"Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade."
Acordei envolta pelos lençóis brancos da cama de Maria, olhei para o lado procurando Peter, mas não o encontrei, eu já vestia meu vestido da noite anterior, não me lembro de tê-lo vestido, isso com certeza era coisa de Peter... não havia resquício algum no quarto do que fizemos ontem, diria que tudo não passou de um sonho se não estivesse completamente dolorida se é que me entende.
Me levantei e fiz minha higiene pessoal, vesti uma saia e uma blusa, ambas simples e desci as escadas cantarolando, mas me assustei e parei de cantar quando vi os olhos azuis de Maria.
– Ei! Como foi a noite sem mim? - Maria perguntou e eu pensei nos acontecimentos da noite anterior.
– Nem queira saber! - Falei sem pensar e a loira arregalou os olhos.
– Realmente! Desse jeito não quero mesmo saber! - Ela disse me dando um empurrãozinho.
– Oi meninas! - Peter nos cumprimentou e minhas bochechas queimaram.
– Oi! - Eu respondi cabisbaixa e ele sorriu e saiu pela porta.
Como ele podia ser tão frio? Meu Deus! O cara transa comigo a noite toda e no outro dia age como se nada tivesse acontecido.
Percebi que Maria estava me olhando de uma forma estranha, por um momento pensei que ela soubesse de algo, mas depois pensei que fosse coisa da minha cabecinha louca.
– E então Maria, como foi a sua noite? - Perguntei curiosa e ela pareceu se ofender com a minha pergunta.
– Nada boa! A minha mãe foi demitida de seu emprego sem motivo aparente! - Ela respondeu parecendo irritada e eu gelei por alguns segundos.
– O que? - Perguntei surpresa, aquilo com certeza era o que Peter havia prometido fazer.
– Isso mesmo! Ah! E todo o seu dinheiro no banco e seus imóveis estão congelados! - Ela respondeu e eu não pude deixar de achar que era um bom castigo para Diana, no entanto não deixei minha satisfação transparecer.
– Maria, obrigada por me aturar aqui, mas preciso ir para casa! - Disse saindo pela porta e esquecendo completamente de minhas coisas no andar de cima.
*-*
– Filha? Como você está? Eu e seu pai quase morremos de preocupação! - Minha mãe disse quando cheguei em casa.
– Estou muito bem, graças ao Peter! - Respondi animada e ela sorriu de lado.
– Aquele homem além de lindo é muito corajoso não é filha? Sorte da mulher que tem um desses ao seu lado! - Minha mãe falou e eu corei sem perceber.
– Pois é né... - Eu disse sem graça e minha mãe sorriu.
Ah se ela soubesse que sua filha foi pra cama com o senhor corajoso!
– Filha, sente-se aqui! Conte-me o que aconteceu! - Minha mãe exigiu, mas eu desconversei.
– Não me lembro de muita coisa, tudo não passa de um borrão na minha mente... - Falei fazendo a maior atuação e ela pareceu cair, ou fingiu cair.
Subi as escadas e me tranquei em meu quarto, queria tirar as cenas da noite anterior de minha mente, mas era inútil tentar esquecer, Peter era realmente bom em tudo que fazia.
Meu telefone apitou e vi que havia recebido uma mensagem então abri e me deparei com o seguinte:
" O conto de fadas vai chegar ao fim... eu não consegui acabar com você, mas sua BFF não te perdoar por ter levado o papai dela pra cama! Ah e você ainda não conheceu a vovó Lauren...
Beijinhos da Tia Di."
Naquele momento meu coração bateu forte, como assim? Maria já sabia de mim e Peter? E quem é vovó Lauren? Não quis esperar nem mais um minuto saí pela porta de meu quarto e corri em direção a casa de Maria.
Abri a porta rapidamente e entrei, a cena que me deparei foi de cortar o coração, Maria chorando sentada em seu sofá, com duas fotografias na mão.
– Há quanto tempo está dormindo com meu pai? - Maria perguntou em meio as suas lágrimas.
– Calma Maria... Não é isso que está pensando... - Foi a única coisa que eu consegui dizer, mas a resposta que recebi foi no mínimo chocante.
Maria arremessou as fotografias em mim e nela eu aparecia abraçada a Peter na laje da escola e na outra eu e ele nós beijávamos na cozinha.
– Quem te mandou isso? - Eu perguntei e ela continuou a me olhar com ódio profundo.
– Não interessa quem mandou! - Ela continuou a gritar e eu gritei de volta dessa vez.
– Maria! Se acalma porra! Me diz logo quem te mandou essas porcarias! - Eu gritei mais alto que ela e agora não mais enxergava Maria na minha frente, mas um animal selvagem.
– Minha mãe estava certa quando disse que você roubaria meu pai de nós! - Ela disse me jogando um arranjo de flores, naquela hora me senti em um filme.
– Sua mãe é uma louca e agora você está agindo como ela! - Rebati suas ofensas.
– Você não passa de uma vadia! Eu deveria ter ouvido a Kelly quando ela disse que você não passava de uma puta oferecida! - Ela disse puxando seus próprios cabelos.
– Não vou mais discutir com você! É perca de tempo, quando quiser conversar como uma pessoa civilizada sabe onde me encontrar! - Eu disse me retirando.
– Nunca irei conversar com você nessa vida! Nunca! Nunca! Nunca! - Ela continuou gritando e eu saí pela porta, mas dei de cara com Peter que possuía uma expressão assustada.
– O que aconteceu? - Ele perguntou.
– Pergunte para sua filha! - Eu disse perdendo o controle e soltando as lágrimas que tanto prendi.
Peter se aproximou de mim devagar, beijou minha testa e disse:
– Vai ficar tudo bem, eu prometo.
Voltei a caminhar sem rumo pela aquela rua, minhas pernas já estavam doendo quando encontrei um banco branco feito de madeira, me aconcheguei e voltei a chorar, o meu estoque de lágrimas realmente deveria estar se esgotando, dois dias chorando como louca.
Minha cabeça ainda doía muito quando voltei para casa e me joguei no sofá, eu precisava descansar e tinha de esquecer daquilo tudo, quem sabe assim eu não me sentiria melhor, mas só de pensar em nunca mais falar com Maria, já me sinto a pior amiga do mundo e talvez eu fosse mesmo.