Celest escrita por Alpha, Borges


Capítulo 7
Samuel / VII - Dedos


Notas iniciais do capítulo

DOIS ANOS DEPOIS - Olá, galerinha! Malz pela demora a postar novo capítulo, é que tive uma diversidade de problemas, e este capítulo em questão foi difícil de escrever, vocês entenderão o porquê. Espero que gostem, e desejo uma boa leitura ;)



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Na Quirognomonia, você consegue definir uma pessoa pelas pontas de seus dedos.

Neste pequeno mundo, existe basicamente três tipos de pessoas, sendo elas a de dedos quadrados, pontudos e arredondados. Os primeiros são pertencentes ao tipo de pessoa realista e altamente metódica, excessivamente apegadas a ordem e a regra. Os segundos são o oposto, pois são extremamente sensitivos e emocionais, geralmente sendo os que taxam-se de místicos, excessivamente apegados ao fanatismo religioso. Os terceiros, de dedos arredondados, são os que tem intuição, imaginação, caridade e afeto, e são levados a gostar de poesia e assuntos ocultos. Porém, têm um pé na realidade e o outro na lua, levando a uma dicotomia inconveniente para seu possuidor, como dois irmãos que não se gostam sendo obrigados a dormir juntos, dividindo uma coberta pequena - passam a noite toda puxando o cobertor um do outro, tornando-se um valioso cabo de guerra. Em suma, estes são sonhadores e teimosos.

No arsenal de características físicas de Sam, de importante mesmo, que molda seu jeito de ser, resume-se a dois atributos: ele é baixo se considerarmos a estatura do homem médio, o que lhe resulta em certos inconvenientes.

E tem dedos arredondados.

Naquela noite em questão, uma guerra havia sido declarada entre os dois lados.

O celular tocou.

― Onde você está, man?! – um irritado Michael falava do outro lado da linha ― Cara, nós já tínhamos concordado que você viria para a festa, nem que o filme Armageddon estivesse acontecendo e o Bruce Williams não tivesse conseguido furar aquela droga de asteroide.

Mike era bem específico em suas exagerações.

― Eu...

Tinha uma explicação lógica para a promessa. Um dia após a vitória de xadrez, Michael ficara sabendo de todos os boatos e decidiu, como qualquer ser humano naturalmente saudável, focar em Sam dispensando Alison. Embora o resto dos colegas de classe tinham somente feito uma ou duas questões sobre as razões do garoto, seu amigo deu um épico sermão, no qual o chamou de “arregão”, frouxo, gay, medroso e outros adjetivos não tão saudáveis.

― Tem capacete? Porque se precisar de carona, posso te buscar de moto – Mike prestativamente sugeriu

― Não precisa, já peguei um táxi e estou indo para aí – Mentiu

— Tô te esperando aqui, Redtube.

Coitado do Michael. Se ele entendesse a minha situação...

A entrada para o espaço Lockwere era daquelas em que tem um vigia dentro de um mini cubículo sentado em uma cadeira, assistindo novela em uma televisão de doze polegadas. Ao invés deste despreocupado homem descrito anteriormente, não havia ninguém.

Algo de muito estranho está acontecendo aqui, Sam refletiu.

O lugar ocupava um bairro inteiro, porém uma boa parte era do gramado e árvores para o paisagismo do local. Na noite, luzes de espectro esverdeados iluminavam os troncos e folhas de cada coqueiro. Sam seguia ao meio de toda esta iluminação, numa estrada de cascalhos. O prédio era um teatro comum de arquitetura moderna, lembrando várias caixas cinzentas de sapato agrupadas. Dentro do prédio principal, cadeiras estofadas dispunham-se em vários semicírculos, decrescentes à medida que aproxima-se do palco - um holofote aceso, insuficiente para iluminar a penumbra.

Uma coisa humanoide, vestida com um manto negro e com uma grande máscara de bode emergiu como algo que, apesar da lamparina, se mostrava ainda mais sombrio do que a escuridão do local. A sensação o lembrou daquelas mãos geladas de seus primos puxando os pés de Sam na madrugada, quando fora dormir na casa de sua avó, seguido por um ligeiro pensamento de “que porra é essa?”.

Seguiu a coisa até uma porta no chão, escondida embaixo de um carpete vermelho. Levava para uma pequena câmara com um buraco em seu centro. Não havia escadaria, somente uma parca visão de um trilho de trem no subterrâneo, numa altura aproximada de quatro metros. Era para pular.

Para ajudar no salto de fé, nada melhor que uma caixa de fósforos. Uma maldita caixa de fósforos entregue pelo homem-bode.

― Com todo respeito, senhor... – bode – mas para que serve isso?

