Broken Strings escrita por liligi


Capítulo 20
Capítulo 20




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Capítulo 20 – Consequência

  Lágrimas escorriam pelo rosto de Rachel. Ela ficou ali, observando Roy levar o menininho para o carro, colocar o cinto de segurança nele e então os observou partir. Ela pensou antes que seu coração havia sido completamente destruído, mas saber que Roy tinha um filho com alguma outra mulher – não a que estava na creche, ela sabia agora, pois ela não fora junto com eles. -, havia destruído o que restava de seu coração.

   Tantas vezes havia pedido ao marido para que tentassem ter um filho, sempre sonhara em ter uma família grande, em ver seus filhos correndo pelo quintal, fazendo barulho, rindo e transformando o ambiente. Mas ele sempre disse que não se dava com crianças. Que ainda era muito cedo. Que não estava preparado. E, por ele, ela adiara seu sonho.

   Mas ali estava Roy esfregando em sua cara que o problema, durante todo esse tempo, era ela. Que ele não queria ter um filho com ela. Que ele não queria estar casado com ela. Que ele preferia atravessar o país a ficar com ela. Ela quem tornou possível a realização do sonho dele, e ele estava ali, zombando do dela.

  Roy havia sido nada além de cruel nos quatro anos em que estiveram juntos. Ele a traíra – não sabia quando começou, mas tinha certeza disso --, e a humilhara da pior forma possível. Era possível sim amar alguém a ponto da loucura, mas também era possível odiá-la da mesma forma. Rachel acabara de cruzar a linha entre o amor e o ódio.

  O motorista observava a mulher no banco de trás, sentindo muita pena dela. Era mais que óbvio que o marido realmente a estava a traindo – E pior, tinha até mesmo um filho com a outra.

- ...Senhora? – Perguntou relutante.

- Siga-o. – Ela disse secamente para o motorista, que, resignado, apenas obedeceu e voltou a seguir. Ele esperava que aquilo terminasse logo e ele pudesse voltar para sua mulher, e dizer o quanto a amava.

  Rachel não se importava em limpar as lágrimas. Não se importava mais em esconder como se sentia. Tudo o que ela queria era fazer Roy sentir exatamente o que ela estava sentindo. Seus olhos ardiam e sua garganta parecia seca demais, mas ela não iria pra casa, chorar sobre o colchão, não mesmo.

   A imagem do garotinho estava fixa em sua mente.  A miniatura de Roy. O fruto proibido... Rachel sempre havia gostado de crianças, mas aquela, em particular, ela odiava. Por tudo o que ele representava, por tudo que, pelo simples fato de ele viver, havia sido roubado dela.

* * *

  Jamie cantarolava a música que sua professora havia ensinado à classe naquele dia para Roy, que ouvia o filho com um sorriso no rosto. Ele amava cada momento que passava com o menino, e o que ele mais queria, era que, num futuro próximo, ele e Riza pudessem contá-lo toda a verdade. Sabia que de início o filho provavelmente não iria aceitá-lo – Mas ele esperava que isso realmente não acontecesse --, mas com o tempo, tudo iria valer a pena.

   Só havia um único problema em seu plano: Rachel. Gostando ou não, ela ainda era sua mulher, filha de um figurão do exército em que ele trabalhava. Tinha que  acabar com Rachel. Sabia que enfrentaria momentos difíceis pela frente, mas quanto mais cedo, melhor.

- Roy,  me escuta! – Jamie disse , puxando a manga da blusa do alquimista. – Você não tá me ouvindo! – Acusou.

- Claro que estou – Mentiu. – Você canta muito bem.

- Eu não estava mais cantando. -  O menino disse, chateado.

-Não? Desculpe-me, Jamie, eu me distrai por um segundo. Do que estava falando?

- Vai me escutar dessa vez?

- Sim, claro que vou. De verdade.

- Eu disse que você devia chamar a mamãe pra nós viajar nas férias. – Ele disse, encarando o mais velho.

- “Para a gente”, Jamie, não “pra nós”. – Corrigiu. – Você quer viajar?

- Aham – Assentiu. – Eu, você, a mamãe e o tio Patrick. Você vai falar com ela?

Roy riu.

- Vou sim, campeão. Não posso prometer nada, você sabe como sua mãe é dedicada ao trabalho, mas eu juro que vou tentar.

