.P.O.V. July.

Eu ainda não acredito que a gente se perdeu! E também não acredito no que o Armin fez! E não acredito que eu perdi o BV, me perdi no meio do mato e descobri que meu melhor amigo gosta de mim NO MESMO DIA! As coisas realmente estão complicando pro meu lado... Eu não acho que seja uma boa ideia a gente tentar achar o caminho no escuro, então, resolvemos passar a noite na floresta, claro que a Rosalya quase teve um treco quando eu dei essa ideia, acho que o Armin também ia argumentar, mas só de olhar para mim ele já ficava vermelho, e eu acho que a mesma coisa acontecia comigo, porque podia sentir o meu rosto em chamas.

Estávamos arrumando tudo pra podermos dormir, pegamos os lanches, ou o que havia sobrado deles, e comemos, a única coisa que tinha na minha mochila agora era uma garrafa d'água e... alguns pedaços de carne que eu trouxe para uma amiga. Espera um pouco! É isso! Eu podia pedir ajuda para a minha "amiga", tinha certeza de que ela sabia como voltar!

– Gente, eu... vou ali e já volto! - apontei para uma parte das plantas onde era mais escuro, o que eu ia fazer era um pouco arriscado, mas acho que daria certo.

Peguei os pedaços de carne na minha mochila, abri o pote onde eles estavam e pedi mentalmente "Por favor, esteja aqui por perto, por favor...". Ouvi um barulho atrás de mim, se fosse ela, eu estaria muito bem!

– Guati... aqui, eu trouxe um presente pra você, lembra de mim? - chamei, baixinho.

Depois de alguns segundos, uma jaguatirica um pouco maior que o Dragon apareceu, ela vinha se arrastando, devagar, se aproximou, cautelosamente, e pegou um pedaço de carne, olhou bem para mim, me farejou e, enfim, me reconheceu. Guati pulou em cima de mim, animada, e eu me levantei, ela era a única jaguatirica nos arredores, e eu tinha conseguido fazer amizade com ela no dia em que a pegaram roubando uma galinha do nosso galinheiro, o caseiro queria acabar com ela, mas eu não deixei, mandei ele soltá-la imediatamente, e ele obedeceu.

Desde então, eu ia todas as noites alimentá-la, para que ela não fosse atrás das galinhas, e ela começou a confiar em mim, voltei para o acampamento e fiz sinal para ela me seguir, ela não precisava ter medo dos meus amigos, estava comigo, não é? Assim que apareci, vi que as pessoas estavam quase dormindo, usando suas mochilas de travesseiro, me aproximei e chamei por eles.

– July, não é por nada não... mas tem uma onça atrás de você! - exclamou Rosalya, abraçando o Leigh.

– Ah, não é uma onça, - eu me virei para a Guati. - é só a Guati, uma jaguatirica.

Dei outro pedaço de carne para ela, que se esfregou em mim, olhei para o Castiel, que me olhava como se dissesse "Só a cobra não estava bom? Agora você tem uma jaguatirica de estimação, também?!", ri da cara de espanto dos meus amigos e me sentei, do lado da minha amiga, que me encarava, procurando mais comida.

– Acabou, e nós não sabemos o caminho de volta, mas, você sabe não é? - perguntei, e a mesma me olhou, confusa. - Ah, você não entendeu...

Peguei um pouco d'água e derramei no chão, perto dela, que se levantou e começou a andar em uma direção, falei para os meus amigos me seguirem e saímos andando atrás dela, ela corria até um ponto e parva para nos esperar, andamos por algum tempo e demos de cara com o riacho, fiz sinal para ela continuar nos seguindo e corremos para o sítio, devia ser por volta da uma da manhã, chegamos totalmente exaustos, e com uma jaguatirica nos seguindo, abrimos a porta e demos de cara com a Bianca, o Lysandre, o Alexy e o Nathaniel, sentados no sofá quase dormindo.

– Chegamos! - exclamei, andando até a cozinha e pegando um grande pedaço de carne crua.

– ONDE VOCÊS ESTAVAM?! EU QUASE MORRI DE PREOCUPAÇÃO! - berrou Bianca, virando para nós.

– Armin, Rosa! - gritou Alexy, correndo e abraçando os dois. - Vocês estão bem? Se machucaram? Armin, você comeu alguma coisa?

– Só os lanches, mas estamos bem, pai. - brincou o moreno, sentando no sofá. - Trilhas no meio do mato, nunca mais.

Joguei a carne para a Guati, que arrastou até a sala e começou a comer, perto da lareira, Lysandre e Alexy olharam, abismados, e então, viraram para mim.

– O que foi? - perguntei, me fazendo de desentendida. - Nunca viram uma jaguatirica na vida?

– Não uma dentro de casa! - exclamou Lysandre.

Me sentei do lado dela e fiz carinho no seu pelo, se o caseiro visse ela ali, ele matava nós duas e vendia a pele! Mas, bem, se ele encostasse um dedo nela, eu mandava ele embora, ela era muito bem comportada, não merecia virar sapato, na verdade, nenhum animal merecia virar sapato. me levantei e fui na direção do banheiro, eu precisava de um banho, depois de todos tomarem banho e colocarem seus pijamas, fomos todos dormir, afinal, amanhã seria um longo dia, nem parecia que aquela já era nossa terceira noite ali.

.P.O.V. Armin.

– Você tem certeza que está bem, maninho? - perguntou Alexy, pela milésima vez. - Você parece estranho...

– Alexy, preciso te falar uma coisa, mas você tem que prometer que não vai falar pra ninguém, nem pra Rosalya! - pedi, arrastando ele para um canto afastado.

– Minha boca é um túmulo! - ele sorriu, fazendo um gesto como se fechasse a boca com um zíper imaginário.

– EubeijeiaJuly! - falei bem rápido.

– Espera, o quê?! - exclamou. - Fala mais devagar pra eu ver se não ouvi errado.

– Eu. Beijei. A. July. - repeti, pausadamente.

– AI MEU SANTO DOS HEADFONES! SABIA QUE ISSO IA ACONTECER UMA HORA OU OUTRA!

– Desde quando?

– Desde aquele dia em que você falou que ela era incrível!

– Ah, vamos voltar, eles vão estranhar nosso sumiço, e, lembre-se, NÃO CONTE PRA NINGUÉM!

– Obrigado por confiar em mim, maninho! - ele sorriu, me abraçando.

– Fazer o que, você é meu irmão, não é?

– É, sou, e é bom que você saiba disso e não me troque pela July! - ele exclamou.