A coisa simplesmente apontou para o buraco.

― Entendi. Pular. Mas e minha...

O bode antropomórfico virou as costas e voltou pelo lugar em que vieram. Não é que esteja reclamando, mas uma caixa de band-aid seria mais útil, ou pelo menos faria mais sentido. Ficou sem respostas, mesmo resmungando.

Pular estaria longe de ser a parte mais difícil do trajeto, mas ele demorou mais do que deveria. Começou com um “vamos contar até dez”. Chegando no cujo, “talvez seja melhor vinte”. Não deu muito certo, e elevou a numeração logo para cem. Quando chegou no quatrocentos, ele pulou porque estava ficando entediado.

O pouso não foi algo glamoroso como nos filmes de James Bond (geralmente seguidas de um helicóptero explodindo), mas foi macio o suficiente só para sentir que todos os seus músculos tinham virado pedra e em seguida se tornado gelatina. Voltou a brincadeira de contar até dez antes de levantar novamente.

Era para suas pernas dizerem “valeu a aventura, o bagulho foi muito louco (ênfase no muito), mas estamos te abandonando. Até mais (agora uma piscadela sacana)”. A recuperação, no entanto, foi primorosa. Se a sua parte teimosa lhe incomodou um pouco com a lógica da física e suas leis da gravidade, a parte sonhadora zoou e teve a audácia de dizer “explica isto agora, seus ateu”. Um a zero para a parte sonhadora.

Caminhou sem rumo para onde uma seta vermelha indicava, das quais Sam tinha a vaga impressão de ser pintada com sangue. Seria uma boa alternativa se aproximar para averiguar as evidências, mas ele preferiu ficar alheio a verdade. Ao menos por enquanto. A luz que iluminava aquele pequeno bloco no meio das trevas provinha do único cubículo de lâmpada no teto, sitiado de moscas dançando em círculos.

O ambiente do trilho tinha uma tênue luz rubra a distância, esta provinha das laterais, demonstrando os limites do túnel. Andou à deriva, tateando as paredes lisas, até chegar a um ponto de metrô esquecido.

Uma leve luz amarelada, anêmica, tentava não ser engolida pelo espesso manto negro. A visita do “estrangeiro” espantou alguns ratos, fugindo para as suas tocas. Um grupo de mendigos dormiam em suas camas de papelões, alguns ainda bebiam uma garrafa de cerveja. Se haviam percebido a presença do garoto perdido, não se importaram.

Deixando para trás o tal ponto e em torno de cem metros à frente, um trem antigo, composto de aço ondulado, interferia a passagem. A única maneira era adentrar pelos fundos, no qual a porta estava aberta.

Percebera, enquanto explorava o vagão, que o trem estava destruído ou quebrado, considerando os cabeamentos que soltavam faíscas ao redor de Sam, zumbindo estáticas. A barra de apoio tinha parcialmente se desprendido, os bancos eram latarias velhas do século passado e algumas janelas de vidro encontravam-se estilhaçadas. O local fedia a uma mistura de ferrugem e mijo de rato, asfixiando as narinas do garoto. Tentou bloquear o cheiro com a gola de sua camiseta social, mas foi inútil. Teve que se adaptar ao ambiente mórbido.

Próximo ao que deveria ser o penúltimo vagão a percorrer, sem contar com o do motorista, uma luz artificial, de espectro alaranjado, semelhante à da aurora ou do crepúsculo, iluminava o local com seus dedos abrindo espaço pelas sombras. Mas não pela morte.

Sam contou cinco cadáveres.

Dispunham-se imediatamente após o único ambiente do qual a claridade artificial não penetrava, como se fosse alguma espécie de buraco negro no vagão. A única coisa perceptível, se forçasse bastante a visão, eram dois pequeninos olhos absolutamente brancos a mirar Sam, camuflado na escuridão, e pela altura dos olhos estava encolhido em posição fetal, esperando pacientemente.

Eles estavam esparramados de bruços, três empilhados no chão do trem e outros dois deitados nos bancos. Os corpos estavam intactos, sem nenhum sinal de luta ou qualquer tipo de resistência. Pelo que conseguiu perceber, estavam pálidos e, quando subiu no banco para examiná-los, notou um círculo de dentículos em suas nucas, do qual assemelhava-se aos que sanguessugas utilizavam para sucção. Não tem cheiro de putrefação. Significa que eles morreram a pouco tempo, teorizou, aflito e dominando a custo as náuseas.

Sam permitiu todo o medo absurdamente guardado em seu âmago sair como uma torrente incontrolável. Só não chegou a emitir som. Sentiu-se como se aquele olhar tivesse o mesmo efeito que o da Medusa, o transformando em uma estátua de pedra.