- Eba!

  Roy sorriu com a ideia: viajar com Riza e Jamie. Seria perfeito. Então, ele lembrou novamente de sua esposa e de como teria que resolver este “pequeno” detalhe o mais rápido possível para que pudesse ter a tão esperada viagem.  

- Escuta, campeão – Começou. – Eu vou ter que deixá-lo na senhora Morris. Lembrei-me de algumas coisas que preciso resolver o mais rápido possível.

  Jamie o encarou desgostoso. A senhora Morris cuidava dele desde que era apenas um bebê e ele a adorava, mas amava passar as tardes com Roy.

- Por quê? – Indagou todo manhoso. – Não pode resolver as coisas amanhã?

-Não, Jamie. Mas eu prometo que vou te compensar.

  O pequeno bufou, mas não disse mais nada. Todas as decisões que Roy tomaria dali em diante seriam por Jamie.

* * *

   Foram as duas horas mais torturantes da vida dela.  Ela parecia estar vendo a um filme, tudo lhe parecia tão distante, e ainda assim, ela se sentia tão ligada a tudo aquilo. Roy levara o menininho para almoçar, e ela observara de longe ele mimando a criança.

   E então... ela chegou. Rachel a vira algumas vezes anos atrás, mas não havia como esquecê-la. Não quando ela estava sempre ao lado dele. Exatamente como num filme, tudo pareceu acontecer em câmera lenta.

   A loira – Qual seu nome mesmo? – se aproximou dos dois, e abraçou o menino, e sentou-se ao lado dos dois. Discretamente, Roy estendeu a mão por debaixo da mesa e segurou a dela, e sorriu. Rachel os observou com lágrimas nos olhos, Roy estava de mãos dadas com sua antiga assistente, e olhando para ela como ele nunca havia olhado para sua esposa.

   As lágrimas voltaram fartas. Então ele realmente tinha uma amante desde que se casaram. E era logo ela! Uma mulher tão sem graça, que não chamava a mínima atenção. O que ele havia visto nela? Porque ele foi ter um filho justo com ela? Por quê? Por quê? Por quê?

* * *

   Jamie se levantou para ir ao banheiro, e Roy aproveitou a oportunidade. Quando o menino não estava mais em seu alcance de vista, ele puxou a loira ao seu lado e colou seus lábios. As mãos dela foram imediatamente para a parte de trás da nuca dele, enquanto ele segurava o rosto dela.

   Era extremamente chato ter que esconder aquilo de Jamie. Afinal, qual era o mal? Apenas os pais dele se beijando... Mas Roy sabia que tinha que agir com cautela com o menino. Apesar de saber que o filho gostaria de saber do “namoro” dos dois, ainda havia muito para ser resolvido.

- O Jamie pode ver... – Riza disse, com um sorriso bobo no rosto.

- Deixa, ele tem que aprender mesmo. – Roy disse com um sorriso malicioso, que lhe rendeu um tapa no braço.

- Não ensine meu filho a ser mulherengo.

- Eu não me preocuparia com isso – Ele disse enquanto desenhava pequenos círculos na bochecha dela. – Ele pode se parecer muito comigo fisicamente, mas ele é tão correto quanto você. Na verdade, ele tem muito de você. Eu vejo nele a sua organização, sua curiosidade, especialmente, eu vejo você no sorriso dele.

   Riza sorriu e pegou a mão dele, que estava em seu rosto, e depositou um beijo leve.  Ela sempre vira Roy em cada mínimo pedaço de Jamie. O cabelo, os olhos, a teimosia... Nunca havia parado para ver se havia algo dela no menino, mas Roy sim. Jamie era, afinal, uma mistura dos dois.

- Escute... – Roy começou, lentamente. – Eu não poderei ficar com Jamie esta tarde. – A resposta de Riza foi apenas uma arqueada em sua sobrancelha. Ele exalou o ar. – Tenho que ligar para Rachel.

   Riza se soltou dele bruscamente. O simples fato de Roy mencionar o nome de sua esposa, fazia uma onda de culpa lhe invadir. Apesar de Roy ser o pai de seu filho, e de ele querer estar junto dela, não tornava tudo aquilo menos errado.

