Solidão. Era só isso que eu sentia no momento.

Solidão, e o abandono literal. Naquelas madrugadas infinitas de choro, quando não há sono, nem alguém para compartilhar a noite; era só isso que eu pensava: solidão. Eu era tão solitária...

Não importa quanto as pessoas tentem me convencer do contrário. Eu estava sozinha. Onde estão aqueles que disseram que nunca me abandonariam? Pra onde foram? Me deixaram aqui, só, em meio as lágrimas que não cessavam. Aquelas vozes na minha mente gritavam, e no silêncio da madrugada, ficavam ainda mais fortes, pedindo para que eu colocasse logo um fim nisso. Só que eu era fraca. Fraca e covarde. Não tinha coragem de fazer aquilo, pelo menos não ainda. As estrelas e a Lua, agora tão distantes, são minha constante companhia, elas são a única luz que vejo agora, e mesmo assim está tão fraca, quase invisível. Cada estrela representava uma promessa quebrada. Ah, eram tantas!

Até mesmo meu fiel - ou nem tanto - companheiro, o gato, não estava mais ao meu lado, e no fundo, eu sabia que as circunstâncias me afastariam de tudo sempre. Já sabia que não sou interessante, eu sou comum, simples, e também descartável. Eu compreendia porque as pessoas me deixavam, entendia a razão por trás de tanto desprezo; já devia ter me acostumado com o abandono, mas é difícil, sabe? Sinto que minha alma é iludida e logo depois destroçada todos os dias. Mas pra quem eu estou escrevendo isso? Eu sou solitária, não sou? A Solidão mora dentro de mim. Acho que estou ficando louca, preencher inúmeras páginas de um caderno não adiantava, colocar tudo o que sinto nessas páginas também não era de grande valia. Eu sou uma causa vã. Sou causa perdida. Sem valor. Meu destino é o esquecimento e a solidão, e aceitei isso agora. Não sei mais o destino desse caderno, caro leitor(a), perdi meu interesse por ele, e acredito que você também. Talvez ele só fique jogado em uma gaveta por aqui, ou talvez eu o queime, não sei... Tudo parece ter perdido o sentido, e escrever para não sei quem entra nessa lista. Por que eu escrevia? Não sabia mais responder.

Agia como se estivesse tudo bem, ou como se eu estivesse completa, só que eu não estava. Eu me sentia vazia, e a brisa que envolvia meu corpo no momento parecia capaz de me levar pelos ares. A questão é que eu não aceitava muito bem a Solidão, embora tenha ela como melhor amiga.

Ah, Solidão... está pronta para mais uma longa madrugada?