiram identificar poucos elementos no ambiente em que eu me encontrava: uma grande cama de mogno escuro cortinada com seda negra; uma cristaleira com frascos transparentes, e seus conteúdos eram brilhantes e fluidos; uma grande peteadeira com espelhos velhos, com uma bacia fina de água reluzente; muitas pratelerias abarrotadas de diversos livros empoeirados; uma grande quantidade de quadros espalhados por todas as paredes, cobertos com panos negros.

Olhei para o lado com dificuldade, e identifiquei finalmente um objeto familiar. Sobre uma mesa de cabeceira, bem perto da cama, estava meu colar de coração. De súbito, lembrei do trem, e das coisas horríveis que aconteceram lá.

"- Desejam alguma coisa, senhores? - eu perguntei, debochada.

– Vê se não se mete! - um dos que estavam vestindo capas negras puxou a Luna pelo braço.

Eu me assustei com aquilo, e segurei a garota com força, arrancando-a das mãos daquele homem nojento. Eles sacaram suas varinhas, todos aqueles quatro seres de capuz negro, e apontaram para nós. Empurrei Luna para trás de mim, e saquei minha varinha, enquanto Neville fazia a mesma coisa.

Foi tudo tão rápido... Eles atacaram, eu me defendi... Acertaram a Luna... Eu gritei, lançando feitiços mais fortes... Amico Carrow lançou um feitiço, ele acertou em mim... Minhas pernas falharam... Neville gritou, em desespero... Eles pegaram a Luna... Depois disso, a escuridão."

Saltei da minha cama, ignorando completamente toda a dor que eu sentia. Eu fui sequestrada! Como assim, sequestrada, gente? Isso não pode ser verdade! Não pode! Peguei meu colar de coração e guardei no bolso da minha calça jeans, e saquei minha varinha, pronta para atacar.

Eu dei alguns passos, tentando identificar onde eu estava. Era um lugar grande, de pedra, estranhamente familiar, como um lugar que você nunca viu, mas que você conhece muito bem, pois parece com milhares de outros lugares. O que, na verdade, não ajuda muito.

Então, eu me deparei com uma grande mesa escura e envernizada. Sobre ela, havia uma bandeja de prata, com biscoitos e leite. Aquilo era sinistro. Por que um sequestrador trataria uma vítima tão bem? Logo, me ocorreu uma ideia ainda pior. A comida provavelmente tinha veneno.

Bombarda! - eu sussurrei, atirando nos biscoitos, que explodiram pelos ares.

O barulho atraiu meu sequestrador, e eu ouvi seus passos apressados se aproximando. Eu queria correr e me esconder, mas a dor e a tensão paralisaram minhas pernas, então tudo o que eu consegui fazer foi ficar quieta ali e esperar. Esperar pelo pior.

– Se não queria os doces, - Snape disse, entrando na sala - bastava apenas deixá-los ali.

– Eu não queria que os ratos morressem envenenados. - eu retruquei. Estava estática, estava confusa. Por que Snape estava ali? Ou melhor, por que Snape mandou me sequestrar?!

– Por que eu envenaria você? - Snape retrucou - Se eu quisesse você morta, já o teria feito, e você nem ao menos teria revidado.

Eu não podia negar que ele tinha razão. Se ele quisesse me matar, eu estava desacordada e indefesa na cama, eu não poderia revidar, não teria como me defender. Eu estava perdida. Mas eu me lembro de que não fui sequestrada sozinha...

– Onde está a Luna? - eu perguntei.

Snape suspirou, apenas olhando a mesa chamuscada.

– Eu não tenho informações sobre o paradeiro da Srta. Lovegood, mas... - Snape tentou falar.

– Mentira! - eu retruquei - O senhor sabe onde ela está! Sabe, e não quer me contar! Mas eu entendo... deve ser mesmo difícil contar, sabendo que ela vai ser torturada, ferida, e talvez até morta.

– Ninguém vai morrer. - Snape respondeu - E o paradeiro da Srta Lovegood diz respeito apenas...

– Ao Lorde das Trevas? - eu interrompi.

– Não deveria dizer estas coisas... - Snape me reprimiu.

– Interessante, então não posso falar nada sobre Lorde das Trevas ou algo assim, mas eu posso lançar a Maldição Cruciatus em qualquer aluno que eu não vá muito com a cara?! - eu o interroguei - Aliás, o que comensais da morte fazem em Hogwarts? Por que o senhor permite isto? Por que não fez nenhum pronunciamento, heim, heim? Por que continua nas sombras, quando tantas coisas terríveis acontecem na sua escola?

Snape apenas suspirou, sem conseguir se pronunciar. Minhas acusações contra ele era severas, mas eu realmente esperava que ele fizesse alguma coisa. Nem que fosse brigar comigo e me mandar calar a boca. Mas nem isto ele fez.

Magnific! Silêncio! - eu explodi - Mais uma vez, tudo o que eu recebo é silêncio! Como vocês todos podem fazer isto comigo? Acaso esquecem que eu tenho sentimentos? Parece até que esquecem que eu existo! Eu preciso enfrentar o silêncio de Belle e Eric, que não conseguem trocar uma frase sem mandar indiretas um para o outro; preciso enfrentar o silêncio do Harry, que parece bloquear sua mente para não falar comigo, para sequer pensar em mim; preciso enfrentar o seu silêncio, que permite que o mal entre em Hogwarts e se divirta! Apenas o Lorde das Trevas parece se preocupar comigo! Ah, sim, pois quase todas as noites ele sempre manda um pesadelo ou lembrança de tortura terrível e fresquinho para me apavorar! Por que vocês todos não vão se ferrar? Heim? Eu odeio todos vocês!

Eu não estava de fato falando a verdade, não odeiot todos eles. Mas é que... eu estou tão frustrada! Todos parecem me odiar! Inclusive meus melhores amigos! Isso é muito frustrante, eu fico muito zangada. E magoada.

– Pesadelos... - Snape sussurrou - Pesadelos quase todas as noites...

– Sério? Dentre todas as coisas que eu disse o senhor só reparou nisso?! - eu retruquei.

– Potter sofria com pesadelos. Pesadelos frequentes. - Snape continuou.

– E por que isso não me surpreende? - eu ainda estava zangada.

– Existe uma maneira de impedir isto.

Eu olhei atentamente para os olhos dele.

– Como assim? - eu sussurrei.

Snape suspirou, pesando o peso de suas palavras. Não podia colocar tudo a perder.

– Existe uma técnica de proteção chamada Oclumência. Ela permite que você bloqueie sua mente, protegendo-a contra invasores; permite também que você modifique qualquer memória para confundir o invasor, fazendo-o acreditar em algo que não é real, e protegendo a memória verdadeira. - Snape olhou no fundo dos meus olhos - É um processo doloroso, complicado e muito complexo, e são poucos os bruxos vivos que conseguem dominar tal arte.

Eu parei e analisei. Agora tudo faz sentido. Snape mandou me sequestrar para me ensinar. Ele quer que eu proteja algo que é importante. É um motivo um tanto estranho, sequestrar alguém para ensinar. Mas se esta é minha única chance, não vejo por que não arriscar.

– Quando começamos? - eu suspirei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

PRONTO PRONTO Não precisam se asustar ninguém viu nada sobre eu ter escrito o nome da Luna errado agora tá tudo certinho tá tudo bem, não falem nada sobre isso. VOCÊS NÃO VIRAM NADA!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sob um olhar mais Severo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.