- Tudo bem. – Ela disse secamente, se trancando em sua redoma, não querendo revelar suas verdadeiras emoções.

   ...Mas ele podia ver através dela.

- Eu preciso fazer isso, Riza. – Ele disse, segurando as mãos dela entre as suas. – Eu vou me separar dela.

   Riza o encarou surpresa, mas não teve tempo de dizer nada, pois Jamie havia chegado naquele instante, fazendo com que Roy a soltasse imediatamente.

* * *

   Roy estava se sentindo exultante. Na verdade, ele sentia um misto de emoções, mas as que mais se destacavam eram era felicidade descabida e o receio. Ele iria enfrentar Rachel. Não pretendia contá-la toda a verdade, claro, mas deixaria bem claro seus verdadeiros sentimentos por ela, e que o casamento acabava por ali.

   Ele não havia pensado exatamente num plano, o alquimista havia dito à Riza que iria ligar para a esposa, mas não pretendia dizer tudo aquilo por telefone. Ele provavelmente teria que voltar à Central, fazer tudo certinho. Sabia que terá que ser bem convincente, para afastá-la de uma vez por toda, já que a mulher era bastante obstinada. E isso o preocupava demais.

    Além de Rachel, parte de sua preocupação se destinava ao Exército. Depois de desmanchar seu curto casamento, sabia que teria que enfrentar os chefes – em especial, o Sr. Binoche --, e não seria nada agradável. Preocupava-lhe o fato de continuar ou deixar seu tão amado emprego dependeria de sua futura ex-mulher.

   Porém, se o pior acontecesse, não haveria arrependimentos. Se ele não conseguisse o posto de General nunca em sua vida, ele pelo menos teria Riza e seu filho.

   Jamie cantarolava a mesma música que aprendera mais cedo, enquanto encarava a vista pela janela do carro. Não parecia mais aborrecido por Roy tê-lo “largado” sem mais nem menos. Mesmo assim, o moreno pretendia compensá-lo de alguma forma.

   Quando pararam em frente à casa da adorável Sra. Morris, o menino fez uma careta. Não era o que ele queria praquela tarde.

    Roy desceu e tirou o pequeno do carro logo em seguida. Jamie ainda lançou um olhar esperançoso ao adulto, que apenas passou a mão em sua cabeça e depois o levou até a porta onde a idosa morava.

   Ela abriu a porta com aquele sorriso bondoso de sempre, e cumprimentou os dois. Ficou feliz quando Riza lhe ligara pouco antes para avisar que deixariam Jamie em sua casa naquela tarde, sem a presença do menininho, ela se sentia sozinha, mas ver que a loira, o pequeno e aquele homem “misterioso” estavam se dando mais que bem, a alegrava. Ela não era cega.

- Desculpe incomodá-la assim, Sra. Morris, eu sei que não esperava que trouxesse o James hoje, mas é uma emergência, de certa forma. -  Roy explicou meio sem jeito. Era estranho passar a responsabilidade que lhe fora incumbida para aquela senhora, porém, se a mãe do menino confiava nela, ele também deveria.

- Ora, o que é isso, estou sempre de braços abertos para receber este rapazinho. Já estava com saudades, na verdade. – Ela completou, dirigindo-se ao menino.

- Eu também estava com saudades da senhora. – O menino disse meio tímido.

- Venha cá, meu pequeno campeão. – Ela disse, e o menino prontamente abraçou-lhe demoradamente.

- Bem, a Riza vem pegá-lo quando terminar o expediente dela. – Roy completou.

- Como de costume. – A Sra. Morris sorriu. – Você já pode ir despreocupado, rapaz. Pelo menos em relação ao Jamie. Vá resolver seus assuntos urgentes.

- Obrigado, Sra. Morris. Boa tarde. – Ele disse e então abraçou Jamie. – Até amanhã, campeão.

- Tchau, Roy.

     E então Roy foi embora. Mal sabia ele que estivera sendo observado de perto todo aquele tempo.

   Rachel estivera tão perto desta vez, que se Roy estivesse prestando um pouco mais de atenção, a teria descoberto. Ela havia pedido para o taxista estacionar o carro em outra esquina, mas ela não ficou junto. Ao invés disso, ela desceu para averiguar o lugar.

