Enquanto Lupin repetia alguma coisa sobre bichos-papões, eu olhava para o livro perdida nos meus próprios pensamentos... Talvez não tão meus assim.

Meu nome é Clarisse Potter. Sim, sou mais uma Potter que sobreviveu.

Poucos meses antes de papai e mamãe morrerem pelas mãos do famoso “Lorde Voldemort” eu tinha nascido, então tinha a mesma idade de Harry, que faz aniversário 31 de julho, e eu, 4 de outubro.

No dia da morte dos nosso pais, o impacto da maldição da morte que ele, Voldemort, mandou em Harry foi tão forte que qualquer pessoa dentro do quarto teria morrido, só consegui sobreviver porque minha mãe me abençoou antes de Harry, ela morreu enquanto o abençoava.

Desde então, tenho vislumbres do passado, e sinto algo, talvez o que Harry ou Voldemort esteja sentindo, eu não tenho certeza. Apenas sei que me recordo do perfume que minha mãe usava, de seus cabelos vermelhos como os meus, me lembro do sorriso de papai e de seus olhos, que mudavam de azul para castanho e vice versa, herdei isso dele também.

Eu também vi, sei que vi um homem de cabelos escuros e oleosos abraçando mamãe, lembro-me dele se voltar para Harry e xinga-lo, depois pega-lo no colo e dizer que ia cuidar do mesmo. Foi algo estranho, pois ele nem sabia que eu existia como contou Sirius, só quem sabia da minha existência eram Dumbledore, Sirius, Lupin, Hagrid, papai e mamãe.

Quando Hagrid foi buscar eu e meu irmão, Sirius chegou junto, e me pediu para nos criar, Hagrid disse que Harry tinha que ser enviado a casa dos tios, e então me entregou, disse que confiava nele, também falou que ia me entregar a Lupin, já que eu era afilhada dele, mas Sirius também tinha direito.

Depois disso fui criada pelo mesmo, fui uma Potter escondida por todos esses anos. Nem para escola eu fui, recebi minha carta para Hogwarts, mas Sirius me impediu de ir. Faz três anos que estudo em casa com ele, mas há três meses... Há três meses ele foi preso por um crime. Lupin não me conta o motivo, ele apenas cuida de mim.

–Clary? – Lupin diz gentilmente. – Você está me ouvindo?

–Acho que não– Confesso. – Lupin... Quero ir para Hogwarts.

Quase como se fosse programado, uma coruja apareceu com minha carta, apenas encaro meu livro. Ele vai pegar o envelope e coloca-o em cima do balcão.

–Clary... Eu não posso você sabe disso, Sirius não concorda! Eu sou totalmente a favor disso, mas ele não quer, não é minha cul... – Lupin olha para mim– EI! NÃO ME OLHE COM ESSA CARA DE CACHORRO PERDIDO! VOCÊ SABE QUE NÃO RESISTO!

–Você faz melhor que eu! E não mude de assunto, Senhor Lobisomem, é sério! Por favor... Eu quero conhecer meu irmão! Não aguento mais fica isolada, e, além disso, eu não tenho com quem ficar. Você vai ser professor lá, pode cuidar de mim, mas e aqui? Si... SIRIUS NÃO ESTÁ AQUI! –Digo com os olhos marejando quase instantaneamente. Lupin me encara com pena, e suas mãos tremem, dando sinal de transformação... Ele faz isso quando está com muita raiva, ansioso... Ou quando está com raiva de si mesmo. –Lupin... Eu... Desculpe-me, ok? Eu não queria... – Paro de falar quando Lupin apenas faz um negativo com a cabeça e se agacha diante de mim.

–Talvez Sirius nunca me perdoe, mas você vai para Hogwarts, dou minha palavra... Você tem que aprender, e, além disso, vou cuidar de você, não? – Ele fala como se estivesse perguntando para si mesmo. – Mas Clarisse, você tem que me prometer uma coisa, se não der certo, você nunca mais vai falar Hogwarts na minha frente ou na de Sirius, tudo bem?

–CLAR... Claro, Lupin, obrigada, obrigada, aah Merlin, EU TE AMO, meu cachorrão preferido. – Falo dando um grande abraço em Lupin.

–Ótimo, então se arrume! Vamos ao Beco Diagonal!