A opção mais viável era dar meia volta, descobrir alguma passagem para fora naquele ponto de metrô abandonado e esquecer tudo. Não importava, pois se encaminhasse para aquele lugar em que o monstro espreitava, a vida não duraria muito. Talvez algumas perguntas foram feitas para não ter respostas. Não significava que estava desistindo, mas que abria mão. Ou seja, se sentiria bem consigo mesmo por ter feito a escolha mais lógica para sua sobrevivência.

Por outro lado, queria descobrir o que aquele monstro protegia, dos quais as pessoas mortas arriscaram suas vidas para tentar encontrar ou ter. Além do mais, se aquela carta estivesse certa, ele e sua família poderiam estar em perigo. Esta parte, embora pudesse perder na argumentação, era de longe a mais tentadora.

Sam se perguntava às vezes o que acontecia com aquelas pessoas taxadas de normais nos filmes. Em Godzilla, por exemplo, seria aquelas pessoas lerdas que observavam um monstro maior que o Empire State, apreciavam o desgraçado, e se tocavam que ou tinham que fugir ou enfrenta-lo com uma metralhadora, das quais as balas ricocheteavam e faziam danos equivalentes a arminhas de água. Se a pessoa normal decidisse fugir, o herói da história enfrentava e, não se sabe como, conseguia ao menos atormentar o monstro e de quebra salvava a mocinha no processo. No final, beijavam-se. Se a pessoa normal decidisse enfrentar com sua pobre metralhadora, o herói seria perspicaz e fugiria, buscando formas mais eficazes de vencer o monstro. E sabemos o que acontece com as pessoas normais - elas morrem, e ninguém se importa. Raramente alguém pensa “será que ela tinha filhos? Será que quis tentar ter um momento importante na sua vida? O que o moveu a fazer tamanha loucura?”.

Sam se achava uma pessoa normal. Ele era tão normal, que acreditava, lá no fundo, ser especial.

Fosse ele o herói ou a pessoa normal que morria com a maldita metralhadora na mão, a curiosidade prosperava no solo infértil do agressivo, constante e profundo medo. Sua maior arma era uma caixa de fósforos. E foi daí que surgiu a teoria.

Talvez seja aqui que deve ser utilizada. O monstro está esperando porque não pode invadir a luz. As pessoas que morreram deve ter imaginado que, devido ao curto espaço de escuridão e a distância do tal monstro no extremo direito do vagão, seria melhor correr desesperadamente para o outro lado. O certo, talvez, seja passar lentamente, acendendo um fósforo e preocupando-se em mantê-lo aceso durante o percurso, na altura de minha cabeça, para o monstro não atacar a nuca.

Não se satisfez somente com o fósforo. Retirou sua negra camisa e a enrolou no pescoço. Desta forma, acreditava que, se o plano “A” falhasse, o plano “B” seria proteger a sua nuca dos dentículos do tal monstro tempo o suficiente para fazer a travessia.

Acendeu um fósforo, mas deixou apagar enquanto tomava coragem para executar o plano. Somente no terceiro conseguiu dar os benditos passos.

Se fosse para arriscar uma sensação ao monstro, talvez estaria sorrindo de orelha a orelha. Eram dois passos de distância para ultrapassar aquele espaço e alcançar a porta do próximo vagão.

No primeiro, entrou.

No segundo, Sam caiu como todos os outros corpos.

***

Fora transportado para uma lembrança muito antiga, de sua infância.

Como a maioria das brigas com plateia, existem alguns tipos de padrões.

Para ter a luta, é imprescindível que haja no mínimo duas pessoas dispostas a bater uma na outra, o que era aquele caso. Às vezes também há aquelas que dizem “ah, eu não deixava”, para elevar os ânimos dos oponentes. E, com a mesma frequência, existe um terceiro, que entra para separar a briga.

Sam observava o combate em um ponto privilegiado da roda em volta da peleja. Estavam no corredor no qual os alunos utilizavam seus armários. Sentiu que não poderia mudar o que aconteceria ali, e era mais ou menos como um fantasma.

A plateia vociferava incentivos, animavam-se com os socos e vibraram com a queda de um dos garotos. O que estava em cima esmurrava, sem piedade ou noção de limites, o garoto que estava embaixo.

Neste intervalo de tempo, o terceiro, que tenta separar a briga, buscou puxar o garoto de cima do outro, mas levou uma cotovelada no processo.

Sam conhecia os três, pois era um deles.

O “protetor” conseguiria separar a briga após algumas tentativas, mas por alguns dias seria taxado de “estraga prazeres”. Ele era amigo dos dois oponentes e ficou na corda bamba para escolher qual tinha razão - qual dispensaria e qual continuaria a cultivar laços de amizade. Mudou de escola após um mês.