   À princípio pensou que poderia se tratar da casa da Loira-sem-graça, e que a velhinha que atendeu a porta era a mãe dela, entretanto, ela logo concluiu estar errada. A mulher não tinha qualquer semelhança com a ex-assistente de seu marido, e nem o menino a chamava de vó, logo ela achou que a mulher de idade devia ser apenas uma babá.

   Mesmo assim, ela ficou depois que Roy saiu. Cuidadosamente, se postou perto da janela da sala, e apenas observou por algum tempo. A mulher era tão bondosa quanto aparentava ser, e o menino, altamente comportado.

  A criança a surpreendeu. Ele era calmo e disciplinado, diferente de qualquer menino que Rachel havia conhecido em sua vida.  No tempo que ficara ali, também havia notado em como era educado e não tão bagunceiro, e aquilo a havia deixado maravilhada.

   Porém, a recordação de que aquele pequeno ser era filho de Roy com outra mulher acabou com o encantamento, e ela logo se viu fazendo planos em sua cabeça. Planos de como iria fazer os dois sentirem tudo o que ela estava sentindo.

* * *

   Roy desligou o telefone se sentindo meio frustrado. Havia ligado para casa apenas para descobrir que Rachel havia ido passar alguns dias na casa de campo de uma de suas amigas insuportáveis sem previsão de volta.

   Ele sabia que deveria estar meio aliviado por ter adiado essa conversa, mas não estava. Não exatamente. Ele, na verdade, estava bem ansioso para isso. Mal via a hora de se ver livre das correntes de seu casamento falso.

   Só que teria que esperar. Teria que ser um pouco paciente. Pelo menos, isto lhe daria algum tempo para planejar melhor o que faria dali em diante.

* * *

   Alguns dias se passaram e Rachel continuou com suas tocaias. Agora, ela não mais seguia Roy, seu foco era o pequeno menino de pele de porcelana e cabelos de ébano.

   Não demorou muito para descobrir a residência da Loira-sem-graça, e menos ainda para ver que ela e Roy mantinham seu relacionamento em segredo do menininho – Jamie. Que os encontros e os contatos aconteciam sempre que o menino não estava presente.

   Isso significava que o menino não sabia que Roy era seu pai? Era uma possibilidade. E essas possibilidades começaram a fortalecer seu plano. Ela queria mesmo que doesse profundamente nos dois. O garotinho provavelmente também sofreria, mas era um efeito colateral que ela não podia evitar.

   Dia após dia, ela colocava uma parte de seu plano em ordem. Até que enfim, ele estava pronto. Agora era hora de agir.

* * *

   Riza se mexeu desconfortavelmente. Roy havia dormido com os braços ao redor dela, mas não era isso que a estava incomodando. Ela havia acordado cedo – muito antes do sol nascer – com uma sensação estranha na boca do seu estômago.

  Sentia uma ânsia de sair dali, não dos braços de Roy, do quarto, ou da casa, mas da cidade, ir para bem longe. Ou talvez de ir até o stand de tiro do exército. Aquilo sempre a acalmava. Mas por que ela estava nervosa? Ela não sabia. Estava apenas sendo ridícula, era isso.

   Havia alguns dias que sentia essa sensação, mas nunca havia sido tão forte.

É muito cedo para estar tão atormentada, Riza, pensou consigo mesma. Patrick tem razão, eu devo estar imaginando coisas.

   Respirou profundamente, fechou os olhos e forçou-se a se desligar. Ainda tinha algumas poucas horas para dormir, e iria fazer exatamente isso.

* * *

   A tenente deixara o seu lindo filhinho na creche naquela manhã, como de costume, e então abraçou-o demoradamente. Ela partiu para trabalhar, e o menino passou o dia despreocupado, brincando e aprendendo, alheio a qualquer coisa que não fosse diversão ou sua obrigação.

    Rachel sentou tranquila dentro do carro que alugara há alguns dias – o taxista não serviria mais – e ficou ali, de frente a creche. Ela havia dado início a seu plano na noite anterior com um telefonema apressado para Roy.

   Alegando não ter muito tempo para conversar, pois tinha um compromisso com sua “amiga” logo mais, a morena disse para seu amado marido que lhe ligaria na tarde seguinte e assim, eles conversariam sobre o que ele quisesse. Mesmo relutante, Roy aceitou. Esperaria a ligação da mulher. Só que o telefone ao lado da mesa de cabeceira dele nunca tocaria. Não com uma ligação dela.

