P.O.V Tony

– Jarvis, fale comigo – Falei apressado enquanto dirigia rapidamente para um bar qualquer onde Jarvis disse que ela tinha passado um tempo atrás, e espero que alguém tenha alguma dica de onde ela talvez esteja.

Verdades sejam ditas: Elena apenas vai ser achada quando quiser. Mas eu quero descobrir ela antes disso, preciso dela, preciso conversar com minha filha e fazer o certo. Desde quando eu saí por aquela porta da torre Stark com o conselho de Pepper, eu andei alguns quarteirões e nada dela, pedi então para Jarvis mandar-me um carro para que eu procurasse logo ela, eu precisaria a achar rapidamente. Jarvis estava vendo pelas câmeras da cidade, procurando em cada lugar em New York, sei que ela não iria sair nem tão cedo, não tem nada aqui além da roupa do corpo, mas sei que ela também saberia dar um jeito.

Infelizmente foi criada assim, e minha cabeça não para de me condenar, isso é tudo minha culpa. Sei que não consigo consertar isso, não posso voltar no passado, porque com a cabeça de homem que tenho hoje, teria assumido minha responsabilidade e ficado do lado dela. Mas sou velho agora, e antes não tinha essa cabeça, o que passou, passou. Preciso dar um jeito de ajuda-la, de consertá-la porque sei que aquele maldito pai que nunca foi pai acabou com ela. Preciso consertar minha criança, ajudar a moldar os seus pedaços novamente. Pepper falou comigo um tempo depois que eu sai no celular, perguntando como estava a busca. Ela gostou de Elena, e eu fico feliz porque senti que Elena gostou dela.

Mas isso não vem ao caso porque eu só preciso acha-la, só achei interessante porque sei o quanto é difícil para Elena se aproximar de alguém, só fiquei pensando que não sei, se ela fosse voltar para mim e conversar comigo, mas eu preciso falar com ela, preciso convencer ela à não sei, a falar comigo e talvez eu pudesse explica-la o que realmente eu sinto agora, eu estraguei tudo. Minha cabeça não para de rodar sobre esse único pensamento, que eu como sempre, estraguei tudo. Eu depois de tanto tempo sendo Homem de Ferro, até esqueci como é sair para procurar como uma pessoa relativamente normal.

Claro que pedi para JARVIS procurar por ela, em todas as câmeras existentes em New York, mas ele tinha que tomar conta do mundo enquanto eu estou fora disso, infelizmente, eu optei não usar o Homem de Ferro porque quis dar uma de bom pai, ou melhor, tentar recuperar um pouco dos muitos anos que perdi, queria dar uma primeira boa impressão depois daquela conversa ridícula, junto com aquelas palavras de babaca que praticamente joguei nela, estava nervoso, mas ainda assim, poderia ter feito melhor, poderia muito bem. JARVIS me mandou um endereço de um bar, o que eu não estranhei porque sei da vida de Elena e fico hesitante, não quero vê-la assim, nessa vida, bebendo, ou até não sei, morrendo aos poucos. Não consigo parar de me matar por dentro por ser tudo a minha única culpa. Quero dizer, na época eu tinha um trabalho, e somente um, e eu estraguei tudo. Acredito que Elena não esteja mais lá, mas eu sei que ela não iria para muito longe, ela só tinha a roupa do corpo, mas também sei que ela iria voltar de qualquer jeito. Não sei, não consigo imaginar o que ela faria nitidamente no momento, infelizmente. Mas de uma coisa tenho certeza, e quero consertá-la: eu errei em deixar a mãe de Elena, errei em saber da verdade e não ter assumido minha responsabilidade, errei em não ter procurado, e errei ainda mais em ter dito todas aquelas palavras duras.

E suas palavras ainda me atingem, infelizmente, mas sabia que não iria ser recebido com beijos e abraços, ainda mais sabendo das coisas que soube dela enquanto estávamos naquela cela. Não gosto de imaginar as coisas que fizeram com ela naquele lugar, apesar de tudo, sei que ela já conhecia essa parte dura do mundo. O mundo é imundo, e o mundo é difícil, mas, não sei. Não queria que ela passasse por isso, sei que tem mais de onde ela me contou, mais da história, mais sofrimento, mas ela só contou o essencial e foi o suficiente para o meu sangue ferver e querer sair dali e matar aquele suposto pai que nunca foi um pai.

Como uma ideia maluca da Pepper, ela sugeriu que eu falasse com Happy para ele me ajudar a cobrir uma área maior. Eu infelizmente concordei com muita insistência de Pepper, ela consegue persuadir a pessoa de uma forma inexplicável. Mas de qualquer forma, ela estava certa, como sempre esteve. Eu tinha que ter ajuda nisso, mas eu queria ser o primeiro a falar com ela e espero que do jeito que Happy seja, ele não estrague. Mas ele é um cara bom, sei disso. Só que foi um pouco complicado para explica-lo.