O “espancador” deixaria o rosto do perdedor desconfigurado por umas duas semanas, e seria levado ao diretor e suspenso da escola por má conduta, e ficaria na lista negra. Na volta as aulas, todos os professores começaram a olhá-lo como uma espécie de monstro. Sem contar que o herói separador de brigas e o que apanhava eram, até antes da briga, seus melhores amigos. Mudou de escola após três meses.

O “perdedor”, que apanhou do seu fiel amigo, ficou com um pavor compreensível dele. Fora encaminhado ao hospital após o ocorrido, onde seu pai, médico, o tratou. Sua mãe disse para afastar-se de seu antigo amigo e ignorá-lo por um bom tempo, embora este tenha pedido desculpas. Fez o que sua mãe lhe pediu, pois tinha rancor. Odiou os olhares de pena que lhe direcionavam, e sentiu vergonha quando alguns o chamaram de fracote. Continuou na escola por um ano, e mudou no outro.

Sam não era o protetor. Também não era o perdedor.

Sam era o cara que batia.

***

Contorceu-se, impondo o peso de seu corpo para esmagar o bicho que devorava sua nuca.

O monstro emitiu um grito cortante, que estilhaçou os vidros restantes, fragilizados. Bateu asas semelhantes a de uma colmeia de abelhas, e voltou a esconder-se na escuridão do vagão.

Utilizou a base do banco para erguer-se. Ainda continha forças o suficiente. De alguma forma, o monstro não teve sucesso em sua investida traiçoeira.

Sam puxou sua camisa social do pescoço e percebeu um pequeno furo cilíndrico atravessando o tecido em três camadas. Quero ver como vou explicar isto daqui. Vestiu-se. Sua preocupação era chegar ao outro vagão e sair do seu estranho percurso enquanto podia.

Encontrou uma porta lateral aberta, e por lá saiu do trem e voltou a seguir os trilhos, até chegar ao fim da linha. Uma porta de emergência o esperava, com um aviso escrito com grafite amarela “entre aqui”.

Atrás, havia uma escadaria que o levou ainda mais para o subterrâneo. Acompanhou alguns encanamentos e circuitos elétricos até encontrar uma outra porta, de aço lustroso. Empurrou-a para o lado, e viu, enfim, mais vidas humanas além da sua.

Ao todo eram doze adolescentes – cinco garotas e sete homens, contando com Sam. Todos esperavam, sentados ou andando em círculos, impacientes. As paredes eram compostas de pedras foscas, idênticas a de um calabouço medieval. Principalmente devido a uma cela escura ao norte da sala.

Uma voz reverberante, de origem não identificada, deu fim a inquietude.

― Sejam bem vindos, aspirantes – todos do local lentamente se aprumaram, e os que estavam sentados começaram a levantar-se – o último desta noite concluiu o teste. Contudo, ainda não finalizamos. Quero que façam uma fila horizontal, lado a lado.

O rosto de um dos “aspirantes” lembrava alguém, para Sam. Não teve tempo para verificar.

― Vocês – a voz prosseguiu – conseguiram vencer a Banshee. Como devem ter percebido, involuntariamente, ela se alimenta dos seus piores medos e traumas, todos derivados da morte. Serve para proteção de seu lar, mais ferozmente quando é véspera do crepúsculo ou aurora, um momento especial para sua espécie. Infelizmente, trinta e oito aspirantes não resistiram. Agora, um servo passará por cada um de vocês entregando uma tocha, de essencial importância para a sobrevivência no teste a seguir.

Um encapuzado semelhante ao que guiou Sam no teatro, porém ao invés de máscara de bode era de um cão, passou por cada um carregando um saco de malha cinzenta, formulando uma mesma questão e entregando a tocha após a resposta.

“Por que ainda tem medo?”

Ouvira uma diversidade de respostas. Um garoto franzino respondeu “A coragem não é a ausência de medo, mas como nós lidamos com ele”, o careca de face austera preferiu o silêncio, um chegou a dizer “seria maçante se não o tivesse”. Sam se limitou a um “eu não sei”. Todos receberam a tocha, independente da resposta.

― Os que temem por sua vida poderão sair por aquela porta sem temer qualquer tipo de represália. Porém, nunca voltarão a obter uma nova oportunidade na Aeon. Vocês têm dez segundos para decidirem-se.

Pessoa normal, não é? A ideia predecessora parecia-lhe uma mentira bem contada. Soava como um belo epitáfio.

Sam ficou.


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Notas finais do capítulo

Bem, vamos ver no que isto vai dar ^_^ E espero que tenham gostado do capítulo.

See Ya ;)



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