   Como Rachel esperava, foi o alquimista quem pegou Jamie na creche, e novamente, de acordo com o plano dela, ele deixou o menino na casa da babá idosa e então partiu para seu hotel.

   Com um sorriso triunfante, Rachel observou o carro de Roy se afastar, desavisado. Era tudo uma questão de tempo agora.

* * *

   Patrick observava o estranho comportamento de Riza. Desde que chegara naquela manhã, ela mais parecia um animal selvagem que fora enjaulado e isso o estava preocupando. Ela não era uma pessoa que perdia a calma facilmente.

   Quando finalmente teve um momento à sós com ela, o rapaz cautelosamente, tentou pergunta-la o que estava havendo, ela, no entanto, apenas disse que ele não se preocupasse. Como se aquilo fosse possível quando ela estava envolvida.

   Ele se perguntava se o motivo de ela estar daquele jeito era Mustang. Ele se perguntava... tanta coisa. Imaginava tanta coisa. Desejava tanta coisa. Deus, como ele amava aquela mulher. Havia tentado esquecê-la, de verdade, mas não tinha como suceder.

    Ela era diferente de todas as mulheres que ele havia conhecido, ela havia deixado uma marca profunda e permanente em seu íntimo. Ela podia não ser dele, mas ele era dela. Não importava que ela não o amava, nem que ela estava com outro homem. Patrick sempre iria pertencer a Riza. Simples assim.

* * *

   Rachel checou o relógio. Fazia pouco mais de uma hora e meia que Roy deixara o menino com a babá e partira para o hotel, ela conseguia imaginá-lo naquele momento, andando  pelo quarto, impaciente. Mexendo nos cabelos negros, bagunçando-os ainda mais, com o olhar fixo no telefone que não iria tocar.

   Ela desceu do carro e olhou seu reflexo no vidro da porta. Seus cabelos castanhos estavam agora presos em um coque alto, o rosto sem a maquiagem que costumava usar, exceto por um leve batom rosado, havia trocado seus vestidos de marca por uma saia lápis que se agarrava às suas formas e um terninho, ambos azul marinho.  Não se parecia com ela mesma. Isso era bom.

   Com um ultimo sorriso triunfante, a morena deu as costas a seu carro e andou até a porta da casa da senhora, tocou a campainha e colocou sua melhor cara de anjo. O show ia começar.

* * *

   Roy se jogou em sua cama, frustrado. Estava ansioso por falar com Rachel, mas como ele havia imaginado, a mulher não ligara na hora. Ela provavelmente estaria fazendo compras, ou sentada num jardim, conversando amenidades com a tal amiga enquanto bebericava champanhe. Era tão a cara de Rachel.

   Ele foi tirado de seus devaneios quando o telefone –finalmente! – tocou. Levantou-se de um pulo e levou o aparelho até o ouvido.

- Rachel?

- Não, General, - disse uma voz conhecida, porém decididamente masculina. Não era Rachel. -, sou eu, major Alex Louis Armstrong.

  Roy bufou. Armstrong era a última pessoa no mundo que queria falar.

- Ah, sim, major...

- Ahn, desculpe-me perguntar, general – O major começou. – Mas a sua agradável esposa não está aí na Cidade do Leste?

 - Por que faz tal pergunta, major? – O alquimista indagou desconfiado.

- Bem, é que ela veio aqui há algum tempo perguntar por você e eu lhe disse que o senhor havia ido para o Leste, alguns dias depois eu a vi na estação, entrando no trem que ia até aí. -  Explicou-se.

   Roy arregalou os olhos. O que ele estava ouvindo? Rachel estava aqui? Não, não podia ser... Ela estava viajando com uma amiga, não era isso? Então, ele se deu conta de como ela havia estado distante desde que ele chegara ali. Não havia ligado insistentemente, como normalmente fazia, nem fez seus dramas habituais.

Merda, Ele pensou, Rachel está aqui.

- Major, há quantos dias mais ou menos foi isso?

- Bem, pouco depois que o senhor foi, General. – Armstrong disse cauteloso. – Não me diga... Que a Sra. Mustang nunca chegou até o Leste!