FLASHBACK ON

– Happy – Eu falei.

– Sim, senhor – Ele como sempre respondeu solene.

– Preciso de um favor, que não é muito favor porque é seu trabalho – Brinquei para descontrair.

– Pode falar, senhor. Mas estou com a Senhorita Pepper aqui na empresa, e... Cadê seu crachá? – Ele continuava gritando, revirei os olhos. Happy e sua mania com esses crachás.

– Happy, não importa os crachás agora, preciso que você faça um favor para mim – O informei.

– Pode falar, senhor. Mas antes tenho que falar com a Srta. Potts sobre minha saída...

– Deixe para lá isso, não importa as normas, foi ideia dela. Apenas faça o que eu vou falar, e por favor, não me interrompa porque isso é importante – Relatei e ele ficou calado e eu resolvi continuar. – Vou mandar uma foto para você, e preciso que você ache essa garota. Elena Stonem, minha filha. Ela está nos arredores de New York e preciso que você a ache o mais rápido possível, e é provável que ela esteja nessa parte de New York onde...

– Espera aí, sua filha? – Ele questionou.

Não acredito que depois de tantas coisas que falei, ele só prestou atenção nisso.

– Sim, Happy. Minha filha, e eu ficaria honrado em contar para você toda história, mas antes eu preciso que você apenas veja se acha ela por ai, e se achar, não vá atrás dela falar que estou procurando, apenas mande uma mensagem, não sei, para mim, mas não vá atrás dela. Preciso ir – Eu falei desligando

FLASHBACK OFF

Tinha acabado de chegar no tal bar que Jarvis tinha me comunicado, então resolvi tomar minhas chances. Pelo menos é alguma coisa.

Assim que estacionei na frente do bar, as pessoas pararam e me observaram, provavelmente pensando porque diabos Tony Stark está sem a armadura, resolvi passar logo e fui direto no balcão.

Tinha um barman lá, ele aparentava estar feliz e cantando. Provavelmente bêbado.

– Hey – Eu falei chegando ao balcão e me encostando.

– Hey, chefe. O que vai querer? – Ele perguntou simpático.

– Uma informação – Eu pedi e eu fiquei impressionado porque toda vez que eu peço informações, alguém me pede dinheiro, mas ele apenas concordou com a cabeça e eu mostrei o celular para ele com a foto de Elena. – Essa garota passou por aqui? – Eu perguntei.

– Elena Stonem? – Ele questionou surpreso e quem ficou ainda mais surpreso fui eu porque ele estava animado.

– Sim, você a conhece? – Perguntei ainda surpreso.

– Quem não conhece Elena Stonem? – Ele perguntou muito mais feliz do que estava antes. – Sim, ela esteve aqui e meu Deus, que garota. O mistério dela, o jeito como ela bebe, tudo nela é encantador. Sonho de qualquer pessoa na estrada, homem, mulher. Todos conhecem Elena Stonem – Ele falava animado e eu não poderia ficar mais chocado. Afinal, era minha filha que ele estava falando.

– Okay, você está definitivamente animado demais – Murmurei. – Ela fez o que aqui exatamente? E para onde ela foi? – Fui direto.

– Ela chegou aqui e pediu uma dose dupla de Whisky e do nada enquanto ela estava bebendo, chegou um cara atrás dela com uma garota, eles aparentavam se conhecer, e então ela saiu com eles – Ele foi direto contando os mínimos detalhes. Eu não queria que ela bebesse.

– Você sabe do nome? – Perguntei.

– Ela citou, mas eu não lembro – Ele colocou a mão na cabeça tentando lembrar.

– Vamos, se esforce um pouco – Eu pedi o olhando.

– Connor... Connor Bales, eu acho – Ele falou e eu sorri brevemente.

– Muito obrigado – Eu agradeci e sai atendendo o celular, era Happy. – Pode falar – Eu disse entrando no carro.

– Eu a vi, Tony – Ele falou.

– Você a encarou? – Eu perguntei.

– Sim, eu infelizmente fiz. Mas ela estava numa lanchonete e eu não via direito com ela de cabeça baixa, então encarei até ela levantar a mão e sair, eu gritei por ela, mas ela saiu correndo, mas eu a segui e estou na frente do apartamento que ela entrou. Acho que ela está aqui – Ele esclareceu e eu concordei mesmo sabendo que Happy não iria perder a oportunidade de entrar comigo.

Ele me mandou o endereço e era perto dali, então peguei o carro e fui correndo, e se pudesse, estaria voando, mas no caso, estou na função de pai. Não de Homem de Ferro.