- Eu preciso ir. Falamo-nos depois.

- Mas... – O major começou, mas Roy não esperou pelo o que ele tinha a dizer e desligou. Se Rachel havia embarcado para o Leste dias atrás, ele precisava descobrir onde ela estava. O mais rápido possível.

* * *

   Não demorou muito tempo até a porta fosse aberta e a senhora a quem Rachel havia observado nos últimos dias aparecesse.

- Posso ajudá-la? - A Sra. Morris perguntou simpática.

- Ah, sim. Eu sou a assistente do Sr. Mustang. – Ela disse, a voz pingando mel. – Ele pediu para que eu viesse pegar o Jamie, e pediu para dizê-la que a srta. Hawkeye – Rachel teve que se esforçar para que sua aversão à mulher, que ela recentemente havia descoberto no nome, não transparecesse. – já foi informada.

   A mulher mais velha ergueu uma sobrancelha, desconfiada.

- Eu pensei que o rapaz tinha assuntos pendentes a resolver esta tarde.

- Sim, mas ele conseguiu adiantar, e disse que deve estar livre dentro de trinta ou quarenta minutos. – Rachel falou convincentemente. Ela só queria que velha entregasse logo o menino.

- E por que ele a mandou ao invés de vir pegar Jamie ele mesmo?

Velha maldita, pensou Rachel já se irritando.

- O sr. Mustang quis que eu o pegasse antes do lanche, pois pretende levá-lo à sorveteria nova que abriu há alguns quarteirões de onde ele está instalado. – Explicou, sem se alterar. Passaram-se poucos segundos antes que ela recebesse uma resposta.

- Muito bem. – A sra. Morris disse. – aguarde aqui enquanto vou buscar o menino.

   Rachel assentiu e ficou esperando. Em pouco tempo, o menino de cabelos negros e desalinhados saiu, segurando sua mochila, o rostinho iluminado de alegria. Ele idolatrava Roy, a ironia é que o menino nem sabia que o alquimista era seu pai verdadeiro.

   Ela sorriu docemente para o garotinho. Ela adorava crianças, e aquela em particular, era uma das crianças mais adoráveis que ela havia conhecido na vida. Jamie sorriu de volta, tímido.

- Cadê o Roy? – Ele perguntou sem graça. Rachel abaixou até fica na altura dele e sorriu.

- Ele pediu para que eu viesse pegá-lo, querido. Ele vai nos encontrar daqui a pouco. Vamos? – O menino assentiu, e ela o levou para o carro. Até agora, tudo bem.

* * *

   O telefone tocava, tocava e tocava, mas nada de ninguém atender. Roy estava nervoso, se o que o Major Armstrong falou era verdade, algo estava errado. A ligação caiu.

   Tentou novamente. O suor escorria por suas têmporas. Um, dois, três, quatro. No quinto toque o telefone foi atendido a familiar voz feminina soou.

- Alô?

- Judith, onde está a Rachel? – O alquimista perguntou à empregada.

- Sr. Mustang! -  A moça exclamou. – A senhora Rachel não está.  Ela não lhe avisou que iria viajar?

- Ela disse para onde iria, Judith? – Mustang perguntou, ignorando a pergunta da moça.

- Bem, não exatamente – Ela respondeu. – Como eu lhe disse da última vez que ligou, ela apenas disse que ia viajar para a casa de uma amiga e que tinha algumas coisas pra resolver.

- Só isso?

- Sim, senhor.

- Ela não disse quando voltava? – Indagou.

- Não, senhor.

- Obrigada, Judith. – A moça respondeu educadamente, ele se despediu e desligou. Estava intrigado. Será que Rachel havia realmente ido visitar alguma amiga?

* * *

  Rachel dirigia com um sorriso de satisfação no rosto. Na verdade, satisfação não chegava nem perto do que a morena sentia naquele momento. Olhou de esguelha para o menino através do espelho. Ele estava sentado no banco de trás, observando a paisagem através do vidro, tão quietinho que mal podia notar sua presença. Um amor de criança, ela admitia. Mas era, também, a peça mais importante da sua vingança.

    Era também, como ela havia notado desde suas "observações", um garoto muito esperto, que a metralhara com perguntas sobre como ela conhecia Roy, e o por que de ele nunca ter mencionado ela antes - perguntas, das quais, ela já estava mais que preparada para responder -, e por fim, perguntou-lhe aonde estavam indo.

- Um passarinho me contou que você adora sorvete - Ela disse e o menino imediatamente abriu um sorriso de orelha a orelha.

- Você vai me levar para tomar sorvete? - Ele perguntou e ela fez um barulho confirmando e recebeu muitas comemorações do garotinho logo em seguida.

    Ela começava a sentir seus dedos formigarem, resultado da sensação de vitória antecipada. Estava na hora de colocar a lenha na fogueira. Entrou numa rua onde sabia que havia um telefone público.

- Pra onde a gente vai? - Jamie perguntou, notando a inesperada mudança de curso.

- Estou indo fazer uma ligação, querido. - Ela respondeu docemente.

- Pra quem? - Quis saber o pequeno.

- Para R...O sr. Mustang. - Ela se corrigiu. James podia ser uma criança, mas não era bobo. Não podia deixar que ele notasse a mudança de comportamento. - Vou avisá-lo que logo logo estaremos na sorveteria.

- Tá. - Respondeu o menino contente.

    Parou o carro na contramão mesmo -- Ela não tinha mais nada a perder, não é mesmo? -, pediu para que Jamie continuasse no carro, que ele prontamente obedeceu, e andou até o telefone, sentindo o coração acelerar mais a cada segundo.

    Ela pegou o aparelho nas mãos -  tum tum tum -, e, já sabendo o número de cor há alguns dias, apertou-os um a um, com deliciosa lentidão - tum tum tum tum tum. Um toque - tum tum tum - , dois, tum tum tum tum tum, e mais outros dois, até que, do outro lado da linha, uma voz feminina soou, nesse instante, seu coração parou por um segundo.

- Quartel General do Leste, boa tarde. - Disse a mulher.

- Boa tarde - Ela disse cordialmente, um sorriso psicótico surgindo em seu rosto. - Eu gostaria de falar com a Tenente Hawkeye, é urgente.

- Por favor, diga seu nome para que eu possa informá-la. - A atendente disse, de forma impaciente.

- Diga apenas que o filho dela está sob meus cuidados.

- Está bem. Aguarde um minuto.

    Em sua sala, Riza estava concentrada redigindo um relatório juntamente com Patrick. Quando o telefone ao seu lado tocou, ela sequer moveu os olhos da folha, mal sabia o que a esperava.

- Sim? - Disse em seu habitual tom sério. A concentração ainda totalmente voltada para as palavras que eram escritas.

- Boa tarde, Primeiro Tenente - Gloria, a atendente, disse meio tímida, afinal, a mulher com quem falava, a intimidava. Riza respondeu apenas meio consciente do que dizia e esperou que a moça continuasse. - Tem uma mulher na linha pedindo para falar com a senhora.

- Uma mulher?

- Sim, ela disse que cuidava de Jamie. - Gloria explicou e o nome de seu filho, como de costume, atraiu toda sua atenção.

- Ah, sim, pode transferir. - Riza disse e esperou. Viu que Patrick lhe olhava intrigado e disse, tapando o fone: - A Sra. Morris está ligando. Será que aconteceu alguma coisa?

   Patrick balançou a cabeça negativamente, para que ela não se preocupasse. Tudo que envolvia Jamie preocupava Riza, e muitas vezes sem necessidade.

   Não demorou muito para que a musiquinha irritante desaparecesse, mas foi seguida por um silêncio perturbador.

- Alô? - Riza tentou, e o que ouviu a seguir, fez com que ela empalidecesse.

- Eu estou com seu filho. - Rachel nunca sentiu tanto prazer na vida quanto sentiu ao dizer àquelas cinco palavras. Seu sorriso aumentou quando logo em seguida ouviu a respiração pesada da loira do outro lado da linha.

- Quem é? - Riza perguntou com a voz trêmula, embora soubesse a resposta. Só que não podia ser não podia...

- O que foi, Riza? - Patrick perguntou preocupado, ao ver o estado da amiga.

- Não se faça de burra - Rachel disse, sem conseguir conter toda repulsa que sentia por aquela mulher e deixando transparecer em sua voz. -, você sabe quem sou. Você sabe e mesmo assim, foi pra cama com meu marido.

- Rachel... - Riza disse num fio de voz, completamente em choque. Patrick ao seu lado enrijeceu. Ele, também, sabia quem era a mulher com que Riza falava.

- Sim, Hawkeye. Eu sei de tudo. Sei que Roy me traia com você por todos esses anos. Que ele apenas me usou para conseguir sua tão sonhada promoção. E quer saber? Eu sofri. Sofri muito. 

     Rachel fez uma pausa e Riza nada disse. Seu cérebro parecia ter entrado em curto, as palavras lhe fugiam. 

- E sabe o que mais eu descobri? - Fez outra curta pausa. - Jamie. Um menino encantador, de verdade. A cara do Roy. Agora, minha querida tenente, se prepare, é sua vez de sofrer.

    Sem dar chance para a loira dizer mais nada, Rachel desligou. Ficou para alguns segundos, observando o telefone, tentando imaginar a cara daquela vadiazinha naquele momento, se sentindo realizada. Olhou para a versão pequena de Roy, ainda sentado no banco do carro, sorrindo alegremente para ela. Estava na hora de ir.

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OLÁ! :D

Para àqueles que não acreditavam, sim, eu estou viva!

E sobre a dúvida maior? Sim, esta fanfic terá um desfecho!

Como vocês puderam perceber, o tal desfecho não ocorreu no capítulo 20, como eu havia dito e já irei explicar à todas as lindas e lindos que ainda tem a paciência e a coragem de ler minha fanfic mesmo depois de tanto tempo.

Para começar, CARAMBA, já faz quase um ano desde a última vez que atualizei Broken Strings, e, sinceramente, eu mal senti o tempo passar.

Mas, eu sei vocês irão entender os motivos, né? A vida fica mais e mais corrida e a inspiração mais escassa. Só quero que vocês saibam que eu estou sim escrevendo o final do meu bebê, embora que muito lentamente.

Partindo agora para a explicação do por que o capítulo 20 não foi o último, como eu havia dito anteriormente.

Na verdade, a resposta é o simples fato de eu ter planejado tudo errado. Eu comecei a escrever este capítulo logo após eu ter postado o 19 e o desenvolvi até o clímax da estória. O fato é: o capítulo, sem estar terminado, tinha mais de vinte páginas.

Há pessoas, como eu, que adoram um capítulo enooooorme, e eu pretendia postá-lo na íntegr, mas, como eu disse, eu planejei tudo errado. Porque seria um capítulo extenso, confuso e cansativo demais. Só que não foi só este o motivo.

O segundo motivo para eu tê-lo dividido, foi porque eu não gostei do escrevi nas cenas que levam ao desfecho e tentei reescrevê-las DIVERSAS vezes. Ainda não estou satisfeita com o resultado, mas estou melhorando cena por cena. Só que até tudo esteja pronto vai demorar bastante, então foi aí que decidi que Broken Strings teria 21 capítulos, ao invés de 20.

Eu espero que vocês me perdoem, sério mesmo. Sei todo mundo não aguenta mais tanta enrolação por minha parte, mas eu prometo a todos vocês que vocês terão um final para ler.

Mais uma vez, queria agradecer as minhas leitoras. Abro um sorriso toda vida que recebo uma notificação de review. Alegro-me em saber que vocês acreditam em mim e que realmente gostam dessa pequena demonstração de amor pelo meu casal favorito do anime, que é essa fanfic. Sinto-me motivada toda vez que vocês dizem que esperam que eu atualize logo, e que correm pra cá quando eu o faço. Se não fosse por vocês, eu realmente teria desistido de escrever essa estória, como eu já fiz com algumas outras. Muito, muito obrigada por me manterem motivada a escrevê-la, e é por vocês, que eu tento melhorá-la, embora isso atrase as postagens. Obrigada mesmo, minhas lindas! (Insira aqui diversos corações)

E me aguardem, o fim tá chegando. Quero me despedir do meu bebê com todas as lindas que acompanharam até hoje. J

Enfim, se precisarem tirar dúvidas, ou quiserem me cobrar ou até mesmo se quiserem bater um papo, é só seguirem lá no twitter (@ liligib) ou tumblr (cherrynpepper), porque to sempre por lá reclamando da vida e postando coisas aleatórias, haha.

Beijos e até o vigésimo primeiro, meus amores!


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